Histria da Msica III CMU 350 Mdulo I

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História da Música III CMU 350 Módulo I Palavra e Música no século XVI

História da Música III CMU 350 Módulo I Palavra e Música no século XVI O nascimento do melodrama Prof. Diósnio Machado Neto

Antecedentes do melodrama • Os dramas litúrgicos e os mistérios – Século XVI foi

Antecedentes do melodrama • Os dramas litúrgicos e os mistérios – Século XVI foi fundamental para o desenvolvimento do drama, já que em 1539 foram proibidas as representações na Igreja. Assim, os dramas profanos ganharam mais força. • Rappresentaziones – Deixam o sacro por temas de heróis da antiguidade como Julio César, Trajano, Pompeu, etc. – Em Florença, um século antes da Cameratta Bardi, representou-se Orfeu e Dafne com música de Pietro Della Viola. • Intermezzi – O teatro renascentista freqüentemente incluíam elaboradas produções musicais que envolviam solistas coros e grupos instrumentais • Intercalavam coros com partes dialogadas • La peregrina - obra escrita por Luca Marenzio, Emilio Cavalieri e Malvezzi para o casamento de Fernando de Médicis, em 1589. A direção cênica foi de Giovanni Bardi (anfitrião da Camerata Fiorentina). • Essa obra solidifica os intermezzi como uma importante parte da representação teatral. • Contraste entre estilo de acordes com o imitativo • Comédia madrigalesca ou madrigais dialogados – Breves e e simples enredos com dois ou mais personagens em diálogo, mas com numerosos solos e coros. • L'Amfiparnaso (1596) de Orácio Vecchi (1550 -1605), é o exemplo mais famoso. • É importante, também, a produção de Adriano Banchieri.

Cavalieri Intermezzi

Cavalieri Intermezzi

A Camerata Fiorentina e o recitar cantando • O patronato de Giovanni Bardi –

A Camerata Fiorentina e o recitar cantando • O patronato de Giovanni Bardi – Helenista de idéias neoplatônicas que a partir de 1576 passou a reunir em sua casa intelectuais das mais variadas áreas para desenvolverem uma academia helenista. – Na música, o ideal era substituir a polifonia por uma arte mais expressiva que, antes de tudo, desse livre curso ao sentido poético, do mesmo modo que "movesse as paixões" • Principais membros – Gerolamo Mei - (1519 -1594). • Sua teoria era de que o texto de tragédia grega era cantado – Vincenzo Galilei (+1591) • Sofre influência de Mei no que diz respeito à Tragédia Grega. – Giulio Caccini (1551 -1618), cantor e compositor • Paradigmas da Camerata Bardi – Após a descoberta de um manuscrito musical grego, Vincenzo Galilei escreve várias canções que deveriam ser cantadas por um só indivíduo acompanhado por um alaúde. • Surge a Monodia - o nome dado ao novo estilo musical que refletiria o metro natural e acentos da fala com mais precisão do que qualquer estilo musical daquela época. – O ideal musical da Camerata, então, foi buscar duplicar a idéia grega de um cantarfalando, onde a declamação deveria obedecer ao acento natural do texto • Para isso idealizaram uma música com acompanhamento mínimo de alguns acordes • Atividade – A camerata Bardi durou entre 1573 a 1590

Zarlino e a relação música-texto • Zarlino foi o primeiro a manifestar uma intenção

Zarlino e a relação música-texto • Zarlino foi o primeiro a manifestar uma intenção de resolver o problema da relação música-texto – No entanto, não soube equacionar a complexidade polifônica. • Humanismo e a Contra-Reforma – Duas necessidades exigiam novas fórmulas expressivas: o humanismo, que buscava voltar as formas clássicas gregas; e a Igreja, que via a complexidade polifônica reduzir a inteligibilidade dos textos sagrados. – Outra vertente do mesmo problema era a revalorização da música como instrumento capaz de "mover os afetos". • Para cada intervenção semântica da palavra seria necessário que a harmonia a apoiasse. • Zarlino tece algumas considerações sobre a preponderância da palavra sobre a música que coincide com os princípios defendidos pela Cameratta Bardi. • Zarlino estabelece o início da formulação do vocabulário musical da teoria dos afetos, que se desenvolveu até o século XVIII. • A base do nascimento do melodrama fora, então, antecipada por Zarlino. – A semanticidade da música era o campo explorado. – Não só o melodrama se servirá dessa postura, mas a música instrumental.

Teoria dos Afetos • Crise da polifonia imitativa – Incapacidade de resolver os problemas

Teoria dos Afetos • Crise da polifonia imitativa – Incapacidade de resolver os problemas da relação música-texto, mas mais que isso, em estabelecer uma relação entre a linguagem dos sentimentos e a linguagem dos sons. • A maioria dos teóricos dos anos quinhentos aspirava um retorno à clareza e à ordem da arte clássica grega. • A leitura de Platão levou à crença de que a palavra deveria submeter a música as suas intenções. • Vicenzo Galilei – O grande animador dessas idéias, mais do que o conde Bardi, foi o teórico Vicenzo Galilei. • Suas teorias sobre a fragilidade da polifonia para resolver os problemas da expressão foram tratados no Dialogo da Música antiga com a moderna (1581). • Diz que a música era tida em grande estima pelos gregos, que a cultivaram principalmente no teatro. No entanto, a Idade Média e a invasão da ignorância bárbara acabaram por dissolver o conhecimento. Somente com Glareanus e Zarlino, segundo Galilei, foram retomados os estudos sobre a "verdadeira arte dos Gregos". – Dentro da ideologia plantada por Galilei, o barbarismo confundia-se com a polifonia gótica. • Teoria do Ethos – Outro resgate da cultura grega foi a teoria do ethos. – Galilei justificava que a polifonia, por justapor várias linhas melódicas, mesclava os ethos de tal forma a anular a constituição geral de um afeto; coisa que seria facilmente controlada pela monodia acompanhada. – Os teóricos ainda tentaram demonstrar que os novos modos, mais simples e racionais, eram os usados pelos gregos.

O que é o afeto? • O afeto nasce da necessidade de “identificar” um

O que é o afeto? • O afeto nasce da necessidade de “identificar” um gesto musical com um sentimento – Há uma total relação com a teoria do Ethos – Para ampliar o poder semântico do texto, o música passa a ter figuras que caracterizavam os sentimentos humanos. . Estas gestualidades – obedece ao princípio da identidade tradicional dos gestos musicais (figuras de retórica) receberam o nome de “teoria dos afetos”. , surgida a partir de um momento onde a polifonia não bastava para expressar o texto como um todo.

Harmonia: a música conforme a natureza • Racionalismo – O racionalismo renascentista se move

Harmonia: a música conforme a natureza • Racionalismo – O racionalismo renascentista se move em direção à simplicidade e à clareza das teorias harmônicas, opondo-se às bases do medievo. – A diferença da discussão do renascimento é que agora os músicos práticos tomaram partido. – A concepção técnica e histórica da música nasce com Galilei, abandonando a visão metafísica e teológica. • O fundamento da teoria de Galilei é que a monodia é mais natural, não só porque está de acordo com os gregos, mas porque o canto monódico é natural ao próprio homem. • Segundo Galilei, a monodia é inerente à natureza humana. – O intervalo como a base da expressividade • Fundamento de toda a teoria dos afetos. • A polifonia anula os efeitos expressivos dos intervalos, pois, enquanto uma voz desce a outra sobe. Os efeitos de uma melodia serão nulos por obras dos efeitos da outra melodia. • Para Galilei, "cada palavra ou grupo de palavras expressa um conceito ou um sentimento que corresponde a um determinado intervalo musical. – A frase "expressão dos afetos" é a resposta dos racionalistas aos músicos que os acusam de serem anti-hedonistas. • A luta de Galilei e da Camerata é que a música seja mais do que um puro prazer auditivo, mas possa expressar os afetos. • No entanto, as premissas de Galillei negam à música a autonomia em relação à palavra. • Os fundamentos do melodrama – O conjunto de idéias de Galilei não fazia parte de um plano abstrato, mas sim se inseria na atuação pragmática da Camerata Bardi. Desses princípios nasceu o melodrama • Primeiro melodrama foi escrito por Jacopo Peri.

As inovações de Peri e Cavallieri • Música e teatro – Apesar da Camerata

As inovações de Peri e Cavallieri • Música e teatro – Apesar da Camerata Bardi nunca ter mencionado nada sobre um gênero dramáticomusical, a associação da música com o teatro era cada vez mais freqüente. – Foi no mecenato de Jacopo Corsi (saraus lítero-musicais com as presenças de Rinuccini, Torquato Tasso e do compositor Emilio de Cavalieri) que nasceu a proposta para o jovem Jacopo Peri (1561 -1633) por música a Dafne (apresentada em 1597), de Rinuccini. • Era uma tentativa de levar ao teatro um novo estilo, baseado na declamação e no canto. Pouco tempo mais tarde, passou a ser chamado de estilo de recitativo. • Após esse sucesso, Caccini escreve Eurídice (1600). • Stile rappresentativo – Emilio Cavalieri, após o sucesso de duas pastorais, pede aos cantores que sincronizassem os gestos corporais e que ficassem atentos à expressão, sem ornamentar as passagens escritas pelo autor. • Pede, ademais, que a orquestra não apareça para a platéia e que a instrumentação varie para adaptá-la às necessidades da expressão. • O plano de Cavalieri alterna passagens recitadas e cantadas no coro e por solistas. Princípio do “stile rappresentativo”. • La rappresentazione di anima et di corpo (1600) – Peça musical sacra onde o drama recebe integralmente música • Equilíbrio entre a recitação falada e a canção – Tanto Peri como Caccini e Cavallieri buscam um estilo de canto próximo à recitação. • A concepção de Caccini era mais flexível, no que diz respeito à virtuosidade da linha melódica. – Escreveu árias • Peri buscou uma canção mais “falada”, apoiando a melodia em um baixo por acordes – Ao sustentar as notas do baixo contínuo libertou suficientemente a voz da harmonia. Isso possibilitou a melodia para uma declamação livre

Peri L’Euridice

Peri L’Euridice

Baixo contínuo • Princípios – A voz principal e o baixo são integralmente escritas.

Baixo contínuo • Princípios – A voz principal e o baixo são integralmente escritas. As vozes intermediárias seriam complementares (formando o acorde). Era necessário “realizar” o contínuo, preencher as vozes dos acordes, o que era conhecido como ripieno. • A linha do baixo não tinha mais a independência de antes, ela ficou atrelada às realizações harmônicas da voz superior. • Na era barroca, o baixo passou a ser cifrado, sendo confiado a um instrumento de teclado. Um instrumento melódico grave executava a linha do baixo propriamente dita (viola da gamba, fagote etc). • As primeiras manifestações do baixo contínuo – – – Peri - Eurídice (Opera, 1600) Caccini - Eurídice (Opera, 1600) Cavalieri - Rappresentazione de Anima e di Corpi (1600) Caccini - Le Nuove Musiche (1602) Ludovico da Viadana - Cento Concerti Ecclesiastici (1602) • O baixo contínuo já estava em uso na última década de 1590 e se tornou a base para o desenvolvimento da seconda prattica. • Em 1602, aparece a primeira teoria para baixo contínuo, escrita por Viadana no prefácio dos Cento Concerti ecclesiastici (primeira utilização na música sacra). • Em 1605, Monteverdi discorre sobre o assunto no Livro V de madrigais.