UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN SETOR DE CINCIAS SOCIAIS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS AULA 12 – O CICLO DO CAPITAL Cap. I: O ciclo do capital monetário (ou capital dinheiro) Cap. II: O ciclo do capital produtivo Cap. III: O ciclo do capital-mercadoria Cap. IV: As três figuras do processo cíclico Cap. I, III e IV, livro II, O Capital Prof. Francisco Paulo Cipolla

Por que Marx analisa a circulação do capital? • Vocês já viram que o

Por que Marx analisa a circulação do capital? • Vocês já viram que o valor da mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho para produzí-la • A produção de mais valia leva, portanto, o tempo necessário à produção da mercadoria • Mas antes é preciso comprar os elementos para produzi-la; e após a produção, a mercadoria requer mais ou menos tempo para ser vendida • Como se vê o refluxo do dinheiro aumentado pela mais valia é retardado pelas fases de circulação e pela fase de produção • Essas fases se apresentam como impecilhos ao curso da valorização do capital tanto pelo tempo que requerem quanto pelo montante de capital que mobilizam • Por isso os tempos de produção, de trabalho e de circulação são estudados, assim como os custos relacionados à circulação, o efeito da velocidade de rotação sobre o capital inicial necessário, a divisão do capital entre fixo e circulante como condicionante da maior ou menor rapidez de rotação do capital e por fim a

Estrutura do Livro II: O processo de circulação do capital Parte I: Metamorfoses do

Estrutura do Livro II: O processo de circulação do capital Parte I: Metamorfoses do capital e seu ciclo • i) os três ciclos • ii) o tempo de circulação • ii) os custos de circulação Parte II: A rotação do capital • i) tempo de rotação e número de rotações • ii) capital fixo e capital circulante • iii) rotação agregada do capital total • iv) tempos de trabalho, produção e circulação • v) a rotação do capital variável e a taxa anual de mais valia • vi) a circulação da mais valia Parte III: Reprodução e circulação do capital social agregado • i) reprodução simples • ii) reprodução ampliada

O que é um ciclo? Um círculo com volta ao ponto de partida? Uma

O que é um ciclo? Um círculo com volta ao ponto de partida? Uma espiral que volta ao ponto de partida cada vez mais afastado do centro? A função senóide variando entre 0 e 1 _________ A gravitação da terra ao redor do sol?

Ciclos do capital •

Ciclos do capital •

Os três ciclos Ciclo do capital dinheiro D – M … P … M’

Os três ciclos Ciclo do capital dinheiro D – M … P … M’ – D’ Ciclo do capital produtivo P … M’ – D’ – M … P Ciclo do capital mercadoria M’ – D’ – M … P … M’

Os três ciclos • O ciclo pode ser estudado do ponto de vista da

Os três ciclos • O ciclo pode ser estudado do ponto de vista da renovação do capital produtivo, do ponto de vista do acréscimo de dinheiro ou do ponto de vista da venda das mercadorias que encerram o lucro a ser obtido • Em qualquer deles as formas econômicas são as mesmas e o objetivo é o aumento do valor do capital • Seja qual for o ponto de partida, seja ele D, P ou M’, o ciclo descreve as fases que o capital percorre para retornar à forma em que foi inicialmente • Qualquer que seja o ponto de partida do ciclo ele sera composto das mesmas fases (ainda que em posições diferentes), cada uma estudada separadamente: Estágio do capital dinheiro: D – M Estágio do capital produtivo: …P … Estágio do capital mercadoria: M’ – D’ O termo « circulação » se refere às atividades de compra (D – M) e venda (M’ – D’) nas quais nada se produz e o valor nao sofre nenhuma transformação, apenas muda de forma dinheiro para a forma mercadoria e da forma mercadoria para a forma dinheiro

Capitulo I Ciclo do capital dinheiro D – M … P … M’ –

Capitulo I Ciclo do capital dinheiro D – M … P … M’ – D’ •

Primeiro Estágio: D – M • Não é o ato da compra que caracteriza

Primeiro Estágio: D – M • Não é o ato da compra que caracteriza D – M como um momento do ciclo do capital mas o conteúdo da compra: FT (v: Capital variavel) D MP (c: Capital constante) Como FT e MP são os elementos do capital produtivo essa fase corresponde à transformação do capital da forma dinheiro para a forma de capital produtivo (27) D que inicia o ciclo não é capital por ser dinheiro, mas pelo fato de que o gasto constitui a forma do capital produtivo (27)

D – FT é FT – D para o trabalhador • D – FT

D – FT é FT – D para o trabalhador • D – FT constitui « momento característico da transformaçao do capital dinheiro em capital produtivo » • D – FT é FT – D para o trabalhador, condiçao para que ele possa vir a comprar (D – M) mercadorias para o seu consumo. O movimento completo da circulaçao do ponto de vista de trabalhador é FT – D – M • Parece mera relação monetária mas é relação de classe pois a propriedade de MP e FT está separada em duas classes que só podem completar seus ciclos de reprodução D … D’ e FT – D – M através da integraçao da FT aos MP do capitalista (29) • « A relação-capital durante o processo de produção só aparece porque existe em si no ato de circulação » (29) • D – FT é já na circulação uma relação-capital não em virtude da compra da FT mas pelo fato de que a FT tenha se transformado em mercadoria, ou seja, sua capacidade e trabalho alijada de condições de realizá-la autonomamente, pois os MP se apresentam face a ela como capital Divisão entre as classes já está posta no momento da circulação pois FT se apresenta no mercado de FT porque alijada de MP para produzir a subsistência

Segundo Estágio: … P … • Complementação de D – M com M’ –

Segundo Estágio: … P … • Complementação de D – M com M’ – D’ requer produção de mercadorias para a venda • Utilização da FT é o processo produtivo • Consumo do capital produtivo é ao mesmo tempo consumo de MP pela FT. Ou seja, FT é consumida pelo capitalista fazendo-a consumir produtivamente os MP. Daí resulta um produto cujo valor incorpora o valor dos MP mais o valor novo adicionado pelo trabalho da jornada: v+m. Logo M’=c+v+m • Como c+v é o valor do capital produtivo P então M’=P+m

Exemplo FT=50 D MP=372 . . P . . M’ – D’ 422 500

Exemplo FT=50 D MP=372 . . P . . M’ – D’ 422 500 Durante a jornada a FT adiciona 128 de valor aos MP M’ = 372 + 128 • … P … metamorfose real • D – M e M’ – D’ metamorfoses formais 50 78 v m

Terceiro Estágio: M’ – D’ 78 correspondem a 1560 quilos • Se M’ =

Terceiro Estágio: M’ – D’ 78 correspondem a 1560 quilos • Se M’ = 10. 000 quilos de fio de valor 500 • • • 422 correspondem a 8440 Os 10. 000 quilos de fio são capital mercadoria porque expressam uma relação de aumento relativamente ao capital produtivo inicial P=422 Se vende 7440. quilos recupera 372 (o valor do capital constante) Se vende 8440 recupera 422 (o valor do capital adiantado) Se vende 10. 000 recupera o valor do capital adiantado (422) e obtém a mais valia de 78: D se realiza como capital porque gerou d D+d permite retorno ao inicio aumentado ou circulação em separado, ou seja, d pode agregar-se ao capital inicial ou pode separa-se total ou parcialmente do ciclo do capital

Resultados importantes • A natureza do circuito exige que o capital se detenha por

Resultados importantes • A natureza do circuito exige que o capital se detenha por algum tempo em cada uma das formas pela qual deve passar. Como o número de vezes que o capital pode se valorizar no ano depende da velocidade dos seu retorno há um conflito imanente na relação capital entre necessidade de aceleração e retenção necessária nas forma sucessivas (41) • Ciclo supõe sucessão contínua de fases: se há estagnação em D – M o dinheiro jaz inerme; se há estagnação em … P … máquinas ficam paradas e trabalhadores desocupados; se há estagnação em M’ – D’ as mercadorias jazem sem compradores • Estagnação numa fase implica interrupção na fase a montante. Exemplo: interrupção nas vendas interrupção no emprego e na produção • Ponto de retorno se apresenta sempre como ponto de partida Sucessão contínua inclui os outros dois ciclos

Sucessão contínua inclui os ciclos do capital produtivo e do capital mercadoria FT FT

Sucessão contínua inclui os ciclos do capital produtivo e do capital mercadoria FT FT MP MP D – M . . . P. . M’ – D’ – M’ . . P. . M’’

Capitulo II Ciclo do capital produtivo P … M’ – D’ – M …P

Capitulo II Ciclo do capital produtivo P … M’ – D’ – M …P • Todo o processo circulatório medeia a renovação do capital produtivo. Capital monetário apenas mediatiza a transformação do capital mercadoria em capital produtivo (55) • Processo circulatório assume forma oposta do que em D … D’: M-D-M versus DM-D • Processo circulatório tem a forma da circulação simples • Em D … D’ a soma D+d se apresenta no final do ciclo e, portanto, as suas trajetórias não estão determinadas pelo próprio ciclo • Em P … P, D+d se realiza dentro do ciclo • Sendo a fase seguinte D – M, a fórmula impõe a necessidade de se definir o destino da mais valia d: capital adicional ou renda capitalista • Se d se transforma em consumo capitalista temos a Reprodução Simples. Se é transformado em capital adicional em todo ou em parte temos a Reprodução Ampliada

Fórmula geral do ciclo do capital produtivo (D + d) – M. . P

Fórmula geral do ciclo do capital produtivo (D + d) – M. . P P. . M’ – D’ (1 - )d – m Reprodução simples, ampliada máxima ou ampliada geral dependerá da proporção da mais valia que se transforma em capital adicional Se =0 Reprodução Simples Se =1 Reprodução Ampliada Máxima Se 0< <1 Reprodução Ampliada Geral

Nova natureza do capital variável revelada no ciclo do capital produtivo • D –

Nova natureza do capital variável revelada no ciclo do capital produtivo • D – FT já não é mero adiantamento de capital pois é valor 50 reproduzido pela FT no valor do produto pois P … M’ – D’ 50 372+128 78 FT Portanto quando o ciclo se completa P … M’ – D’ – M MP a compra de FT se faz com o valor do salário reproduzido no valor do produto vendido • Venda M’ – D’ apenas reproduz em dinheiro o VFT. É com esse valor produzido pela FT que o capital a paga novamente (53 -54). • Isso antecipa o estudo da rotação do capital variável

Acumulação de capital dinheiro latente •

Acumulação de capital dinheiro latente •

 • Fundo de acumulação

• Fundo de acumulação

Capitulo III Ciclo do capital mercadoria M’ – D’ – M … P …

Capitulo III Ciclo do capital mercadoria M’ – D’ – M … P … M’ • Circulação global aparece no início e também tem a forma da circulação simples • Único ciclo que recomeça com o valor aumentado ainda a ser transformado em dinheiro (65) • Se tomar a forma de Reprodução Ampliada ciclo recomeça com M’’ que tem o mesmo significado que M’, valor de mercadorias acrescido de mais valia a ser realizado em dinheiro através da venda

Entrelaçamento entre ciclos e circulação da renda • M’ – D’. Essa venda implica

Entrelaçamento entre ciclos e circulação da renda • M’ – D’. Essa venda implica compra de MP por outro capital se M’ são mercadorias-MP; ou implica o dispêndio do salário dos trabalhadores se M’ são mercadorias de consumo necessário dos trabalhadores (Mn); ou implica o dispêndio da renda capitalista se M’ se compõe de meios de consumo excedente, necessários à classe capitalista (Me) • Portanto M’ – D’ implica atos complementares que iniciam novos ciclos D … D’ e também a circulação da renda dos capitalistas e trabalhadores. Consumo individual e consumo produtivo estão implicados na fórmula M’ … M’’ e, portanto, está implicada a circulação geral de mercadorias Meios de Consumo e mercadorias Meios de Produção Essa é a repartição fundamental do produto total da sociedade

Capitulo IV As três figuras cíclicas em conjunto • Cada capital industrial se encontra

Capitulo IV As três figuras cíclicas em conjunto • Cada capital industrial se encontra nos 3 ciclos ao mesmo tempo (76) • Crítica do exemplo 422 → 500. D … D’ dava a impressão de interrupção da renovação de P enquanto M’ não fosse vendido, ou seja, nesse exemplo parecia que uma vez chegado à fase M’ – D’, a renovação do ciclo aguardava a venda dos 10. 000 quilos de fio. • Mas continuidade do ciclo requer que enquanto M’ está no mercado, capital dinheiro adicional já foi empregado para renovar P de modo que o capital existe simultaneamente em todas a suas formas D, P e M’ e, portanto, realiza simultaneamente os 3 ciclos (76) • « Só na unidade dos três ciclos é que se realiza a continuidade do processo global » . O capital é, portanto, a unidade dos 3 ciclos • Capital existe em todas as formas simultaneamente porque cada uma de suas partes está em contínua transição de uma forma a outra. Se essa sucessão se interrompe a justaposição desaparece • « Toda paralizaçao da sucessão leva a justaposição à desordem » . Ou seja, paralização em qualquer estágio provoca paralização maior ou menor no ciclo global • Onde a continuidade, pela natureza do processo, como na agricultura, por exemplo, tem que ser interrompida, isso não muda a continuidade da circulação do capital no seu conjunto (78)

Crítica da economia política: diferentes concepções sobre o capitalismo resultam da fixação numa forma

Crítica da economia política: diferentes concepções sobre o capitalismo resultam da fixação numa forma particular na qual se apresenta o capital Ciclo do capital dinheiro D – M … P … M’ – D’ Apresenta explicitamente o objetivo da produção capitalista que é fazer dinheiro já que o dinheiro final D’>D. Valorização se expressa na fórmula Limitação: Em D. . . D’ a forma dinheiro tem uma aparência de independência: dinheiro que faz dinheiro; e a forma dinheiro do capital parece ser seu objetivo Ciclo do capital produtivo P … M’ – D’ – M … P Inicia com o próprio processo de valorização e renovação do capital produtivo se dá dentro do ciclo requerendo a divisão de D’ em capital e renda para o fechamento do ciclo Limitação: Em P. . . P a circulação se apresenta como fase preparatória para a renovação do processo de produção. Daí concepção da própria produção como sendo o fim último do capitalismo Ciclo do capital mercadoria M’ – D’ – M … P … M’ Essa forma implica a circulação geral de mercadorias, o entrelaçamento dos capitais individuais e a circulação da renda Limitação: Em M. . . M’ fórmula da circulação simples no início dá aparência de que objetivo do capitalismo é a produção de valores de uso para obter outros valores de uso

O movimento do capital social total • O ambiente no qual se move o

O movimento do capital social total • O ambiente no qual se move o ciclo do capital individual é a circulação geral de mercadorias formada pelo ciclo dos outros capitais e pela circulação da renda dos trabalhadores e capitalistas • Lembrar que M’ – D’ para uma compra de MP por parte de outro capitalista ou de MC por parte dos trabalhadores e capitalistas. Ciclos dos capitais e gasto de renda se entrelaçam • O capital individual participa da circulação geral de mercadorias (compra e venda) realizando no interior dela seu ciclo autônomo, de modo que o conjunto de capitais determinam simultaneamente seu ciclo individual e a circulação geral das mercadorias

Paradoxo da expansão •

Paradoxo da expansão •

Circulação da mais valia como circulação de sobremercadoria •

Circulação da mais valia como circulação de sobremercadoria •

Conclusão • O conceito de capital é destorcido quando nos fixamos em apenas uma

Conclusão • O conceito de capital é destorcido quando nos fixamos em apenas uma das formas em que se manifesta • O capital é valor cuja mudança contínua de forma realiza o seu aumento • A mudança contínua de forma exige a sua existência simultânea em todas as formas • A falsa consciência da economia política clássica sobre a natureza do capital provinha de sua fixação nas formas particulares nas quais o capital se apresenta

Referências • MARX, K. O Capital: crítica da economia política. Livro II, vol. III,

Referências • MARX, K. O Capital: crítica da economia política. Livro II, vol. III, Cap. I: O ciclo do capital monetário (ou capital dinheiro); Cap. II: O ciclo do capital produtivo; Cap. III: O ciclo do capital-mercadoria; Cap. IV: As três figuras do processo cíclico. Versão em pdf disponível no TEAMS.