Segure o amor com fora e beba sade
“Segure o amor com força e beba à saúde do possuidor da Dupla Glória”. A poesia andaluza em seu esplendor (século XI). Projeto desenvolvido na disciplina de Laboratório de Pesquisa e Ensino de História Antiga e Medieval, sob orientação da Profa. Dra. Fátima Regina Fernandes Frighetto Aluno: Aguinaldo Henrique Garcia de Gouveia
Localizando-se Imagem retirada da internet. Disponível em: https: //www. ign. es/espmap/mundo_bach. htm acessado em 02/06/18
Chegando a Al-Andaluz • Expansão muçulmana: – Início no século VII, com Maomé, na Península Arábica; – Chega a Al-Andaluz no início do século VIII, contando, principalmente, com pessoas do norte da África; • À Península Ibérica sob domínio muçulmano se dá o nome de Al-Andaluz.
A expansão Imagem retirada da internet. Disponível em: http: //lucianavial. blogspot. com/2015/08/a-expansao-do-isla. html acessado em 07/06/18
Al-Andaluz antes do século XI • • Governo centralizado; Califado de Córdoba; Centralização política e cultural; Al-Andaluz como um colar: – Califado de Córdoba como o fio – Cidades como as pérolas
O rompimento do colar • Turbulências políticas entre 1008 -1031: – Fim do Califado de Córdoba. • Descentralização política e cultural; • Surgimento dos reinos Taifa; • Dispersão cultural para os reinos Taifa.
Os reinos Taifa • Pequenos estados independentes; • Base em uma importante cidade (pérola); • Governado por alguma importante família da região; • Perduraram apenas durante o século XI; • Foi o período do esplendor cultural em Al. Andaluz.
Al-Andaluz no século XI Imagem retirada do livro FLETCHER, 2002 p. 61.
A poesia e o mundo árabe • Manifestação cultural mais antiga entre os árabes: – Já se encontrava estruturada e era amplamente utilizada na Península Arábica antes do surgimento do Islã. • Origens na oralidade; • Alfabeto diferente do nosso.
Manuscrito Carta do governante de Sevilha, Al-Mu’tamid, datada de 14 de agosto de 1085, enviada à outro governante muçulmano, Yusuf ibn Tashfin, pedindo ajuda para combater os cristãos. Imagem retirada do livro ALVES, 1996, p. 23.
Conceito de literatura • Restrito às manifestações artísticas e suas intenções estéticas: – Poesia; – Prosa.
O ambiente literário • Literatura cortesã: – Restrita às elites; – Praticada nas cortes. • Produção cultural associada ao mecenato: – Relacionada aos governantes.
A corte de Sevilha • Principal corte de Al-Andaluz Fotografia atual dos Alcáceres Reais de Sevilha; um complexo palaciano formador da Corte de Sevilha no século XI. Imagem retirada da internet. Disponível em: http: //www. gameofthronesspain. com/film-location/alcazar-of-seville. php acessado em 15/06/18
Principais tipos de poesia em Al. Andaluz, século XI • Tipo 01 – Descritiva: – Descrição (quase sempre em tom de exaltação) de construções humanas. • Tipo 02 – Panegírica: – Exaltação da figura de um governante.
Principais tipos de poesia em Al. Andaluz, século XI • Tipo 03 – Báquica: – Narração de episódios envolvendo o consumo de vinho. • Tipo 04 – Amorosa: – Declaração de sentimentos à pessoa amada.
Tipo 01: Descritiva Ah, aquela que chora enquanto o jardim ri, Quando ela derrama suas torrentes de lágrimas. O que surpreende a quem olha é isto: O rugido do leão e as contorções da serpente! Ela forma lingotes de prata com a água da lagoa, E faz-nos crescer nos jardins, na forma de dirhems! Poema de Ibn Waddah, “A roda d’ agua”, século XI, retirado de FLETCHER, 2002, p. 31
Tipo 02: Panegírica Segure o amor com força e beba a saúde do possuidor da Dupla Glória [isto, é al-Ma’mum] Que sustenta as terras do Oriente e do Ocidente, E que dá socorro aos crentes descendente de Ya-rub, O rei altaneiro, que humilha sultões,
Tipo 02 – Continuação Que lidera cavalgadas e é leão dos campos de batalha, Ele é um rei de coração mais bravo Que o leão, Assim como seus dedos são mais generosos que as nuvens da chuva. Poesia de Ibn Arfa’Ra’suh , século XI, dedicada para al-Ma’mum, retirada de FLETCHER, 2002, p. 51.
Tipo 03: Báquicas Em suas margens bebemos pela taça Era tempo de beber e de mais nada Mas os olhos do copeiro, na rodada Eram os mais embriagadores poesia de Ibn Ammar, retirado de GRANELLA, 2013 p. 367.
Tipo 04: Amorosa Invisível a meus olhos, trago-te sempre no coração Te envio um adeus feito de paixão e lágrimas de pena com insônia. Inventaste como possuir-me e eu, o indomável, o submisso vou ficando! Meu desejo é estar contigo sempre, oxalá se realize tal vontade
Tipo 04 – Continuação Assegura-me que o juramento que nos une nunca a distância o fará quebrar. Doce é o nome que é o teu e aqui fica escrito no poema: ‘Itmad. poesia de al-Mu’tamid retirado de ALVES, 1996, p. 83.
Poesia báquico-amorosa A noite lava as sombras das suas pálpebras com a aurora. Ligeira corria a brisa. E bebemos! Um vinho velho cor de rubi, denso de aroma e de corpo suave. poesia de al-Mu’tamid, retirado de ALVES, 1996, p 59.
Funções sociais da poesia • Valor simbólico de representação; • Possibilidade de ascensão social; • Conflitos políticos e pessoais;
Mesquita de Córdoba Imagem atual do interior da mesquita de Córdoba Imagem retirada da internet disponível em: http: //aprendersociales. blogspot. com/20 11/01/el-mihrab-de-la-mezquita-decordoba. html acessado em 15/06/18
Ascensão de Ibn Ammar O grande filho de Abbad, Um monarca que, quando cujas mãos generosas os reis Aliviam toda a falta, Da terra vêm beber, Mantém sempre verde a Eles não ousam descer à terra agradecida fonte Mesmo que os céus estejam Até que ele deixe suas negros bordas. poesia de Ibn Ammar, século XI, à Al-Mu’tadid FLETCHER, 2002, pp. 53 -54.
Al-Mu’tamid e Ibn Ammar • • Início com uma boa relação; Torna-se uma relação turbulenta; Troca de poemas ofensivos; Final trágico.
Glossário • Cortesã: relacionado à corte, ou seja, às sedes dos reinos Taifas, o local onde os governantes habitavam; • Mecenato: proteção e incentivo praticados por governantes (os mecenas) às artes; • Báquica: relacionado ao deus romano do vinho Baco; • Dirhems: moeda corrente naquele contexto;
Glossário • Panegírica: Discurso em louvor e exaltação a alguém; • Ya-rub: Nome próprio, associado a grandeza
Referências • ALVES, Adalberto. Al-Mu’tamid poeta do destino. Lisboa: Assírio & Alvim, 1996. • ARMSTRONG, Karen. O Islã. Belo Horizonte: Objetiva, 2001. • BERGONCI, Ana Paula Aydos. O pensamento autônomo de um poeta persa (séculos XI e XII): relações entre indivíduo e cultura no Rubaiyat de Omar Khayyam. 2008. 51 f. Monografia (graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, curso de graduação em História. • FLETCHER, Richard. El busca de El Cid. São Paulo: Editora UNESP, 2002. • GIORDANI, Mario Curtis. História do mundo árabe medieval. Petrópolis: Vozes, 1976. • GRANELLA, Camila Flores. “Um mundo de possibilidade: A Península Ibérica no século XI”. Cadernos de Clio, Curitiba, nº 4, 2013. • HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia da Letras, 2006.
Referências • MATA, Maria de Jesús Rubiera. Literatura Hispanoárabe. Madrid: Editora Mapfre, 1992. • PIDAL, Ramón Menéndez. Poesía árabe y poesía europea. Buenos Aires: Espasa-Calpe, 1943.
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