Universidade de So Paulo USP Escola Superior de

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Universidade de São Paulo – USP Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” –

Universidade de São Paulo – USP Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Esalq Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição - LAN 685 - Tecnologia do Álcool Centrifugação Tratamento ácido Processos fermentativos contínuos Prof. Antonio Sampaio Baptista

INTRODUÇÃO A fermentação contínua teve início em 1670 na produção de vinagre antes mesmo

INTRODUÇÃO A fermentação contínua teve início em 1670 na produção de vinagre antes mesmo de se conhecer microrganismos. Já havia reatores contínuos no século XVII. n O estudo sistemático da fermentação contínua tem 60 a 70 anos. n Basicamente os reatores ou processos de fermentação contínua obedecem dois esquemas: n

INTRODUÇÃO a ) de mistura completa, agitado ou homogêneo: aquele que em todos os

INTRODUÇÃO a ) de mistura completa, agitado ou homogêneo: aquele que em todos os pontos do sistema tem a mesma composição; b ) pistonado ou tubular: - aquele que em cada secção do reator, as concentrações do componente de interesse são as mesmas, porém em secções F diferentes apresenta composição diferente. F F F 1 V a 2 b 3

Figura 1 - Fluxograma do processo de fermentação contínua

Figura 1 - Fluxograma do processo de fermentação contínua

Condições para uma fermentação contínua n Regime permanente ou estacionário (“steady-state”) Quando se define

Condições para uma fermentação contínua n Regime permanente ou estacionário (“steady-state”) Quando se define permanente, tem que se referir em relação a qual parâmetro. Tomemos um componente C, cuja concentração [ C ] é constante em relação ao tempo. d [C] Então =0 dt : Pode existir regime permanente para um só parâmetro ou para vários parâmetros.

Regime transiente ou transitório (“unsteady-state”) n É quando a concentração de [C] varia com

Regime transiente ou transitório (“unsteady-state”) n É quando a concentração de [C] varia com o tempo. [C] = variável com t Portanto d [C] ≠ 0 dt

Regimes de comportamento em um reator contínuo P (g/L) P S S e X

Regimes de comportamento em um reator contínuo P (g/L) P S S e X (g/L) X 1 2 t Ø Antes de 1 é transiente para os três parâmetros v Entre 1 e 2 é permanente somente para P ü Depois de 2 é permanente para os três parâmetros P, X e S

FERMENTAÇÃO CONTÍNUA - PAR METROS IMPORTANTES 1) Vazão específica de alimentação, “dilution rate” (D),

FERMENTAÇÃO CONTÍNUA - PAR METROS IMPORTANTES 1) Vazão específica de alimentação, “dilution rate” (D), é definida como: F D= V L F= h Onde: D = vazão específica (h-1); F = fluxo (L h-1); V = volume útil (L) V = volume útil em litros (L) 1 L/h D= = = h-1 h L

2) Tempo de residência hidráulico: - É o tempo que demora para substituir todo

2) Tempo de residência hidráulico: - É o tempo que demora para substituir todo o líquido de um reator. V θ= F = 1 D Se, por exemplo, D for 0, 1 h-1 → θ = 10 h Na prática costumeiramente pode ocorrer diferentes tempos de residência do líquido e do microrganismo ou partículas, quando estes floculam e o sistema deixa de ser homogêneo como em um decantador ou em uma dorna com

Balanço material do microrganismo em um intervalo de tempo t e t + dt

Balanço material do microrganismo em um intervalo de tempo t e t + dt Variação da massa de microrganism o na dorna Fluxo da massa de + = microrganismo que entra ↓ ↓ Se V = cte; X = cte variação de massa de microrganism o na dorna = 0 Considerand o que não entra 0 Regime permanent microrganism o pelo mosto; massa = 0 Variação da massa de microrganism o reproduzido ↓ Aumento da massa de microrganism o pela reprodução (d. X)r - Fluxo da massa de microrganismo arrastado ↓ Saída + (d. X)r. V – F. dt. X

Balanço material do microrganismo num intervalo de tempo t e t + dt Variação

Balanço material do microrganismo num intervalo de tempo t e t + dt Variação da massa de microrganism o na dorna Fluxo da massa de + = microrganismo que entra ↓ 0 ↓ = 0 Variação da massa de microrganism o produzido ↓ - Fluxo da massa de microrganismo arrastado ↓ + (d. X)r. V – F. dt. X V. (d. X)r = F. dt. X

Balanço material do microrganismo num intervalo de tempo t e t + dt 3)

Balanço material do microrganismo num intervalo de tempo t e t + dt 3) Velocidade específica de crescimento microbiano ( ) V. (d. X)r = F. dt. X 1. (d. X)r = F X. dt V = µ Como por definição , µ (velocidade específica de crescimento do microrganismo) é expressa como: 1 d. X F. e D = X dt V

µ=D Logo Condição válida quando o reator é de mistura, onde não entra microrganismo,

µ=D Logo Condição válida quando o reator é de mistura, onde não entra microrganismo, não há morte de microrganismo e em regime permanente. Ou a variação de massa durante um período pod expressa por: Variação de massa na dorna d. X = Massa que se reproduz = µX - DX dt 0 = µX – DX donde µ=D - Massa que é arrastada Em regime permanente e massa constante no reator :

n Processo contínuo com reciclo de células F X 0 V X F X

n Processo contínuo com reciclo de células F X 0 V X F X X 0 Células em reciclo X > X 0 No regime transiente: Variação da massa no reator V. d. X = = Fluxo de massa que entra F. dt. X 0 + + Variação da massa que reproduz - V. d. Xr _ Fluxo da massa que sai F. dt. X

Processo contínuo com reciclo de células Regime transiente Fluxo da massa que entra no

Processo contínuo com reciclo de células Regime transiente Fluxo da massa que entra no reator = F. Xo. dt Variação da massa de = D microrganismo reproduzida no reator V. d. Xr (h-1) Regime transiente Fluxo de massa de microrganismos = que sai do reator F. X. dt D (h-1). X 0(g/L) X (g/L) (h-1). (1 - X 0 (g/L)) Velocidade Específica de = D (h-1) Crescimento Massa (h-1) que sai D (h-1) ou F V Regime permanente X (g/L) Velocidade Específica de Crescimento D (h-1). (1 - X 0 (g/L)) X (g/L) Massa proveniente da reprodução (h-1)= D (h-1)

Processo contínuo com reciclo de células Resumo do balanço de massa de microrganismos no

Processo contínuo com reciclo de células Resumo do balanço de massa de microrganismos no reator contínuo com reciclo de células Regime transiente Velocidade Específica de = D (h-1) Crescimento Massa (h-1) que sai Regime permanente (h-1)= D (h-1). (1 - X 0 (g/L)) X (g/L) Massa proveniente da reprodução

n Exemplo 1: Em um reator em regime permanente com reciclo de células considere:

n Exemplo 1: Em um reator em regime permanente com reciclo de células considere: Vazão específica de alimentação (D) = 0, 11 (h-1) 2) Massa que microrganismo que entra no reciclo (Xo) = 28 g/L 3) Massa de microrganismo que sai no final da fermentação = 35 g/ Regime permanente com reciclo X = cte Calcule: massa de a) microrganismo Cálculo da variação do fluxo da massa que entra no reator = D (h-1). 1 - X 0 (g/L) reproduzida (V. d. Xr) X (g/L) 1) no reator V. d. Xr (h-1) = 0, 11. (1 - 28 ) = 0, 11. (1 – 0, 8) 35 V. d. Xr (h-1) = 0, 11. 0, 2 = 0, 022 h -1

Exemplo 1: Em um reator contínuo em regime transiente com reciclo de células considere:

Exemplo 1: Em um reator contínuo em regime transiente com reciclo de células considere: b) Cálculo da velocidade de crescimento específico ( ) Velocidade Específica de= D (h-1) - D (h-1). (1 - X 0 (g/L)) X (g/L) Crescimento (h-1) 0, 11 – 0, 11. (1 - 28) = 0, 11 – 0, 11. (1 – 0, 8) 35 = 0, 11 – 0, 11. 0, 2 = -1 = 0, 088 h

Exemplo 1: Em um reator em regime permanente com reciclo de células considere: C)

Exemplo 1: Em um reator em regime permanente com reciclo de células considere: C) Cálculo do tempo de residência hidráulico ( ) (h) = 1 D (h 1) (h) = - 1 0, 11 = 9, 09 h (h) Nota: Isso significa que todo o substrato que entra no reator demora 9, 09 h para ser retirado ou que o tempo de permanência do substrato no reator deve ser 9, 09 h. Caso o tempo de fermentação seja maior que esse valor vai ocorrer sobra de ART no vinho

n n n Exemplo 2: Qual é a percentagem de microrganismo que precisa multiplicar

n n n Exemplo 2: Qual é a percentagem de microrganismo que precisa multiplicar durante a fermentação? µ = 0, 09 h-1 D = 0, 12 h-1 % de multiplicação= 1 - (h-1) x de microrganismos 100 D (h-1) X 0 = 1 - =1 - 0, 09 = 1 – 0, 75 = 0, 25 X D 0, 12 Isso significa que falta 25% de microrganismo para atingir regime permanente. ü Qual é o tempo de residência hidráulico ( )? 1 (h) = D (h 1) (h) = - 1 0, 12 (h) = 8, 33 h

n Exemplo 3: Considere uma fermentação que deve ocorrer em 8 h e trabalhe

n Exemplo 3: Considere uma fermentação que deve ocorrer em 8 h e trabalhe com reciclo de 80 % das células (30 % de massa seca). Além disso, que no final da fermentação se encontre 100 g de levedura/litro de vinho contendo teor de álcool de 10 % (m/v). Calcule: n a) Vazão de alimentação específica (D); n b) Massa de microrganismo que entra no fermentador (Xo), em função do reciclo de células; n c) Massa de microrganismo que deve ser multiplicada (dxr) durante a fermentação para garantir o tempo de residência hidráulico; n d) Velocidade específica de crescimento ( ); n e) Trabalhando nesta situação, qual é a quantidade de levedura que pode ser retirada por sangria no processo de produção de etanol, considerando que a destilaria produza 1000 m 3 de

n Exemplo 4: Considere uma destilaria que trabalhe com fermentação contínua em série composta

n Exemplo 4: Considere uma destilaria que trabalhe com fermentação contínua em série composta por 5 reatores de mesmo volume. Essa unidade deseja produzir diariamente 37 t de leveduras secas. O processo é projetado para um tempo de residência hidráulico de 8 h e permitir retirar na sangria 20 g de levedura seca por litro de etanol produzido, sendo que o restante das células de leveduras deve ser reaproveitado no ciclo fermentativo seguinte, a fim de garantir a produtividade. Ao final da fermentação são encontradas 120 g de levedura por litro de vinho, o qual contém teor alcoólico de 12 % (m/v) Para cada tonelada de cana processada a usina consegue obter 85 litros de álcool. No entanto o mix da usina é de 50 % de açúcar e 50 % de álcool. Com base nessas informações calcule: n a) Vazão de alimentação específica (D); n b) Variação da massa de microrganismo que deve ocorrer durante a fermentação para garantir o tempo de residência hidráulico; n c) Trabalhando nesta situação, qual é a quantidade de álcool que deve ser produzida diariamente; n d) Quantidade de cana que deve ser processada diariamente.

n Exemplo 4: Considere uma destilaria que trabalhe com fermentação contínua em série composta

n Exemplo 4: Considere uma destilaria que trabalhe com fermentação contínua em série composta por 5 reatores de mesmo volume. Essa unidade deseja produzir diariamente 37 t de leveduras secas. O processo é projetado para um tempo de residência hidráulico de 8 h e permitir retirar na sangria 20 g de levedura seca por litro de álcool produzido, sendo que o restante das células de leveduras deve ser reaproveitado no ciclo fermentativo seguinte, a fim de garantir a produtividade. Ao final da fermentação são encontradas 120 g de levedura por litro de vinho, o qual contém teor alcoólico de 12 % (m/m) Para cada tonelada de cana processada a usina consegue obter 85 litros de álcool. No entanto o mix da usina é de 50 % de açúcar e 50 % de álcool. Com base nessas informações calcule: n a) Vazão de alimentação específica (D); n b) Massa de microrganismo que entra no fermentador, em função do reciclo de células; n d) Velocidade específica de crescimento ( ); n f) O volume de cada reator (volume útil equivalente a 86 % de volume da dorna)

3. 2. PROCESSOS CONTÍNUOS 1) Adaptação das atuais dornas (batelada) unidas por tubulações saindo

3. 2. PROCESSOS CONTÍNUOS 1) Adaptação das atuais dornas (batelada) unidas por tubulações saindo do fundo p/ cima da seguinte. 2) 1 as dornas executam 70% da fermentação e as últimas como segurança (evitar perdas de ART); 3) Resfriamento do mosto - trocadores de calor a placa, Cuidados e externos à dorna e também agitação por circulação forçada na lateral ao fundo; conceitos técnicos 4) Recirculação do fermento tratado c/ abaixamento de p. H em cascata (controle de infecção); 5) Conhecimentos cinéticos da fermentação para otimização e redução do volume e tempo; 6) Ocorrência frequente de acúmulo de sólidos, c/ formação de grandes depósitos; 7) Vazão específica de alimentação de mosto constante é a chave para obtenção de regime estacionário no processo;

Fermentação descontinua x Fermentação continua Pontos a considerar Fermentação descontinua: - com fundo de

Fermentação descontinua x Fermentação continua Pontos a considerar Fermentação descontinua: - com fundo de dorna - mais equipe de pessoal operacional - difícil automação - maior tempo de retenção - maior retorno de vinho - maior consumo de antiespumante Fermentação continua: - menos pessoas no operacional - facilidade de automação - menor tempo de retenção - menor retorno de vinho

Fermentação descontínua x Fermentação continua Pontos a considerar Fermentação descontínua: - controle industrial mais

Fermentação descontínua x Fermentação continua Pontos a considerar Fermentação descontínua: - controle industrial mais difícil - maior segurança - menor produtividade - instalação maior e ampla Fermentação continua: - controle industrial mais fácil - menor segurança - maior produtividade - instalação compacta

3. 2.

3. 2.

Fermentação continua - Usina São Manoel

Fermentação continua - Usina São Manoel

n 3. 3. RECUPERAÇÃO DO FERMENTO Vantagens: 1) Latência de bactérias láticas. 2) Redução

n 3. 3. RECUPERAÇÃO DO FERMENTO Vantagens: 1) Latência de bactérias láticas. 2) Redução de contaminantes. 3) Limpeza química da superfície celular das leveduras. 4) Reduz a contaminação bacteriana pelo abaixamento de p. H. 5) Álcool de melhor qualidade em consequência. 6) Diminuição das incrustações nos aparelhos de destilação.

n Considerações finais 1) A fermentação contínua é estudada sistematicamente a pouco mais de

n Considerações finais 1) A fermentação contínua é estudada sistematicamente a pouco mais de 70 anos; 2) Para conduzir um processo fermentativo contínuo de forma eficiente é importante o conhecimento da cinética de fermentação; 3) A fermentação contínua pode ser conduzida em reatores de mistura ou reatores pistonados; 4) A fermentação contínua apresenta maior produtividade do que a fermentação em batelada alimentada.

12 Referências n COOPERATIVA DOS PRODUTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR E ÁLCOOL DO ESTADO DE SÃO

12 Referências n COOPERATIVA DOS PRODUTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR E ÁLCOOL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Centro de Tecnologia. Divisão industrial. Fermentação. São Paulo, COPERSUCAR, 1987. 434 p. n WALKER, G. Yeast physiology and biotechnology. New York: John Wiley & Sons Ltd, 1998. 350 p. n BORZANI, W. , SCHIMIDELL, W. , LIMA, U. A. , AQUARONE, E. Biotecnologia Industrial. Edgard Blücher: São Paulo, 2001. 593 p. vol. III. STANBURY, P. F. ; WHITAKER, A. Principles of fermentation technology. Oxford, Pergamon Press, 1986. 255 p. 489 p. USHIMA, A. K. , RIBEIRO, A. M. M. , SOUZA, M. E. P. , SANTOS N. F. Conservação de energia na indústria do açúcar e do álcool. São Paulo, IPT, 1990. 796 p. n n