ETIMOLOGIA DA LNGUA PORTUGUESA FLC 6241 1 Mrio

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ETIMOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA FLC 6241 -1 Mário Eduardo Viaro DLCV/FFLCH-USP NEHi. LP/PRP-USP 2016

ETIMOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA FLC 6241 -1 Mário Eduardo Viaro DLCV/FFLCH-USP NEHi. LP/PRP-USP 2016

SISTEMA x LÍNGUA sistema = língua sistema ≠ língua o SISTEMA LINGUÍSTICO : conjunto

SISTEMA x LÍNGUA sistema = língua sistema ≠ língua o SISTEMA LINGUÍSTICO : conjunto de formas com um determinado comportamento semântico (subconjuntos) e sintático (regras baseadas em frequência). o LÍNGUA: abstração de sistemas (pertencentes a sincronias distintas e, ao mesmo tempo, diatopica-, diastratica- e diafasicamente distintos).

Πάντα ῥεῖ A LÍNGUA NÃO É ESTÁTICA. O objeto da Linguística é fluido. IMPRESSÕES

Πάντα ῥεῖ A LÍNGUA NÃO É ESTÁTICA. O objeto da Linguística é fluido. IMPRESSÕES DE UM FALANTE (serão reais? ): 2005 propinoduto, valerioduto, gripe aviária 2011 de boa, trollar 2013 motô, serião, selfie 2015 pixuleco, volume morto, deu ruim, a zika 2016 acarajé SINCRONIA É UM RECORTE TEMPORAL: há transformações de um sistema dentro de uma sincronia! Não existe língua imóvel. O RECORTE SINCRÔNICO É ARTIFICIAL (ainda que possa ser baseado em critérios linguísticos ou não)

HISTÓRIA DAS PALAVRAS Sabendo-se que a língua é composta de elementos linguísticos, ou “elementos”

HISTÓRIA DAS PALAVRAS Sabendo-se que a língua é composta de elementos linguísticos, ou “elementos” stricto sensu, observa-se que há ao longo do tempo: Surgimento de elementos (de formas, de significados, de regras e de relações morfológicas) Mudança de elementos (de formas, de significados, de regras e de relações morfológicas) Abandono de elementos (de formas, de significados, de regras e de relações morfológicas) A ETIMOLOGIA E A LINGUÍSTICA HISTÓRICA TRABALHAM COM ESSES TRÊS ASPECTOS.

ETIMOLOGIA Quando e onde surgiu, mudou ou se abandonou uma forma, um significado, uma

ETIMOLOGIA Quando e onde surgiu, mudou ou se abandonou uma forma, um significado, uma regra ou uma relação morfológica? (ESTUDO DO TERMINUS A QUO/ TERMINUS AD QUEM) Como surgiu, mudou ou se abandonou uma forma, um significado, uma regra ou uma relação morfológica? (LEIS FONÉTICAS/ ANALOGIA) Não há “por quê” ou “para quê” simples de ser respondidos sem o uso da História (ou “história externa”) e sem o conhecimento da expressividade de uma sincronia.

EXPLICAÇÃO ETIMOLÓGICA UMA EXPLICAÇÃO ETIMOLÓGICA DEVE TRATAR DA ÉPOCA, LOCAL, MODO, RAZÃO E INTENÇÃO

EXPLICAÇÃO ETIMOLÓGICA UMA EXPLICAÇÃO ETIMOLÓGICA DEVE TRATAR DA ÉPOCA, LOCAL, MODO, RAZÃO E INTENÇÃO DO SURGIMENTO, MUDANÇA OU ABANDONO DE UMA FORMA, DE UM SIGNIFICADO, DE UMA REGRA OU DE UMA RELAÇÃO MORFOLÓGICA. A pergunta sobre “quem” criou, mudou ou abandonou nem sempre é possível de ser respondida e, na maioria das vezes, não faz sentido.

QUANDO E ONDE? Perguntas como: Essa palavra/ esse radical/ esse afixo/ esse significado/ essa

QUANDO E ONDE? Perguntas como: Essa palavra/ esse radical/ esse afixo/ esse significado/ essa regra: - surgiu no português? (mas em que português? no português medieval? em que século? no português brasileiro? mas onde exatamente? ) - veio do espanhol? (ou tem origem comum com o espanhol? ou ainda, surgiu independentemente do espanhol? ) - é uma transformação do latim? superstrato posterior a ele? ) (ou é de um substrato anterior a ele, ou de um Þ neologismos, empréstimo, herança RESPOSTA: o máximo da documentação possível, comparação depois a introspecção (HIPÓTESE ETIMOLÓGICA). de cognatos e só

COMO? Diante de x hipóteses etimológicas: - - testam-se as leis fonéticas; explicam-se as

COMO? Diante de x hipóteses etimológicas: - - testam-se as leis fonéticas; explicam-se as exceções por meio de leis menos abrangentes (resultado das dialetações ou da irregularidade de introdução na língua nos empréstimos) e por meio da analogia com palavras que conviviam na mesma sincronia. Atribui-se um grau de certeza a cada hipótese A hipótese etimológica se torna EXPLICAÇÃO ETIMOLÓGICA que busca explicar reconstruindo o “onde”, o “quando” e o “como”. O “por quê”, o “para quê” e o “quem” devem ser minimizados ou mesmo abandonados. Numa etimologia fantasiosa, pelo contrário, esses últimos componentes são maximizados.

CONDIÇÕES Para uma etimologia não ser considerada fantasiosa é preciso haver as seguintes condições:

CONDIÇÕES Para uma etimologia não ser considerada fantasiosa é preciso haver as seguintes condições: É preciso haver um quadro de leis fonéticas obtido indutivamente criando-se uma suposição de relação causal entre uma sincronia e a sincronia imediatamente anterior; É preciso conhecer todos os elementos de uma sincronia (formas, significados, regras e relações morfológicas); Ou seja, devido à segunda condição, a etimologia ideal não existe. Nem por isso, vale qualquer coisa. A etimologia científica busca reconstruir os elementos da sincronia a partir dos documentos existentes.

RECONSTRUÇÃO Problema: Diante dos dados de que dispomos hoje, como RECONSTRUIR todo o trajeto

RECONSTRUÇÃO Problema: Diante dos dados de que dispomos hoje, como RECONSTRUIR todo o trajeto desde o surgimento de um elemento numa sincronia-zero, que serve de ponto de partida, até a sincronia atual? *s 0 > *s 1 > *s 2 > *s 3 >. . . > sa Na verdade, a proposta etimológica acima equivale a dizer que foi feita uma reconstrução dos trajetos anteriores a partir da sincronia atual: *s 0 < *s 1 < *s 2 < *s 3 <. . . < s a

DADOS A reconstrução da trajetória sempre ocorre a partir de testemunhos e de dados

DADOS A reconstrução da trajetória sempre ocorre a partir de testemunhos e de dados reconstruídos. Somente o segundo caso leva um asterisco. ATENÇÃO: O asterisco em etimologia sempre significa “dado reconstruído” e não “dado inexistente”. O dado reconstruído é um dado que se supõe ter existido numa trajetória igualmente reconstruída para que a hipótese etimológica seja verossímil. Um dado inexistente, pelo contrário, é um dado que supõe não ter existido. Usar o mesmo símbolo para sentidos contraditórios não é possível.

TESTEMUNHOS Como dito, a reconstrução da trajetória sempre ocorre a partir de testemunhos e

TESTEMUNHOS Como dito, a reconstrução da trajetória sempre ocorre a partir de testemunhos e de dados reconstruídos. Sem isso, não há etimologia científica. Os testemunhos são dados fornecidos por uma DOCUMENTAÇÃO. São o principal ingrediente de uma etimologia. Há dois tipos de testemunhos: Os dados testemunhados no documento analisado (ou “testemunhos” stricto sensu), que são as formas em sua grafia original A dados de datação do documento analisado (ou “datação” stricto sensu), a qual é obtida direta- ou indiretamente por meio da Filologia.

DADOS RECONSTRUÍDOS Os dados reconstruídos, também conhecidos como “reconstruções” stricto sensu, são obtidos de

DADOS RECONSTRUÍDOS Os dados reconstruídos, também conhecidos como “reconstruções” stricto sensu, são obtidos de forma dedutiva por meio da comparação de sistemas supostamente divergentes e por meio da reconstrução da sincronia em que se supõe terem existido. Como dito, um dado reconstruído distingue-se de um dado testemunhado por meio de um asterisco antes do elemento investigado (que pode ser uma forma, um significado, uma regra ou uma relação morfológica). Sendo x um elemento qualquer: *x é um dado reconstruído. x é um dado testemunhado.

VERACIDADE Uma hipótese etimológica sempre requer, portanto, reconstruções de sincronias, de trajetos, de dados

VERACIDADE Uma hipótese etimológica sempre requer, portanto, reconstruções de sincronias, de trajetos, de dados ou de datas e pode ser avaliada como fantasiosa ou como verossímil somente mediante argumentação. No entanto, não se baseia apenas nisso para se supor verdadeira. É possível atribuir-lhe um grau de veracidade. Se há soluções ad hoc que não se repetem em sincronia, nem criam qualquer sistematicidade com as sincronias antecedente ou subsequente, ou com sistemas, datas ou dados que se sustentem em hipóteses mais abrangentes, trata-se de uma etimologia falsa e podemos dizer que não há veracidade nela. Se há mais de um caso em sincronia e/ou se criam algum tipo de sistematicidade com as sincronias antecedente ou subsequente, ou com sistemas, datas e dados que se sustentem por si só, trata-se de uma etimologia veraz ou verossímil. Portanto, toda hipótese veraz não é absoluta, mas está vinculada a uma escala que pode ser chamada de grau de veracidade, grau de verossimilhança ou grau de certeza, mas não “grau de verdade”.

OS TRÊS SENTIDOS DE “VERDADE” Leônidas Hegenberg (1925 -2012) “O uso descritivo da linguagem

OS TRÊS SENTIDOS DE “VERDADE” Leônidas Hegenberg (1925 -2012) “O uso descritivo da linguagem é controlado por algumas idéias ‘reguladoras’, de que a mais notável é a de verdade (oposta à de falsidade). No sentido em que a idéia opera, nesse contexto, pode-se dizer que ‘verdade’ se aproxima do veritas latino – fidelidade no dizer, ‘contar a verdade’ num tribunal, quando se diz a ‘verdade’, relatando, sem omissões, com a justeza possível, aquilo que ocorreu. Uma sentença é, pois, verdadeira, se ‘descreve’ com adequação os fatos. A palavra ‘verdade’, porém, conserva, em nosso idioma, traços das palavras correspondentes do grego e do hebraico, ‘aletheia’ e ‘emunah’. Aquela sugere a ideia de ‘desvelar’, ‘descobrir’ o que se achava coberta; esta sugere ‘confiança’, como na frase ‘Deus é verdadeiro’ ou ‘um verdadeiro amigo’, isto é, um amigo em que se pode confiar. ” (Hegenberg, Leônidas. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São Paulo: Herder/Edusp, 1969, p. 31 -32, § 3. 3)

VERITAS, ἀλήθεια, אמונה “Existe, no ‘aletheia’, uma direta referência às coisas, que, uma vez

VERITAS, ἀλήθεια, אמונה “Existe, no ‘aletheia’, uma direta referência às coisas, que, uma vez exibidas, uma vez postas diante de nós, revelam a verdade de uma afirmação. Existe, no veritas, uma referência ao dizer, sendo verdadeiro o discurso fiel, exato, sem omissões. E existe, no ‘emunah’, uma referência ao futuro, uma espécie de profecia, assegurando que é verdadeiro aquilo que não vai nos decepcionar, aquilo que será como se espera que seja. Falso, em contraposição, é o relato omisso, truncado; o enunciado que afirma alguma coisa que se ‘descobre’ diferente; o discurso em que se não pode confiar. ” (Hegenberg, Leônidas. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São Paulo: Herder/Edusp, 1969, p. 31 -32, § 3. 3)

UMA PROPOSTA DE EXPLICAÇÃO PARA A PALAVRA “AMOR” “Há muitos dilúvios atrás, em um

UMA PROPOSTA DE EXPLICAÇÃO PARA A PALAVRA “AMOR” “Há muitos dilúvios atrás, em um outro universo, no irreal, um DEUS MENOR conclui mais uma etapa de sua evolução infinita. Consolida-se. O negativo e o positivo juntam-se mais uma vez. ” (DIAS, Aluisio. A II A língua luz A. São Paulo: Massao Ohno, 1997 p. 9)

. . . “A esfera (ex-fera) de força dispara ao encontro da nova VIDA,

. . . “A esfera (ex-fera) de força dispara ao encontro da nova VIDA, atraída pela ansiedade de SABER. De poder vir a ser um DEUS MAIOR. Mergulha em um outro intenso buraco negro (FURO), que na verdade busca o outro extremo. Depara-se com o REAL. Chega à nossa galaxia. É dominado pelo inesperado e pára deslumbrado como MATÉRIA. Um desejo imenso, dele DEUS MENOR, de poder viver a matéria, permite-lhe ver o DEUS MAIOR. O DEUS A. A MAIOR A MOR AMOR (O VERBO DIVINO) → A INTELIGÊNCIA UNIVERSAL Criatura e Criador se encontram” (DIAS, Aluisio. A II A língua luz A. São Paulo: Massao Ohno, 1997 p. 10)

. . . “As palavras, até então separadas, juntam-se e o pensamento de essência

. . . “As palavras, até então separadas, juntam-se e o pensamento de essência gera outros significados derivados. A MOR originou AMOR TER MOR originou TEMOR (algumas letras são eliminadas, consumidas) TEMOR, invertendo-se as sílabas gera MORTE, trocando as letras de posição origina TREMO. Inverte-se o M para W e TREMO origina TREWO, TEMOR origina TEWOR, MORTE origina WORTE, TROWE, ORTEW etc. No entanto, para sabermos o significado de TREWO, TEWOR, WORTE, TROWE, ORTEW, precisamos procurar nos dicionários das outras línguas para descobrirmos a tradução e assim a qual língua pertence. Mas só quem sabe a língua LUZ A pode descobrir o significado de origem das palavras estrangeiras. Basta fazer o processo inverso. Brincar com as letras e as sílabas e voltar a origem A TREWO → TREMO → TEMOR → TER MOR” (DIAS, Aluisio. A II A língua luz A. São Paulo: Massao Ohno, 1997 p. 24)

VERIFICANDO A VERACIDADE DA PROPOSTA ETIMOLÓGICA Algumas questões nessa hipótese requerem elementos da verdade,

VERIFICANDO A VERACIDADE DA PROPOSTA ETIMOLÓGICA Algumas questões nessa hipótese requerem elementos da verdade, enquanto אמונה : - É preciso acreditar que houve “muitos dilúvios atrás”, “um outro universo”, “o irreal”, “um DEUS MENOR” que se comporta de forma muito específica, tal como narrado. É preciso aceitar que a sequência de eventos transcorreu tal como narrada, por exemplo, o deus menor quer ser deus maior, sai do irreal para o real ao mergulhar no buraco negro, torna-se matéria, fica deslumbrado com isso. É preciso haver uma espécie de cumplicidade com o autor, uma certa simpatia (o deus maior é necessariamente o “deus A”? ) com seus jogos de palavra e com sua vagueza (“ex-fera”, que significa isso exatamente? ) e com as associações sonoras que propõe de maneira ad hoc (A MAIOR > A MOR > AMOR) A crença, aceitação, a cumplicidade e a simpatia, contudo, não são elementos controláveis por métodos racionalmente estabelecidos e são variáveis entre os indivíduos. A fé decorrente dela somente fará parte de uma etimologia científica APÓS o levantamento de dados e um julgamento, como veremos.

AVALIANDO OS DADOS DESSA PROPOSTA A verdade da narrativa, porém, enquanto ἀλήθεια, não é

AVALIANDO OS DADOS DESSA PROPOSTA A verdade da narrativa, porém, enquanto ἀλήθεια, não é comprovável. Mas o mesmo se pode dizer da História: uma verdade histórica é distinta de uma verdade que pode ser testada num laboratório, pois ocorreu uma vez só e não é possível de ser reproduzida. Só é possível falar da cientificidade da história mediante um método (Hegenberg 1962, 263 -289). No caso da explicação para a palavra “amor” no trecho anterior observamos que: A supressão de letras (e não de sons) não é condizente com todo o conhecimento linguístico existente até hoje sobre a gênese e transmissão cultural das palavras (aquisição da linguagem, testemunhos escritos, neologia), nem consistente, pois as regras de supressão/ junção/ inversão aplicadas ad hoc, sem necessidade de se estabelecer paralelos, condições ou justificativas. Além disso, há anacronismos, pois fala-se do início do universo, sendo que amor em português (ou “língua luz A”) é uma palavra latina e portuguesa, o que torna mais razoável imaginar uma relação direta entre essas duas línguas e não um salto tão espetacular num passado distante. Assim sendo, sob o ponto de vista da verdade, enquanto ἀλήθεια, as explicações não têm elementos suficientes sequer para passar pelos critérios da certeza e a etimologia não é verossímil, portanto não tem grau de certeza. Classificá-la-emos como pseudoetimologia.

QUAL A SENTENÇA FINAL? Do ponto de vista jurídico da verdade, enquanto veritas, os

QUAL A SENTENÇA FINAL? Do ponto de vista jurídico da verdade, enquanto veritas, os dados apresentados e sua demonstrada inconsistência e anacronismo podem ter diversos julgamentos. Do ponto de vista racionalista, é falso, pois nascem da ignorância dos dados históricos e linguísticos, do comportamento dos sistemas e dos seus elementos, da má-fé (no sentido sartriano ou no sentido comum da palavra) ou até mesmo da loucura. De qualquer outro ponto de vista, poderia ser verdadeiro, pois nasceria de uma revelação. Do ponto de vista exclusivo da fé, no sentido de “lealdade, fidelidade” (e não “crença”), adotado por Armstrong (2009: xv, xvii, 63, 74, 77 -102, 116, 187), porém, nasceria da sensação coletiva de engajamento com a postura racionalista ou com posturas alternativas. A verdade nasce da fé do racionalismo ou da revelação, daí não é possível julgar se uma explicação etimológica é verdadeira ou não, mas, do ponto de vista racionalista, podemos dizer que é verossímil ou inverossímil. Por definição, todas as pseudoetimologias são inverossímeis e não são abordadas segundo nenhum grau de certeza. Referência: ARMSTRONG, Karen. The case for God. New York: Anchor Books, 2009.

RESUMINDO A Etimologia enquanto ciência etimológica trabalha com propostas etimológicas verossímeis, isto é, verdadeiras

RESUMINDO A Etimologia enquanto ciência etimológica trabalha com propostas etimológicas verossímeis, isto é, verdadeiras segundo o ponto de vista aqui apresentado como ἀλήθεια. 1. 2. Tudo que não passa pelo crivo de todo conhecimento acumulado atual da linguística e da filologia acerca de dados (testemunhos e datações), leis (empiricamente demonstradas) e mesmo reconstruções igualmente verossímeis é considerado falso e a explicação etimológica que se sustenta nisso é considerada pseudoetimologia. São secundárias para o julgamento de uma etimologia em graus de certeza as noções de “verdade” enquanto veritas e אמונה. Por ex. o respeito à auctoritas de um autor e o dogmatismo emocional do convencimento. Nesse ponto, a Etimologia Científica se prende ao que Bacon apresenta no livro Novum Organon (1620), e gerou a discussão subsequente de filósofos como Locke, Berkeley, Hume, Kant e Popper.

ἀλήθεια → VERITAS → אמונה Assim sendo, ao mesmo tempo, existem etimologias falsas (isto

ἀλήθεια → VERITAS → אמונה Assim sendo, ao mesmo tempo, existem etimologias falsas (isto é, as pseudoetimologias) e, contrariamente à hipótese cética que afirma “não ser possível demonstrar que há etimologias totalmente corretas/ verdadeiras”, afirmamos que é possível criar critérios para os graus de certeza em etimologias não-falsas, isto é, verossímeis. Portanto, como na História e na Biologia Evolutiva, diferentemente da Lógica, Física e Química, falso opõe-se a verossímil na Etimologia Científica. A razão disso se dá pela impossibilidade de inversão do tempo já transcorrido. A noção de “verdadeiro” não é empregada, pois é muito ambígua.