Documentao e Informtica Documento memria e documento digital

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Documentação e Informática Documento, memória e documento digital 9ª. Aula - 2015

Documentação e Informática Documento, memória e documento digital 9ª. Aula - 2015

Documento e informação Nas áreas de CI, Arquivística e História documento é pensado como

Documento e informação Nas áreas de CI, Arquivística e História documento é pensado como "informação registrada” (Bellotto, 2002), seja um texto um momento ou uma construção social. Isto resulta numa concepção bastante aceita em C. I. que é um uma informação sobre algum tipo de suporte. Em Análise do Discurso: um ou mais discursos, que carregam uma rede de memória e suscita uma leitura literal do texto.

Documento e discurso Em Análise do Discurso: Os dizeres já ditos os dizeres já

Documento e discurso Em Análise do Discurso: Os dizeres já ditos os dizeres já ditos e esquecidos, que sustentam e tornam possível todo dizer constituem uma memória discursiva ou um interdiscurso. (Orlandi, 2003). Em Análise do Discurso o conceito de efeitos do sentido, duvida da existência da objetividade, da neutralidade, do sentido único, que seria o verdadeiro e transparente.

Documento em sentido amplo Visão comum, decorrente do pensamento positivista corresponde à concepção de

Documento em sentido amplo Visão comum, decorrente do pensamento positivista corresponde à concepção de prova, documento intacto, verdade absoluta e dotado de imparcialidade. Diversas críticas são possíveis, uma delas é a “Análise do Discurso” “ Há que tomar a palavra ´documento´ no sentido amplo, documento escrito, ilustrado, transmitido pelo som, a imagem ou qualquer maneira" (LE GOFF, 1994, p. 98)

Explorando a visão corrente Documento na visão tradicional: “. . . aquele que, produzido

Explorando a visão corrente Documento na visão tradicional: “. . . aquele que, produzido ou recebido por uma instituição pública ou privada, no exercício de suas atividades, constitua elemento de prova ou de informação. ” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986, p. 3)) Em Análise do Discurso, características que não lhe dão valor de prova: - como o documento foi produzido ? - autenticidade dos procedimentos, e, - naturalidade, organicidade e unidade (conjunto).

Visões de documento na C. I. Institucionalização da informação: “Pode-se portanto estabelecer que a

Visões de documento na C. I. Institucionalização da informação: “Pode-se portanto estabelecer que a informação estocada em arquivos e bibliotecas é registrada e, após avaliação, considerada útil: o fruto deste processo é a institucionalização da informação uma vez que decorrente de decisões institucionais (ou, por extensão sociais). (Smit, 2003) “. . . a informação é institucionalizada por arquivos e bibliotecas: este é certamente um produto de área que confere ´status´a certas informações e nega a outras" (SMIT, 2003, p. 8).

Além documento da Análise de Discurso Pode-se ir além da Análise do Discurso: “Sujeitos

Além documento da Análise de Discurso Pode-se ir além da Análise do Discurso: “Sujeitos que falam; ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para fazê-lo. Mais precisamente: nem todas as regiões do discurso são igualmente abertas e penetráveis; algumas são altamente proibidas (diferenciadas e diferenciantes), enquanto outras parecem quase abertas a todos os ventos e postas, sem restrição prévia, à disposição de cada sujeito que fala. “ (Foucault, 2005, p. 37)

Documento/Informação Definições “dentro” da Ciência da Informação “A dupla documento/informação coloca inúmeros problemas e

Documento/Informação Definições “dentro” da Ciência da Informação “A dupla documento/informação coloca inúmeros problemas e ainda estamos distantes de um dimensionamento satisfatório da questão” (SMIT, 2003) “Pode-se portanto estabelecer que a informação estocada em arquivos e bibliotecas é registrada e, após avaliação, considerada útil: o fruto deste processo é a institucionalização da informação uma vez que decorrente de decisões institucionais (ou, por extensão sociais). (Smit, 2003) Questões “fora” da Ciência da Informação: “ “O juízo viril da história, o juízo viril da «razão pura» , é cruel”, diz-nos Emmanuel Lévinas (TI, 221).

Memória e história Começa por destituir o sujeito do poder da palavra, já que

Memória e história Começa por destituir o sujeito do poder da palavra, já que o julgamento vem de uma instância que lhe é exterior (na informação poderia ser tanto o suporte como o documento). Ainda segundo Lévinas, “ veredicto da história é proferido pelo sobrevivente que já não fala ao ser que ele julga e a quem a vontade aparece e se oferece como resultado e como obra” (TI, 221). A história dos vencedores e suas “verdades”: Perpetua, deste modo, a “história dos vencedores”: tautologia do triunfo e domínio da classe opressora face à qual, como se lê na sexta Tese: nem sequer os mortos estão em segurança”. Em tempos de mudança toda história tenha que ser “desvelada” ou re-documentada. Isto foi feito no final da Idade Média, e talvez tenhamos que fazer de novo.

O que é memória No âmbito da CI, As limitações da memória humana levaram

O que é memória No âmbito da CI, As limitações da memória humana levaram o homem a buscar em recursos externos as chamadas memórias artificiais, a compensação para o esquecimento. Já iniciamos uma leitura do que é memória, esquecimento e voltaremos ao assunto, mas antes citamos alguns autores que abordaram o tema: Historiadores (Jacques Le Goff, Ecléa Bosi, Pierre Nora, Henri-Pierre Jeudy, Ulpiano Bezerra de Menezes), sociólogos (Maurice Halbwachs, Michel Pollack) e filósofos (Henri Bergson). Para nossa análise, interessa “desvelar” o que está por trás da chamada abordagem histórica na questão da memória humana, histórica e cultural. Antes vamos falar o que é documento eletrônico, porque está relacionado ao documento convencional na C. I. apesar de aspecto peculiares.

Documento digital ou eletrônico Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Conselho Nacional de Arquivos:

Documento digital ou eletrônico Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Conselho Nacional de Arquivos: “Na literatura arquivística internacional, ainda é corrente o uso do termo “documento eletrônico” como sinônimo de “documento digital”. Entretanto, do ponto de vista tecnológico, existe uma diferença entre os termos ‘eletrônico’ e ‘digital’. ” Eletrônico e Digital: “Um documento eletrônico é acessível e interpretável por meio de um equipamento eletrônico (aparelho de videocassete, filmadora, computador), podendo ser registrado e codificado em forma analógica ou em dígitos binários. Já um documento digital é um documento eletrônico caracterizado pela codificação em dígitos binários e acessado por meio de sistema computacional. Assim, todo documento digital é eletrônico, mas nem todo documento eletrônico é digital. Exemplos: 1) documento eletrônico: filme em VHS, música em fita cassete. 2) documento digital: texto em PDF, planilha de cálculo em Microsoft Excel, áudio em MP 3, filme em AVI. ”

Documento eletrônico e digital O dicionário de Terminologia Arquivística (DBTA) define documento eletrônico como:

Documento eletrônico e digital O dicionário de Terminologia Arquivística (DBTA) define documento eletrônico como: “Gênero documental integrado por documentos em meio eletrônico ou somente acessíveis por equipamentos eletrônicos, como cartões perfurados, disquetes e documentos digitais. ” (DBTA, p. 75) E documento digital como: ““Documento codificado em dígitos binários, acessível por meio de sistema computacional. ” (DBTA, p. 75)

Conferência em Budapest Paul Ricoeur a 8 de Março de 2003 em Budapeste sob

Conferência em Budapest Paul Ricoeur a 8 de Março de 2003 em Budapeste sob o título “Memory, history, oblivion” no âmbito de uma conferência internacional intitulada “Haunting Memories? History in Europe after Authoritarianism”. Explicou sua proposta: “que proponho hoje, é deslocar o ponto de vista adotado, o da escrita para a leitura, ou, mais genericamente, da elaboração literária do trabalho histórico para a sua receção, seja ela pública ou privada, de acordo com as linhas de uma hermenêutica da receção. ” (Ricoeur, 2003)

É necessária uma reapropriação - A ideia que para apropriação bastaria acesso aos documentos

É necessária uma reapropriação - A ideia que para apropriação bastaria acesso aos documentos e dados é vista de outra forma: “extrair certos problemas cruciais que dizem manifestamente mais respeito à recepção da história do que à sua escrita, para os trazer à luz. As questões em jogo dizem respeito à memória, já não como simples matriz da história, mas como reapropriação do passado histórico por uma memória que a história instruiu e muitas vezes feriu” (Ricoeur, 2003). - A memória histórica “oficial” tanto pode instruir como ferir.

Não basta o aspecto fenomenológico - A fenomenologia propõe uma abordagem não neutra do

Não basta o aspecto fenomenológico - A fenomenologia propõe uma abordagem não neutra do sujeito que pensa e apropria culturalmente da informação, mas não basta: “Mas esta modificação do ponto de vista não implica que abandonemos a descrição fenomenológica da memória em si, seja qual for a sua ligação com a história. Não poderíamos falar seriamente da reapropriação do passado histórico efetuado pela memória, se não tivéssemos, considerado previamente, os enigmas que incomodam o processo da memória enquanto tal. ” (Ricoeur, 2003) - Há “enigmas” no passado que devem ser “desvelados”. - Ricoeur propõe a reversão do processo da escrita para a recessão. - - recessão é o aspecto vivencial de qualquer processo de memória.

3 processos para a memória Primeiro: Ela reivindica a sua fidelidade a esse “tendo

3 processos para a memória Primeiro: Ela reivindica a sua fidelidade a esse “tendo estado. . . “ deslocamento da escrita para a receção. . . “O primeiro enigma em jogo relaciona-se com a própria ideia de representação do passado como memória. Como se vê em Aristóteles, no seu pequeno tratado ‘Da memória e da reminiscência’, a memória é ‘do passado’. Que sentido dar a essa simples preposição ‘de’? . . . - O aspecto essencial da representação esconde o passado como memória;

Processo de rememoração Segundo aspecto, a rememoração: *Anamnesis (ἀνάμνησις) consiste no esforço progressivo pelo

Processo de rememoração Segundo aspecto, a rememoração: *Anamnesis (ἀνάμνησις) consiste no esforço progressivo pelo qual a consciência individual remonta, da experiência sensível para o mundo das ideias (Importante entender não é a “ideia” eidos) “. . . com um tal enigma, a memória não deixa de ter recursos. Desde Platão e Aristóteles, falamos da memória não só em termos de presença/ ausência, mas também em termos de lembrança, de rememoração, aquilo que chamavam anamnesis. ” (Ricoeur, 2003) Memória então não é apenas presença/ausência, mas lembrança.

“reconhecimento” da memória Devemos a Bergson o fato ter recolocado o reconhecimento no centro

“reconhecimento” da memória Devemos a Bergson o fato ter recolocado o reconhecimento no centro de toda o problema da memória. “conjunção entre as noções de reconhecimento e de sobrevivência do passado, o reconhecimento, tomado como um dado fenomenológico, permanece, como gosto de dizer, uma espécie de ‘pequeno milagre’ “. (Ricoeur, 2003)

Papel da historiografia Palavras de Ricoeur é preciso reconstruir a historiografia: “história como epistemologia.

Papel da historiografia Palavras de Ricoeur é preciso reconstruir a historiografia: “história como epistemologia. Não podemos economizar esta etapa na medida em que a receção da história, como modo de apropriação do passado pela memória, constitui o contraponto de toda a operação historiográfica. É na possibilidade e pretensão de reduzir a memória a um simples objeto da história entre outros fenómenos culturais que se diferenciam muito claramente as duas abordagens”. (Ricoeur, 2003) Não é possível queimar uma etapa da “receção da história” para esta nova aproximação do passado pela memória.

Proposta de 3 incursões (Ricoeur): Primeira: “lugar e o papel do testemunho na fase

Proposta de 3 incursões (Ricoeur): Primeira: “lugar e o papel do testemunho na fase da investigação documental” (Ricoeur, 2003) “creiam ou não, em mim, eu estava lá”. (Ricoeur, 2003) “A dimensão fiduciária de todos os tipos de relações humanas é assim trazida à luz: tratados, pactos, contratos e outras interações que repousam na nossa confiança na palavra do outro. . . porque foram preservados? Por quem? Para benefício de quem? “ (Ricoeur, 2003)

3 incursões - segunda “Uma segunda série de características relativas à fase explicativa da

3 incursões - segunda “Uma segunda série de características relativas à fase explicativa da operação histórica terá consequências no estádio da leitura e da receção. Isso prende-se com o cruzamento de explicações causais e intencionais. . . [é um] Por que ? ” (Ricoeur, 2003) “Certos usos da conexão causal estão muito próximos daqueles que são utilizados nas ciências da natureza: é o caso na história económica, na demografia, na linguística e mesmo no tratamento de configurações culturais. ” (Ricoeur, 2003) Ricoeur chama isto de “memória instrúida pela história”

3ª. Etapa – mais complexa “É com a história cultural que a pretensão da

3ª. Etapa – mais complexa “É com a história cultural que a pretensão da história de anexar a memória à esfera da cultura atinge o seu auge. Da memória como matriz da história passámos à memória como objeto da história”. (Ricoeur, 2003) “Ela pode até revelar-se útil no interesse da autocrítica da memória, sobretudo ao nível da memória coletiva”. (ibidem) “O caso das narrativas realizadas pelos sobreviventes é, aqui, exemplar: pertencem à história como fenómenos culturais entre outros”. (ibidem) Se desejamos auxiliar o processo de “mudança história” é preciso repensar o que é memória, análise documental e documento/informal.

Referências ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional,

Referências ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. BELLOTTO, Helóisa Liberalli. Arquivistica: Objetos, princípios e rumos. São Paulo: Associação dos ARquivistas de São Paulo, 2002. C MARA TÉCNICA DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS (CONARQ / Brasil) <http: //www. documentoseletronicos. arquivonacional. gov. br/cgilua. exe/sys/start. htm? sid=10> FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 12 a. edição. São Pauo: Edições Loyola, 2005. LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: ____ (org. ) Enciclopédia Einaudi. Porto: Imprensa nacional - Casa da Moeda, 1984, p. 95 -106. LÓPES YEPES, José (org). Manual de Ciencias de la Documentación. 2 a. ed. Madrid: Piràmide, 2002. ORLANDI, Eni P. Análise do Discurso: princípios e procedimentos. 5 a. ed. Campinas: Pontes, 2003. SMIT, Johanna. Arquivologia/Biblioteconomia interfaces das Ciências da Informação, nformação & Informação. Londrina, v. 8, n. 2, 2003.