POESIAS 3 MARIA DE LOURDES HORTAS EPLOGO O

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POESIAS 3 MARIA DE LOURDES HORTAS

POESIAS 3 MARIA DE LOURDES HORTAS

EPÍLOGO O que haverá de urgente diante do repouso destas muralhas em ruínas séculos

EPÍLOGO O que haverá de urgente diante do repouso destas muralhas em ruínas séculos e séculos de silêncio indiferente sobre a certeza do pó de vidas que pisamos? ______ Dança das Heras, 1995 Clique para avançar

NOTURNO Não acendas a luz do alpendre: um pássaro dorme a lua se derrama

NOTURNO Não acendas a luz do alpendre: um pássaro dorme a lua se derrama nos ladrilhos e o cão pesadamente sonha.

LITURGIA Eu vos agradeço, ó deuses, este luar agridoce ardência de vinho maduro tinto

LITURGIA Eu vos agradeço, ó deuses, este luar agridoce ardência de vinho maduro tinto sobressalto rio solto despencando sobre matas e abismos. Eu vos agradeço, ó deuses por me terdes deixado cair em tentação: seja feita a vossa vontade assim no céu como no chão.

ESTRADA Na estrada a sombra é a lembrança súbito pássaro me esvoaçando o coração.

ESTRADA Na estrada a sombra é a lembrança súbito pássaro me esvoaçando o coração. ALEGORIA Ao invés de alegria apenas alegoria: arroio que jamais há de ser rio

À BEIRA DO POÇO – Ai, Mãe se ao poço da alegria eu atirasse

À BEIRA DO POÇO – Ai, Mãe se ao poço da alegria eu atirasse o balde o que viria? – Água muito fria. SOLIDÃO AMESTRADA Coloquei a coleira na solidão depois fui passear com ela no caminho como quem passeia um cão.

 Texto: HORTAS, Maria de Lourdes. In: —. Dança das Heras. Lisboa: Átrio, 1995.

Texto: HORTAS, Maria de Lourdes. In: —. Dança das Heras. Lisboa: Átrio, 1995. —. Fonte de Pássaros. Recife: Cia Pacífica, 1999. 128 p. Imagens: Getty Images. Música: Send in the Clowns. Zamfir (Pan Flute). Formatação: José Carlos Abreu Teixeira O PPS “Poesias 3” termina aqui. A seguir são apresentados alguns dados biográficos de MARIA DE LOURDES HORTAS. Caso esses dados não sejam de seu interesse, aperte para sair a tecla “Esc”, a primeira de cima para baixo do lado esquerdo do teclado. Para prosseguir, continue clicando.

MARIA DE LOURDES HORTAS Sou beirã: nasci na Beira-Baixa, Portugal. Ou, mais precisamente, em

MARIA DE LOURDES HORTAS Sou beirã: nasci na Beira-Baixa, Portugal. Ou, mais precisamente, em São Vicente da Beira, aldeia medieval, situada no sopé da Serra da Gardunha. Aí vivi até às vésperas dos meus 10 anos, altura em que o meu pai decidiu emigrar para o Recife, trazendo consigo toda a pequena família. Éramos apenas quatro: meu pai, minha mãe, minha irmã e eu.

Não foi fácil deixara para trás o lirismo da paisagem da infância, geografia que

Não foi fácil deixara para trás o lirismo da paisagem da infância, geografia que me povoa até hoje, e chegar a um mundo completamente diferente, estranho e tropical. Creio que a tentativa proustiniana da busca do tempo perdido é que fez de mim uma escritora. Comecei a escrever muito cedo. Com doze anos tinha diário e rabiscava pequenos contos e poemas. Aos dezesseis anos já escrevia compromisso: semanalmente enviava crônicas para a Rádio Clube de Pernambuco, que eram lidas aos domingos pela manhã. O meu livro de estréia – Aromas da Infância – recebeu o primeiro prêmio do Concurso de Manuscritos, em Lisboa, pelo Secretariado Nacional de Informação. Tinha então 23 anos. Na verdade, sem qualquer tipo de vaidade, mas por constatação, posso dizer que a escrita tem sido uma espécie de destino do qual não consegui fugir.

Paralelamente a esse percurso, outras coisas foram acontecendo: fiz o curso de Direito na

Paralelamente a esse percurso, outras coisas foram acontecendo: fiz o curso de Direito na UFPE, carreira que, diga-se de passagem, nunca exerci. Também estudei Letras – licenciatura pela FAFIRE, com alguma experiência como professora de português e literatura no, então, ensino médio. Tive outras atividades, quase sempre ligadas à literatura e arte. Por exemplo: fiz parte do Movimento Pirata, nele coordenando o Jornal Cultura e Tempo e participando do conselho editorial da revista Pirata Edições. Durante 10 anos fiz parte da direção executiva do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco, onde coordenei a revista Encontro. Desempenhei as funções de Diretora Cultural e da Biblioteca da referida Instituição, sendo atualmente – 2005 – somente sua Diretora Cultural. Também fui proprietária de duas galerias de arte, a Belo, com sede no Recife e filial em Braga, Portugal. Quanto à vida afetiva: Casei. Descasei. Tenho dois filhos e três netos.

Sobre a minha cidadania: dupla nacionalidade. Que se reflete na minha maneira de ser,

Sobre a minha cidadania: dupla nacionalidade. Que se reflete na minha maneira de ser, vai e vem sobre o oceano: ora aquém, ora além-mar. Todavia a minha base é o Recife. Já disseram a meu respeito que sou uma escritora brasileira que nasceu em Portugal. Talvez seja assim. Penso e reajo muito mais como brasileira do que como portuguesa. Embora, por vezes, o sotaque lusitano venha à tona, com exclamações e provérbios castiços e lembranças acesas do gosto e da cor das cerejas. Estou sempre escrevendo alguma coisa. Atualmente, além da escrita, enveredei pela pintura. . Há cinco anos freqüento o atelier de José de Moura, em Olinda. A pintura tornou-se um segundo caminho de expressão, bem menos doloroso do que o das palavras. Outra coisa muito boa, neste momento da minha vida é ser avó: gosto de estar com meus netos. E eles também adoram estar comigo. Conto-lhes histórias. Já comecei a escrever algumas delas. É bem possível que algum dia venha a publicá-las.

Por conta das minhas raízes aldeãs, gosto muito da vida campestre. Durante alguns anos,

Por conta das minhas raízes aldeãs, gosto muito da vida campestre. Durante alguns anos, morei em Aldeia, arredores do Recife, numa pequena chácara, onde escrevi muita poesia e me dei ao luxo de ouvir o silêncio, os pássaros, o rumor da folhagem, da chuva, do vento. . . Obras publicadas: Poesia: Aromas da Infância. Lisboa: Ed. Panorama, 1965; Fio de Lã. Recife: Gabinete Português de Leitura, 1979; Giestas. Recife: Ed. Pirata, 1980; Flauta e Gesto. Recife: Ed. Pirata, 1983; Relógio d´Água. Recife: Ed. Pirata, 1985; Outro corpo. Recife: Fundarpe, 1989; Recado de Eva. Braga: Cadernos do Povo, 1990; Dança das Heras. Lisboa: Átrio, 1995; Fonte de Pássaros. Recife: Cia Pacífica, 1999.

Prosa: Adeus Aldeia. Porto: Solivros de Portugal, 1990; Diário das Chuvas. Recife: Ed. Bagaço,

Prosa: Adeus Aldeia. Porto: Solivros de Portugal, 1990; Diário das Chuvas. Recife: Ed. Bagaço, 1995; Caixa de retratos. Recife: Ed. Bagaço, 2004. Antologias (organização): Palavra de Mulher. Rio de Janeiro: Ed. Fontana, 1979; A cor da onda por dentro. Recife: Ed. Pirata, 1981; Poetas portuguesas contemporâneos. Recife: Ed. Pirata, 1985. _______ Fonte: Esboço para uma biografia. Por Maria de Lourdes Hortas, para a antologia de poesia feminina RETRATOS, publicada no Recife /2004. E-mail da autora.