VINICIUS DE MORAES NATAL VINICIUS DE MORAES De

VINICIUS DE MORAES

NATAL VINICIUS DE MORAES

De repente o sol raiou E o galo cocoricou: — Cristo nasceu! Clique

O boi, no campo perdido Soltou um longo mugido: — Aonde?

Com seu balido tremido Ligeiro diz o cordeiro: — Em Belém! Eis senão quando, num zurro Se ouve a risada do burro: — Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira Pôs-se a falar: — É mentira! Os bichos de pena, em bando Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava: — Cruz credo!

— Cristo nasceu! Brava canta o galo. — Aonde? pergunta o boi. — Num estábulo! — o cavalo Contente rincha onde foi. Bale o cordeiro também: A arara a gritar começa: — Mentira? Arara. Ora essa! — Em Belém! Mé! Em Belém!

E os bichos todos pegaram O papagaio caturra E de raiva lhe aplicaram Uma grandíssima surra.

VINICIUS DE MORAES Marcus Vinicius de Moraes nasceu no Rio, a 19 de outubro de 1913 e faleceu a 9 de julho de 1980. Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. Essencialmente lírico, notabilizou-se por seus lindíssimos sonetos. Por isso, Tom Jobim o apelidou de “poetinha”. Boêmio inveterado, fumante e, sem abrir mão do copo de uísque, tinha a fama de grande conquistador. Casou-se nove vezes e se dava bem com todas as “ex”. Sua obra é vasta, passando pela literatura, inclusive literatura infantil, teatro, cinema e música. No campo musical, o “poetinha” teve como principais parceiros: Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Texto: www. viniciusdemoraes. com. br/pt-br Imagens: de arquivo, editadas Música: “Silent Night”, atribuida a Joseph Mohr e Franz Gruber - por Kitaro (editada) Formatação: Soni@ Sirimarco * Destaques nas fontes do poema: por conta da formatadora.

Este PPS encontra-se hospedado no site: www. sabercultural. com. br Sonia Mari@