Bacteriologia cocos Profa Dra Ana Paula Morais Fernandes
Bacteriologia - cocos Profa Dra Ana Paula Morais Fernandes
Classificação bacterias �Morfologia e arranjo – cocos, bacilos �Estrutura celular – Gram e BAAR �Nutrição – autotróficas e heterotróficas �Respiração - aeróbias e anaeróbias Espiralados Bacilos Cocos
Bactérias classificadas de acordo com a coloração de Gram: �Cocos Gram-Positivos �Cocos Gram-Negativos �Bacilos Gram-Positivos �Bacilos Gram-Negativos
Bactérias que não são classificadas de acordo com a coloração de Gram �Micobactérias �Espiroquetídeos �Rickettsias �Chlamydias �Micoplasmas
Cocos Gram-Positivos �Estafilococos • S epidermidis • S aureus �Estreptococos • S pyogenes • S pneumoniae
Staphylococcus epidermidis � Infecções cutâneas estafilocócicas: � Impetigo: é uma piodermite superficial, que acomete mais crianças. Primeiramente, vesículas contendo líquido purulento pouco turvo são notadas. Tais vesículas expandem-se, até que seu liquido torna-se turvo e rompem. Após o rompimento das bolhas, há o surgimento de crostas amareladas/acastanhadas sobre as lesões. Normalmente tais lesões, sem formar cicatrizes, desaparecem. Face e tronco são locais mais afetados, sendo que qualquer área pode ser afetada em crianças.
Staphylococcus epidermidis � Foliculite e furúnculo: São infecções um pouco mais aprofundadas na pele. Ao modo que o impetigo é uma infecção que se apresenta apenas horizontalmente, a foliculite (infecção ataca unicamente a parte superior do folículo piloso) e o furúnculo (acomete todo o folículo piloso e a sua glândula sebácea anexa) são infecções que possuem a tendência de se estender verticalmente, alastrando-se em camadas mais profundas da pele. Carbúnculo é semelhante aos furúnculos, porém com múltiplos focos de drenagem.
Staphylococcus epidermidis Biofilme � Infecções hospitalares são causadas quando a bactéria é inoculada durante procedimentos invasivos ou mesmo veiculado pela equipe de saúde, e relacionadas a cateteres, próteses e enxertos. � O biofilme consiste em uma matriz polissacarídica embebida de células bacterianas que se aderem em superfícies sólidas. �
Staphylococcus aureus
Staphylococcus aureus � � Infecções profundas: Bacteremias: O S. aureus é uma das causas mais comuns de bacteremias, isto é, presença de bactérias na circulação sanguínea. A bacteremia é um processo de caráter secundário a infecções cutâneas ou de outras áreas e pode ocasionar diferentes tipos de infecções, como endocardites, osteomielites e abscesso em vários órgãos. Pode também evoluir para a sepse, com mortalidade elevada.
Staphylococcus aureus � Pericardite e endocardite: O S. aureus é o agente mais frequente da pericardite aguda purulenta, podendo também ocasionar endocardite aguda. Em usuários de drogas injetáveis, a endocardite é causada por meio de injeção intravenosa e a válvula mais comprometida é a tricúspide. Nos não-usuários de drogas, a infecção ocorre devido ao alastramento a partir de uma infecção ou de cateteres intravenosos colonizados.
Staphylococcus aureus � Pneumonia: As pneumonias estafilocócicas podem ser de dois tipos: primárias ou secundárias. � Nas primárias, o agente etiológico atinge o pulmão através da via traqueobronquial, e nas pneumonias secundárias pela disseminação hematogênica de um foco infeccioso à distância.
Staphylococcus aureus � Osteomielite: Pode manifestar-se primeiro como infecção em fraturas múltiplas, sendo mais comum seguir-se à disseminação hematogênica de estafilococos à partir de um foco inicial (furúnculo ou infecção superficial).
Staphylococcus aureus � Sepse: O estafilococo que, frequentemente, produz infecções localizadas pode, por vários fatores, romper as barreiras naturais do hospedeiro, cair na circulação e fixar-se no sangue, produzindo infecção sistêmica grave. Se não for estabelecido o diagnóstico clínico e instituído tratamento adequado nesta fase, a sepse desenvolve-se rapidamente com o surgimento de abscessos metastáticos em vários órgãos. Calafrios, febre, sudorese, anorexia, náuseas e vômitos, irritabilidade e agitação seguidos por coma e delírio são sintomas gerais da fase inicial da doença.
Staphylococcus aureus � Síndrome do Choque Tóxico: Infecção comumente causada por estafilococos, a qual pode ter uma evolução rápida para o choque grave e não-tratável. Os sintomas iniciam-se subitamente com febre de 39 a 40, 5°C. De maneira rápida o indivíduo passa a apresentar cefaleia, dor de garganta, hiperemia dos olhos, cansaço extremo, confusão mental, vômito, diarreia aquosa e profusa e erupção cutânea generalizada parecida à queimadura solar. Em um período de 48 horas, ele também pode apresentar desmaios e evoluir para o choque. Ocorre descamação da pele, sobretudo da palma das mãos e da planta dos pés, entre o terceiro e o sétimo dia. A síndrome causa anemia, comumente há ocorrência de lesão renal, hepática e muscular, especialmente durante a primeira semana. Também podem haver problemas cardíacos e pulmonares. Há recuperação completa da maioria dos órgãos após o desaparecimento dos sintomas. Esta síndrome está bastante ligada a mulheres que no período menstrual utilizam absorventes íntimos.
Streptococcus pyogenes
Streptococcus pyogenes Erisipela: infecção estreptocócica aguda de pele. A perna e a face são os locais mais frequentemente comprometidos. A lesão apresenta coloração vermelha intensa, é dolorosa, com aparência lisa e brilhante e de forma e extensão variáveis. Muitas vezes há descolamento da epiderme, formando bolhas volumosas e tensas com conteúdo amarelo-citrino nãopurulento podendo evoluir para ulceração superficial. O meio de transmissão não é conhecido, mas a bactéria parece ter origem nas vias aéreas superiores do próprio paciente.
Streptococcus pyogenes �Fascite necrosante � � A fascíte necrosante é uma forma extremamente grave de celulite que destrói o tecido conjuntivo subcutâneo infectado por baixo da pele. Contrai-se da mesma forma que qualquer outra celulite, mas destrói o tecido a grande velocidade (alguns chamam-lhe doença devoradora de carne). A pele adquire uma tonalidade violácea, surgem grandes bolhas cheias de líquido e pode desenvolver-se gangrena. Em geral, o paciente sente-se muito fraco e tem febre, aumento do ritmo cardíaco e uma deterioração mental que oscila entre a confusão e a perda de consciência. Doença grave, deformante e de alta mortalidade.
Streptococcus pyogenes � Faringite Estreptocócica: O Streptococcus pyogenes é causador de mais de 90% das faringoamigdalites bacterianas. A doença tem como características um curto período de incubação (2 a 3 dias), febre alta (39 a 40ºC), calafrio, dor de cabeça e, frequentemente, vômitos. As amígdalas (tonsilas) ficam avermelhadas podendo apresentar exudado supurativo e os nódulos linfáticos cervicais aumentam de tamanho tornandose doloridos.
Streptococcus pyogenes � Sequelas: � Febre Reumática: é caracterizada por lesões inflamatórias não supurativas envolvendo coração, articulações, tecido subcutâneo e sistema nervoso central. Os indivíduos que passam por um episódio de febre reumática são particularmente predispostos a mais episódios, por causa de infecções estreptocócicas subsequentes das vias aéreas superiores. Certas evidências indicam que a febre reumática é uma doença imunológica, sendo que infecções estreptocócicas não tratadas são seguidas de febre reumática em até 3% dos casos.
Critérios para o diagnóstico de febre reumática Critérios maiores Critérios menores � Cardite Febre � Artrite � Coreia de Sydenham Elevação dos reagentes de fase aguda (VHS, PCR) � Eritema marginado Intervalo PR prolongado no ECG � Nódulos subcutâneos Artralgia Evidência de infecção pelo estreptococo do grupo A por meio de cultura de orofaringe, teste rápido para EBGA e elevação dos títulos de anticorpos (ASLO) �
Streptococcus pyogenes �Glomerulonefrite: há possibilidade de aparecer depois da faringoamigdalite e das piodermites. É também uma doença de natureza imunológica. A frequência de aparecimento é bastante variável, dependendo muito do sorotipo do estreptococo causador da infecção prévia. Se a infecção cutânea for causada por um tipo altamente nefritogênico, a frequência pode ser superior a 20%.
Streptococcus pneumoniae � Pneumonia : Podem ser encontrados no trato respiratório superior de seres humanos, normalmente, os pneumococos. A partir daí, há a possibilidade de serem aspirados para os alvéolos onde a bactéria prolifera e desencadeia a reação inflamatória característica da pneumonia. Isso só pode acontecer se a bactéria for capaz de fugir da fagocitose. Cerca de 30% dos pacientes com pneumonia apresentam bacteremia e, em alguns casos, a pneumonia pode causar complicações como otite, sinusite, meningite. A artrite e endocardite são raras.
Cocos Gram-Negativos �Neisseria • N gonorrhoeae • N meningitidis
Neisseria meningitidis A Neisseria meningitidis tem três sorotipos principais A, B e C, revestida com uma cápsula polissacarídica que a torna resistente ao ataque dos leucócitos. O meningococo infecta pessoas saudáveis e é transmitido por intermédio de um contato muito próximo entre pessoas através de secreções respiratórias, ao tossir, e secreções salivares. Embora muitas pessoas transportem a bactéria no nariz e garganta, sem qualquer tipo de problemas, podem transmiti-la aos outros, provocando a doença. Mal entra nas vias respiratórias, pode espalhar-se a outras áreas do corpo através da circulação sanguínea até atingir o líquido da coluna vertebral e chegando na meninge. O risco de contaminação é enorme, o período de incubação é de 2 -10 dias até os sintomas começarem a aparecer.
A princípio os sintomas são resultantes do aumento na pressão intracraniana e incluem: -febre, -dor de cabeça, -náuseas e vômito, -rigidez de nuca, -sensibilidade à luz, -dor nas articulações, -alteração do estado de consciência, coma. Em crianças menores de um ano, um sinal da enfermidade pode ser o abaulamento de fontanela (moleira) e o choro persistente. -aparecimento de manchas (geralmente nas pernas), podendo evoluir ate grandes lesões;
Espiroquetídeos �Treponema �Leptospira pallidum
Leptospira interrogans � Leptospirose é uma doença infecciosa de inicio abrupto. Os ratos são portadores assintomáticos universais. Em áreas metropolitanas o rato de esgoto, Rattus norvegicus, é considerado o mais importante transmissor de leptospiras para o homem. Animais domésticos como bovinos, suínos, ovinos, caprinos, equinos e caninos, e animais silvestres, também são reservatórios de leptospiras. As leptospiras se localizam e se multiplicam nos túbulos renais dos animais infectados e são liberadas na urina, às vezes por toda a vida do animal, contaminando água, solo e alimentos.
Leptospira interrogans � A Leptospira interrogans penetra através da pele e de mucosas (olhos, nariz, boca) ou através da ingestão de água e alimentos contaminados. A presença de pequenos ferimentos na pele facilita a penetração, que pode ocorrer também através da pele íntegra, quando a exposição é prolongada. A contaminação pode ocorrer com o contato de água e lama contaminada principalmente durante os períodos de chuvas e enchentes.
Leptospira interrogans � Após a entrada das leptospiras na mucosa ou na pele, ocorre leptospiremia com disseminação para todos os órgãos. A ação básica das leptospiras ocorre sobre os capilares sanguíneos, determinando vasculite sistêmica, que é responsável pela maior parte das manifestações clínicas da doença. Na pele e mucosas, essa ação é responsável pela congestão conjuntival e vasodilatação cutânea generalizada. O fígado e os rins são os principais órgãos infectados. No fígado a lesão é ao nível do sistema de ductos biliares intra-hepáticos. Geralmente resultará na icterícia (pele e mucosas de coloração amarelada) devido à impregnação da bilirrubina nos tecidos. O rim é o mais prejudicado pela doença que resultará em nefrite intersticial focal e nefrose tubular aguda.
Rickettsias �As Rickettsias são um grupo heterogêneo de pequenos cocobacilos gram-negativos intracelulares obrigatórios. �A maioria é transmitida por carrapatos, pulgas e piolhos, que servem como vetores. A seguir uma lista de doenças causadas pelas Rickettsias e seus vetores.
Associadas aos carrapatos (Amblyomma cajennense): � Febre Maculosa das Montanhas Rochosas (R. rickettsii); � Febre Maculosa do Mediterrâneo (R. coroni); � Febre da Picada do Carrapato Africano (R. africae); � Febre Maculosa Japonesa (R. japonica); � Tifo do Carrapato de Queensland (R. australis); � Febre Maculosa da Ilha Flinders (R. honey).
Associadas às pulgas (Xenopsylla cheopis): �Tifo Murino Endêmico (R. typhi): a bactéria é mantida por ciclos em mamíferos hospedeiros/pulgas, tendo como nicho zoonótico clássico os ratos e as pulgas dos ratos.
Associadas aos piolhos (Pediculus humanus): � Tifo epidêmico (R. prowazekii): os piolhos adquirem a bactéria quando ingerem sangue de um paciente riquetsiêmico. � O piolho infectado deixa uma pessoa e contamina outra ao depositar fezes infectadas durante a hematofagia (o paciente auto inocula os microrganismos quando se coça).
Febre Maculosa das Montanhas Rochosas � O início geralmente é abrupto e os sintomas são inicialmente inespecíficos e incluem: febre (em geral alta durando 2 a 3 semanas), cefaleia, mialgia intensa por rabdomiólise e necrose focal múltipla, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. � Em geral, entre o 2º e o 5º dias da doença, surge o exantema máculo-papular, de evolução centrípeta e predomínio nos membros inferiores, podendo acometer região palmar e plantar, em 50 a 80% dos pacientes com essa manifestação. Embora seja o sinal clínico mais importante, o exantema pode estar ausente, o que pode dificultar e/ou retardar o diagnóstico e tratamento, determinando uma maior letalidade.
Chlamydia � A espécie Chlamydia trachomatis pertence à família Chlamydiaceae. é responsável pela etiogenia de patologias diferentes, como 1) tracoma, 2) linfogranuloma venéreo e 3) uretrite. � Os sorotipos podem ser classificados de acordo com as diferentes apresentações clínicas: 1) os sorotipos A, B, Ba, C estão associados ao tracoma endêmico; 2) os sorotipos L 1, L 2, L 3 ao linfogranuloma venéreo; e 3) os sorotipos D, E, F, G, H, I, J, K às infecções genitais (uretrites não gonocócicas).
Tracoma � A transmissão ocorre por contato direto com os olhos, pela transferência de secreção ocular contaminada, geralmente por falta de higienização das mãos, vestuário, roupas de cama, toalhas e por proliferação de moscas em ambiente doméstico e escolar. � Os sintomas iniciais de olho vermelho, a pequena quantidade de secreção, a sensação de areia e o ardor têm intensidade variada. Muitas vezes são tão vagos que passam despercebidos. Outros sintomas característicos são: � � � Sensibilidade à luz; Inflamação; Lacrimejamento; Conjuntiva com estrias brancas; Avermelhamento da córnea; Incômodo nos olhos.
� Inicialmente o tracoma se parece muito com uma conjuntivite folicular. Há hipertrofia papilar e também inflamação por toda a área conjuntiva, principalmente na parte superior. Com o tempo esta irritação leva ao surgimento de secreção e, em estágios mais avançados, cicatrizes surgem na córnea. Estas fazem com que os cílios virem para dentro (triquíase) e a visão fica seriamente comprometida. Em casos mais graves evoluem para sequelas, provocando lesões corneanas importantes, podendo produzir cegueira.
Cocobacilos Gram-Negativos �Haemophilus influenzae tipo b (Hib) �Bordetella pertussis �colonizam o aparelho respiratório e passam de pessoa através de aerossóis e das secreções da mucosa nasal
Haemophilus influenzae � causam infecções que começam geralmente no nariz e na garganta, mas podem se espalhar para outras partes do corpo, incluindo pele, ouvidos, pulmões, articulações, membranas que revestem o coração, medula espinhal e cérebro. Essa bactéria pode causar diferentes doenças infecciosas complicações graves, como pneumonia, infecção generalizada na corrente sanguínea, inflamação do pericárdio, inflamação das articulações e sinusite. Uma das piores doenças causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b é a meningite, que geralmente tem um início súbito com febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca. Sequelas graves ocorrem de 3% a 5% dos sobreviventes de meningite por Hib como déficit auditivo grave e lesões cerebrais permanentes.
Bordetella pertussis � � Coqueluche – ocorre com a inalação da bactéria presente em aerossóis, adesão às células ciliadas e aos fagócitos do epitélio respiratório e produção de toxinas. Após período de incubação, que varia entre uma e três semanas, começa a fase catarral da coqueluche que dura entre uma e duas semanas. Esta fase caracteriza-se por febre moderada, corrimento nasal e tosse progressiva. Em seguida, vem a fase de tosse paroxística que é característica da coqueluche e que começa a regredir em duas a quatro semanas, com o paciente entrando na fase de convalescença. Esta fase dura de uma a três semanas e caracteriza-se por declínio progressivo da tosse. As complicações mais séries são broncopneumonia e encefalopatia que, frequentemente, se manifesta por convulsões.
Obrigada
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