Tragdia drama e crise do drama por Ftima

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Tragédia, drama e crise do drama por Fátima Saadi

Tragédia, drama e crise do drama por Fátima Saadi

Roteiro da apresentação Primeira parte • Introdução à teoria dos gêneros: lírico, épico e

Roteiro da apresentação Primeira parte • Introdução à teoria dos gêneros: lírico, épico e dramático. • Tragédia grega: contexto, estrutura, principais autores. A Poética de Aristóteles.

Segunda parte • Teatro medieval: traços épicos de sua dramaturgia e de seu dispositivo

Segunda parte • Teatro medieval: traços épicos de sua dramaturgia e de seu dispositivo cênico • Redescoberta da Poética aristotélica pelos eruditos da Renascença. O classicismo francês. Gradual implantação do cenário de gabinete.

Terceira parte • Contestação do classicismo no séc. XVIII. O “drama sério”. Características da

Terceira parte • Contestação do classicismo no séc. XVIII. O “drama sério”. Características da forma fechada do drama segundo Peter Szondi. Rupturas. Quarta parte • Da impropriedade da teoria dos gêneros na contemporaneidade. Coexistência de traços dramáticos, narrativos e líricos nas peças atuais.

Poética dos gêneros • Gênero lírico – fusão entre o Eu e o mundo;

Poética dos gêneros • Gênero lírico – fusão entre o Eu e o mundo; expressão de emoções e estados de espírito; predomina a voz no presente; caráter monológico (não se configuram claramente personagens autônomos em relação ao Eu lírico) • Gênero épico – distância entre o Eu e o mundo; tom sereno e impessoal, embora o narrador se faça sempre presente no ato de narrar as situações em que se envolvem os personagens; predomina a voz do pretérito; caráter comunicativo • Gênero dramático – o mundo se apresenta como se fosse autônomo; a ação, sempre no presente, progride por meio do diálogo entre os personagens sem que o autor se manifeste diretamente à plateia no correr da peça.

Simultaneidade do surgimento da polis, da filosofia e da tragédia Tensões • polis x

Simultaneidade do surgimento da polis, da filosofia e da tragédia Tensões • polis x monarquia • filosofia x pensamento mítico • tragédia x culto aos deuses Tensões no âmbito da tragédia • coro x protagonista • poesia x prosa • tempo divino x tempo humano

Teatro grego

Teatro grego

Esquema do Teatro de Epidauro

Esquema do Teatro de Epidauro

Ruínas de Epidauro

Ruínas de Epidauro

Heroína trágica (Clitemnestra? )

Heroína trágica (Clitemnestra? )

Os três trágicos • ÉSQUILO (525 -456 a. C. ) – introduz um segundo

Os três trágicos • ÉSQUILO (525 -456 a. C. ) – introduz um segundo ator na tragédia; a divindade predomina sobre o destino humano. • SÓFOCLES (496 -406 a. C. ) – introduz um terceiro ator; equilíbrio entre o destino determinado pelos deuses e as condutas humanas que o desencadeiam. • EURÍPIDES (484 -406 a. C. ) – o indivíduo se torna praticamente autônomo em relação aos deuses. Diminuição da importância do coro. Predomínio do pathos como móvel da ação.

A tragédia segundo A poética (335 -323 a. C. ) de Aristóteles • mythos

A tragédia segundo A poética (335 -323 a. C. ) de Aristóteles • mythos – entrelaçamento das ações de forma lógica e completa: apresentação, nó e desenlace. A ação deve ser una (evitar ações paralelas). • reviravolta da fortuna do herói, de preferência da felicidade à infelicidade. • herói nem muito bom nem muito mau, cai em erro por uma deficiência de percepção não por malvadez. • caracteres devem ser verossímeis e coerentes. • efeito da tragédia: catarse por meio da compaixão e do terror. • o espetáculo cênico é uma das partes essenciais da tragédia.

Teatro medieval (a partir do século IX d. C. ) • caráter festivo e

Teatro medieval (a partir do século IX d. C. ) • caráter festivo e comunitário do teatro medieval • objetivo: catequese (Biblia pauperum) • as manifestações começam em torno do altar, passam para o adro da igreja e daí para as praças dos burgos • principais formas dramáticas (predomínio de traços narrativos) • mistérios (vidas de santos), paixões (representação da história sagrada, do gênesis ao Juízo Final); moralidades (peças alegóricas cujo entrecho é a peregrinação do homem entre as tentações e as boas obras) • espaço múltiplo: mansões representam diferentes locais da história sagrada

A loucura de Clidamant (1633) de Alexandre Hardy

A loucura de Clidamant (1633) de Alexandre Hardy

Os menecmos (1646) de Rotrou

Os menecmos (1646) de Rotrou

Cena frontal com periaktoi

Cena frontal com periaktoi

Estrutura do palco à italiana

Estrutura do palco à italiana

Classicismo francês (implantação plena em torno de 1650) • palco à italiana: frontalidade, cenário

Classicismo francês (implantação plena em torno de 1650) • palco à italiana: frontalidade, cenário em perspectiva, separação entre platéia e cena. • tragédia classicista: predomínio das regras ditas aristotélicas: ação, tempo e lugar • conceitos fundamentais: verossimilhança e decoro. Banimento do coro trágico. • Corneille (1606 -1684): discussão política. A Querela do Cid (1637) • Racine (1639 -1699): atenção ao sentimento, desenvolvido de forma lógica em todas as suas possibilidades e complicações.

Espectadores no palco durante representação. Ilustração da edição de 1666 da comédia O casamento

Espectadores no palco durante representação. Ilustração da edição de 1666 da comédia O casamento na aldeia, de Brécourt

O filósofo casado, de Destouches, 1727

O filósofo casado, de Destouches, 1727

Cena de Eugénie, drama sério de Beaumarchais, escrito em 1767.

Cena de Eugénie, drama sério de Beaumarchais, escrito em 1767.

O casamento de Fígaro, de Beaumarchais, escrito em 1778.

O casamento de Fígaro, de Beaumarchais, escrito em 1778.

Século XVIII ascensão da burguesia, revolução industrial • novo gênero intermediário entre a tragédia

Século XVIII ascensão da burguesia, revolução industrial • novo gênero intermediário entre a tragédia e a comédia: drama sério, comédia lacrimosa ou tragédia burguesa. Tema: a família vista sob o ponto de vista privado. Características da forma fechada ou estrita do drama: • banimento de qualquer recurso narrativo: o autor e o ator desaparecem por trás dos personagens. O drama constitui uma unidade fechada sobre si mesma. • conflito interindividual por meio do diálogo em prosa • fechamento do espaço cênico: construção do gabinete; recurso à quarta parede • tempo presente: ações brotam umas das outras

A crise do drama a partir de 1880 • forma dramática estrita tensionada pelo

A crise do drama a partir de 1880 • forma dramática estrita tensionada pelo uso de elementos épicos e/ou líricos • Ibsen (1828 -1906) – John Gabriel Borkman (1896): ausência de progressão da trama; predomínio do passado sobre o presente; personagem observador (que não age). • Tchekhov (1860 -1904) – O jardim das cerejeiras (1903): teatro de atmosfera, ausência de suspense; desestruturação do diálogo, substituído pela coralidade. • Strindberg (1849 -1912) – O sonho (1901): drama de estações; condensação da ação e amplitude do espectro temporal: a vida é apresentada em sua totalidade (âmbitos íntimo, social e cósmico); multiplicidade de lugares.

Características do drama na contemporaneidade • jogo entre traços dramáticos e narrativos • progressão

Características do drama na contemporaneidade • jogo entre traços dramáticos e narrativos • progressão linear da ação desmontada por fatores de desaceleração do tempo, interrupção, retrospecção, repetição. • recorte e montagem: quadros, fragmentos, formas breves, “estações”, ligados de forma não causal. • a situação predomina sobre a ação, a dramatização se alterna com a desdramatização • personagens observadores substituem os heróis e personagens agentes • preponderância dos elementos estruturais (exibição da forma)

O animal do tempo, de Valère Novarina direção de Antonio Guedes, com Ana Kfouri

O animal do tempo, de Valère Novarina direção de Antonio Guedes, com Ana Kfouri 2007