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Ciências Sociais e Saúde/Doença (I) Saúde/Doença são entidades que marcam a existência humana, pelo

Ciências Sociais e Saúde/Doença (I) Saúde/Doença são entidades que marcam a existência humana, pelo que os seres humanos desde sempre pensaram e responderam à sua saúde e doença. - Saúde/Doença, tal como a Alimentação, a Sexualidade ou a Morte, p. ex. , são fenómenos que os seres humanos partilham com outros seres vivos. Por isso, todos estes fenómenos podem ser entendidos como dados naturais. - - As Ciências Sociais, no entanto, mostram que estes fenómenos “naturais” têm uma especificidade humana. Os seres humanos nunca se relacionam com estes fenómenos ligados à sua existência como meros dados brutos naturais. - Os seres humanos apropriam-se de dados brutos naturais e biológicos e transformam-nos em factos socio-culturais através do conhecimento.

Ciências Sociais e Saúde/Doença (II) n n Assim, a doença, como o sexo, a

Ciências Sociais e Saúde/Doença (II) n n Assim, a doença, como o sexo, a morte, a idade, a reprodução, a alimentação, são fenómenos socio-culturais porque os conteúdos e as formas que adquirem nos seres humanos são o resultado (são “construídos”) de processos sociais, de instituições sociais, de práticas colectivas que determinam o modo como o homem concebe e vive estes fenómenos. A doença pode ser pensada numa continuidade antropológica: a do desconforto, perturbação, sofrimento, localizados pelo Homem na sua Pessoa/corpo.

Ciências Sociais e Saúde/Doença (III) n Mas a doença humana também se apresenta com

Ciências Sociais e Saúde/Doença (III) n Mas a doença humana também se apresenta com variabilidade socio-histórica : as doenças variam - ao longo da história, - entre sociedades, - - dentro de uma mesma sociedade entre grupos e entre pessoas de diferentes condições sociais, e em cada um de nós também vai variando ao longo da nossa vida o que entendemos por saúde e doença (o que é saúde e doença não é o mesmo quando somos jovens ou idosos).

Ciências Sociais e Saúde/Doença (IV) n Do ponto de vista das C. S. as

Ciências Sociais e Saúde/Doença (IV) n Do ponto de vista das C. S. as doenças não são fenómenos naturais, são factos socio-culturais ou socialmente construídos por duas vias: (a) porque o que Homem considera doença tem causas sociais (p. ex. , as suas condições materiais de existência) e o modo como o homem responde e lida com a mesma está dependente de factores sociais (p. ex. , recursos terapêuticos); (b) porque o Homem entende por doença está influenciado pelos quadros socio-culturais que dão um significado à Pessoa/corpo do homem e às suas experiências de vida como fazendo parte desse conceito: a doença é um significado socio-cultural do homem sobre a sua existência.

Saúde/Doença como construção social (I) n n n A abordagem das C. S. à

Saúde/Doença como construção social (I) n n n A abordagem das C. S. à saúde/doença considera a doença como uma construção social. Referir que uma entidade/objecto é socialmente construído quer dizer que não se trata de um mero objecto que exista no mundo numa condição objectiva exteriormente à forma como os seres humanos o pensam, mas que existe para os seres humanos porque estes o definiram como existindo em determinados moldes. Assim, p. ex. , na vida humana a doença só existe depois dos seres humanos acordarem entre si que algo existe como doença e em decorrência deste acordo lhe atribuírem um nome.

Saúde/Doença como construção social (II) - Ao afirmar-se que saúde e doença são construções

Saúde/Doença como construção social (II) - Ao afirmar-se que saúde e doença são construções sociais quer significar-se que: - Saúde e doença não são estados invariantes e universais, mas são estados variados, diversos e incertos, porque estão dependentes de significações e interpretações que os seres humanos fazem (em sociedade) sobre a sua pessoa/corpo. - Saúde e doença não são entidades com uma existência em si mesma, separada da pessoa, mas são aspectos da existência humana e nesse sentido fazem parte da trajectória biográfica da pessoa socialmente contextualizada.

Saúde/Doença como construção social (III) - A doença não é só determinada por factores

Saúde/Doença como construção social (III) - A doença não é só determinada por factores biológicos, mas é (também) determinada por factores sociais que estão relacionados e por vezes subjacentes às causas biológicas ou psicológicas. - O conhecimento sobre saúde e doença não é neutro e objectivo, mas é inter-subjectivo e contextualizado socio-historicamente. Neste sentido as doenças não são “descobertas”, mas são “construídas”.

Saúde/Doença como construção social (IV) - Não há uma única forma de conhecer a

Saúde/Doença como construção social (IV) - Não há uma única forma de conhecer a doença, porque este conhecimento está dependente dos quadros socio-culturais de onde emerge. Neste sentido o conhecimento sobre saúde e doença (“bio-médico”) não é único porque existem diversas culturas médicas no mundo. - O conhecimento científico e os discursos biológicos sobre o corpo, a saúde e a doença são produzidos por interesses humanos historicamente determinados e neste sentido estão sujeitos a mudança e a reinterpretações.

Saúde/Doença como construção social (V) n - - - Doença é um conceito esquivo,

Saúde/Doença como construção social (V) n - - - Doença é um conceito esquivo, significando: Um acontecimento biológico; Um reportório de constructos discursivos reflectindo a história intelectual e institucional da medicina; Um aspecto determinante da identidade pessoal; Fixa um papel social; Uma sanção de valores culturais; Um elemento estruturador das relações entre profissionais e utentes; Uma fonte legitimadora de políticas públicas

O Modelo Médico de Saúde/Doença n n O modelo médico (ou biomédico) é a

O Modelo Médico de Saúde/Doença n n O modelo médico (ou biomédico) é a forma de pensamento mais autoritativa da saúde/doença nas sociedades modernas (mas não é a única). Historicamente o modelo médico começa a formar-se nos séculos XVIII e XIX e desenvolve-se no século XX. O modelo médico introduziu uma ruptura com a concepção dominante de doença existente até então no mundo ocidental. Até à modernidade a saúde/doença foi pensada como uma relação de harmonia/desarmonia do homem com o seu meio ambiente. Com a modernidade a saúde/doença passou a ser pensada como sendo um fenómeno biológico (anatomofisiológico), residindo no corpo individual e que é passível de ser abordada separada da pessoa.

O Modelo Médico de Saúde/Doença (I) n O modelo médico partilha as seguintes assunções

O Modelo Médico de Saúde/Doença (I) n O modelo médico partilha as seguintes assunções sobre a doença (disease): - A doença é uma entidade desviante de natureza biológica; - A doença é uma entidade específica com causas específicas de natureza biológica; - A doença é universal; - O corpo doente deve ser tratado como uma máquina avariada; - O conhecimento sobre a doença é objectivo e neutro do ponto de vista valorativo

O Modelo Médico de Saúde/Doença (II) Um manual de Patologia americano de meados do

O Modelo Médico de Saúde/Doença (II) Um manual de Patologia americano de meados do século passado exprime nos seguintes termos os postulados fundamentais da medicina moderna e do seu modelo de pensamento: “O postulado fundamental da medicina moderna é o de que o corpo e o seu funcionamento podem ser estudados em termos da química e da física, que o organismos vivos são máquinas fisico-químicas e que o ideal do médico é o de se tornar um engenheiro do

Modelo Bio-Médico Modelo Bio-Sociocultural a doença é um facto fundamentalmente biológico que reside no

Modelo Bio-Médico Modelo Bio-Sociocultural a doença é um facto fundamentalmente biológico que reside no corpo individual. a doença é uma significação socio-cultural partilhada sobre a pessoa e o seu corpo na relação que esta mantém com o seu meio físico e social. a doença localiza-se na lesão patológica do corpo. a doença encontra-se na trajetória biográfica da pessoa socialmente contextualizada. a doença é uma condição universal, invariante, “exterior” à pessoa, a-histórica. as doenças são condições incertas, diversas, variantes no tempo e no espaço. as causas doenças são fundamentalmente biológicas de natureza morfológica, fisiológica e/ou bioquímica. as causas doenças são de natureza biológica, psicológica e/ou social. as doenças são matéria técnica descoberta pela investigação científica e identificada pelo método clínico. as doenças são construções socioculturais sobre a Pessoa e nesse sentido resultam de interpretações culturais intersubjectivas partilhadas entre grupos sociais com poderes diferenciados. O conhecimento bio-médico é o O conhecimento sobre as doenças é