Tecnoplio A rendio da cultura tecnologia Neil Postman

Tecnopólio A rendição da cultura à tecnologia Neil Postman São Paulo – Ed. Nobel, 1992, 224 p. LGN 478 e 479 – Genética e Questões Socioambientais profa. Silvia Maria Guerra Molina

Acarrete ou não nova pesquisa científica, a tecnologia é um ramo da filosofia moral, não da ciência. Paul Goodman

Não há disputa entre humanistas e cientistas mas entre tecnologias e pessoas A tecnologia é uma amiga leal e inimiga Seu crescimento descontrolado destroi fontes vitais de nossa humanidade Cria uma cultura sem base moral Mina processos mentais e relações sociais que tornam a vida digna de ser vivida Ideia catastrófica: na guerra ou na paz pode ser nossa salvadora

O Julgamento de Thamus Theut – deus inventor Invenção da escrita Thamus: Escrita poderia acabar com a sabedoria e a memória Sabedoria x informação, conhecimento fardo para a sociedade Tendemos a nos tornar ferramentas de nossas ferramentas

Toda tecnologia é um fardo e uma bênção Tecnófilos – só vêem o que a tecnologia vai FAZER, não FAZER o que ela vai DESFAZER É inevitável que cada cultura precise negociar com a tecnologia As tecnologias radicais criam novas definições para velhos termos Esse processo ocorre sem que tenhamos consciência dele (diferente da introdução de novos termos)

Competência numa dada tecnologia – grupo de elite (os que não têm a competência garantem autoridade e prestígio imerecidos) Novas tecnologias dissolvem o monopólio de conhecimentos de uma tecnologia mais antiga e criam um novo – composto por um grupo diferente Benefícios e custos de uma nova tecnologia não são distribuídos por igual na sociedade

Escola – invenção da prensa tipográfica Por 400 anos professores fizeram parte do monopólio e conhecimento criado pela prensa Agora – colapso desse monopólio A quem a tecnologia X dará maior poder e liberdade? O poder e a liberdade de quem serão reduzidos?

Novas tecnologias alteram hábitos de pensamento profundamente enraizados, que dão a uma cultura seu senso de como é o mundo, senso da ordem natural das coisas, do que é sensato, necessário, inevitável e real. “O meio é a mensagem” Marshall Mc. Luhan ( tecnologia não é neutra!) “A tecnologia revela a maneira como o homem lida com a natureza” Marx “Tudo parece prego para um homem com um martelo”

Limitações dos inventores para compreender a tendência social e psicológica (e ideológica) de suas próprias invenções (relógio possibilitou o capitalismo) Tecnologias novas e antigas - visões de mundo em colisão Uma mudança significativa leva a uma mudança total Uma tecnologia nova não acrescenta ou diminui coisa alguma – ela muda tudo.

Associada a cada tecnologia – instituições que refletem a visão de mundo promovida pela tecnologia - quando as instituições são ameaçadas uma cultura entra em crise. De que maneira a nova tecnologia vai alterar - as concepções de mundo vigentes? - o relacionamento entre ricos e pobres? - a idéia de felicidade em si? Cultura oral: cooperação, aprendizado em grupo, senso de responsabilidade social Eram o contexto em que a instrução adequada e o conhecimento verdadeiros deveriam ser comunicados Cultura Escrita? . . . Individualidade, espaço, tempo

As novas tecnologias alteram: A estrutura de nossos interesses As coisas sobre as quais pensamos O caráter de nossos símbolos As coisas com que pensamos Alteram a natureza da comunidade, a arena na qual os pensamentos se desenvolvem

Tecnologias Criam maneiras como as pessoas percebem a realidade Chave para compreender as diversas formas de vida social e mental Vínculo entre condições tecnológicas, a vida simbólica e os hábitos sociais

Culturas: - As que usam ferramentas (todas até o século XVIII) - as Tecnocracias - os Tecnopólios

Culturas que usam ferramentas: Essas eram inventadas para: - satisfazer necessidades físicas imediatas - servir ao mundo simbólico (arte, política, mito, ritual, religião: castelos, catedrais) Nível alto de integração entre as ferramentas e as visões de mundo – ferramentas servem às pessoas Tecnologias podem reorientar a vida simbólica e os costumes (estribo – luta montada – séc. VIII – valorização da cavalaria)

Tecnocracias: As ferramentas desempenham um papel central no mundo das idéias da cultura Tudo precisa dar passagem em algum nível, ao desenvolvimento das ferramentas Os mundos social e simbólico tornam-se cada vez mais sujeitos às exigências desse desenvolvimento As ferramentas não são integradas à cultura, elas atacam a cultura. Elas desafiam para se tornar a cultura.

Copérnico, Kepler, Galileu, Descartes, Newton Alicerce para a tecnocracia Francis Bacon (1561) 1º da Tecnocracia Viu a relação entre ciência e melhoria da condição da vida humana Visão utilitária do conhecimento – progresso e poder Empreendimento científico – mundo moderno

Tecnocracia: Promessas de novas liberdades, de novas formas de organização social Não destrói por completo as tradições do mundo social e simbólico Revolução Francesa e 1ª Guerra Mundial – oásis de qualidade Boa literatura atingiu as massas Também a liberdade política e religiosas

Transformações: Pessoas concebidas como mercados consumidores - não como cidadãos Balzac, Flaubert, Zola – DENUNCIAM Vazio espiritual do homem econômico e a Pobreza do impulso ganancioso

Tecnopólio: tecnocracia totalitária Tecnopólio 1765 - James Watt – máquina a vapor 1776 – A riqueza das nações – Adam Smith (legitimou o novo rumo) 1850 – máquinas para fazer máquinas (elimina a “dimensão humana” do processo) 1830 fotografia e telégrafo 1840 prensa rotativa à energia 1860 cabo transatlântico 1876 telefone 1895 cinema, telégrafo sem fio

(passa a ser) Relevante: como inventar as coisas? Irrelevante: por que inventar as coisas? Séc. XIX: se alguma coisa pode ser feita, deve ser feita, objetividade, eficiência, habilidade, padronização, medida, progressos EUA: único Tecnopólio completo (em 1992)

1910 – estradas de ferro Taylor princípios de administração científica Tempo – controle O que não pode ser medido ou não existe ou não tem valor Ideias que são o alicerce da cultura americana atual ainda Objetivo do trabalho e do pensamento humano – eficiência Cálculo técnico – superior ao julgamento humano Subjetividade – obstáculo ao pensamento claro Assuntos dos cidadão orientados por especialistas

Tecnopólio: Submissão de todas as formas de vida e culturas à soberania da técnica e da tecnologia Seres humanos valem menos que máquinas Roubo do passado – poderia se interpor no caminho da inovação tecnológica Perdeu-se a confiança nos antigos sistemas de crença e em si mesmo Perda de confiança no julgamento e subjetividade humanos Restou uma coisa em que acreditar: na tecnologia Indivíduos não tomam decisões morais, só práticas – Tecnopólio - burocracia e especialização, currículos escolares

Entre a ilusão de Deus, a ilusão do cientificismo e nenhuma ilusão ou esperança de derradeira fonte de autoridade moral, qual é a mais provável de servir aos interesses humanos e qual se revela a mais mortal, na era do Tecnopólio? ? ?

Drenos: A repetição drena o valor simbólico Publicidade – devora as psiques dos consumidores Tecnopólio ideologia que dá supremacia infinita ao progresso tecnológico A publicidade é SINTOMA de uma visão de mundo que vê a tradição como obstáculo para suas pretensões Erosão dos símbolos – perdas narrativas A alternativa é viver sem sentido – o que é a derradeira negação da própria vida O crescimento do Tecnopólio esmagou antes do tempo, histórias com mais sentido(. . . )

Progresso sem limites Direitos sem responsabilidade Tecnologia sem custo Eficiência Interesse Avanço econômico Propósito da educação: produzir funcionários para o Tecnopólio vigente Símbolo chave do Tecnopólio: computador Contra o qual não deve haver nenhuma irreverência nem blasfêmia

Tecnocrata Uma pessoa sem nenhum compromisso e nenhum ponto de vista, mas com uma abundância de habilidades vendáveis

O amoroso combatente da resistência A arte da crítica cultural O que se pode fazer independente do que a cultura está fazendo? O que a cultura pode fazer independentemente do que qualquer um está fazendo? Movimento ambientalista, uma resposta? !

Cícero: “Continuar ignorante das coisas que aconteceram antes de você nascer é continuar sendo criança” - ensinar as matérias como história da construção daquele conhecimento Reduzir o conhecimento a mero produto de consumo é negar aos estudantes o conhecimento de suas raízes, com as quais, não está preocupada nenhuma outra instituição social no presente. É preciso saber de onde vieram suas idéias e por que acontece de você acreditar nelas, de onde vieram suas sensibilidades morais e estéticas

Conhecimento não é fixo, é um estágio no desenvolvimento humano História: hipóteses e teorias sobre por que aconteceram mudanças O Tecnopólio em grande parte nega à juventude o acesso a conceitos e teorias

Também: - cursos de semântica – processos com os quais as pessoas captam a realidade, relação do idioma com a realidade - literatura, artes, música: evidências da unidade e continuidade da experiência e sentimentos humanos - história da tecnologia - religião comparada Permitem-nos distância epistemológica do mundo tecnológico para criticá-lo e modificá-lo. Capacitação em oposição ao espírito do Tecnopólio

Acarrete ou não nova pesquisa científica, a tecnologia é um ramo da filosofia moral, não da ciência. Paul Goodman

Questões sugeridas por Postman para o posicionamento HUMANO em face das tecnologias: 1 - Qual era o problema, para o qual esta tecnologia foi a solução? 2 - De quem era esse problema? 3 - Que novos problemas talvez tenham sido criados quando se resolveu este problema? 4 - Que pessoas e que instituições foram mais prejudicados pelo uso desta tecnologia? 5 - Que mudanças de linguagem foram forçadas por causa das novas tecnologias? 6 - Que tipos de pessoas e instituições ganharam algum tipo de poder econômico ou político com a introdução desta tecnologia? Fonte das questões: http: //www. youtube. com/watch? v=ugl. SCu. G 31 P 4 Contribuição: Felipe Carvalho Beltrão Cavalcanti