Universidade Federal do Amazonas Departamento de Parasitologia AMEBAS
Universidade Federal do Amazonas Departamento de Parasitologia AMEBAS PATOGÊNICAS E DE VIDA LIVRE Profa. Dra. Maria Linda Flora de Novaes Benetton
Introdução n n Brumpt, 1925 – duas espécies Século XX 12% da população mundial parasitada – 10% sintomática Variabilidade de virulência Diamond & Clark, 1997 - diferente perfil isoenzimático, características genéticas e imunológicas – 2 espécies distintas.
Introdução n n WHO, 1997 – Complexo Histolytica: Duas espécies distintas, morfologicamente iguais: Entamoeba histolytica (Schaudinn, 1903). Entamoeba dispar (Brumpt, 1925)
Introdução n n - Entamoeba histolytica – é a mais grave das protozooses que atingem o intestino humano; Amebíase envolve 2 espécies morfologicamente distintas: E. histolytica E. dispar - formas leves e assintomáticas. Rey L. , 1980
Classificação n Sub-reino Protozoa • Filo Sarcomastigophora n Subfilo Sarcodina • Superclasse Rhizophoda Classe Lobozia ordem Aemoebida Família Entamoebida Gênero Entamoeba Iodamoeba Endolimax
Morfologia Amebas do gênero Entamoeba sp: n n Entamoeba cistos com 8 núcleos / ‘grupo coli’ E. coli (homem), E. muris (roedores), E. gallinarum (aves domésticas) Cistos 4 núcleos/ ‘grupo hystolytica’ E. histolytica, E. dispar, E. hartmani – homem, E. ranarum (sapo e rã), E. invadens, (cobras e répteis), E. moshkovskii (vida livre). n Cisto com 1 núcleo E. polecki (porco, macaco e homem), E. suis (porco) n Cistos não conhecidos ou sem E. gingivalis (homem e macaco)
Morfologia n Distinção n n Tamanho trofozoíto/cisto Estrutura Nº núcleos cistos Nº e formas das inclusões citoplasmáticas
Morfologia n Entamoeba histolytica n Trofozóito Mede entre 20 a 40 m pode chegar a 60 m na forma invasiva; Possui endo e ectoplasma; Geralmente um só núcleo; A fresco: pleomórfico, ativo, alongado, com emissão continua a rápida de pseudópodes;
Morfologia E. histolytica Cistos Mede de 8 a 20 m de diâmetro, com 4 núcleos e corpos cromatóides em forma de bastonetes ; Cariossoma: pequeno e no centro do núcleo. n
Morfologia n Entamoeba coli Trofozoíto: de 20 a 50 m; Citoplasma não diferenciado em endo e ectoplasma; Núcleo: cromatina irregular e grosseira; Cariossoma: grande e excêntrico; n Cisto com 8 núcleos e corpos cromatóides finos. n
Morfologia n Entamoeba gingivalis Trofozóito: 5 a 35 m; n Comum no tártaro dentário e processos inflamatórios da gengiva; n Transmissão ocorre pelo contato direto. n Não patogênica; n Não possui cistos n
Morfologia n n n Entamoeba hartmanni Trofozóito: de 7 a 12 m; Citoplasma diferenciado; Cisto de 5 a 10 m de diâmetro, com 4 núcleos; A estrutura nuclear semelhante a E. histolytica; cariossoma punctiforme. Vive como comensal na luz do intestino grosso.
Morfologia n n n Endolimax nana Trofozóito: 10 a 12 m é a menor ameba que vive no homem; Cisto oval de 8 m com 4 núcleos pequenos Membrana celular fina e sem grãos de cromatina; Vive como comensal.
Morfologia n Iodamoeba butschlii Cosmopolita não patogênica. Trofozoito 10 a 20 m. Cisto oval com grande vacúolo de glicogênio e núcleo bem visível com cromatina condensada em uma grande massa.
Morfologia
Amebíase / Ciclo Biológico n n n Amebíase: Infecção do homem, pela E. histolytica, podendo este apresentar ou não sintomas (WHO, 1997). Ciclo: monoxênico. Transmissão: fecal – oral, ingestão de cistos maduros.
Ciclo Biológico das Amebas
Ciclo Biológico
Ciclo evolutivo
n Ciclo Biológico / Patogênico: Ingesta ‣ cistos maduros(tetranucleados) ‣ resistência a acidez gástrica ‣desencistam-se na região ileocecal ‣liberação de metacistos(4) trofozoítos metacísticos(8) ‣no intestino grosso ‣organismos não-patogênicos (equilíbrio parasito –hospedeiro rompido invasão mucosa).
n - n Patogenicidade: Capacidade do trofozoíto alimentar-se de hemácias, destruir tecidos, invadir parede intestinal e translocar-se para outros sítios. Contato: firme adesão do trofozoíto a camada de mucina da superfície endotelial: lecitinas; Digestão da matriz extracelular: Através de seus movimentos e substâncias citolíticas (elastina); n
n Invasão: - Lesão mais precoce – pequenas elevações nodulares em cabeça de alfinete (endoscopia); - Invasão de trofozoítas na submucosa – úlceras em botão de colarinho;
Lesão em forma de “botão de camisa, gargalo de garrafa”
Quadro clínico n Classificação segundo OMS 1. Assintomáticas ( 90% dos casos) 2. Sintomáticas: - Amebíase intestinal: Colite disentérica Ameboma (raramente) Colite não disentérica
Quadro clínico n Classificação segundo OMS - Amebíase extra- intestinal: - Hepática - Pulmonar - Cutânea - Outras localizações
Formas Sintomáticas n Colite Não Disentérica - Freqüência : 2/4 evacuações, diarréicas ou não, dia, com fezes moles ou pastosas, as vezes com muco e sangue. - Desconforto abdominal ou cólicas com períodos de acalmia. n - Principalmente E. dispar
Formas Sintomáticas n Colite disentérica (disenteria amebiana) - Início agudodiarréia (10 ou + /dia) c/ evacuação mucossanguinolenta. - cólicas intestinais; tenesmo; febre (moderada).
Patologia da Infecção n n n Formas assintomáticas – 90% Formas sintomáticas (diarréia) - Amebíase intestinal: disentérica, colites não disentéricas, amebomas, apendicite amebiana. Seqüelas: perfuração, peritonite, hemorragia, invaginação, colites pós-disentéricas, estenoses. Amebíase cutânea Amebíase em outros órgãos: pulmão, cérebro, baço, rim etc.
Amebíase hepática n Local preferencial no lobo direito (através da mesentérica superior o parasito chega ao fígado) Tríade clínica: n Dor referida no hipocôndrio direito n Febre (moderada a alta) n Hepatomegalia (extremamente dolorosa) – achado mais importante - Icterícia é rara. n
Amebíase hepática e outras n n - Amebiase hepática: aguda não supurativa ( não forma pus). Abscesso hepático – necrose coliquativa (pode levar a ruptura, sepsis, e propagação para outros órgãos) n Predomínio do sexo masculino n Faixa de 20 a 60 anos
Amebíase Extra-intestinal
Diagnóstico das Amebas No caso de diarréias, sempre excluir outras fontes comuns dos sintomas (Escherichia coli enteropatológicas, Rotavirus) Entmaoeba histolytica Patogênico --------------------- • E. dispar • E. coli Em geral não patogênico • E. hartmannii (Comensal) • E. polecki --------------------- • E. gingivalis Patogenia não confirmada ou inexistente – Não forma cistos •
Diagnóstico Clínico, Laboratorial e Imunológico n n Clínico incerto Laboratorial n n Certeza: encontro parasito fezes EPF: n n Exame direto a fresco: idenfitica trofozoítos Método de Concentrção - MIF Coloração pela Hematoxilina Férrica Lutz – cisto em fezes formadas.
Diagnóstico Imunológico n A partir de material : Fezes/sangue É usado para diagnosticar amebíase intestinal e extra-intestinal. n n n Os métodos são: ELISA, imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta, contraimunoeletrofores. Estes métodos consistem na obtenção de antígenos mais puros, sensíveis. Detectam anticorpos contra Lectinas especificas de E. histolytica
Diagnóstico Imunológico n A partir de material: Fezes n Pesquisa de coproantígenos n Métodos moleculares - (PCR com oligonucleotídeos que amplificam genes específicos)
Epidemiologia n Distribuição geográfica n Acometimento : 10% população mundial n 40 -50 milhões de indivíduos – forma invasiva n 40 -100 mil mortes anuais Walsh, J. , 1986
Epidemiologia n n n Segunda causa de morte entre as doenças parasitárias; Influência de condições climáticas e socio -econômicas : hábitos alimentares ; padrão sanitário; Fatores de exarcebação de invasividade: idade, estado nutricional, integridade imunológica;
Epidemiologia n n n Na Amazônia – comportamento diferenciado – Amazonas e Pará; Maior freqüência do país – abscesso amebiano hepático- Manaus e Belém; Vias de transmissão: n n n direta – mãos, alimentos e água contaminados, homossexualismo e vetores mecânicos (moscas).
Tratamento Medicamentos utilizados no tratamento da amebíase: Metronidazol 1 - Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal (aderidos na parede e na luz); 2 - Amebicidas tissulares ( parede do intestino e fígado); 3 - Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto nos tecidos. n
Amebas - Profilaxia n n Princípios rudimentares de higiene pessoal Não ingerir água e alimentos suspeitos Não utilizar excrementos (fertilizantes) Dar um destino adequado aos dejetos humanos
Amebas - Profilaxia n n Manter os alimentos longe de insetos Lavar as mãos antes das refeições e após evacuações Manter sanitários limpos Tratar os portadores assintomáticos
Amebas Vida Livre n Naegleriab
Classificação Amebas Vida Livre n n n Naegleria fowleri – Família Schizopyrenidae Família Hartmanellidae Gênero Acanthamoeba 8 sp. Balamuthia mandrilaris, Valkampfia sp e Hartmanella sp
Biologia e Patogenia Ameba de Vida Livre n n Balamuthia mandrilaris casos meningoencefalite granulomatosa em AIDS Hartmanella recolhidas na faringe, oportunistas - meningoencefalite Naegleria fowleri meningoencefalite fulminante Acanthamoeba encefalite granulomatosa crônica, ceratites e SIDA, acomete pele e pulmões.
Amebas de vida livre n n Encontrada solo e águas lagos e rios. Formas trofozoíticas ativas e alimentam-se bactérias Cistos solo seco/poeira Desencistamento umidade banhistas
Meningoencefalites n n Agudas N. fowleri lesão hemorrágico-necrótica base do lobo frontal e cerebelo. Crônicos Acanthamoeba lesão granulomatosa paciente debilitado ou imunossuprimido.
Meningoencefalite
Ceratites Acanthamoeba Além da meningoencefalite. Pode ocorrer lesões oculares: úlceras, opacificação da córnea e cegueira
Ceratite
Epidemiologia n n Encontradas em diferentes ambientes; Espécies patogênicas- mais freqüentes em piscinas; Naegleria – comum em águas aquecidas (piscina, tanque, canais, etc) Trofozoitos resistentes a cloração habitual e cistos resistentes a dosagens elevadas.
Tratamento n n n Não se conhece uma medicação específica; Ceratite – terapêutica também difícil, o uso de medicamentos tópicos podem ser associados a antiinflamatórios. Transplante de córnea, após a cura, pode recobrar a visão.
Profilaxia n n Higiene adequada ao manusear e acondicionar lentes de contato; Evitar nadar e tomar banhos em locais desconhecidos. Utilizar proteção quando o trabalho exigir; Procurar ajuda médica, imediatamente, em casos suspeitos.
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