Como fazer uma interveno na escola com o

  • Slides: 8
Download presentation
Como fazer uma intervenção na escola com o objetivo de desconstruir estereótipos de gênero?

Como fazer uma intervenção na escola com o objetivo de desconstruir estereótipos de gênero? (um exemplo prático) EMEF Ernani Silva Bruno DRE Pirituba

Proposta de intervenção em uma escola municipal de ensino fundamental em São Paulo (2010)

Proposta de intervenção em uma escola municipal de ensino fundamental em São Paulo (2010) Histórico de estudos e discussões sobre relações de gênero em horários coletivos Introdução da discussão sobre a importância do brincar a partir da entrada das crianças de 06 anos no ensino fundamental (compra de brinquedos para ciclo I) Caixas de brinquedos e periodicidade Roda de conversa

As primeiras experiências. . . Roda e introdução da proposta Entusiasmo das crianças e

As primeiras experiências. . . Roda e introdução da proposta Entusiasmo das crianças e posterior “decepção” Quando viu a caixa de brinquedos (com bonecas), um aluno disse: “é brinquedo de menina, não quero não!”, outros disseram: “É brinquedo de menina, a gente não vai brincar? ”. Então a coordenadora falou que todos iriam brincar e então um menino perguntou: “porque só tem brinquedo de menina? ”. A princípio, algumas crianças recusaram-se a escolher brinquedos nas caixas, mas quando viram a maioria das crianças brincando, foram brincar também. Diferentes reações (recusa, desconfiança, integração posterior, aceitação) Aos que recusaram, as intervenções:

Brincando de médico. . . Para o grupo que recusou-se a brincar, a coordenadora

Brincando de médico. . . Para o grupo que recusou-se a brincar, a coordenadora fez uma intervenção dizendo que eles poderiam brincar de médico e disse, segurando uma boneca: “olha, minha filha está doente, com febre, será que não tem nenhum médico por aqui? ” e então esses meninos aproximaram-se e começaram a brincar, pegaram a boneca, examinaram e logo as meninas já trouxeram suas “filhas” para o hospital, para tomar vacina no posto, onde havia “enfermeiros” que pegavam as bonecas e aplicavam injeção. Alimentando as crianças. . . Em uma situação onde um grupo com quatro meninos cozinhava na cozinha (e portanto, não pegaram bonecas), a coordenadora entrou na brincadeira e disse: “essas crianças aqui [apontando para as bonecas] estão morrendo de fome! Alguém pode alimentá-las, por favor? ” e então, os meninos as pegaram e começaram a “dar comidinha” para as bonecas. Outras brincadeiras que foram surgindo foram de supermercado, restaurante, posto de saúde. Situação do sábado aberto à comunidade: resultado da intervenção

As falas na roda de conversa demonstraram conflitos entre os significados de gênero construídos

As falas na roda de conversa demonstraram conflitos entre os significados de gênero construídos socialmente como norma e as experiências vivenciadas em casa, na escola e em diferentes contextos. As crianças percebem que existe um discurso que é socialmente aceito, mas ao mesmo tempo vão questionando suas “certezas” quando se deparam com questões desafiadoras, que as fazem refletir a respeito e colocam em jogo aquilo que sabem sobre o assunto. Experiências como essa nos mostram que é possível construir um outro olhar sobre as relações de gênero na escola.

IMAGENS

IMAGENS

Dia das mulheres Não, não há nada mais que se possa fazer. Aquela pequena

Dia das mulheres Não, não há nada mais que se possa fazer. Aquela pequena menina já foi convencida pela sua criação Que podia menos Que sentia mais Que brincava menos Trabalhava mais Brincava menos que as meninas brancas e ricas Brincava menos que os meninos pobres como ela Aprendeu devagarzinho ao ir à escola Que sua fila era separada E que ao ouvir dos colegas ao ver um menino em sua fila sem querer “credo, mulherzinha”, aprendeu bem que é vergonhoso ser menina, ser mulher. Lá na casa dela, ao ver a mãe trabalhando muito e chegando em casa e continuando a trabalhar muito, fazendo comida, limpando a casa e lavando a roupa, verificando se todas as crianças comeram, vendo se havia lição de casa, acabada pelo cansaço enquanto seu pai descansava no sofá e de vez em quando gritava algo grosseiro, ela aprendeu a subserviência. . . Quando seus professores não a convidavam a participar do grupo que desenvolvia projetos de tecnologia e a mexer com o equipamento da rádio e a ela pediam que escrevessem o programa, ela aprendeu que teria que ir para a área de humanas. . . Quando seu namorado falou pra ela transar sem camisinha por amor, ela aprendeu desde mesmo antes disso, que deve ficar feliz em ter alguém que goste dela, ela assim tão sem futuro. . . Quando engravidou aos 16 anos e foi deixada sozinha, pois afinal de contas, quem mandou não se cuidar? Ela aprendeu que não tem direito a decidir se quer ou não ter esse filho e que mulher pobre tem sim querer, pois as ricas pagam aborto seguro. . . Quando ela descobriu o amor com outra mulher, aprendeu que só há um jeito certo de ter prazer: com o homem opressor. . . Quando ela estudou muito e foi procurar emprego, ela aprendeu que mulher que tem filho fica pra trás porque as empresas preferem as outras, que não faltarão por qualquer coisa, afinal de contas, ela fez o filho sozinha mesmo, não é? Quando ela conseguiu um altíssimo cargo numa grande empresa, ela aprendeu que todo o seu trabalho, embora igual a de seus colegas homens, valia muito menos porque ela era mulher. . . e embora ganhasse muito dinheiro, era julgada porque não tinha tempo pra dedicação à família, aos filhos. . . afinal de contas, ela fez o filho sozinha mesmo, não é? Quando ela entendeu todo o processo de exclusão sistemática e construída, ela mudou sua vida, deixou seus filhos brincarem com bonecas para aprender a cuidar de alguém e ajudar suas futuras companheiras. Ou companheiros? Começou a dividir as tarefas com todas as pessoas dentro de casa, independente do sexo sem medo de ofender ninguém, sem medo de se perder, sem medo de ficar sozinha. Quando ficou sozinha por ter a rédea de sua vida, descobriu que existem outros homens (e porque não, outras mulheres? ), que são legais e que a entendem e a vêem como gente. E, feliz da vida, pensou que então, finalmente, poderia deixar que alguém cuidasse dela também. Mas desconfia que apesar das conquistas, ainda há muito pelo que lutar. Mas aprendeu também a não desistir, e hoje segue resisitindo. Há sim, ainda há algo que se possa fazer. E você, vai ficar aí parado?

Obrigada! Contato: oliveiratelles@yahoo. com. br Blogs: www. ednatelles. blogspot. com (Educação, TIC´s e Diversidade)

Obrigada! Contato: oliveiratelles@yahoo. com. br Blogs: www. ednatelles. blogspot. com (Educação, TIC´s e Diversidade) www. poemasetextos. wordpress. com