FILOSOFIA MEDIEVAL PRIMEIRA PARTE A PATRSTICA CONTEXTO PERODO

FILOSOFIA MEDIEVAL PRIMEIRA PARTE A PATRÍSTICA

CONTEXTO • PERÍODO: SÉCULOS V AO XV (APROXIMADAMENTE); • QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO OCIDENTAL: – INVASÕES BÁRBARAS; – FRAGMENTAÇÃO DA EUROPA; – FORMAÇÃO DE REINOS BÁRBAROS; – IGREJA CATÓLICA: ASSUME O PAPEL DE ELEMENTO CENTRALIZADOR; – CULTURA: PERSPECTIVA TEOCÊNTRICA;

PATRÍSTICA • FILOSOFIA DOS “PADRES DA IGREJA” (PATER/PAIS FUNDADORES); • TRANSIÇÃO: DE UMA SEITA PERSEGUIDA PARA UMA RELIGIÃO INSTITUCIONAL; • TEM INÍCIO AINDA NA ANTIGUIDADE (SÉCULO II); • SEU APOGEU FOI ENTRE OS SÉCULOS V E VIII;

• INTRODUZIU O LEGADO FILOSÓFICO CLÁSSICO NA FÉ CRISTÃ; • VISA ATENDER CERTAS NECESSIDADES DE UMA RELIGIÃO NOVA, QUE SE EXPANDE EM UM PERÍODO DE CRISE: – DEFENDER A FÉ CRISTÃ DOS ATAQUES INTELECTUAIS DE SEUS ADVERSÁRIOS PAGÃOS; – DESENVOLVER UMA DOUTRINA RELIGIOSA FUNDAMENTADA NO LOGOS DA TRADIÇÃO FILOSÓFICA GRECO-LATINA; – ESTABELECER A ORTODOXIA DOUTRINÁRIA, COMBATENDO INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS DO CONTEÚDO BÍBLICO (HERESIAS)

• PRINCIPAIS REPRESENTANTES: – – – – SÃO JUSTINO; SÃO CLEMENTE DE ROMA; SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA; TERTULIANO; SÃO CIPRIANO DE CARTAGO; SANTO AMBRÓSIO DE MILÃO; SÃO JERÔNIMO DE ESTRIDÃO; SANTO AGOSTINHO DE HIPONA; SÃO GREGÓRIO MAGNO; SÃO BASÍLIO DE CESAREIA; SANTO ATANÁSIO DE ALEXANDRIA; SÃO GREGÓRIO DE NAZIANZO; SÃO JOÃO CRISÓSTOMO; CONHECIDOS COMO “OS OITO GRANDES”

SANTO AGOSTINHO DE HIPONA (354 -430) • NASCEU EM TAGASTE, NA ATUAL ARGÉLIA. TEVE AS PRIMEIRAS DÉCADAS DE SUA VIDA PONTUADAS PELOS ESTUDOS CLÁSSICOS, PELAS ATIVIDADES DE PROFESSOR, PELA ADESÃO AOS PRAZERES MUNDANOS E, SOBRETUDO, PELO PERMANENTE DESCONFORTO EXISTENCIAL. CONVERTEU-SE DEFINITIVAMENTE AO CRISTINANISMO NO ANO DE 387, ABRAÇANDO A VIDA SACERDOTAL. MAIS TARDE, TORNOU-SE BISPO NA CIDADE DE HIPONA – ATUAL ANNABA, NA ARGÉLIA. A PARTIR DAÍ, DIVIDIU-SE ENTRE AS OBRIGAÇÕES EPISCOPAIS E A REFLEXÃO FILOSÓFICA. AS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS QUE RECEBEU FORAM O NEPLATONISMO DE PLOTINO (205 -270) E O MANIQUEÍSMO. • SUAS PRINCIPAIS OBRAS SÃO: CONFISSÕES, A CIDADE DE DEUS, DA TRINDADE, SOBRE O ENSINO (DE MAGISTRO), SOBRE A LIVRE ESCOLHA DA VONTADE, ENTRE OUTRAS;

PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES • PROBLEMA DO MAL: COMO EXPLICAR A EXISTÊNCIA DO MAL EM UM MUNDO CRIADO POR UM DEUS PERFEITO E BOM? “PROCUREI O QUE ERA A MALDADE E NÃO ENCONTREI UMA SUBST NCIA, MAS SIM UMA PERVERSÃO DA VONTADE DESVIADA DA SUBST NCIA SUPREMA – DE VÓS, Ó DEUS - E TENDENDO PARA TODAS AS COISAS BAIXAS: VONTADE QUE DERRAMA AS SUAS ENTRANHAS E SE LEVANTA COM INTUMESCÊNCIA. ” SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES

• O MAL NÃO É UMA COISA EM SI, PORTANTO, NÃO FOI “CRIADO”; • A HUMANIDADE, DOTADA DE LIVRE-ARBÍTRIO, COLOCA O AMOR A SI MESMA ACIMA DO AMOR A DEUS; TAL ESCOLHA PROJETA-SE NO PECADO ORIGINAL; • PELO PECADO, A HUMANIDADE DISTANCIOU-SE DE DEUS, ABRINDO ESPAÇO PARA O SURGIMENTO DO MAL; • APESAR DO LIVRE-ARBÍTRIO, AGOSTINHO CONSIDERA QUE PRECISAMOS DA MISERICÓRDIA E DA GRAÇA DIVINAS PARA NOS LIBERTARMOS DO PECADO E, POR CONSEGUINTE, DO MAL. • É NO REENCONTRO COM DEUS QUE O HOMEM ALCANÇA A VERDADEIRA FELICIDADE;

• DOUTRINA DA ILUMINAÇÃO: AGOSTINHO “AJUSTA” A TEORIA DA REMINISCÊNCIA DE PLATÃO AOS FUNDAMENTOS DA FÉ CRISTÃ; • DEUS, REPRESENTADO METAFORICAMENTE PELA IMAGEM DA CHAMA (“LUZ”) É A FONTE DE TODA A VERDADE; • UMA PARTE DESSA VERDADE (“FAGULHA”) FOI INTRODUZIDA NA MEMÓRIA HUMANA PELA LUZ ETERNA DA RAZÃO; • ASSIM, O CONHECIMENTO HUMANO É LIMITADO, POIS É APENAS UMA PARTE DO TODO; • A RAZÃO, ENQUANTO DOM DE DEUS, NÃO PODE SER DESPREZADA. PODE, INCLUSIVE, CONTRIBUIR PARA A COMPREENSÃO DA FÉ, MAS NUNCA DEVE SE OPOR A ELA; – “COMPREENDER PARA CRER, CRER PARA COMPREENDER”

Segunda Parte A Escolástica

Baixa Idade Média • Filosofia das “escolas”, das universidades europeias surgidas a partir do século XI (Universidade de Bolonha – 1088); • Influência de Aristóteles, via filósofos islâmicos (“Falsafa”); • Tentativa de conciliação entre razão e fé;

São Tomás de Aquino (1224 -1274) • Maior expoente da escolástica; • Obras: – O ente e a essência; – Suma contra os gentios; – Suma Teológica;

• Suma Contra os Gentios: estabelece as diferenças entre verdades reveladas e verdades racionais; – Reveladas (Verdades espirituais): só alcançáveis através da fé (Trindade Divina, Encarnação do Verbo Divino na pessoa de Cristo, etc. ); – Racionais (Verdades naturais): podem ser atingidas pela razão, sem a necessidade da fé revelada (existência do Universo e de Deus, por exemplo);

• A relação entre essas duas categorias é a seguinte: – Fé e razão são complementares uma à outra, logo, as verdades naturais e espirituais não são antagônicas; – O conhecimento racional é limitado, já que a inteligência humana está subordinada a Deus; – A razão pode esclarecer o sentido das Escrituras e explicar teses teológicas;

• Suma Teológica: – Conhecimento: o homem é uma tábula rasa (metáfora retomada, mais tarde, por John Locke), e seus conteúdos são extraídos do mundo sensível através das experiências; – Esses conteúdos são transformados em conhecimento pelo intelecto, uma faculdade natural do intelecto humano, e não uma iluminação externa e sobrenatural; – Dessa forma, ao verificar certos aspectos da natureza, é possível verificar a existência de Deus (conhecer a causa a partir de suas consequências);

AS 5 VIAS QUE LEVAM A DEUS • 1ª VIA: PRIMEIRO MOTOR “IMÓVEL”; • 2ª VIA: PRIMEIRA CAUSA “NÃO CAUSADA”; • 3ª VIA: CONTINGÊNCIA X NECESSIDADE: PARA QUE AS COISAS CORRUPTÍVEIS EXISTAM, DEVEM TER SIDO PRECEDIDAS DE UM SER ATEMPORAL; • 4ª VIA: A HIERARQUIA INERENTE À PERFEIÇÃO DEMANDA A EXISTÊNCIA DO PERFEITO ABSOLUTO (INSPIRAÇÃO PLATÔNICA); • 5ª VIA: O SUPREMO ORDENADOR: A EXISTÊNCIA DE UM SENTIDO TELEOLÓGICA PARA TUDO IMPLICA NA EXISTÊNCIA DE UMA INTELIGÊNCIA SUPREMA DIRECIONANDO AS COISAS AO UM FIM;

• O Ser e a Essência: A essência possui uma dimensão conceitual, não é uma existência em si; – Existência e essência são coisas diferentes; – A essência precede a existência; – O conceito implícito em uma essência não determina uma existência correspondente; – Deus: por ser não-criado e atemporal, não possui uma essência prévia, sendo pura existência;

A Questão dos Universais • UNIVERSAL: termo que exprime uma ideia geral e exprime uma multiplicidade de individualidades; tal termo porta um núcleo comum a todos os indivíduos por ele referidos; • A Questão estendeu-se entre os séculos XI e XII e debateu a possível existência objetiva dos universais;

Correntes em disputa: • Realismo (Guilherme de Champeaux – 1070/1121): O universal tem existência própria. É uma escola de inspiração platônica; • Nominalismo (Roscelin de Compiègne – 1050/1125): O universal é apenas uma palavra, um termo criado para nomear um conceito. É uma escola de inspiração aristotélica; • Realismo moderado ou Conceitualismo (Pedro Abelardo – 1079/1142): não há distinção entre o universal e o individual. Assim, para designar de forma abstrata os aspectos comuns às individualidades, o intelecto humano formulou conceitos, como o de humanidade.