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Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo no bairro de Ponta Negra (Natal/RN) Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN O bairro de Ponta Negra, em Natal/RN, tem sido conhecido pelo seu forte apelo paisagístico explorado pelo viés do turismo e do lazer (NOBRE, 2001), desde a década de 1980. Mirassol Área Militar Capim Macio Bairro de Ponta Negra Praia de Ponta Negra Vila de Ponta Negra Fonte: Adaptação própria a partir de mapa cedido pela prefeitura de Natal. Fig. 1: Localização da área objeto de estudo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN 1 A região que até a década de 1970 era ocupada basicamente por casas de veraneio na praia de Ponta Negra e pela Vila de Ponta Negra – antiga vila de pescadores – hoje é reduto de centros comerciais, supermercados, equipamentos hoteleiros e diversos usos e tipos edilícios que alimentam a dinâmica de mercado turístico e de entretenimento (NEVEROVSKY, 2005). 2 3 Fig. 2: (1) Praia de Ponta Negra por volta da década de 1960 e (2) nos dias atuais. (3) Exemplo de um dos usos mais recorrentes na região. Fonte: CD Natal 400 anos e visitas de campo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN Av. Eng. Roberto Freire 1 Bairro de Ponta Negra 2 O acesso principal ao bairro se dá pela antiga “estrada de Ponta Negra”, hoje av. Engenheiro Roberto Freire, exemplo de strip (cf. Venturi), corredor comercial visualmente caótico arquétipo da dinâmica de transformação que vem afetando Natal nas últimas décadas. Fonte: Prefeitura de Natal e visitas de campo. Fig. 3: Vistas aéreas da (1) Av. Roberto Freire em 1974 e (2) nos dias atuais. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN Na Roberto Freire destacam-se – em freqüência e número – edifícios, cuja essência parece ser a de servir de suporte para a comunicação visual e publicitária, segundo um formato conveniente para conferir máxima visibilidade a partir de veículos em movimento. 1 Av. Eng. Roberto Freire 2 Bairro de Ponta Negra Fonte: Prefeitura de Natal e visitas de campo. Fig. 4: (1) Av. Roberto Freire (“strip” local) e (2) um dos seus tipos edilícios (“caixa decorada”). Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN Ainda que nesses casos predomine uma quase desmaterialização do suporte arquitetônico, resistem, por vezes, ali, vestígios de arquitetura moderna, sob a vestimenta gráfica ou sob os elementos adicionados para contê-las. 1 2 Fig. 5: Residência modernista antes (1) e depois (2) de intervenção. Fonte: Visitas de campo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN Esses fragmentos também podem ser encontrados no que restou dos primeiros conjuntos habitacionais do final da década de 1970, a exemplo do Conj. Ponta Negra que apresenta filiações com ditames urbanísticos da Carta de Atenas principalmente do ponto de vista do zoneamento (MAIA, 1999). Em seu acervo edilício persistem elementos fiéis desse receituário nos edifícios originais (vida), naqueles que se encontram degradados/obsoletos (morte) e em outros mais ou menos recentes (fênix). Av. Eng. Roberto Freire Conj. Ponta Negra Fig. 6: Vista aérea do Conj. Ponta Negra no período de sua construção, entre 1976 e 1978. Fonte: Prefeitura de Natal e CD Natal 400 anos. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN VIDA: A vida, ou permanência da arquitetura moderna no bairro de Ponta Negra pode ser sentida em maior quantidade nesse conjunto onde prevalecem em algumas edificações residenciais e institucionais princípios compositivos modernistas, sobretudo tardios. 1 2 3 Fig. 6: (1, 2) Casas do tipo “A” e (3) posto de telefonia ainda conservados do Conj. Ponta Negra. Fonte: Visitas de campo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN 1 2 Fig. 7: (1) Casa do tipo “B”, aspecto brutalista na fachada e cobertura. (2) Casa tipo “C” com vestimenta “coloniosa” na cobertura. O receituário modernista nos tipos residenciais (A, B e C) do conjunto persiste tanto em exemplares alusivos ao brutalismo como em elementos que insinuam uma vestimenta “coloniosa”. Fonte: Visitas de campo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN 1 MORTE: Uma segunda categoria, mesmo que em processo de obsolescência ou morte, figura como testemunha da presença da linguagem modernista dos anos setenta na Avenida Eng. Roberto Freire e no conjunto Ponta Negra. São residências de classe média-alta. 2 3 Fig. 8: (1, 2) Residências de classe média-alta do conjunto Ponta Negra abandonadas e deterioradas; (3) residência, adaptada para comércio, descaracterizada e sem uso. Fonte: Visitas de campo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN Placa de venda 1 Cobogó 2 Fig. 9: (1) Residência posta à venda e presença do cobogó lateral; (2) residência sem uso. Exemplares potenciais ao desaparecimento. Ainda dentro dessa categoria, há aqueles imóveis em processo de esvaziamento (postos à venda, sem uso e/ou abandonados). A despeito do destino desses imóveis ser quase sempre o desaparecimento, suas feições modernistas permanecem reconhecíveis tais como a horizontalidade volumétrica e a aplicação de elementos de proteção solar (cobogó). Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010 Fonte: Visitas de campo.

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN FÊNIX: 1 2 Fig. 10: (1, 2) Edifícios contemporâneos: prismas quadrangulares na composição da volumetria e aberturas horizontalizadas. Edifícios recentes em que a linguagem modernista mistura-se a novos elementos estilísticos se apresentam como outra categoria. Neles, freqüentemente se percebe ecos, mais ou menos fiéis das permanências do paradigma compositivo modernista aparentemente em constante renascimento: a “fênix” estilística. Fonte: Visitas de campo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN 1 3 2 4 Fig. 11: Edifícios contemporâneos cujos partidos remetem a atributos do modernismo “de raiz”, tais como o (1) teto-jadim e o (2) pilotis. (3, 4) Galpão com “embalagem” modernista. Fonte: Visitas de campo. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN Considerações finais A despeito das transformações ocorridas no bairro de Ponta Negra, ao longo da avenida Eng. Roberto Freire ainda resistem traços do receituário modernista, ora encobertos por vestimenta gráfica de caráter publicitário, ora expostos – ainda que, por vezes em edifícios desocupados – ora reinterpretados e/ou combinados a formas contemporâneas; uns e outros igualmente ameaçados de vida curta. Exercício de observação de uma trajetória em acelerado processo de mutação, este estudo de um caso recorrente em outras partes de Natal e de diversas cidades brasileiras embasa a reflexão sobre aspectos da formação e transformação do conjunto construído em resposta à atuação de variáveis morfológicas (acessibilidade), socioculturais e econômicas (afluência do turismo, valorização imobiliária), contribuindo, assim, para o entendimento dessa dinâmica. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010

Vida, morte e fênix: Identificando permanências, fragmentos e influências do modernismo em Natal/RN Bibliografia MAIA, Patrícia. Ponta Negra moderna. Natal, 1999. 22 p. Trabalho de disciplina (História e Teoria da Arquitetura III). Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. NEVEROVSKY, Catarina. Da gata borralheira à cinderela: nova espacialidade decorrente do desenvolvimento turístico, diferenciada pelo estilo de vida em Ponta Negra, Natal/RN. Natal. 2005. 188 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. NOBRE, Paulo José Lisboa. Entre o Cartão postal e a cidade real: um estudo sobre a paisagem e a produção imobiliária em Natal/RN. Natal. 2001. 157 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. VENTURI, Robert; ROWN, Denise Scott, IZENOUR, Steven. Aprendendo com Las Vegas. São Paulo: cosac & naify, 2003. Rodrigo Nascimento e Edja Trigueiro (UFRN/RN) Natal, março 2010