INFECES EM GINECOLOGIA DOENAS SEXUALMENTE TRANSMISSVEIS Pedro Xavier

  • Slides: 33
Download presentation
INFECÇÕES EM GINECOLOGIA DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Pedro Xavier Faculdade de Medicina do Porto

INFECÇÕES EM GINECOLOGIA DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Pedro Xavier Faculdade de Medicina do Porto

Gonorrei a-1 Agente: Neisseria gonorreia. Colonização preferencial do endocolo, uretra, recto e orofaringe. Epidemiologia:

Gonorrei a-1 Agente: Neisseria gonorreia. Colonização preferencial do endocolo, uretra, recto e orofaringe. Epidemiologia: grande prevalência em populações comportamento sexual de risco.

Gonorrei a-2 Formas não complicadas de manifestação da infecção por Neisseria gonorreia: 80% assintomáticas

Gonorrei a-2 Formas não complicadas de manifestação da infecção por Neisseria gonorreia: 80% assintomáticas ou apenas formas ligeiras de doença. INFECÇÃO ASSINTOMÁTICA: reservatório. GONORREIA ENDOCERVICAL: muco purulento. INFECÇÃO DA GL. DE BARTHOLIN E DE SKENE. GONORREIA URETRAL: sintomas urinários. GONORREIA RECTAL: geralmente assintomática ou proctite. INFECÇÃO DA OROFARINGE: assintomática ou faringite. É a forma de mais fácil disseminação e a mais resistente ao tratamento.

Gonorrei a-3 Formas complicadas de manifestação da infecção por Neisseria gonorreia: DOENÇA INVASIVA DO

Gonorrei a-3 Formas complicadas de manifestação da infecção por Neisseria gonorreia: DOENÇA INVASIVA DO TRACTO GENITAL SUPERIOR: A salpingite aguda, surge em 10 -20% das doentes com gonorreia endocervical. Clinicamente exuberante com febre alta, leucorreia purulenta e sinais peritoneais mas boa resposta aos antibióticos. DOENÇA SISTÉMICA: Em 2% dos casos. Sintomas articulares ou manifestações sistémicas generalizadas.

Gonorrei a-4 Diagnóstico: Exame cultural em meio de Thayer-Martin: o endocolo é o local

Gonorrei a-4 Diagnóstico: Exame cultural em meio de Thayer-Martin: o endocolo é o local que produz mais vezes exames positivos. Coloração Gram: identificação de diplococos gram negativos

Gonorrei a-5 Tratamento: q q Cefalosporinas: ceftriaxone Quinolonas: ciprofloxacina São de 1ª linha. O

Gonorrei a-5 Tratamento: q q Cefalosporinas: ceftriaxone Quinolonas: ciprofloxacina São de 1ª linha. O cetriaxone pode ser administrado em dose única nas formas não complicadas. Nas formas complicadas está recomendado o tratamento durante pelo menos 14 dias. Em qualquer dos casos deve ser sempre associado o tratamento para a clamídia (associação em 50% dos casos). Necessária a notificação e avaliação do companheiro.

Clamídi a-1 Agente: Chlamidya Trachomatis. Epidemiologia: grande prevalência em populações comportamento sexual de risco.

Clamídi a-1 Agente: Chlamidya Trachomatis. Epidemiologia: grande prevalência em populações comportamento sexual de risco.

Clamídi a-2 Formas não complicadas de manifestação da infecção por Clamídia: 80% assintomáticas ou

Clamídi a-2 Formas não complicadas de manifestação da infecção por Clamídia: 80% assintomáticas ou apenas formas ligeiras de doença. INFECÇÃO ASSINTOMÁTICA: reservatório. CERVICITE: eversão ou ectopia friável com muco ou pús. URETRITE: sintomas urinários com exames culturais negativos.

Clamídi a-3 Formas complicadas de manifestação da infecção por Clamídia: DOENÇA INVASIVA DO TRACTO

Clamídi a-3 Formas complicadas de manifestação da infecção por Clamídia: DOENÇA INVASIVA DO TRACTO GENITAL SUPERIOR: endometrite ou salpingite sub-aguda, de início insidioso, dor menos intensa mas com maior tendência para a cronicidade, grande distorção do aparelho genital superior. Pode surgir em 40% das doentes infectadas não tratadas. Infertilidade de causa peritoneal (20%) Dor pélvica crónica (18%) Gravidez ectópica (8%)

Clamídi a-4 Diagnóstico: Demonstração da clamídia em cultura celular: é o mais rigoroso mas

Clamídi a-4 Diagnóstico: Demonstração da clamídia em cultura celular: é o mais rigoroso mas muito complexo e caro. Métodos imunológicos (Atc fluorescência, ELISA): baixa sensibilidade e especificidade em populações de baixo risco. PCR de amostras do endocolo e urina: em fase de validação (sensibilidade de 94% e especificidade entre 99 a 100%).

Clamídi a-5 Tratamento: Pode ser de presunção se os testes de diagnóstico não estiverem

Clamídi a-5 Tratamento: Pode ser de presunção se os testes de diagnóstico não estiverem disponíveis. q Macrólidos: azitromicina em dose única q Tetraciclinas: doxiciclina durante 7 dias São de 1ª linha e com resultados semelhantes. A azitromicina só é eficaz nas formas não complicadas mas tem a vantagem da posologia. O tratamento da salpingite obriga à utilização da doxiciclina e deve manter-se pelo menos durante 14 dias. Em qualquer dos casos deve ser sempre associado o tratamento para a neisseria. Necessária a notificação e avaliação do

Herpes Genital - 1 Agente: Herpes Vírus Humanos 1 e 2 (HVH 1 e

Herpes Genital - 1 Agente: Herpes Vírus Humanos 1 e 2 (HVH 1 e 2) anteriormente designados Herpes Simplex 1 e 2 (HSV 1 e 2). Oitenta e cinco a 90% dos casos de herpes genital são causados pelo HSV 2. O HSV 1 (10 a 15% dos casos de herpes genital) está mais frequentemente associado ao herpes orolabial. Epidemiologia: grande prevalência em adolescentes. Menos de 10% das doentes seropositivas para o HSV têm história de herpes genital. Prevalência real é desconhecida.

Herpes Genital - 2 HISTÓRIA NATURAL Infecção recorrente com períodos de latência durante os

Herpes Genital - 2 HISTÓRIA NATURAL Infecção recorrente com períodos de latência durante os quais o vírus está alojado nas raízes dorsais dos gânglios sagrados Estímulos vários Migração do vírus ao longo das fibras sensitivas dos nervos sagrados para o tracto genital inferior Replicação e aparecimento das lesões

Herpes Genital - 3 HISTÓRIA NATURAL: 4 formas de manifestão PRIMO-INFECÇÃO: vesículas/úlceras vulvares bilaterais

Herpes Genital - 3 HISTÓRIA NATURAL: 4 formas de manifestão PRIMO-INFECÇÃO: vesículas/úlceras vulvares bilaterais muito dolorosas. A duração da doença (desde o aparecimento da 1ª vesícula até à completa cicatrização de todas elas) é de ± 21 dias. A disseminação do vírus ocorre até à fase de cicatrização da lesão (crosta). Atingimento extra-vulvar: Uretrite (80%); Cervicite (80%): úlceras, lesões necróticas, leucorreia; Lesões vaginais (4%); Faringite sintomática (10%); Nádegas, côxas, olhos (25%); Atingimento sistémico (50%): febre, mialgias, cefaleias, hepatite, meningite asséptica, disfunção do SNA sagrado.

Herpes Genital - 4 HISTÓRIA NATURAL PRIMEIRO EPISÓDIO NÃO PRIMÁRIO: primeiro episódio clínico na

Herpes Genital - 4 HISTÓRIA NATURAL PRIMEIRO EPISÓDIO NÃO PRIMÁRIO: primeiro episódio clínico na presença de anticorpos para o HSV. Clinicamente semelhante a um episódio de recorrência. ~ RECORRÊNCIA: episódios menos intensos, com menor ou até sem nenhum envolvimento sistémico, de menor duração (4 a 8 dias) e com lesões geralmente unilaterais. O envolvimento da uretra e do colo é muito menos frequente (15%). DISSEMINAÇÃO ASSINTOMÁTICA: ocorre a partir da vagina e do colo em cerca de 1% dos dias do ano, de forma imprevisível.

Herpes Genital - 5 DIAGNÓSTICO Demonstração do HSV em cultura celular: é o mais

Herpes Genital - 5 DIAGNÓSTICO Demonstração do HSV em cultura celular: é o mais eficaz. Esfregaço de Tzanck: menos sensível que a cultura mas útil quando esta não está disponível: Queratinócitos atípicos, gigantes e multinucleados Raspado das lesões e coloração Giemsa ou Wright Anticorpos anti-HSV: pouco valor diagnóstico. Grande prevalência de positividade para os Atc anti-HSV nos adultos e muitas reacções cruzadas entre os Atc anti-HSV 1 e 2.

Herpes Genital - 6 TRATAMENTO Nenhum tratamento é curativo. Aciclovir Fanciclovir e Valaciclovir: posologia

Herpes Genital - 6 TRATAMENTO Nenhum tratamento é curativo. Aciclovir Fanciclovir e Valaciclovir: posologia mais cómoda e potencialmente úteis nas resistências ao Aciclovir. É necessária a notificação e avaliação do companheiro.

Síflis -1 Agente: Espiroqueta Treponema pallidum. Epidemiologia: associação frequente ao HIV, prevalência máxima entre

Síflis -1 Agente: Espiroqueta Treponema pallidum. Epidemiologia: associação frequente ao HIV, prevalência máxima entre os 15 e os 40 anos de idade.

Síflis -2 Quatro estádios definidos por critérios clínicos e cronológicos: SÍFLIS PRIMÁRIA: úlcera solitária

Síflis -2 Quatro estádios definidos por critérios clínicos e cronológicos: SÍFLIS PRIMÁRIA: úlcera solitária (cancro), indolor, com 0, 5 a 2 cm de diâmetro que surge no local de inoculação 9 a 90 dias após o contacto. Adenopatia regional indolor. Localizações mais frequentes: vulva (o mais comum), colo e vagina. A úlcera da síflis primária é contagiosa.

Síflis -2 SÍFLIS SECUNDÁRIA: manifestações mucocutâneas e sistémicas que surgem 9 a 90 dias

Síflis -2 SÍFLIS SECUNDÁRIA: manifestações mucocutâneas e sistémicas que surgem 9 a 90 dias após a síflis primária, por disseminação hematogénea da espiroqueta. Manifestações mais frequentes: alopecia, rash, linfadenopatia e placas mucosas orais ou genitais, também infectantes.

Síflis -3 SÍFLIS TERCIÁRIA: surge em média 5 a 20 anos após a síflis

Síflis -3 SÍFLIS TERCIÁRIA: surge em média 5 a 20 anos após a síflis primária. As manifestações ocorrem a vários níveis: Pele e sistema osteoarticular: gomas siflíticas lesões nodulares da pele, ossos longo ou articulações, indolores e destrutivas, com a consissistência de borracha. Cardiovascular: Aortite com aneurisma e insuficiência valvular. Neurológico: assintomático, quadro tipo memeningite aguda ou deterioração gradual da capacidade intelectual e motora.

Síflis -4 SÍFLIS LATENTE: forma serológica da doença na ausência de sinais ou sintomas

Síflis -4 SÍFLIS LATENTE: forma serológica da doença na ausência de sinais ou sintomas de infecção. Pode seguir-se a uma síflis primária, secundária ou não ser precedida por qualquer manifestação da doença. É pois uma fase assintomática da doença, apenas manifestada pela positividade aos testes serológicos. Precoce: se duração da infecção < 1 ano. Tardia: duração desconhecida ou superior a 1 ano.

Síflis -1 Diagnóstico: Microscopia de contraste de fase: 78% de testes positivos na síflis

Síflis -1 Diagnóstico: Microscopia de contraste de fase: 78% de testes positivos na síflis primária. Serologia: dois tipos de testes: Testes-Não-Treponémicos (VDRL, RPR): detectam um atg (cardiolipina) que não é específico do T. Pallidum (falsos positivos). A síflis primária pode ocorrer numa fase em que os testes ainda não são positivos, mas a secundária cursa sempre com testes positivos. Podem negativar após tratamento. Testes-Treponémicos (TPHA, FTA-ABS): específicos para o treponema (raros falsos positivos). Uma vez positivos podem não voltam a negativar.

Síflis -1 Tratamento: Penicilina: cura a doença, impede a sua progressão mas não resolve

Síflis -1 Tratamento: Penicilina: cura a doença, impede a sua progressão mas não resolve as sequelas. Tetraciclinas: de 2ª linha. É necessária a notificação e avaliação do companheiro.

HPV -1 Agente: Vírus Papiloma Humano. Mais de 80 serotipos identificados. Os de maior

HPV -1 Agente: Vírus Papiloma Humano. Mais de 80 serotipos identificados. Os de maior importância são o 6 e 11 (lesões de condiloma típico com baixo potencial oncogénico) e o 16, 18, 31 e 33 (alto potencial oncogénico). Epidemiologia: 5 a 20% das mulheres com idades entre os 15 e os 49 anos estão infectadas pelo HPV. O principal factor implicado na infecção pelo HPV é o comportamento sexual de risco.

HPV -2 Período de incubação variável de 3 semanas a 8 meses. A infecção

HPV -2 Período de incubação variável de 3 semanas a 8 meses. A infecção pode ter uma manifestação clínica (condilomas) ou sub-clínica. O envolvimento simultâneo de vários orgãos genitais externos é comum, facto que obriga ao despiste de todas essas localizações. O crescimento das lesões é mais exuberante e a dificuldade de tratamento é maior se a imunidade estiver comprometida Diabéticas, grávidas, doentes crónicos ou imunodeprimidos.

HPV -3 Pode ocorrer regressão espontânea das lesões ou recidiva ao fim de muitos

HPV -3 Pode ocorrer regressão espontânea das lesões ou recidiva ao fim de muitos anos. Diagnóstico: Aspecto típico das lesões: couve-flôr, verruga. Exame histológico das lesões: presença de coilócitos. Tipagem do HPV: interesse clínico por clarificar. Citologia cérvico-vaginal e colposcopia: rastreio das lesões subclínicas.

HPV -4 TRATAMENTO: Nenhum tratamento é curativo e a taxa de recorrência é alta.

HPV -4 TRATAMENTO: Nenhum tratamento é curativo e a taxa de recorrência é alta. Destrutivos: químicos (podofilina, podofilotoxina, ácido tricloroacético) ou físicos (crioterapia, electrocoagulação ou laser). Ablativos: electrocoagulação, laser, cirurgia clássica. Imunomodeladores: 5 -FU, Interferão. Necessária a notificação e avaliação do companheiro, no entanto se este não tiver lesões visíveis (mesmo que infectado) não vale a pena tratar.

Vulvovaginit es - 1 As três vulvovaginites infecciosas maios comuns são, por ordem de

Vulvovaginit es - 1 As três vulvovaginites infecciosas maios comuns são, por ordem de frequência: Vaginose Bacteriana Candidíase Trichomoníase Destas, só a trichomoníase é considerada uma DST.

Vulvovaginit es - 2 VAGINOSE BACTERIANA: Infecção polimicrobiana com grande sinergismo de vários agentes.

Vulvovaginit es - 2 VAGINOSE BACTERIANA: Infecção polimicrobiana com grande sinergismo de vários agentes. O mais comum é a Gardnerella vaginalis à qual se associam Bacilos gram negativos anaeróbios, Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum entre outros. Não é uma verdadeira infecção, uma vez que os agentes envolvidos são componentes da flora normal da vagina. Resulta de provável desiquilibrio dessa flora. TRATAMENTO: Metronidazol ou clindamicina.

Vulvovaginit es - 3 CANDIDÍASE: A estirpe mais frequentemente envolvida é a Cândida albicans.

Vulvovaginit es - 3 CANDIDÍASE: A estirpe mais frequentemente envolvida é a Cândida albicans. Estirpes menos comuns como a C. glabrata, tropicalis ou lusitaniae originam uma infecção mais atípica. Factores precipitantes: Diabetes Mellitus, gravidez, estrogénios, antibioterapia, imunossupressão, contraceptivos orais. TRATAMENTO: Nistatina, imidazóis ou triazóis.

Vulvovaginit es - 3 TRICHOMONÍASE: Provocada por um protozoário flagelado, Trichomonas vaginalis, que não

Vulvovaginit es - 3 TRICHOMONÍASE: Provocada por um protozoário flagelado, Trichomonas vaginalis, que não faz parte da flora vaginal. Transmissão quase exclusiva durante as relações sexuais. TRATAMENTO: Metronidazol por via oral. Obrigatório o tratamento do casal.

CARACTERÍSTICAS DAS VULVOVAGINITES VAGINOSE BACTERIANA CANDIDÍASE TRICHOMON. Sintomas achados Odor fétido sem alterações da

CARACTERÍSTICAS DAS VULVOVAGINITES VAGINOSE BACTERIANA CANDIDÍASE TRICHOMON. Sintomas achados Odor fétido sem alterações da mucosa Prurido intenso, rritação vulvar, dispareunia Leucorreia abundante, dor esporádica Eritema, edema Colo e vagina com lesões em morango leucorreia p. H vaginal M. O Outras escassa, fétida, acizentada > 4, 7 Clue cells Teste de Whiff positivo (K OH) WBC ausentes esbranquiçada, grumosa, leite coalhado < 4, 5 Hifas após KOH Cultura em meio de Sabouraud abundante, arejada, esverdeada > 6, 0 Trichomonas móveis com flagelo > 10 WBC por HPF