Vamos Brincar com Poesia Atividades criativas com poesia

Vamos Brincar com Poesia? Atividades criativas com poesia (Maria Helena Zancan Frantz) BRINCANDO COM AS PALAVRAS, OS SONS E AS IMAGENS ACADEMICOS: DAIANI CERUTTI ÉRICA NASCIMENTO EZEQUIEL RODEN INES REIS JULIANA RODRIGUES LUCIENE RIBEIRO

Segundo: Lúcia Lins B. Rego “. . . MESMO NA CRIAÇÃO LITERÁRIA OS MODELOS SÃO NECESSÁRIOS E IMPORTANTE, POIS É A PARTIR DELES QUE NASCEM NOVOS ESCRITORES. TODO ESCRITOR SOFRE OU SOFREU, EM ALGUMA ETAPA DA SUA CARREIRA, INFLUÊNCIAS LITERÁRIAS QUE LHE PERMITIRAM A CRIAÇÃO DE UM ESTILO PROPRIO. ” Literatura Infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na pré- escola. São Paulo: Editora FTD, 1988. p. 39.

Tantas Promessas No dia de Santa Ana eu como sempre banana No dia de São Luís casquinhas de siris. No dia de São João eu como muito pinhão. No dia de Santa Fabiana só como melado de cana. No dia de Santo Expedito batata e ovo frito. No dia de Santa Ada adoro uma feijoada. No dia de São Miguel eu como sarapatel. No dia de São Jamais prometo não comer mais No dia de Santa Maria pra mim só ambrosia. Tigres no Quintal São Paul: Kuarup, 1989. Sérgio Caparelli Sugestão de Atividade: Não decepcionar outros anjos e santos que estão esperando por uma promessinha. A promessa pode ser feita em versos, pois a poesia é a linguagem dos anjos. Ah! Não esquecer que os anjos têm muito bom humor e gostam de uma brincadeira. O que você prometeria no dia de Santo Antônio, São Joaquim, São Vicente, Santa Cecília, São Raimundo, etc.

Eu juro que vi Eu vi uma arara vermelha Com. . . Eu vi. . . Engolindo inteira uma jaca. Eu vi o uma onça pintada Se. . . . Ei vi o sr. Juvenal comendo. . . . . Eu vi. . . Fazendo tricô no armário. Eu vi na mar a baleia. . . . . Eu vi uma. . . Dizendo abracadabra. Tigres na Quintal Porto Alegre, Kuarup, 1989 Sérgio Caparelli CABRA BRABA UM DROMEDÁRIO AÇUCAR COM SAL DANÇANDO COM A LUA CHEIA UMA COBRA JARARACA PITANGAS NAS ORELHAS COÇANDO COM A ESPINGARDA

BRINCANDO DE NÃO- ME- OLHE ELIAS JOSÉ Não me olhe de lado Que eu não sou melado. Não me olhe de banda Que eu não sou quitanda. Não me olhe de frente Que eu não sou parente. Não me olhe para trás Que eu não sou Satanás. Não me olhe no meio Que eu não sou recheio. Não me olhe da janela Que eu não sou panela. Não me olhe da porta Que eu não sou torta. Não me olhe do portão Que eu não sou leitão. Não me olhe no olho Que eu não sou caolho. Não me olhe na mão Que eu não sou mamão. Não me olhe no joelho Que eu não sou espelho. Não me olhe no pé Que eu não sou chulé. Não me olhe de baixo Que eu não sou riacho. Não me olhe de cima Que acabou a rima. NAMORINHO DE PORTÃO São Paulo: moderna. 1986

Pra Refletir • A poesia nos dá a oportunidade de jogar com as palavras de forma criativa, musical, encanta as crianças com as rimas, com as imagens, elas se deslumbram com as histórias, com o mundo da fantasia, estimulando a criatividade e também a construção de uma identidade pessoal. • É prazeroso buscar com as crianças palavras dentro de outras palavras, arrumar e desarrumar uma estrofe, um verso que não ficou bom, mexer com o imaginário da criança, levando-a a expressar sentimentos, descobrindo que se pode brincar com as palavras, sempre em constante exploração da poesia.

A casa e seu dono Autor: Elias José Essa casa é de caco Quem mora nela é o macaco Essa casa é tão bonita Quem mora nela é a cabrita Essa casa é de cimento Quem mora nela é o jumento Essa casa é de telha Quem mora nela é a abelha Essa casa é de lata Quem mora nela é a barata Essa casa é elegante Quem mora nela é o elefante E descobri de repente Que não falei em casa de gente. Sugestão de Atividade: Como o autor reconhece que não falou em casa de gente. Então fica a sugestão para o professor brincar com casa de gente. EX: Essa casa é um barato Quem mora nela é o Renato Essa casa é muito grande Quem mora nela é o Alexandre. Lua no Brejo Porto Alegre: mercado Aberto, 1991 b.

Poemas criados por Natália Coelho e Rosaly de Souza Crianças de 9 anos, 3º ano (Porto Alegre) “Essa casa é de palha Quem mora nela é a gralha. Essa casa é de giz Quem mora nela é feliz. Essa casa é de areia Quem mora nela é a sereia. Essa casa é de plástico Quem mora nela é fantástico. Essa casa é de pano Quem mora nela é o fulano. Essa casa é de papel Quem mora nela é o Joel. Essa casa é de farelo Quem mora nela é o Marcelo. Essa casa é transparente Quem mora nela é a serpente. Essa casa é xadrez quem mora nela é o Juarez. Essa casa é de gel Quem mora nela é o Papai Noel Essa casa é roxa Quem mora nela é trouxa”. 9 anos, 3ª série (Porto Alegre) a partir da leitura da “A casa e seu dono”.

Declaração universal dos direitos da criança Criança tem o direito De comer chocolate E não gostar de abacate De chorar quando tem dor E amolar o professor De ter dor de mentirinha Pra dormir com a mamãezinha Também com barro brincar Sem ter que bronca levar De ter em casa animais E tirar o sossego dos pais De brigar com o irmão Sem ter que pedir perdão De botar meia no pé Só pra esconder o chulé De poder enforcar o banho E não ter que beijar estranhos De ouvir história na cama E sonhar e molhar o pijama Criança tem direitos reais. E quais serão os direitos dos pais? Autora: Maria Helena Frantz Sugestão de Atividade: Após ler o poema, sugerir outros temas e fazer a sua Declaração Universal dos Direitos Exemplo: Direitos dos alunos, dos professores, dos adolescentes, dos animais, dos vizinhos, etc.

Declaração universal dos direitos da mamãe Atividade coletiva da Escola Bráulio de Oliveira – Catuípe/RS Mamãe tem o direito De mandar criança pro banho E não ouvir manha. De tomar chimarrão Sem se preocupar com o preço do feijão De ir passear na vizinha Sem se preocupar com a limpeza da cozinha De escrever uma placa: Nunca mais lido com vaca! De assistir ao jornal Sem ter que ouvir o filho reclamar pra trocar de canal De os filhos arrancar mandioca E a mãe não ouvir reclamação nas costas De o filho tirar nota dez Sem fazer a mãe ficar com stress. De não molhar demais o banheiro Para a mãe não ter que ralar os Joelhos. De comprar roupa chique Na mais cara butique. Mamãe esses são os seus direitos Com muito amor e respeito.

Para refletir • Mário Quintana nos diz “ Os livros de poemas devem ter margens largas e muitas páginas em branco e suficientes claros nas páginas impressas para que as crianças possam enchê-los de desenhosgatos, homens, aviões, casa, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças, estrelasque passarão também a fazer parte dos poemas”.

Aninha Pula amarelinha Marília De mãe e filha Mariazinha Sua rainha Renato De gato e rato Joaquim Anda de patins Janete De patinete Henrique Brinca de pique Infância Marcelo É o rei do castelo Carola Brinca de bola João De polícia e ladrão Tieta De bicicleta Lucinha Eu estou sozinha Você quer brincar comigo? Autora: Sônia Miranda/ Pra Boi Dormir

• Sugestão de Atividade: Escrever em papeizinhos os nomes próprios que aparecem no poema e distribuir entre as crianças. Sem mostrar ainda o poema o professor vai perguntando: Quem pula amarelinha? Quem brinca de pique? , etc. E a rima deverá orientar as respostas das crianças. Depois inverter a pergunta: O que faz a Aninha? Do que brinca o Henrique? , etc. Trocar os papeizinhos e repetir a brincadeira. No final todos dizem juntos o poema e o professor propõe novas rimas com outros nomes. Por fim, o professor pode utilizar vários recursos para enriquecer seu trabalho com a poesia na educação infantil, através de confecções de cartazes individuais e coletivos, peças teatrais, escrever as poesias e mudar as rimas, dando outro final e também desenhos que representam as poesias.

Pra Refletir • Maria da Glória Bordini nos diz: “Naturalmente admiradora, a criança tende a acostumarse à surpresa do mundo, principalmente porque os adultos lhe parecem orbitar em torno de certezas imutáveis, vendo tudo sempre pelo mesmo prisma. É então que a experiência do poético pode transtornar esse habituar-se da consciência precoce, propondo-lhe e requerendo-lhe que se abra para o diverso que jogue com sons, conceitos e vivências fantásticas, que investigue e indague a natureza das coisas nessa brincadeira, que busque os lados não vistos, que pressinta que não se contente com as versões recebidas, que mantenha viva a capacidade de maravilhar-se”. Poesia Infantil São Paulo: Ática, 1986. p. 40

As Tias A tia Catarina Cata a linha. A tia Tereza bota a mesa. A tia Ceição amassa o pão. A tia Lela espia na janela. A tia Dora só namora. A tia Cema teima que teima. A tia Maria dorme de dia. A tia Tininha faz rosquinha. A tia Marta corta a bata. A tia Salima fecha a rima. Namorinho de portão São Paulo: Moderna, 1986. Elias José Sugestão de Atividade (I ) Brincar com o nome de outras “tias”, verdadeiras ou não, não importa. Pode -se começar a brincadeira oralmente, no coletivo, para descontrair e criar um clima propício à criação literária. Depois, em duplas pode-se continuar a brincadeira, agora por escrito. As tias podem ser substituídas por amigos, amigas e colegas. . . O importante é buscar rimas interessantes para esses nomes e colocar isso de forma criativa.

- Amostra - Admiração Kalunga Que estranho, que estranho! Tamanduá tomando banho. Poemas criados por alunos da pré-escola e da 4ª séria Marília – pré-escola Vicente-4ª série Que bonito, que bonito! O focinho do cabrito. Que besteira, que besteira A galinha comendo poeira Que elegante, que elegante! A tromba do elefante. Que bacana, que bacana O macaco está sem banana! Que loucura, que loucura! Jacaré sem dentadura. Que horror, que horror A girafa cheirando fedor! Que engraçado, que engraçado! O hipopótamo engasgado. Que experiência, que experiência No zoológico deu certo a ciência! Que feio, pra lá de feio! Rinoceronte sem freio. Que engraçado, que engraçado O bicho-preguiça está sem preguiça! Que lindo, pra lá de lindo! O porco-espinho dormindo. Que barato, que barato O cachorro beijando o gato! Que paixão, paixão! O veadinho machão. Que vitória, que vitória O macaco contando história! Que legal, legal! O avestruz de avental. Que piada, que piada! O leão comendo salada! Que mistério. . . que mistério! O macaco com ar sério. Que bonito, que bonito! Um lobo com pirulito! Trem de Carretel Vozes, 1991. EFA – Escola Francisco de Assis-Ijuí

Banquete Quem quer jantar comigo na minha casa de vento? tem chá de chuva, bolo de neblina empadão de pensamento. Quem quer jantar comigo na minha casa encantada? tem macarronada de nuvem e pastel de trovoada. E a sobremesa é transparente na minha casa de vento: sorvete de orvalho, pavê de faz-de-conta e torta de tempo (ruim ou bom, não importa). Você quer jantar comigo? Caixinha de música Rio de Janeiro: Ed. Manati. Roseana Murray • Sugestão de Atividade Fazer uma festa fantástica. Cada um prepara um prato poético para levar à festa. Começar dando a receita: ingredientes e modo de fazer. Depois preparar o prato fantástico. Pode ser com desenho, com argila, com materiais alternativos, sucata, etc. A receita pode ser em forma de poesia, se assim o desejarem. Como seria a receita do bolo de neblina? . . . Não esquecer que toda grande festa requer convites.

Pra refletir Segundo Carlos Drummond de Andrade: “A poesia é natureza gratuita. A criação em si é um ato gratuito A pessoa quer criar um objeto chamado romance , chamado poesia conto. É um objeto mais mental do que físico; é uma atividade lúdica, talvez. A humanidade não está esperando você fazer verso, mas que você trabalhe , seja socialmente útil não seja pesado. Ao compor um poema, antes de mais nada, a pessoa está se dando um prazer individual. A obra de arte serve primeiro ao autor e só depois ao publico. ”

O cata- vento e o ventilador Luis Camargo O cata –vento andava meio triste, Meio chateado , Porque não tinha vento Para cantar, não tinha vento para ele girar. O azul-claro, o azul-escuro, A cor de abobora, o vermelho, A cor de gema e a Cord e clara Estavam todos paradas No canto-vento, Meio tristes Sem se mexer. Mas o ventilador, que sabia fazer vento Se ligou na tomada e começo a girar E girou o vento e o vento girou o cata-vento E o cata- vento gostou tanto, tanto que deu um abraço bem forte Bem gostoso no ventilador. Cata-vento e o ventilador São Paulo: editora FTD 1986. Sugestão de atividade Confeccionar cata-vento e pintá-lo com as cores mencionadas no Poema e brincar com eles em frente ao ventilador. Pode-se usar sucata na fabricação do material. Também é interessante a dramatização do poema.

Os sapos inventores Eu sou o sapo Inácio Inventor do saponáceo. Sérgio Caparelli Sou a sapa Tuca Inventei a sapituca. Eu , a sapa Tília, Descobri a sapatilha. Apresento –me: sapo Antão Criador do sapatão. E o sapo que ai está? Não sou sapo, sou sabiá cê sabia ou não sabiá? Boi da cara preta Porto Alegre LPM, 1985. Sugestão de atividade: Formar grupos com 6 integrantes. Cada um fica responsável pela Memorização de uma estrofe. Depois apresentam aos colegas , dramatizando. Pode-se também investir uma melodia para cada estrofe e apresentar o poema de forma teatral. cantando.

Po. Em. As Pa. Ra Ca. Nt. Ar

Pra refletir. Vânia Maria Resende A POESIA é para ser ouvida, vista, cantada, tocada e sentida profundamente pela totalidade do corpo. Literatura Infantil e Juvenil São Paulo: Editora Saraiva, 1993. p. 130.

Pagodeira “Lá vem o Juca-ca de perna torta-ta dançando a valsa-sa com a Maricota-ta”. Lá vem o Zeca-ca de cara chata-ta dançando samba-ba com a Renata-ta. Lá vem a Quica-ca de dentadura-ra dançando roque-que com seu Ventura-ra. Lá vem o Doca-ca espinhela dur-ra dançando tango-go com a Jussara-ra. Lá vem o Braga-ga perna engessada-da dançando rumba-ba com a Imaculada-da. Lá vem a cidade-de num sobe e desce-ce pondo o que pode-de no tal pagode-de. Elias José Sugestão de Atividade Elias José brincou com música folclórica e criou outros versos para ela. Podemos exercitar esses outros versos dançando e cantando. Podemos também criar novos versos, a exemplo do autor. Segredinhos de amor São Paulo: Moderna, 1991ª p. 20.

-Pra refletir. Maria da Glória Bordini diz: “O poeta é conduzido, pelos limites gráficos e pelo próprio reducionismo da linguagem, a recortar elementos do mundo a ser criado e a dispô-los no arranjo mais econômico para o efeito intencionado. Surgem, por isso, pontos vazios, lacunas em que a voz ficcional silencia. Tais vazios serão preenchidos automaticamente pelo leitor, uma vez que sua percepção o habituou aos quadros completos”.

O pato O PATO PERTO DA PORTA O PATO PERTO DA PIA O PATO LONGE DA PATA O PATO PIA QUE PIA. O PATO LONGE DA PORTA O PATO LONGE DA PIA O PATO PERTO DA PATA É UM PATO QUE NEM PIA. Lua no Brejo Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991 b. p. 29. Elias José

O relógio Vinicius de Moraes Passa tempo, Tic-tac, passa a hora Chega logo, tic-tac Tic-tac, e vai-te embora Passa tempo bem depressa Não atrasa Não demora Que já estou Muito cansado Já perdi Toda a alegria De fazer Meu tic-tac Dia e noite Noite e dia Tic-tac. A Arca de Noé Círculo do livro




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