A organizao do crime e a carreira criminal
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A organização do crime e a carreira criminal 2016 Aula 4 Leandro Piquet Carneiro IRI - USP
O primeiro problema: O que faz um indivíduo optar por uma carreira no crime? Para enfrentar essa questão vamos precisar de uma nova ferramenta analítica: “Criminologia do Desenvolvimento”
Até que ponto o comportamento anti-social é estável ao longo do ciclo de vida ? • Evidênias longitudinais sobre a estabilidade do comportamento anti-social não deve ser exagerada: – comportamentos desviantes na infância têm importantes ramificações na vida adulta. . . – Mas o comportamento anti-social dificilmente é estável ao longo do ciclo de vida (Sampson e Laub, 1993)
Estabilidade e mudança ao longo do ciclo de vida • É preciso entender tanto a estabilidade quanto a mudança ao longo do ciclo de vida. • Alguns eventos podem modificar a trajetória de infratores ( que não são “lifecourse persistent”). • Vínculos sociais inibem o crime e o desvio nas etapas iniciais do ciclo de vida.
FATORES ESTRUTURAIS - Baixo SES Famílias grandes Desorganização familiar Desvios de condutas dos pais Alta densidade domiciliar Ausência materna (trabalho) DIFERENÇAS INDIVIDUAIS - Temperamento difícil Birras persistentes Problemas precoces de conduta Infância (0 – 10) CONTROLE SOCIAL FAMÍLIA - Falta de supervisão - Controle errático de disciplina - Rejeição parental CONSEQUÊNCIAS NA JUVENTUDE Delinquência Encarceramento ESCOLA - Falta de envolvimento - Baixo desempenho INFLUÊNCIAS - Envolvimento com grupos Presença de irmãos com histórico DESENVOLVIMENTO NA VIDA ADULTA VÍNCULOS SOCIAIS - Baixa participação no mercado de trabalho - Fragilidade dos vínculos familiares Crime Adolescência (10 – 17) Transição para a vida adulta (17 -25) Adulto Jovem (25 -32) Crime Transição Maturidade (32 -45)
O problema do auto-controle A General Theory of Crime Gottfredson and Hirschi (1990) “people develop self-control early in life, and those who lack sufficient self-control engage in criminal acts and similar behavior — with short-term benefits and long-term costs such as drinking, smoking and adultery — at higher rates than others throughout their lives”.
Alguns fatores que levam a desistência do crime • • Relações conjugais estáveis Estabilidade no Trabalho Serviço militar Punição
Além de novos modelos teóricos precisamos de novos dados: • Unraveling Juvenile Delinquency Study (Glueck & Glueck, 1950; reanalisados por Sampson e Laub, 1993) – 500 infratores (coorte 1939) – 500 não intratores (coorte 1939) • A amostra de Kleemans & Poot (2008) – 79 casos contra organizações criminosas e 979 infratores
O crime organizado é diferente? (1) Que trajetórias podem ser identificadas nas carreiras judiciárias de criminosos envolvidos com o crime organizado? (2) Existe relação entre as diferentes trajetórias e (a) diferentes papéis de infratores em grupos criminosos? e (b) diferentes tipos de atividades criminosas em que os infratores estão envolvidos?
Questões relevantes sobre os infratores • Com quem eles cooperam? Que relações existiram entre criminosos? • Quais atividades foram realizadas? Que papel desempenham os infratores nestas atividades? • O que se sabe a partir de investigações policiais e com base nas informações policiais sobre as carreiras criminosas?
Distribuição Etária
Por que infratores mais velhos estão sobrerepresentados no crime organizado? • Infrator situacional (“punctuated situationally dependent offending”) Depois de uma carreira de pequenas infrações na adolescência, retorna a atividade criminal nos 30 - 40 em função de alguma crise profissional (por exemplo, no crime do colarinho barnco) • O crime organizado precisa de uma certa regularidade no suprimento de bens e serviços, por isso ele precisa de outros ‘skills’ (Naylor, p 95).
Estrutura de Oportunidade • O acesso a oportunidades criminosas lucrativas é extremamente importante para explicar envolvimento com o crime organizado. • Isso explica por que alguns delinquentes "progridem" para determinados tipos de crime organizado • O envolvimento com o crime organizado só acontece mais tarde na vida (quando os infratores têm os contatos que eles precisam, o que muitas vezes eles não têm quando são jovens).
Koppen et. al. , 2009, p 111
Trajetórias no crime
Mecanismos de participação: como a estrutura de oportunidade funciona na prática • Trabalho, redes profissionais e vínculos sociais (por exemplo: comissários de voo; advogados criminais, bancários, etc. ) • Lazer (por exemplo: • Eventos críticos (por exemplo: perda de emprego; separação, etc. ) • Recrutamento
“Social Snowball Effect” O contato com o crime organizado ocorre através das relações sociais e, à medida que os indivíduos avançam, a dependência em relação aos recursos de outros membros da rede (tais como dinheiro, conhecimento e contatos) declina gradualmente; posteriormente, escolhem seus próprios caminhos, gerando novas associações criminosas, e atraindo pessoas de seu próprio ambiente social, e a história se repete.
O que sabemos sobre os líderes do CO? • Em alguns casos, existe uma relação direta entre atividades legais e atividades ilegais. Especialmente em casos de fraude. • Switching from legal to illegal commodities • Life events: O motoqueiro de 60 anos que vira traficante internacional de mulheres. • Envolvimento tardio com o crime • Ganhos financeiros e riqueza alimentam persistência e influência
A organização social do crime: estudos sobre o crime organizado no Brasil
Modelo Dinâmico de Estruturação de Atividades Criminais Fatores estruturais: - Contexto de exclusão - Pouca provisão de serviços de justiça - Resolução privada e violenta de conflitos - Surgimento de gangues e grupos armados Gangues territoriais e grupos armados - Violência espontânea -Ausência de poder público - Conflitos de grupos Lógica econômica: - Processo seletivo - Mercados e operações variadas - Minimização de conflitos Crime Organizado Transnacional Crime organizado em bases políticas: Crime Desorganizado em estruturação: - Lideranças comunitárias vs jovens violentos - Uso massivo de armas de fogo - Oferta de serviços de proteção - Formação no sistema prisional - Uso mais restrito de armas de fogo - Domínio territorial - Lógica empresarial e mercadológica (Beato e Zilli, 2014)
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