Unidade 3 A estrutura social e as desigualdades

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Unidade 3 A estrutura social e as desigualdades As desigualdades sociais instalaram-se no Brasil

Unidade 3 A estrutura social e as desigualdades As desigualdades sociais instalaram-se no Brasil com a chegada dos portugueses. Os povos indígenas foram vistos pelos europeus como seres exóticos e ainda hoje são alvo de preconceito. Seguiram-se os africanos escravizados, cujos descendentes sofrem discriminação pelo fato de serem negros.

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Na segunda metade do século XIX, em

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Na segunda metade do século XIX, em razão da iminente extinção do escravismo, incentivou-se a imigração europeia, sobretudo para fornecer mão de obra às lavouras de café. Os imigrantes encontraram nas fazendas condições semisservis de trabalho. Em muitos casos, as pessoas não recebiam pagamento em dinheiro; só recebiam casa, comida e outros pagamentos em espécie.

Acervo Iconographia A industrialização no Brasil começou no início do século XX e intensificou-se

Acervo Iconographia A industrialização no Brasil começou no início do século XX e intensificou-se a partir da década de 1950. Houve, então, um crescimento vertiginoso das cidades e o esvaziamento da zona rural, formando-se um proletariado industrial. São Paulo, 1956. O presidente Juscelino Kubitschek em visita à fábrica da Mercedes-Benz. O Plano de Metas, modelo desenvolvimentista adotado e popularmente conhecido como “ 50 anos em 5”, trouxe excelentes resultados em curto prazo. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil A força de

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil A força de trabalho disponível não foi totalmente absorvida pela indústria ou por outras atividades urbanas. Disso resultou a grande massa de desempregados e de semiocupados, que vivia e ainda vive à margem do sistema produtivo. Juazeirão, Piauí, às vésperas do século XXI. Sala de aula feita de pau a pique, medindo 9 metros quadrados. O modelo desenvolvimentista de Juscelino proporcionou a elevação das taxas de crescimento econômico, mas não promoveu a redução das desigualdades.

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil O processo de desenvolvimento do capitalismo no

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil O processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil foi criando as desigualdades, que se expressam no desemprego, na pobreza e na fome. As desigualdades também se expressam entre homens e mulheres e brancos e negros, por exemplo. Em contraposição, a produção agrícola e industrial e o setor de comércio e serviços têm crescido. Isso demonstra que a sociedade produz bens, serviços e riquezas, mas que sua distribuição é desigual entre os brasileiros.

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil A desigualdade analisada no Brasil Por que

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil A desigualdade analisada no Brasil Por que há pobreza no Brasil? Desde o fim do século XIX, diversos estudiosos procuram responder a essa questão. Naquela época, atribuía-se a pobreza à preguiça do brasileiro: a natureza lhe dava tudo, e era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa que não havia necessidade de trabalhar.

Outra explicação envolvia a questão racial. Autores como Euclides da Cunha, Sílvio Romero e

Outra explicação envolvia a questão racial. Autores como Euclides da Cunha, Sílvio Romero e Capistrano de Abreu criticaram severamente a mestiçagem. De acordo com eles, os mestiços demonstravam a “degeneração e falência da nação”, eram “decaídos, sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores”. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Nova Fronteira Para outros escritores, como Joaquim

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Nova Fronteira Para outros escritores, como Joaquim Nabuco, graças à raça negra havia surgido um povo do Brasil. Os latifundiários seriam os responsáveis por manter os mestiços na miséria e na ignorância. Na visão de Manoel Bonfim, as populações do interior destacavam-se pela força, cordialidade e capacidade de atuar coletivamente. O abolicionismo, de Joaquim Nabuco, publicado em 1883, foi uma das primeiras obras a analisar o sistema escravocrata e a contestar teorias que atribuíam o atraso do país à preguiça do povo ou à riqueza das terras.

A visão de base racista e determinista, segundo a qual a pobreza no Brasil

A visão de base racista e determinista, segundo a qual a pobreza no Brasil seria uma decorrência da escravidão ou da mestiçagem, foi a que predominou até a década de 1930. As chamadas “classes baixas” constituíam-se de pessoas que normalmente, nas cidades, eram consideradas perigosas e, no interior, apáticas, doentes e tristes. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

Fome e coronelismo A partir da década de 1940, a questão das desigualdades sociais

Fome e coronelismo A partir da década de 1940, a questão das desigualdades sociais aparecia sob novo olhar. O estudioso Josué de Castro analisou a desnutrição e a fome com base no processo de subdesenvolvimento, que gerava desigualdades entre os povos que tinham sido alvo de exploração colonial. Ele defendia a educação e a reforma agrária como elementos essenciais para resolver o problema da fome no Brasil. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro O jurista Victor Nunes Leal apresentava o “coronel”

Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro O jurista Victor Nunes Leal apresentava o “coronel” das grandes propriedades rurais como a base de uma estrutura agrária que mantinha os trabalhadores em situação de penúria, de abandono e de ausência de educação. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Charge de Storni, publicada na revista Careta, em 1927, ironizando o chamado voto de cabresto, uma prática frequente na República Velha. Como a votação não era secreta, o coronel mandava fiscalizar os eleitores obrigados a votar nos candidatos que escolhia.

Raça e classes A relação entre as desigualdades e as questões raciais voltou a

Raça e classes A relação entre as desigualdades e as questões raciais voltou a ser analisada nas décadas de 1950 e 1960. Procurou-se desmontar o mito da democracial brasileira, colocando o tema da raça no contexto das classes sociais. Autores como Florestan Fernandes, Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso procuraram demonstrar que os ex-escravos foram integrados à sociedade de forma precária, o que gerou uma desigualdade constitutiva da situação que seus descendentes vivem até hoje. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

Formação das classes e mudanças sociais A partir da década de 1960, outras temáticas

Formação das classes e mudanças sociais A partir da década de 1960, outras temáticas que envolviam as desigualdades sociais foram abordadas, com ênfase na análise das classes sociais. Foram desenvolvidos trabalhos para explicar como as classes sociais se constituíram no Brasil e de que maneira participavam do processo de mudanças econômicas, sociais e políticas. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Nas décadas de 1970 e 1980, foi

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Nas décadas de 1970 e 1980, foi privilegiada a análise das novas formas de participação, principalmente dos novos movimentos sociais e do novo sindicalismo. Buscava-se entender como os trabalhadores e deserdados no Brasil organizavam-se para fazer valer seus direitos de cidadãos. Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, discursa para trabalhadores na greve de 1979. Irmo Celso/Editora Abril

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil No mesmo período e entrando na década

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil No mesmo período e entrando na década de 1990, o foco da análise centrou-se nas questões relacionadas ao emprego e às condições de vida dos trabalhadores e pobres das cidades. A questão racial e das classes sociais continuaram presentes. A questão de gênero ganhou espaço, destacando-se a situação desigual das mulheres em relação aos homens. Thinkstock/Getty Images Mercado de trabalho e condições de vida

Índices de desigualdade Na década de 1990, organismos nacionais e internacionais criaram índices para

Índices de desigualdade Na década de 1990, organismos nacionais e internacionais criaram índices para mensurar a desigualdade e a pobreza. Para obter esses índices, dispomos, por exemplo, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), desenvolvida pelo IBGE, e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado pela ONU. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

Esses índices apontam as mais variadas formas de desigualdade, deixando de lado a questão

Esses índices apontam as mais variadas formas de desigualdade, deixando de lado a questão das classes sociais e a exploração existente. O objetivo central é descrever a realidade em números para orientar políticas públicas e investimentos. 9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil A questão racial-étnica segue presente nas análises

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil A questão racial-étnica segue presente nas análises de índices demonstrativos e em nosso cotidiano. Ela se expressa por meio do preconceito e apresenta evidências empíricas: os negros e pardos, por exemplo, recebem salários menores e têm acesso restrito a boas condições de habitação, saúde, trabalho e cultura.

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Exercício Alexandre Campbell/Folha Imagem Junte-se a um

9 Capítulo As desigualdades sociais no Brasil Exercício Alexandre Campbell/Folha Imagem Junte-se a um colega e discutam: como a questão das desigualdades sociais na história do Brasil se relaciona com a cena expressa nesta imagem? Fila de credenciamento em programa social governamental. Rio de Janeiro, 2004.