A Liturgia na Era dos Mrtires Sculos II

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A Liturgia na Era dos Mártires Séculos II e III

A Liturgia na Era dos Mártires Séculos II e III

Contexto Geral l l A época pós-apostólica imediata foi um período de transição e

Contexto Geral l l A época pós-apostólica imediata foi um período de transição e de busca. Período em que a Igreja de raízes fortemente judaicas, vai adentrando progressivamente no mundo greco-latino. Extensão das primeiras comunidades cristãs entre os anos 70 e 140 d. C. Permanência de formas de pensamento judeucristãs

Contexto Geral l l Na fronteira entre o judaísmo e o cristianismo, grassam as

Contexto Geral l l Na fronteira entre o judaísmo e o cristianismo, grassam as seitas gnósticas que praticam um sincretismo religioso: grande perigo para o jovem cristianismo. Para o Império Romano, a Igreja nesse momento não aparece como realidade sociológica relevante.

Contexto Geral l l Começa porém a suscitar no ambiente pagão uma repulsa: pretensão

Contexto Geral l l Começa porém a suscitar no ambiente pagão uma repulsa: pretensão de absoluto que a fé cristã implica. (futura rota de colisão com a religião estatal romana). No final do século II e III inicia um período em que a Igreja nascente chegará a ser a grande Igreja ou Igreja Universal, em sua estrutura interna e em sua expansão externa.

Contexto Geral l Liberta de seu contexto judaico, a Igreja se difunde por todo

Contexto Geral l Liberta de seu contexto judaico, a Igreja se difunde por todo o mundo greco-romano

 • Império Romano: Máxima Expansão (Trajano 116 d. C)

• Império Romano: Máxima Expansão (Trajano 116 d. C)

Contexto Geral l No século II, há dois longos períodos de paz entre perseguições,

Contexto Geral l No século II, há dois longos períodos de paz entre perseguições, os quais possibilitam uma forte ação evangelizadora e uma notável firmeza em sua própria organização interna, o que se reflete nas formas de culto, na reflexão teológica e nas expressões literárias e artísticas, cada vez mais ricas.

“O Bom Pastor” Catacumbas de Santa Priscilla - Roma

“O Bom Pastor” Catacumbas de Santa Priscilla - Roma

Contexto Geral l No final do século III, época de transição no campo político

Contexto Geral l No final do século III, época de transição no campo político e cultural, há uma nítida expansão da Igreja cristã. Aumenta de maneira ostensiva o número de adeptos, cem como seu prestígio; ela passa a ser a maior força espiritual de todo o Império, capaz de substituir o paganismo antigo e animar a nova civilização que vai sendo gerada.

Contexto Geral l A Igreja se faz presente em novos ambientes e numerosos membros

Contexto Geral l A Igreja se faz presente em novos ambientes e numerosos membros das classes dirigentes se convertem à fé cristã. Com o aumento dos cristãos, em certo modo, decai sua qualidade: Orígines (III século): “Na verdade, se julgarmos as coisas de acordo com a realidade e não segundo o número, segundo as disposições e não segundo o número de pessoas reunidas, veremos que agora não somos fiéis. . . ”

Linhas de evolução Litúrgica l A partir do III século, as características do culto

Linhas de evolução Litúrgica l A partir do III século, as características do culto cristão são mais vigorosas e claras. Há também um desenvolvimento de literatura teológica: época de criatividade – novas formas litúrgicas como forma de resposta às necessidades das comunidades cristãs.

Linhas de evolução Litúrgica l l A sequela Christi na era dos mártires será

Linhas de evolução Litúrgica l l A sequela Christi na era dos mártires será a nota fundamental da comunidade cristã e será marcada por duas realidades fundamentais: o batismo e o martírio. “Nós nos tornamos cristãos, não nascemos tais” Tertuliano

Linhas de evolução Litúrgica l “A conversão implicava mudança de vida e de religião

Linhas de evolução Litúrgica l “A conversão implicava mudança de vida e de religião que provocava a ruptura com a cidade e isolava o cristão de seu meio e de sua família, se ela permanecesse pagã. Fosse qual fosse a convicção profunda do grego ou do romano, do egípcio ou do gaulês, o batismo transformava sua vida familiar, profissional e social”. A. G. Hamman

Linhas de evolução Litúrgica l l l As primeiras gerações de cristãos sofreram as

Linhas de evolução Litúrgica l l l As primeiras gerações de cristãos sofreram as acusações de ateísmo por parte dos pagãos. Embora pudesse parecer que os cristãos fossem menos religiosos que os outros, sabe-se que a comunidade cristã dessa época celebrava sua liturgia: simplicidade estrutural aliada à beleza, variedade e riqueza. Apesar das diferenças locais entre as comunidades, o núcleo essencial é mantido pelas diversas comunidades.

Linhas de evolução Litúrgica l Documento que nos dá o conhecimento litúrgico dessa época

Linhas de evolução Litúrgica l Documento que nos dá o conhecimento litúrgico dessa época é a Tradição Apostólica de Hipólito romano.

Catecumenato e batismo l l l Kathcew = Fazer ressoar; instruir de viva voz;

Catecumenato e batismo l l l Kathcew = Fazer ressoar; instruir de viva voz; anunciar. A instituição catecumenal visava cumprir o processo apontado pelo NT para tornar-se cristão (evangelização-fé metanóia-batismo), agora de forma institucionalizada. Causas possíveis: ação evangelizadora e forma de manter a ‘qualidade’ dos novos conversos. . .

Catecumenato e batismo l l . . . Ameaça das seitas gnósticas e dos

Catecumenato e batismo l l . . . Ameaça das seitas gnósticas e dos cultos mistéricos (ver: IRINEU, Adversus haereses – Contra as heresias). “Não era fácil ser aceito como catecúmeno. O catecumenato era cercado de precauções de toda sorte para afastar os indesejáveis e provar os candidatos. Habitualmente algum cristão servia de introdutor junto à comunidade. . .

Catecumenato e batismo l . . . O pagão atraído pelo Evangelho começava por

Catecumenato e batismo l . . . O pagão atraído pelo Evangelho começava por se informar; acompanhava seu amigo cristão ou seu evangelizador às reuniões da comunidade. Instruía-se nas verdades novas e procuravas pô-las em prática – aprendizado longo, organizado pela Igreja. . .

Catecumenato e batismo l . . . Em Alexandria, Panteno começou seu trabalho de

Catecumenato e batismo l . . . Em Alexandria, Panteno começou seu trabalho de catequista na segunda metade do século II. O tempo de preparação se chamava catecumenato [. . . ]. A afluência de candidatos, o risco implicado na profissão do cristianismo e a experiência das perseguições endêmicas e das apostasias tornaram a Igreja prudente e exigente. . .

Catecumenato e batismo l . . . tempo longo de prova. . . O

Catecumenato e batismo l . . . tempo longo de prova. . . O tempo de prova da fé se adaptava com flexibilidade à vida e às circunstâncias. Estamos longe das origens, quando Filipe batizou logo, na estrada de Gaza, o eunuco da rainha da Etiópia. . . ” A. G. Hamman

Catecumenato e batismo l l Fontes de informação sobre o catecumenato são Tertuliano, Orígines

Catecumenato e batismo l l Fontes de informação sobre o catecumenato são Tertuliano, Orígines e Hipólito de Roma. Dessas fontes, o catecumenato consistia em três etapas: a) Entrada no catecumenato; b) Formação Doutrinal e c) Preparação precedente ao batismo.

Catecumenato e batismo l l O rito do batismo conforme a Traditio Apostolica de

Catecumenato e batismo l l O rito do batismo conforme a Traditio Apostolica de Hipólito menciona repetidas vezes uma série de ritos pós-batismais realizados pelo bispo: imposição das mãos com invocação, unção com óleo, marca na testa e beijo da paz. Depois os neófitos se unem à comunidade dos fiéis e participam com eles da eucaristia.

Catecumenato e batismo l l Várias tradições: a Didaché fala apenas de batismo por

Catecumenato e batismo l l Várias tradições: a Didaché fala apenas de batismo por imersão ou infusão, sem nenhum rito pré-batismal ou pós-batismal, com um jejum prévio e uma breve referência que indica o batismo como requisito para a admissão á eucaristia. Nas actas sírias de Tomé, o banho batismal vem precedido de uma unção com óleo.

Eucaristia e assembléia dominical l A celebração eucarística nos primeiros séculos conhece um tríplice

Eucaristia e assembléia dominical l A celebração eucarística nos primeiros séculos conhece um tríplice momento evolutivo: 1. A ceia celebrada pelo próprio Cristo, durante um banquete situado entre dois ritos preexistentes, mas transformados por Jesus (o rito do pão e do cálice de vinho). A época apostólica realizou um esclarecimento reunindo os dois ritos e situando-os no fim do banquete. Mais tarde, ocorre uma mudança transcendental: o abandono do banquete como suporte da celebração. 2. 3.

Eucaristia e assembléia dominical l Essas mudanças foram produzindo modificações nas formas celebrativas: desaparecem

Eucaristia e assembléia dominical l Essas mudanças foram produzindo modificações nas formas celebrativas: desaparecem as mesas, exceção feita à do presidente da assembléia, caem em desuso os termos neo-testamentários “fração do pão” e “ceia do Senhor”; a oração de graças, já unificada, se enriquece progressivamente e alcança uma excepcional importância, a ponto de dar o nome à celebração em seu conjunto, bem como ao dom oferecido.

Eucaristia e assembléia dominical l l Século II, São Justino (Apologia 65) “No dia

Eucaristia e assembléia dominical l l Século II, São Justino (Apologia 65) “No dia em se chama do Sol, celebra-se uma reunião de todos os que habitam nas cidades e nos campos. Nela se lêem, , à medida que o tempo o permita, as Memórias dos Apóstolos ou os escritos dos Profetas. Em seguida, quando o leitor termina, o presidente, em suas próprias palavras, faz uma exortação e um convite para que imitemos esses belos exemplos. Levantamo-nos seguidamente todos de uma vez e elevamos nossas preces; quando terminam, como já dissemos, oferecem -se pão, vinho e água e o presidente, segundo suas forças, também eleva a Deus suas preces e eucaristias e todo o povo aclama, dizendo “Amém”.

Eucaristia e assembléia dominical l l S. Justino. . . Prosseguindo, vem a distribuição

Eucaristia e assembléia dominical l l S. Justino. . . Prosseguindo, vem a distribuição e participação dos alimentos eucaristizados e seu envio, por meio dos diáconos, aos ausentes. Os que têm bens e querem, cada um segundo sua livre determinação, dão o que bem lhe parece; e o que é recolhido é entregue ao presidente, que com ele socorre órfãos e viúvas, aos que, por enfermidades ou outras causas, estão necessitados, aos que estão nos cárceres, aos forasteiros de passagem. Em uma palavra, ele se constitui no provedor de quantos se acham em necessidade.

Eucaristia e assembléia dominical l l S. Justino. . . Celebramos essa reunião no

Eucaristia e assembléia dominical l l S. Justino. . . Celebramos essa reunião no dia do Sol por se o primeiro dia, no qual Deus transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, bem como por ser o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos”.

Páscoa e controvérsia pascal l l A celebração litúrgica apresenta um esquema idêntico no

Páscoa e controvérsia pascal l l A celebração litúrgica apresenta um esquema idêntico no Oriente e no Ocidente, segundo os documentos do III século. Início marcado por um rigoroso e obrigatório jejum. O centro da celebração é a vigília noturna, que reúne toda a comunidade e se desenvolve com leituras, cantos e orações, alcançando seu auge e final festivo com a celebração da eucaristia.

Páscoa e controvérsia pascal l l Problema: em qual momento se deve celebrar a

Páscoa e controvérsia pascal l l Problema: em qual momento se deve celebrar a páscoa? No século II, as comunidades da Ásia Menor tinham como tradição (que segundo elas viria dos apóstolos João e Filipe) celebrar a páscoa na mesma data dos judeus, i. e. , no dia 14 de nisan.

Páscoa e controvérsia pascal l l É bem possível que essa páscoa dos quartodecimanos

Páscoa e controvérsia pascal l l É bem possível que essa páscoa dos quartodecimanos tenha sido a forma original da celebração da comunidade primitiva e não um desvio limitado à província da Ásia. Mas. . . Durante o mesmo período há outras comunidades (Roma, Palestina, Egito, Grécia, etc) que celebram a páscoa anual cristã, não na data judaica (14 de nisan), mas no domingo que a segue.

Páscoa e controvérsia pascal l Também estas comunidade invocavam uma tradição que remontava aos

Páscoa e controvérsia pascal l Também estas comunidade invocavam uma tradição que remontava aos apóstolos. Note-se que não se tratava de uma diferença no objeto da celebração, mas na ênfase que se dava aos temas da morte e da ressurreição. Controvérsia acirrada. . . Graças à intervenção de Santo Irineu, o cisma foi evitado entre ocidente e oriente (Papa Vitor I + ou – 189 -199).

A liturgia e luta contra o gnosticismo l l Gnosticismo: dualismo que implica no

A liturgia e luta contra o gnosticismo l l Gnosticismo: dualismo que implica no desprezo pelo material e corpóreo. Se antes a Igreja acentuava a concepção espiritualista do culto, diante do desafio do gnosticismo, há uma inversão. Acentuação na criação material como forma de evidenciar o erro gnóstico. Mudança de nomenclatura: de ‘eucaristia’, se enfatiza ‘oblatio’ e ‘sacrificium’.

A liturgia e luta contra o gnosticismo l l Desse período data a prática

A liturgia e luta contra o gnosticismo l l Desse período data a prática de levar oferendas ao altar, coisa que nos séculos sucessivos conhecerá um desenvolvimento sucessivo. Mudanças no espaço litúrgico.

Os primórdios de uma arte cristã l l O século III, com seus longos

Os primórdios de uma arte cristã l l O século III, com seus longos períodos de paz, propiciou um desenvolvimento da expressão artística da comunidade cristã. Domus Ecclesiae: Doura Europos (232 d. C)

Domus Ecclesiae – Doura Europos (232 d. C)

Domus Ecclesiae – Doura Europos (232 d. C)

Pintura catacumbal: Noé

Pintura catacumbal: Noé

Pintura catacumbal: Daniel entre os leões

Pintura catacumbal: Daniel entre os leões

Pintura catacumbal: Jonas

Pintura catacumbal: Jonas

Teologia Sacramental nos três primeiros Séculos l l A prática e a vida da

Teologia Sacramental nos três primeiros Séculos l l A prática e a vida da Igreja precedem uma sacramentologia. Preocupação primeira das comunidades em celebrar. Germes de uma teoria geral no NT (ver 1 Cor 10, 1 -4; Ef 5, 21 -33; Jo 19, 34).

“Mysterion”, “sacramentum” nos primeiros séculos l l A palavra mysterion tem um uso difuso

“Mysterion”, “sacramentum” nos primeiros séculos l l A palavra mysterion tem um uso difuso no NT. Somente no II século é que será usada para indicar a eucaristia e o batismo. Sacramentum é uma palavra latina pertencente ao linguajar comum. (Raiz sar, sacer, sancire – dar uma garantia religiosa a algo); isso podia ser realizado pelo juramento, pelo juramento à bandeira no uso militar e pela consagração à divindade.

“Mysterion”, “sacramentum” nos primeiros séculos l l Tertuliano insere o termo no uso cristão

“Mysterion”, “sacramentum” nos primeiros séculos l l Tertuliano insere o termo no uso cristão para designar o batismo (sacramentum militiae Christi), bem como à eucaristia como acontecimento cúltico que manifesta a salvação e nos faz participar na missa. Devido aos problemas relacionados às religiões mistéricas, a palavra sacramentum substituiu a palavra mysterium.

As controvérsias batismais do século III l l l Polêmicas intra ou extra eclesiais

As controvérsias batismais do século III l l l Polêmicas intra ou extra eclesiais como fator na evolução da liturgia: Diante da heresia, diferentes atitudes das igrejas: Roma e Alexandria, apenas a reconciliação; a Igreja da África do Norte queria um novo batismo Diante das controvérsias posteriores, evolução na teologia sobre os sacramentos.