Uma Introduo Teoria Aristotlica das Categorias por Igor

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Uma Introdução à Teoria Aristotélica das Categorias por Igor Mota Morici

Uma Introdução à Teoria Aristotélica das Categorias por Igor Mota Morici

 • Indicação bibliográfica: ANGIONI, Lucas. Introdução à teoria da predicação em Aristóteles. Campinas:

• Indicação bibliográfica: ANGIONI, Lucas. Introdução à teoria da predicação em Aristóteles. Campinas: Ed. Unicamp, 2006

ONTOLOGIA • Teoria filosófica cujo objeto é a existência: o que é; que tipos

ONTOLOGIA • Teoria filosófica cujo objeto é a existência: o que é; que tipos de coisas existem; como se articulam • termo moderno (inexistente em grego antigo) cunhado a partir de: -logia, bastante familiar, que vem de lógos, significando ‘estudo’, ‘discurso racional’ e onto-, proveniente do particípio presente do verbo ser, que, no gênero neutro, é tò ón, sobre o qual cabem algumas observações

Como traduzir τὸ ὄν? 1. 2. 3. 4. aquilo que é / o que

Como traduzir τὸ ὄν? 1. 2. 3. 4. aquilo que é / o que é o ser o existente o ente O que significa “o ente”? ente = algo no mundo, que nele se encontra; nesse sentido, o existente.

. . . e o que existe?

. . . e o que existe?

PARMÊNIDES DE ELEIA (c. 540 -440 a. C. ) o ente é, e não

PARMÊNIDES DE ELEIA (c. 540 -440 a. C. ) o ente é, e não pode não ser; o nada não pode ser, e é necessário que não seja. Em outras palavras: O que existe tem de existir, e o que não existe não pode existir. Ou algo existe ou não existe, absolutamente; não há intermediário.

É possível pensar – o nada? Guimarães Rosa, Tutameia (1967): • “O nada é

É possível pensar – o nada? Guimarães Rosa, Tutameia (1967): • “O nada é uma faca sem lâmina, da qual se tirou o cabo. . . ” • O nada: “É um balão, sem pele. . . ” • cano: ”É um buraco, com um pouquinho de chumbo em volta. . . ” • rede: “Uma porção de buracos, amarrados com barbante. . . ” • “O que é, o que é: que é melhor do que Deus, pior do que o diabo, que a gente morta come, e se a gente viva comer morre? ” Resposta: “É nada. ”

PARADOXOS • o falso / a mentira / o erro • o unicórnio •

PARADOXOS • o falso / a mentira / o erro • o unicórnio • realidade virtual • um único modo de ser/existir para todas as coisas

PLATÃO (427 -347 a. C. ) É possível conceber um sentido verdadeiro e inteligível

PLATÃO (427 -347 a. C. ) É possível conceber um sentido verdadeiro e inteligível para a noção de não ser? Em que sentido podemos dizer/pensar que algo não é?

Isto é um gato. Um gato, enquanto tal, não é uma mesa. É possível

Isto é um gato. Um gato, enquanto tal, não é uma mesa. É possível pensar o não ser como algo no mundo: uma relação de alteridade. Assim, o não ser, de certo modo, é; ou o ser, de certo modo, não é.

SOLUÇÃO? • Platão considerava as noções de Ser, Mesmo e Outro como GÊNEROS (=

SOLUÇÃO? • Platão considerava as noções de Ser, Mesmo e Outro como GÊNEROS (= conjunto de coisas que possuem todas a mesma definição, mas que se diferenciam por ESPÉCIE). Ø Consequência: todas as coisas são denominadas “entes” univocamente!

ARISTÓTELES (384 -322 a. C. ) A “Filosofia Primeira” ou ciência do ente enquanto

ARISTÓTELES (384 -322 a. C. ) A “Filosofia Primeira” ou ciência do ente enquanto ente: um estudo dos traços mais gerais que devem ser satisfeitos por tudo o que é, sem que se diga o que cada coisa é.

SEM NTICA ONTOLÓGICA Para satisfazer esse estudo, Aristóteles utiliza um método que podemos chamar

SEM NTICA ONTOLÓGICA Para satisfazer esse estudo, Aristóteles utiliza um método que podemos chamar de análise semântica: 1. Distinção dos muitos significados de um mesmo termo 2. Distinção do que é “primeiro” (i. e. daquele do qual os outros dependem) 3. Determinação da relação que se dá entre cada um dos muitos significados e o primeiro (i. e. do tipo de dependência que eles têm em suas relações)

PONTO DE PARTIDA • “O ente é dito de muitos modos. ” • Como

PONTO DE PARTIDA • “O ente é dito de muitos modos. ” • Como tal, o ente não é um gênero. • Nome que se aplica a uma diversidade de coisas, correspondendo a cada uma delas um modo de ser determinado. As categorias são esses modos de ser.

CATEGORIA (κατηγορία, kategoría: “acusação”) • Substância (ousía) • • • Quanto Qual Relativo a

CATEGORIA (κατηγορία, kategoría: “acusação”) • Substância (ousía) • • • Quanto Qual Relativo a algo Onde Quando • • Estar posicionado Ter Fazer Ser afetado

COMO ARISTÓTELES AS CONCEBEU? O que ele é? Um homem Como ele é? Inteligente,

COMO ARISTÓTELES AS CONCEBEU? O que ele é? Um homem Como ele é? Inteligente, feio etc. Que altura ele tem? 1, 70 m Que relação ele tem com outras coisas? Ele é filho de Sofronisco, marido de Xantipa. Onde ele está? Na ágora

CATEGORIAS: PONTOS CENTRAIS • • • Substância x Entes não substanciais (ou “acidentes”): Quanto

CATEGORIAS: PONTOS CENTRAIS • • • Substância x Entes não substanciais (ou “acidentes”): Quanto • Estar posicionado Qual • Ter Relativo a algo • Fazer Onde • Ser afetado Quando

INTERPRETAÇÃO TAXONÔMICA Qualidade O que é isto? Rosa O que é rosa? Uma cor

INTERPRETAÇÃO TAXONÔMICA Qualidade O que é isto? Rosa O que é rosa? Uma cor O que é uma cor? Uma qualidade Cor Rosa • Classificação rígida, estruturada mediante subordinação • Categorias como gêneros supremos • São irredutíveis e, como tais, reciprocamente exclusivos

Regra da Transitividade: Se x é dito de y, e y é dito de

Regra da Transitividade: Se x é dito de y, e y é dito de z, então x é dito de z. X Y Z

ÁRVORE DE PORFÍRIO

ÁRVORE DE PORFÍRIO

QUADRADO ONTOLÓGICO É DITO DE UM SUJEITO NÃO ESTÁ EM UM SUJEITO substâncias universais

QUADRADO ONTOLÓGICO É DITO DE UM SUJEITO NÃO ESTÁ EM UM SUJEITO substâncias universais substâncias singulares (indivíduos) ESTÁ EM UM SUJEITO (INERÊNCIA) entes não substanciais universais entes não substanciais singulares

SUBST NCIAS • Substância primeira: indivíduo (átomon) – o que não é dito nem

SUBST NCIAS • Substância primeira: indivíduo (átomon) – o que não é dito nem está em um sujeito; numericamente um. Assim, todos os demais entes dependem ontologicamente dela para existir, ao passo que ela não possui essa dependência. • Substância segunda: gêneros e espécies a que pertencem as substâncias primeiras. • Próprio das substâncias: capaz de receber contrários permanecendo a mesma

EXISTEM ENTES NÃO SUBSTANCIAIS SINGULARES? x está em (inere a) y se e somente

EXISTEM ENTES NÃO SUBSTANCIAIS SINGULARES? x está em (inere a) y se e somente se: 1. x pertence a y; 2. x não é parte de y; 3. x é inseparável de y • Hulk é verde.

QUALIDADES • “A qualidade é dita de muitos modos” – Estados e disposições (conhecimento,

QUALIDADES • “A qualidade é dita de muitos modos” – Estados e disposições (conhecimento, coragem, doença, saúde etc) – Cor – Figura / configuração (curvo, retilíneo; triangular, quadrado etc) Ø A qualidade, portanto, não é um gênero! • Próprio da qualidade: semelhante e dessemelhante

RELATIVOS • Definição: são os entes cuja existência depende intrínseca e essencialmente de algo

RELATIVOS • Definição: são os entes cuja existência depende intrínseca e essencialmente de algo diverso. – Conhecimento é tal de algo, o conhecível; reciprocamente, o conhecível é tal relativamente a um conhecimento – Um número é o dobro da metade; e a metade o é do dobro Ø Conhecimento é tanto uma qualidade como um relativo. Ø Caso litigioso: Conhecimento é um relativo, a gramática é um conhecimento, mas a gramática não é um relativo.

CONTRA A INTERPRETAÇÃO TAXONÔMICA • Não é necessário haver unidade de gênero intracategorial •

CONTRA A INTERPRETAÇÃO TAXONÔMICA • Não é necessário haver unidade de gênero intracategorial • Há entes que pertencem efetivamente a mais de uma categoria • A regra da transitividade não se aplica a todos os casos CONCLUSÃO: as categorias não são gêneros.

TERCEIRA ETAPA DA ANÁLISE SEM NTICA • Como se articulam os sentidos do ente?

TERCEIRA ETAPA DA ANÁLISE SEM NTICA • Como se articulam os sentidos do ente? O que lhes confere unidade? 1. Unidade de gênero 2. Palavra equívoca / mera homonímia 3. Unidade focal de sentido (pròs hén)

SENTIDO FOCAL DE “SAUDÁVEL” Comida saudável produz Exercício saudável Pessoa saudável co ns er

SENTIDO FOCAL DE “SAUDÁVEL” Comida saudável produz Exercício saudável Pessoa saudável co ns er va SAÚDE é c de z a ap eb rec er

SENTIDO FOCAL DE “ENTE” Relação Quantidade etc Qualidade SUBST NCIA

SENTIDO FOCAL DE “ENTE” Relação Quantidade etc Qualidade SUBST NCIA

Vocês pensam, logo existo.

Vocês pensam, logo existo.