Aula 14 O pensamento cepalino inicial e sua

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Aula 14: O pensamento cepalino inicial e sua evolução Rec 3402 Desenvolvimento e pensamento

Aula 14: O pensamento cepalino inicial e sua evolução Rec 3402 Desenvolvimento e pensamento econômico Brasileiro 1º semestre 2016

AULA PASSADA: vimos a criação da CEPAL e percurso anterior de R. Prebisch OBJETIVO

AULA PASSADA: vimos a criação da CEPAL e percurso anterior de R. Prebisch OBJETIVO DESTA AULA e PRÓXIMA: apontar às teses de maior relevância do pensamento cepalino contextualizando-os em seus momentos históricos ESTA AULA: 1. Bases do pensamento Cepalino • Enfoque metodológico • Síntese de sua produção analítica no seus 60 anos • fases – idéias forças 2. Teses principais da década inaugural – Prebisch • Enfoque centro x periferia • • • Vulnerbilidade externa e deterioração dos termos de troca Heterogeneidade estrutural Intervenções e planejamento PRÓXIMA: evolução das idéias

Sistema de economia política: conjunto de procedimentos que o pensador desenvolve com base em

Sistema de economia política: conjunto de procedimentos que o pensador desenvolve com base em certos princípios O que hoje chamaríamos de doutrinas econômicas Aulas anteriores: Schumpeter Análise econômica: conceitos, leis econômicas desenvolvido por pensadores O que hoje chamaríamos de teoria econômica e modelos econômicos Historia da Análise Econômica História dos sistemas de Economia política Historia do Pensamento econômico A contribuição da CEPAL se encaixa neste tipo de “pensamento” ou Pensamento econômico: “paradigma” : Conjunto das opiniões e desejos referentes a temas econômicos e Desenvolvimentismo especialmente proposições e latinode americano defesa de políticas em um determinado tempo e lugar

2. CEPAL: nunca foi uma instituição acadêmica, seu público alvo sempre foram os formuladores

2. CEPAL: nunca foi uma instituição acadêmica, seu público alvo sempre foram os formuladores de política Adolfo Gurreiri

Contribuição da CEPAL às idéias econômicas: se trata de um corpo analítico específico, aplicável

Contribuição da CEPAL às idéias econômicas: se trata de um corpo analítico específico, aplicável a condições históricas próprias da periferia latino-americana. Corpo analítico-explicativo (Princípios): método histórico e indutivo + Referência abstrato-teórica própria: “Teoria estruturalista do subdesenvolvimento periférico latino-americano” CEPAL - “sistema de economia política” com um princípio “normativo”: idéia da necessidade da contribuição do Estado ao ordenamento do desenvolvimento econômico nas condições da periferia latino-americana.

Características centrais ao pensamento da CEPAL: Análise se realiza em torno de 4 eixos

Características centrais ao pensamento da CEPAL: Análise se realiza em torno de 4 eixos principais: (a) Idéia da relação centroperiferia (b) Análise da inserção internacional (c) Análise dos condicionantes estruturais internos (d) Análise da necessidade e das possibilidades de ação estatal Relação centro-periferia Inserção Internacional: Vulnerabilidade externa dos países periféricos Estrutura Interna: Heterogeneidade estrutural das economias periféricas Diferentes Intervenções Estatais: promoção da industrialização etc.

Método histórico - estruturalista CEPAL: escola de pensamento especializada no exame das tendências econômicas

Método histórico - estruturalista CEPAL: escola de pensamento especializada no exame das tendências econômicas e sociais de médio e longo prazos dos países latino-americanos. - Viés histórico: foi inaugurado por Prebisch (1949) - Faz um diagnóstico da profunda transição que se observava nas economias subdesenvolvidas latino-americanas - países latino-americano realizavam uma transição própria do modelo agroexportador para a industrialização devido a estrutura econômica e institucional subdesenvolvida. - 1930: contração da capacidade para importar e suas repercussões constituíram a referência histórica para a elaboração da diferença estrutural de funcionamento das economias centrais e periféricas. - Seguido por vários outros autores - Furtado : Formação Econômica do Brasil (58) - Anibal Pinto: Chile Um caso de Desarollo Frustrado (56) - Aldo Ferrer: La Economia Argentina (79)

CEPAL e a sua produção analítica em 50 anos Enfoque metodológico: Histórico 1. São

CEPAL e a sua produção analítica em 50 anos Enfoque metodológico: Histórico 1. São necessárias (possíveis) adaptações e reformulações contínuas das interpretações e análises Metodologia não muda mas realidade sim – pensamento da Cepal sofre reformulações

Desenvolvimentismo Ricardo Bielschowsky

Desenvolvimentismo Ricardo Bielschowsky

CEPAL e a sua produção analítica em 50 anos Enfoque metodológico: Histórico 1. São

CEPAL e a sua produção analítica em 50 anos Enfoque metodológico: Histórico 1. São necessárias (possíveis) adaptações e reformulações contínuas das interpretações e análises Metodologia não muda mas realidade sim – pensamento da Cepal sofre reformulações 2. A sistematização do pensamento cepalino é ordenado em torno de “mensagens” transformadoras. Em 50 anos de CEPAL é possível identificar 5 fases distintas, sendo cada qual movida por uma “idéia-força” ou “mensagem” específica): (a) Origens e anos 1950: industrialização (b) Anos 1960: “reformas para desobstruir a industrialização” (c) Anos 1970: reorientação dos “estilos” de desenvolvimento na direção da homogeneização social e da industrialização pró-exportadora. (d) Anos 1980: superação do problema de endividamento externo, via “ajuste com crescimento” (e) Anos 1990: transformação produtiva com equidade

Análises iniciais da CEPAL - Textos de Prebisch (1949/ 1951) 1949: “O desenvolvimento econômico

Análises iniciais da CEPAL - Textos de Prebisch (1949/ 1951) 1949: “O desenvolvimento econômico da América Latina e alguns de seus problemas principais” 1951: “Estudo Econômico da América Latina” “Problemas teóricos e práticos do crescimento econômico” Conjunto de documentos que contém os elementos principais que passarão a figurar como a referência ideológica e analítica para os desenvolvimentistas latino-americanos Ä è Os textos contêm a matriz analítica do pensamento cepalino Ø Elementos principais: • Estabelecem as noções básicas de centro - periferia • Abordam a inserção internacional das economias periféricas e a consequente vulnerabilidade externa, como também os problemas que se desencadeiam internamente decorrentes da heterogeneidade estrutural dos países periféricos • Contém uma primeira incursão na temática da intervenção estatal. Afirmam que o mercado não tem como resolver espontaneamente o processo de industrialização que ocorre em estruturais periféricas • A industrialização representava a possibilidade de captação frutos do progresso técnico mundial pela região subdesenvolvida da AL.

Análise centro – Periferia • Instrumentalização do enfoque histórico: Teoria do subdesenvolvimento periférico •

Análise centro – Periferia • Instrumentalização do enfoque histórico: Teoria do subdesenvolvimento periférico • Furtado: teórico do subdesenvolvimento: “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento” - “Teoria do desenvolvimento Econômico” • Estruturas subdesenvolvidas da periferia latino-americana: condicionam comportamentos específicos, de trajetórias a priori desconhecidas. • Oposição Centro x Periferia • Padrão especifico de inserção internacional das economias latino americanas: periféricas • Modos específicos de funcionamentos diferenciados • Produtoras especializadas de bens com demanda pouco dinamica e importadora de bens com demanda mais dinamica e absorvedora de padrões de consumo e 1 produção não adequadas a disponibilidade de fatores e aos seus niveis de renda • Estrutura socio-econômica interna heterogenea (dualidade) e pouco diversificada • Nega-se a idéia de que isto é uma fase (etapa) de um processo universal (Rostow) • É um processo inédito – singular e específico que traz resultados futuros distintos

A Vulnerabilidade externa: desequilíbrio estrutural do Balanço de pagamento e a deterioração dos termos

A Vulnerabilidade externa: desequilíbrio estrutural do Balanço de pagamento e a deterioração dos termos de troca Produção cepalina da época: centralidade da ideia de tendência ao desequilíbrio estrutural do BP: Tese da deterioração dos termos de troca: Base: dinamicamente – comportamento da demanda diferencial 1 a. versão: perifieria não retem os resultado do progresso técnico mas economia central a estrutura produtiva concentrada impediam a queda dos preços dos produtos industrais. 2 a. versão: tendência a deterioração tb advém do excesso de mão de obra na agricultura. A incoprporação da mão-de-obra ocasiona em expansão da oferta e queda do preço internacional – tendencia a superprodução

1950: legitimando e orientando a industrialização A partir do marco analitico anterior: solução industrialização

1950: legitimando e orientando a industrialização A partir do marco analitico anterior: solução industrialização A ideologia industrializante não tinha uma teoria para fundamentar sua posição. Teoria Cepalina: cumpriu o papel de instrumentalizar teoricamente a via do desenvolvimento industrial na AL. Versão regional da teoria do desenvolvimento Conveniência histórica: a ideologia cepalina caiu como uma luva nos projetos políticos de vários governantes latino-americanos Mensagem central do período: a industrialização era uma forma de superar o subdesenvolvimento e a pobreza.

Marco Analítico – CEPAL anos 50 Externamente A Vulnerabilidade externa: Ø Deterioração dos termos

Marco Analítico – CEPAL anos 50 Externamente A Vulnerabilidade externa: Ø Deterioração dos termos de troca • Elasticidade renda das exportações e importações • Estrutura dos mercados • Tendência superprodução (abundancia dos fatores) Consequencia A. desequilíbrio estrutural do Balanço de pagamento B. Problemas de dinamismo de longo prazo das economia Internamente Heterogeneidade estrutural: 1) setores não exportadores (subdesenvolvidos) x exportadores • baixa produtividade de todos os setores, exceto o de exportação • poucas atividades de exportação produtivas mas com baixo grau de complementariedade intersetorial e integração. 2) Grande contingente de população nos setores não exportadores subdesenvolvidos (excesso de mão de obra) • Economias com oferta ilimitada de mão de obra Consequencias: A)Problemas crônicos: A 1) inflação (limitação de oferta) A 2) desemprego (subemprego) B) As economias periféricas enfrentam graves problemas de insuficiência de poupança • Hiato interno: falta de poupança que acarretava em baixo investimento

1950: legitimando e orientando a industrialização Planejamento: O diagnostico dos problemas estruturais apontavam naturalmente

1950: legitimando e orientando a industrialização Planejamento: O diagnostico dos problemas estruturais apontavam naturalmente para a necessidade da ação estatal para apoiar o desenvolvimento Decadas de 1950 e 1960: enfase no planejamento orientado – suprir deficiencias tecnicas dos governo da regiao. Orientacao: tecnicas de programacao – necessidade de conferir racionalidade ao processo de industrializacao. Contemplavam: - Exercicios de consistencia dinamica – projecoes - Analise de demanda setorial com base na elasticidade-renda Papel da CEPAL: recomendaçao de politica economica e asistencia tecnica aos paises latino-americanos.

Implicações institucionais da idea de tendência ao desequilíbrio estrutural do BP já nos anos

Implicações institucionais da idea de tendência ao desequilíbrio estrutural do BP já nos anos 50 algumas outras posturas ou implicações em termos de política econômica: 1) Reforço das idéias de integração regional – para promover exportações dos diferentes países latino americano estimulando o comércio intrarregional associado à questão das escalas de produção possibilitando o aprofundamento do processo produtivo Exemplo: criação da ALALC ainda nos anos 50 2) Frente a dificuldades crescentes no BP, a idéia do estrangulamento externo reaparece relacionada à discussão sobre a conveniência de estimular a entrada de capitais estrangeiros privados ou públicos. 3) Desde o início e principalmente a partir de 1960, a preocupação com o desequilíbrio externo fez com que a CEPAL enfatizasse a importância de estimular as exportações. Exemplo: criação da UNCTAD

1960: redistribuir para crescer América Latina à partir da 2 a. metade da década

1960: redistribuir para crescer América Latina à partir da 2 a. metade da década de 1950 enfrenta alguns problmas que influenciaram a CEPAL: 1) Crescimento dos países estava ocorrendo em ambiente macroeconômico instável: restrição de importações e pressões inflacionárias 2) Urbanização devido a industrialização aumentava empobrecimento e favelização nos centros urbanos e a crescente insatisfação fomentava pressões sociais Este contexto exigiu da CEPAL uma reorientação de suas análises ampliando as contribuições sociológicas José Medina Echevarría – Aspectos sociales del desarollo Debates com teoria da dependencia (FHC e Enzo Faletto)

1960: redistribuir para crescer CEPAL: fórum de discussões sobre o processo de desenvolvimento Discussão

1960: redistribuir para crescer CEPAL: fórum de discussões sobre o processo de desenvolvimento Discussão girava em torno de 3 pontos: (a) Industrialização não tinha conseguido disceminar a modernidade e progresso técnico para a maioria da população • Industrialização não inclusiva e não redistributiva (b) Industrialização não eliminou a vulnerabilidade externa (c) Desigualdade e Vulnerabilidade Externa obstruíam o desenvolvimento Início dos anos 1960: Retomada do incentivo às exportações (inclusive industriais) Ø os textos da CEPAL passam a expressar a necessidade redução das desigualdades de renda e passam a defender mudanças na estrutura social dos países: • reforma agrária, política educacionais, etc.

Diferenças de perspectivas em torno da reforma agrária Celso Furtado: reforma redistributivista ØTese estagnacionista

Diferenças de perspectivas em torno da reforma agrária Celso Furtado: reforma redistributivista ØTese estagnacionista o Necessidade de ampliação do mercado consumidor Ø Reforma agrária: aspecto de redistribuição de renda e riqueza e ampliação do mercado consumidor Raul Prebisch: reforma produtivista Ø Reforma agrária: substituição de “latifundiarios rentistas”, por novos produtores • Busca de ampliação da produtividade • Ampliação da geração do excedente e da poupança • Melhora no uso deste excedente

As transições do final dos 60 e da década de 70 • Se início

As transições do final dos 60 e da década de 70 • Se início dos 60 crise, segunda metade retomada, aproveitando bom momento mundial, mas década de 70 (depois da crise do Petróleo) novamente dificuldades • Politicamente dificuldades: ascenção do militarismo em quase toda a região • Santiago – golpe contra Allende, dificuldades”físicas” para a CEPAL • América latina – diferenciação de respostas • Fases de crescimento: • Conservadores x redistributivos • Com maior ou meno endividamento • Com ou sem abertura • Fase de reação à crise do petróleo • Países petroleiros x não petroleiros • Reação com reforço do processo substitutivo ou não Debates em torno do(s) “estilo(s)” de desenvolvimento

 • Existem diferentes modalidade de desenvolvimento possíveis, mas até onde cada um deste

• Existem diferentes modalidade de desenvolvimento possíveis, mas até onde cada um deste estilo é desejável • Desejável: desenvolvimento integral (crescimento com justiça social), mas este é possível? • Deveríamos incluir tb participação política ? • Ceticismo interno sobre compatibilidade desenvolvimento e homogeneidade social • Percepção que rumos da América Latina eram socialmente injustos, mas não apenas em função das condições politicas (ditaduras) • Reflexão de Tavares e Serra: Além da estagnação, • possível superar a estagnação sem reformas redistributivas, ao contrário retoma-se o desenvolvimentismo mas ele é não inclusivo (concentração de renda é até funcional) – desenvolvimentismo maligno (perverso)

 • Vulnerabilidade externa: • além dos problemas anteriormente debatidos sobre o tema •

• Vulnerabilidade externa: • além dos problemas anteriormente debatidos sobre o tema • problemas com termos de troca de exportadores, • dificuldades externas da substituição de importação: necessidades de importação e viés antiexportação • Dificuldade com soluções: integração regional, reorientação exportadora • Aparece a questão dos choques externos e do endividamento • CEPAL: reforço da idéia de que se enfrenta a vulnerabilidade completando o parque industrial (Brasil), • mas também: necessário complementação mercado interno com exportações (reforço das políticas exportadoras , especialmente de diversificação das exportações) e necessidade de limitar endividamento

A CEPAL na década de 80 • Década de 80 marcada pela crise da

A CEPAL na década de 80 • Década de 80 marcada pela crise da dívida e os ajustes decorrentes • Crise mexicana de 82: marco • Também ascensão do ideário ortodoxo (liberal) • CEPAL: enfrentamento com forma de ajuste proposto por FMI e “Consenso de Washington” • Enrique Iglesias: “forma de ajustamento proposto não significa um curto processo de ajustes de um par de anos, como afirmam os ortodoxos do FMI, mas significará uma década perdida para a América latina” • Contrapõe-se ajustes recessivo com ajuste expansivo: reforço na produção de bens tradeables e diversificação de exportações • Inicio das criticas ao protecionismo dos países centrais • Acordo com credores não sufocantes – renegociação soberana • Processos inflacionários – combates ortodoxos inocuos (inflaçao inerial ? )

Os anos 90: neo estruturalismo e a transformação produtiva com equidade • Com base

Os anos 90: neo estruturalismo e a transformação produtiva com equidade • Com base nas interpretações, iniciadas na década anterior, dos processo de industrialização ocorridos na AL, a proposta, para depois da renegociação da divida, é a de reconsiderar o processo de desenvolvimento • Interpretações críticas em relação à forma pela qual ocorreu a Industrialização • Fajnzylber: “Industrialização Trunca” e “Casillero Vazio”) • Não endogenização do progresso técnico • não crescimento com equidade: • Problemas de aparecimento de novo grupos “rentistas”: cklasses empresarias locais , vivendo das benesses das políticas • lema passa a ser: “transformação produtiva com equidade” • Objetivo e politicas: • Acelerar catching up tecnologico – com politicas ativas de estimulo a processo de inovação e exportação (nichos) • Defesa das políticas de fortalecimento dos recursos humanos

 • Novos temas: • Reformas liberais • Cepal se posiciona de forma moderada,

• Novos temas: • Reformas liberais • Cepal se posiciona de forma moderada, mas alertando contra problemas e custos dos processos reformistas sem se posicionar necessariamente contra • Aceita reformulação na forma a intervenção do Estado • Aceita abertura mas com cuidado, critica à simultaneidade das duas aberturas • Defesa de politicas macroeconômicas saudáveis • Fluxos de capital – vulnerabilidade às oscilações dos fluxos • Controle de capitais e regulações prudenciais