HISTRIA DA LITERATURA PROFESSORA MARGARETE Uma coisa escrever

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HISTÓRIA DA LITERATURA PROFESSORA MARGARETE

HISTÓRIA DA LITERATURA PROFESSORA MARGARETE

Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador: o poeta pode contar ou

Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador: o poeta pode contar ou cantar coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve, relatá-las não como deveriam ter sido, mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o quer que seja. Miguel de Cervantes.

Conceito de literatura • Aquilo que Cervantes afirmou a respeito do poeta, vale também

Conceito de literatura • Aquilo que Cervantes afirmou a respeito do poeta, vale também para o romancista, o contista, o novelista, enfim, para qualquer criador de arte.

Mundo real e mundo ficcional • Texto não-literários, tratam de coisas e fatos do

Mundo real e mundo ficcional • Texto não-literários, tratam de coisas e fatos do mundo real, sejam estes concretos ou abstratos. Na literatura, o escritor inventa, cria um mundo que não existia antes de o texto ter sido escrito. Esse mundo pode assemelhar-se ao mundo real mas não tem de corresponder exatamente a ele.

FICÇÃO • É o resultado da imaginação, da invenção, da fantasia de alguém.

FICÇÃO • É o resultado da imaginação, da invenção, da fantasia de alguém.

Conto de todas as cores Eu já escrevi um conto azul, vários até. Mas

Conto de todas as cores Eu já escrevi um conto azul, vários até. Mas este é um conto de todas as cores. Porque era uma vez um menino azul, uma menina verde, um negrinho dourado e um cachorro com todos os tons e entretons do arco íris. Até que apareceu uma Comissão de Doutores _ os quais, por mais que esfregassem os nossos quatro amigos, viram que não adiantava. E perguntaram se aquilo era de nascença se. . . _ Mas nós não nascemos _ interrompeu o cachorro. __ Nós fomos inventados! Mário Quintana.

Observe • O texto literário mantém relação com o mundo • • real, mas

Observe • O texto literário mantém relação com o mundo • • real, mas o escritor não é obrigado a se ater a essa realidade. Ele pode criar a partir dessa realidade. No conto do escritor gaúcho Mário Quintana, que seres e fatos situam-se exclusivamente no mundo ficcional? Partindo de elementos da realidade, o autor pode inventar situações que seriam consideradas absurdas fora da literatura.

Linguagem não-literária e literária • Ao criar o mundo ficcional, o escritor utiliza basicamente

Linguagem não-literária e literária • Ao criar o mundo ficcional, o escritor utiliza basicamente a mesma língua empregada pelo cientista, pelo historiador, pelo jornalista, pelo falante comum. No entanto, a maneira de empregar essa língua é bem diferente. O escritor dispensa a ela determinados cuidados, emprega recursos com o objetivo de chamar a atenção para a própria língua.

 • No texto não-literário a língua é, sobretudo, veículo para transmitir informações, idéias,

• No texto não-literário a língua é, sobretudo, veículo para transmitir informações, idéias, pontos de vista, instruções, etc. No texto literário, o escritor procura alcançar maior expressividade. Para isso, explora a sonoridade das palavras, as conotações, as diversas possibilidades de montar a frase.

Linguagem não-literária • Anoitece. • Aos cinqüenta anos, inesperadamente apaixonei-me de novo.

Linguagem não-literária • Anoitece. • Aos cinqüenta anos, inesperadamente apaixonei-me de novo.

Linguagem literária • A mão da noite embrulha os horizontes. • Na curva perigosa

Linguagem literária • A mão da noite embrulha os horizontes. • Na curva perigosa dos cinqüenta, derrapei neste amor. Carlos Drummond de Andrade.

Características da linguagem literária • Exploração dos aspectos sonoros e visuais do significante; •

Características da linguagem literária • Exploração dos aspectos sonoros e visuais do significante; • Emprego da conotação.

 • No texto não-literário, especialmente no dissertativo, a rima é considerada um defeito.

• No texto não-literário, especialmente no dissertativo, a rima é considerada um defeito. Veja a sonoridade desagradável deste texto, levando em conta que a intenção do autor teria sido veicular uma informação: O estudo da condição de empobrecimento da nação deve levar em consideração o conceito de globalização.

 • A função da linguagem que predomina no texto literário é a poética,

• A função da linguagem que predomina no texto literário é a poética, já que, nesse tipo de texto, importa não apenas o significado da fala, mas também a construção, a elaboração da mensagem. Para isso, utilizam-se recursos expressivos que chamam a atenção do interlocutor sobre o modo como foi organizada a mensagem.

 • A função poética, que põe em evidência a própria mensagem, e é

• A função poética, que põe em evidência a própria mensagem, e é predominante na literatura, ocorre também com freqüência em provérbios e na publicidade. • Comer e coçar, é só começar. • Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. • Em casa de ferreiro o espeto é de pau.

 • Quanto à linguagem – nenhum texto pode ser considerado como literatura porque

• Quanto à linguagem – nenhum texto pode ser considerado como literatura porque nele predomina a função poética. Essa função pode aparecer nos mais diversos tipos de discursos, como por exemplo: • Na publicidade • Nos provérbios • Nos trava-línguas

 • Alguns tipos de obras como as biografias, os livros de memórias, as

• Alguns tipos de obras como as biografias, os livros de memórias, as crônicas, ocupam uma posição intermediária entre o mero documento e a literatura. Um texto biográfico, por exemplo, ainda que esteja fundamentalmente preso a seres e fatos do mundo real, pode apresentar características literárias.

Prosa e poesia • Prosa – as linhas ocupam toda a extensão horizontal da

Prosa e poesia • Prosa – as linhas ocupam toda a extensão horizontal da página, executando as margens convencionais. O texto divide-se em blocos chamados parágrafos. • Poesia – as linhas não ocupam toda a extensão horizontal da página. O texto divide-se em blocos chamados estrofes. Cada linha do poema é denominada verso.

Diferenças entre: • Romance – texto longo • Conto – texto curto, cenas rápidas,

Diferenças entre: • Romance – texto longo • Conto – texto curto, cenas rápidas, poucas personagens.

História da literatura • Os textos usados para a nossa reflexão até agora, apresentam

História da literatura • Os textos usados para a nossa reflexão até agora, apresentam uma existência histórica bem definida: foram criados por pessoas que realmente existiram ou existem, em determinadas épocas, em determinados lugares. Para chegar aos leitores, esses textos tiveram de ser publicados e divulgados. O leitor, por sua vez, pode apreciá-los ou não, de acordo com o seu gosto pessoal.

 • Esse processo todo vale para o conjunto de obras literárias escritas na

• Esse processo todo vale para o conjunto de obras literárias escritas na língua de um país. Quando estudamos sistematicamente esse conjunto de obras, caímos no terreno da história da literatura.

O objetivo da história da literatura é o conhecimento organizado: • Da origem da

O objetivo da história da literatura é o conhecimento organizado: • Da origem da literatura de um país, • Dos temas principais dessa literatura, • Da relação dos textos literários com a realidade social daquele país.

Literatura e momento histórico A literatura faz parte da história, assim como todas as

Literatura e momento histórico A literatura faz parte da história, assim como todas as criações culturais do homem. Por isso, relaciona-se com o momento histórico em que o texto foi criado. O poema seguinte, por exemplo, escrito na década de 70, capta o clima de violenta repressão política pelo qual o Brasil passava:

Propriedade privada Não tenho nada comigo Só o medo E o medo não é

Propriedade privada Não tenho nada comigo Só o medo E o medo não é coisa que se diga Luis Olavo Fontes

Escritor, obra, público O escritor tem sua maneira pessoal de analisar o mundo, mas

Escritor, obra, público O escritor tem sua maneira pessoal de analisar o mundo, mas sofre influências do meio em que vive. Por isso, embora seja extremamente personalizado, o trabalho do escritor incorpora traços do seu momento histórico.

Observe a indignação do poeta: Mas que vejo eu aí. . . Que quadro

Observe a indignação do poeta: Mas que vejo eu aí. . . Que quadro de amarguras! É canto funeral!. . . Que tétricas figuras!. . . Que cena infame e vil!. . . Meu Deus! Que horror! Castro Alves

A obra concretiza-se por meio da linguagem literária, que pode incorporar gírias, modismos, expressões

A obra concretiza-se por meio da linguagem literária, que pode incorporar gírias, modismos, expressões – chave de uma época, etc

O público • O público é constituído de leitores, que podem opinar sobre a

O público • O público é constituído de leitores, que podem opinar sobre a obra. Essa opinião depende do gosto pessoal de cada um, pois cada indivíduo interpreta a obra de maneira pessoal, conforme sua sensibilidade, sua cultura, suas convicções ideológicas, etc. O gosto individual, por sua vez, é influenciado pelo momento histórico e pelo meio social de cada um.

 • Por isso, um mesmo texto pode ter significações diversas para diferentes leitores

• Por isso, um mesmo texto pode ter significações diversas para diferentes leitores de uma mesma geração ou para leitores de diferentes gerações.

O estudo da literatura e da história da literatura considera: 1 - o texto

O estudo da literatura e da história da literatura considera: 1 - o texto literário em si; 2 - a relação entre textos de uma mesma época; 3 - a relação entre textos de épocas diferentes; As diferenças de efeito e importância de um mesmo texto em diferentes épocas; 4 - as mudanças de gosto.