Zygmunt Bauman Biografia Poznan Polnia 1925 2017 Professor

Zygmunt Bauman

Biografia Poznan (Polônia) – (1925 -2017) Professor titular da Universidade de Leeds desde 1971. Professor emérito da Universidade de Varsóvia. Obras: mais de 60 títulos publicados. “Modernidade Líquida”; “Vida Líquida”; “Amor Líquido”; “Tempos Líquidos”; “Vida para consumo”; “Capitalismo Parasitário e Outros Temas Contemporâneos”; “Vida à Crédito”; etc.

Modernidade Líquida (2000) CONTEXTO: Virada do século XX para o XXI, sendo efetivamente lançado em 2001. Previsões de panes tecnológicos em programas e computadores espalhados pelo mundo, o famoso “bug do milênio”.

Modernidade Líquida: Conceito É o conjunto de relações e instituições, além de sua lógica de operações, que se impõe e que dão base para a contemporaneidade. É uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. A fixidez e todos os referenciais morais da época anterior, denominada pelo autor como modernidade sólida, são retirada de palco para dar espaço à lógica do agora, do consumo, do gozo e da artificialidade.

Trabalho e liquidez Relações de trabalho cada vez mais se desgastam e a própria esfera do trabalho vira um campo fluido desregulamentado. Empregos temporários, meia jornada, empregos em que as relações de empregado-empregador são constituídas somente pelos dois, se tornam situações fáceis e consideradas legítimas de se observar. Nisto, emerge a figura do desempregado crônico.

Relações Humanas As conexões predominam. Conexão é o termo usado para descrever as relações frágeis. A grande sacada desta palavra envolve a noção de que, em uma conexão, o vantagem não está só em ter várias conexões, mas, principalmente em conseguir desconectar sem custo.

Relações Humanas Os humanos são transformados em mercadorias que podem ser consumidas e a qualquer momento podem ser excluídos. O sujeito líquido lida com um mundo de consumo e opções, mas nunca objetivo e frio, não tem mais referenciais de ação: Toda a autoridade de referência é colocada em si e é sua responsabilidade construir ou escolher normas a serem seguidas. Tudo se passa como se tudo fosse uma questão de escolher a melhor opção, com melhores vantagens e, de preferência, nenhuma desvantagem.

Relações Humanas ENTREVISTA: https: //www. youtube. com/watch? v=a. I _te 8 T 7 s. RU

Consumo e Sujeito Líquido Isso tudo é coberto por uma mentalidade que, não só valida as instituições e as normas, mas também dá base para a vida dos sujeitos: Os imperativos de consumo são inscritos naquilo que há de mais fundamental na constituição do sujeito líquido.

Inexistência da Pós-Modernidade Para Bauman, não há uma pós-modernidade, há uma continuação da modernidade com pontos diferentes. O autor tem uma certa afinidade com Manuel Castells ao falar da sociedade informacional. Ele afirma que a sociedade industrial (no sentido de ter como base de produção as indústrias), ainda existe, mas com lógica diferente. Não se trata de uma ruptura de época, mas de uma transformação dentro de uma estrutura contínua. O mesmo aconteceria na sociedade líquida.

Nas palavras de Bauman “Uma das razões pelas quais passei a falar em “modernidade líquida” em vez de “pós-modernidade” (meus trabalhos mais recentes evitam esse termo) é que fiquei cansado de tentar esclarecer uma confusão semântica que não distingue sociologia pós-moderna de sociologia da pós-modernidade, entre “pós-modernismo” e “pósmodernidade”. No meu vocabulário, “pós-modernidade” significa uma sociedade (ou, se se prefere, um tipo de condição humana), enquanto que “pós-modernismo” se refere a uma visão de mundo que pode surgir, mas não necessariamente, da condição pós-moderna.

Nas palavras de Bauman Procurei sempre enfatizar que, do mesmo modo que ser um ornitólogo não significa ser um pássaro, ser um sociólogo da pós-modernidade não significa ser um pós-modernista, o que definitivamente não sou. Ser um pós-modernista significa ter uma ideologia, uma percepção do mundo, uma determinada hierarquia de valores que, entre outras coisas, descarta a ideia de um tipo de regulamentação normativa da comunidade humana e assume que todos os tipos de vida humana se equivalem, que todas as sociedades são igualmente boas ou más; enfim, uma ideologia que se recusa a fazer julgamentos e a debater seriamente questões relativas a modos de vida viciosos e virtuosos, pois, no limite, acredita que não há nada a ser debatido. Isso é pós-modernismo. ”

Vida Líquida (2005) A vida líquida é uma forma de vida que tende a ser levada à frente numa sociedade líquidomoderna. É aquela em que, as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação dos hábitos e rotinas, das formas de agir.

Vida Líquida A vida líquida, assim como a sociedade, não podem manter a forma ou permanecer em seu curso por muito tempo. É uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante, é uma sucessão de reinícios. Nessa vida, livrar-se das coisas tem prioridade sobre adquiri-las. É uma vida de consumo, projeta o mundo e seus fragmentos como objetos de consumo, ou seja, que perdem a sua utilidade enquanto são usados.

Relações Individuais Essas realizações individuais não solidificar-se em posses permanentes; podem Em instantes, os ativos transformam-se em passivos, e as capacidades em incapacidades. As condições de ação e reação se tornam obsoletas.

Velocidade e Individualidade A velocidade e não a duração é o que importa. Com a velocidade, pode-se consumir toda a eternidade do presente contínuo da vida terrena. O truque é comprimir a eternidade de modo a poder ajustála, inteira, à duração de uma existência individual. A individualidade hoje, significa em primeiro lugar a autonomia da pessoa, a qual, por sua vez, é percebida simultaneamente como direito e dever. A afirmação “eu sou um indivíduo” significa que sou responsável por meus méritos e fracassos, e que minha tarefa é cultivar os méritos e reparar os fracassos.

Consumismo É uma resposta do tipo “como fazer”. A lógica do consumismo serve às necessidades dos homens e das mulheres em luta para construir, preservar e renovar a individualidade e, particularmente, para lidar com a sua aporia (impasses e paradoxos). Os movimentos do mercado de consumo desafiam a lógica, mas não a da luta já inerentemente aporética pela individualidade. A luta pela singularidade agora se tornou o principal motor da produção e do consumo em massa.

Sociedade de Consumidores “Uma "sociedade de consumidores" não é apenas a soma total dos consumidores, mas uma totalidade, como diria Durkheim, "maior do que a soma das partes". É uma sociedade que (para usar uma antiga noção que já foi popular sob a influência de Althusser) "interpela" seus membros basicamente, ou talvez até exclusivamente, como consumidores; e uma sociedade que julga e avalia seus membros principalmente por suas capacidades e sua conduta relacionadas ao consumo”.

Consumidor x Cidadão Bauman expressa sua visão de que o afastamento da política e ainda ausência de interesse pelo processo político, também está se afastando do conceito de democracia e cidadania. Ao citar Giroux & Giroux diz que a cidadania foi reduzida ao ato de comprar e vender mercadorias, em vez de evoluir para uma democracia substancial. A liberdade dos cidadãos foi plantada e enraizada no solo sociopolítico, devendo ser fertilizado diariamente pelas ações bem informadas de um público instruído e comprometido afastando-se, portanto, não bastando apenas a visão consumerista de participação da população.

Amor Líquido (2003) Os estudos sociológicos lhe permitem refletir sobre a angústia que reina nos sentimentos humanos, emoção despertada pela pressa de encontrar o parceiro perfeito, sempre mantido como meta ideal, nunca como realidade concreta.

Amor Líquido Os casais procuram manter relacionamentos abertos, que lhes possibilitem uma porta de saída para novos encontros. A insatisfação está, portanto, constantemente presente na esfera da afetividade humana. As pessoas desejam interagir, buscam a vivência do afeto, mas não querem se comprometer.

Amor Líquido Vivenciado em um universo marcado pelos laços fluidos, que não permanecem, não se estreitam, desobedecem à lei da gravidade, ou seja, à ausência de peso. Bauman crê que os relacionamentos a dois não podem se desenrolar à parte da cena social, das regras do jogo estabelecidas pela sociedade global. Nada pode fugir deste complexo panorama, do moderno fenômeno conhecido como globalização.
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