URUPS Velha praga Originalmente um artigo publicado pelo
URUPÊS
“Velha praga” Originalmente um artigo publicado pelo jornal O Estado de São Paulo, passou a ser publicado como parte do livro Urupês a partir de sua segunda edição – uma vez que Monteiro Lobato considerava “Velha praga” a origem desse livro. Nesse texto, o autor denuncia as queimadas praticadas pelos caboclos nômades na Serra da Mantiqueira e os problemas por elas causados. Ao mesmo tempo, mostra o descaso em que essas pessoas vivem.
Prefácio da segunda edição do Urupês. O escritor revela aqui como resolveu se dedicar à literatura. Na condição de fazendeiro, depara-se com os males que a preguiça do caipira paulista faz à agricultura brasileira e resolve denunciá-la, escrevendo uma carta ao jornal O Estado de S. Paulo. Seu texto é publicado com destaque e ele resolve escrever outro. Vê-se, então, estimulado a virar escritor. “E aqui aproveito o lance para implorar perdão ao pobre Jeca. Eu ignorava que eras assim, meu Tatu, por motivo de doença. Hoje é com piedade infinita que te encara quem, naquele tempo, só via em ti um mamparreiro de marca. Perdoas? ”
Este é um dos mais famosos textos de Monteiro Lobato. Nele, desanca uma crítica das mais ferozes que já se fez sobre qualquer tipo nacional. O alvo de seu ataque é o caboclo. Derrubando uma tradição cara, inaugurada por José de Alencar, que apontava como a mestiçagem do índio com o branco como geradora de uma nação forte, Lobato crê no contrário. Sua teoria institui a tese do caboclismo, ou seja, a mistura de raças gera um tipo fraco, indolente, preguiçoso, passivo. Sua religião manifesta-se por meio das mais primitivas formas de superstição e magia. Sua medicina é mais rala ainda. Sua política é inexistente, já que vota sem consciência, conduzido pelo maioral das terras em que mora. Seu mobiliário é o mais escasso possível, havendo, no máximo, apenas um banquinho (de três pernas, o que poupa o trabalho de nivelamento) para as visitas. Não tem sequer senso estético, coisa que até o homem das cavernas possuía. E quanto à produção, dedica-se apenas a colher o que a natureza oferece. É, portanto, o protótipo de tudo quanto há de atrasado no país.
1. Com relação a Urupês, de Monteiro Lobato, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). a) “Velha praga” e “Urupês” são ensaios nos quais o narrador delineia o comportamento do caboclo em relação ao meio ambiente e critica a idealização com que o caboclo fora retratado até então. b) Não se entreveem, na obra, as circunstâncias socioeconômicas que tornam o brasileiro do campo um alienado. c) As características morais, físicas e sociais do Jeca Tatu mostram um personagem em estado natural, vítima de uma civilização que desconhece e que o oprime. d) A novidade estilística dos contos está na reprodução da oralidade e do coloquialismo da fala do homem brasileiro, tanto o rural quanto o citadino. e) De maneira singular, o livro é um documento a favor de uma estética passadista, academizante.
2. Em Urupês, há um conto que trata sobre Jeca Tatu, um caboclo que mora no interior de São Paulo. Uma interpretação possível do conto é de que: a) Jeca Tatu é culpado por não ter informação e por não saber ler e escrever. b) Jeca Tatu é um produto de um sistema social desigual, que não permite que todos tenham acessos às condições de vida básicas, como saúde e habitação. c) Jeca Tatu é alguém que precisa de ajuda por não ser capaz de agir sozinho em relação a si mesmo. d) Jeca Tatu tem culpa por não perceber que estava com problemas de saúde, mas existia negligência do governo em relação à saúde. e) Jeca Tatu é totalmente inocente e não consegue lutar contra algo que ele não entende. Por isso, ele precisa de que escritores olhem para a sua realidade para denunciá-la, e apenas assim, através da denúncia dos escritores, ele vai conseguir condições melhores de vida.
3. A partir da leitura da primeira coletânea de contos do escritor Monteiro Lobato, intitulada de “Urupês”, é possível observar a denúncia de alguns problemas sociais e ambientais pelos quais atravessava o Brasil. Marque a alternativa que indica um dos principais problemas sociais denunciados nessa obra: a) Os abusos sofridos pelos trabalhadores imigrantes italianos no cultivo do café, no estado de São Paulo, os quais eram forçados a cumprirem um regime de 16 h de trabalho. b) A alta taxa de analfabetismo no Brasil do início do século XX. c) O alcoolismo, problema bastante evidente na grande maioria das famílias de caboclos que viviam na região do Vale do Paraíba, interior do estado de São Paulo. d) As queimadas intencionais causadas pelos caboclos, considerados pelo autor como sendo um urupê – parasita da terra –, pois acreditavam que o fogo limpava a terra do plantio de produtos como o café. e) A decadência do ciclo do café, o que fez com que o estado de São Paulo perdesse sua hegemonia político-econômica para o estado do Rio de Janeiro durante duas décadas.
4. Nos primeiros parágrafos de "Urupês", Monteiro Lobato posiciona-se em relação às principais tendências da literatura brasileira. Assinale a alternativa em que a posição de Lobato é apresentada INCORRETAMENTE. a) Assim como os modernistas, Lobato critica a visão idealizada que os românticos tinham do índio; para ele, o romantismo brasileiro havia sido mera imitação da escola francesa, tendo apenas adaptado ao cenário dos trópicos as ideias de Rousseau. b) Para Lobato, o realismo naturalista irá acertar o tom da literatura brasileira, fugindo à caricatura para revelar outras deficiências do caboclo nacional, cuja índole ele investiga com apoio da ciência evolucionista; por isto, o naturalismo projeta-se como a literatura do futuro, por associar ao cientificismo alta dosagem de qualidade poética. c) A fraqueza moral e muscular do selvagem brasileiro - que Lobato julgava capaz de "moquear a linda menina" Ceci "num bom braseiro", em vez de amá-la perdidamente, como fez Peri - corresponde à mesma visão que Mário de Andrade adota na construção do herói Macunaíma. d) Para Lobato, a substituição do selvagem pelo caboclo como tipo brasileiro, no período pré-modernista, dando a este atributos de integridade moral, repete o mesmo equívoco de idealização que marcou o indianismo romântico.
GABARITO 1 – A, C 2 – B 3 – D 4 - B
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