Literatura Colonial Quinhentismo A feio deles serem pardos

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Literatura Colonial

Literatura Colonial

Quinhentismo

Quinhentismo

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes,

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www. dominiopublico. gov. br. Acesso em: 12 ago. 2009.

Barroco

Barroco

A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO Nasce o sol e não dura mais que

A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO Nasce o sol e não dura mais que um dia. (antítese vida/morte) Depois da luz, se segue a noite escura, (ant. claro/escuro) Em tristes sombras morre a formosura, (ant. feio/belo) Em contínuas tristezas a alegria. (ant. tristeza/alegria) Porém, se acaba o sol, porque nascia? (dúvida) Se é tão formosa a luz, porque não dura? Como a beleza assim se trasfigura? Como o gosto da pena assim se fia? (sofrimento) Mas no sol e na luz falta a firmeza; Na formosura, não se dê constância E, na alegria, sinta-se tristeza. (ant. tristeza/alegria) Começa o mundo, enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza: A firmeza somente na inconstância. (Gregório de Matos)

Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e

Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim. — Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? — Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome. Padre Antônio Vieira

Arcadismo

Arcadismo

XIV Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o

XIV Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado. Que bem é ver nos campos transladado No gênio do pastor, o da inocência! E que mal é no trato, e na aparência Ver sempre o cortesão dissimulado! Ali respira amor sinceridade; Aqui sempre a traição seu rosto encobre; Um só trata a mentira, outro a verdade. Ali não há fortuna, que soçobre; Aqui quanto se observa, é variedade: Oh ventura do rico! Oh bem do pobre! Cláudio Manuel da Costa

Lira VII Vou retratar a Marília, A Marília, meus amores; Porém como? Se eu

Lira VII Vou retratar a Marília, A Marília, meus amores; Porém como? Se eu não vejo Quem me empreste as finas cores: Dar-mas a terra não pode; Não, que a sua cor mimosa Vence o lírio, vence a rosa, O jasmim, e as outras flores. Ah! Socorre, Amor, socorre Ao mais grato empenho meu! Voa sobre os Astros, voa, Traze-me as tintas do Céu. Mas não se esmoreça logo; Busquemos um pouco mais; Nos mares talvez se encontrem Cores, que sejam iguais. Porém não, que em paralelo Da minha Ninfa adorada Pérolas não valem nada, E nada valem corais. . Ah! Socorre, Amor, socorre Ao mais grato empenho meu! Tomás Antônio Gonzaga

Poesia Satírica

Poesia Satírica

A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar a cabana, e vinha,

A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar a cabana, e vinha, Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um freqüentado olheiro, Que a vida do vizinho, e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, Para a levar à Praça, e ao Terreiro. Muitos Mulatos desavergonhados, Trazidos pelos pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia. Estupendas usuras nos mercados, Todos, os que não furtam, muito pobres, E eis aqui a cidade da Bahia. Gregório de Matos

O povo, Doroteu, é como as moscas Que correm ao lugar, aonde sentem O

O povo, Doroteu, é como as moscas Que correm ao lugar, aonde sentem O derramado mel; é semelhante Aos corvos e aos abutres, que se ajuntam Nos ermos, onde fede a carne podre. À vista, pois, dos fatos, que executa O nosso grande chefe, decisivos Da piedade que finge, a louca gente De toda a parte corre a ver se encontra Algum pequeno alívio à sombra dele. Cartas Chilenas Tomás Antônio Gonzaga

Literatura Nacional

Literatura Nacional

Romantismo

Romantismo

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Canção do Exílio Gonçalves Dias

Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha

Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que amanhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Se eu morresse amanhã Álvares de Azevedo

São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em

São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus. . . São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . Navio Negreiro Castro Alves

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema, a virgem

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso (. . . ) Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu. . . “ Iracema José de Alencar

Realismo

Realismo

Capítulo CLX - Das negativas Entre a morte do Quincas Borba e a minha,

Capítulo CLX - Das negativas Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro logar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a genuína e directa inspiração do céu. O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais eternamente hipocondríacos. Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: -- Não tive filhos, não transmiti a nenhuma creatura o legado da nossa miséria. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis

Naturalismo

Naturalismo

“Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando

“Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; (. . . ) ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordandolhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. ” O Cortiço – Aluísio de Azevedo

Parnasianismo

Parnasianismo

VASO GREGO Alberto de Oliveira Esta de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante

VASO GREGO Alberto de Oliveira Esta de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa*, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Era o poeta de Teos** que a suspendia Então, e, ora repleta ora esvazada, A taça amiga aos dedos seus tinia, Toda de roxas pétalas colmada***. Depois… Mas o lavor da taça admira, Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas Finas hás de lhe ouvir, canora**** e doce, Ignota voz, qual se da antiga lira Fosse a encantada música das cordas, Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

Simbolismo

Simbolismo

Sinfonias do ocaso Cruz e Sousa Musselinosas como brumas diurnas descem do ocaso as

Sinfonias do ocaso Cruz e Sousa Musselinosas como brumas diurnas descem do ocaso as sombras harmoniosas, sombras veladas e musselinosas para as profundas solidões noturnas. Sacrários virgens, sacrossantas urnas, os céus resplendem de sidéreas rosas, da Lua e das Estrelas majestosas iluminando a escuridão das furnas. Ah! por estes sinfônicos ocasos a terra exala aromas de áureos vasos, incensos de turíbulos divinos. Os plenilúnios mórbidos vaporam … E como que no Azul plangem e choram cítaras, harpas, bandolins, violinos …