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Secretaria Municipal de Administração Secretaria Municipal de Educação e Cultura Divisão Técnica de Treinamento Sertãozinho, SP 1º Seminário de Educação Básica PARA UMA SOCIEDADE SEM VIOLÊNCIA e UM MUNDO EM PAZ Ubiratan D’Ambrosio ubi@usp. br Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

"Hoje não temos mais a opção entre violência e não-violência. A escolha é somente entre não-violência ou não-existência“ Martin Luther King, 1963 Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

“Violência vem de medo, medo vem de incompreensão, incompreensão vem de ignorância. … combatemos a ignorância pela educação”. Leah Wells, 2000 Violência é fruto de ignorância que gera o medo (sobretudo pela falta de conhecimento do diferente e do desconhecido). Daí recorre-se à “violência como defesa antecipada” ≈ intimidação (Guerra Fria). Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

Eliminar a violência é o resultado de VONTADE + CRIATIVIDADE + CONHECIMENTO. NÃO-VIOLÊNCIA é o caminho para a PAZ nas suas várias dimensões: PAZ INDIVIDUAL (ou INTERIOR), PAZ SOCIAL, PAZ AMBIENTAL, PAZ MILITAR. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

Atingir o estado de PAZ TOTAL, nas suas várias dimensões, só pode ser atngido como resultado de RESPEITO, SOLIDARIEDADE e COOPERAÇÃO com o outro, com o DIFERENTE. Praticar RESPEITO, SOLIDARIEDADE E COOPERAÇÃO deve ser a estratégia maior da educação. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

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1986 FOI O ANO INTERNACIONAL DA PAZ Um grupo de cientistas, reunidos em Sevilha, Espanha, em 1986, elaborou um documento, que ficou conhecido como Declaração de Sevilha sobre a Violência. A declaração foi posteriormente adotada pela UNESCO na 25ª Sessão da Conferência Geral, em 1989. www. comitepaz. org. br/sevilha. htm Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

DESTAQUES DA DECLARAÇÃO É CIENTIFICAMENTE INCORRETO dizer que herdamos uma tendência a fazer guerra de nossos ancestrais animais. A guerra é um fenômeno especificamente humano e não ocorre em outros animais. É CIENTIFICAMENTE INCORRETO dizer que a guerra, ou qualquer outro comportamento violento, é geneticamente programado na natureza humana. Embora os genes estejam co-envolvidos no estabelecimento de nossas capacidades comportamentais, eles não determinam o resultado por si sós. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

É CIENTIFICAMENTE INCORRETO dizer que no curso da evolução humana houve uma seleção de comportamentos agressivos mais do que de outros tipos de comportamento. A violência não está em nosso legado evolutivo, nem em nossos genes. É CIENTIFICAMENTE INCORRETO dizer que os humanos têm um “cérebro violento”. Não há nada em nossa neurofisiologia que nos obrigue a reagir violentamente. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

É CIENTIFICAMENTE INCORRETO dizer que a guerra é causada por “instintos” ou por qualquer motivação isolada. A tecnologia da guerra moderna vem exacerbando tendências relacionadas à violência, tanto no treinamento de combatentes em si como também na preparação de apoio à guerra por parte da população em geral. Como resultado dessa exacerbação, tais tendências muitas vezes são tidas erroneamente como causas ao invés de consequências do processo. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

CONCLUÍMOS que a biologia não condena a humanidade à guerra, e que a humanidade pode ser libertada da opressão do pessimismo biológico e ter o poder da confiança para realizar as transformações necessárias nesse Ano Internacional da Paz e nos anos que se seguirão. Embora essas tarefas sejam principalmente institucionais e coletivas, dependem também da consciência individual dos participantes, para quem pessimismo ou otimismo é fator crucial. Assim como “as guerras começam na mente dos homens”, a paz também começa na nossa mente. A mesma espécie que inventou a guerra é capaz de inventar a paz. A responsabilidade é de cada um de nós. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

Signatários: • David Adams, Psicologia, Estados Unidos • S. A. Barnett, Etologia, Austrália • N. P. Bechtereva, Neurofisiologia, Rússia. • Bonnie Frank Carter, Psicologia, Estados Unidos. • José M. Rodriguez Delgado, Neurofisiologia, Espanha • José Luis Diaz, Etologia, Mexico • Andrzej Eliasz, Psicologia das Diferenças Individuais, Polônia • Santiago Genovés, Antropologia Biológica, Mexico • Benson E. Ginsburg, Genética do Comportamento, Estados Unidos • Jo Groebel, Psicologia Social, Alemanha • Samir-Kumar Ghosh, Sociologia, Índia • Robert Hinde, Comportamento Animal, Reino Unido. • Richard E. Leakey, Antropologia Física, Quênia • Taha H. Malasi, Psicologia, Kuwait • J. Martin Ramirez, Psicologia, Espanha • Federico Mayor Zaragoza, Bioquímica, Espanha • Diana L. Mendoza, Etologia, Espanha • Ashis Nandy, Psicologia Política, India • John Paul Scott, Comportamento Animal, Estados Unidos. • Riitta Wahlstrom, Psicologia, Finlandia Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

A MESMA ESPÉCIE QUE INVENTOU A GUERRA É CAPAZ DE INVENTAR A PAZ. A RESPONSABILIDADE É DE CADA UM DE NÓS. A violência, nas suas várias formas, pode produzir desde a anulação até a morte do indivíduo. Anular é uma forma de matar a vontade, que é o maior dom do ser humano. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

A RESPONSABILIDADE É DE CADA UM DE NÓS Assumir essa responsabilidade levou um grande número de indivíduos a se organizarem mundialmente, criando um instituto de pesquisa e ação denominado CENTER FOR GLOBAL NONKILLING (CENTRO GLOBAL de NÃO MATAR). Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

CENTER FOR GLOBAL NONKILLING http: //www. nonkilling. org/node • VERMELHO ≈ VONTADE • AZUL ≈ CRIATIVIDADE • BRANCO ≈ CONHECIMENTO Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

Entendemos MATAR no sentido amplo, que inclui VIOLÊNCIA. Conceituamos VIOLÊNCIA como um comportamento que causa dano físico ou moral a outra pessoa, ou a qualquer ser vivo ou objeto. A forma mais sutil de violência é intimidar e anular o indivíduo, subordinando a sua vontade e retirando sua dignidade. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

O dano físico ou moral a outra pessoa se manifesta nas famílias, nas escolas, no trabalho, nos espaços de lazer e de comunhão, na rotina do cotidiano. A violência se manifesta com a ruptura de normas e da moral social e é, portanto, um FATO CULTURAL. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

A violência e o confronto não somente agressões físicas. Na forma de dano moral a outra pessoa, anulando-a e retirando sua dignidade, a violência se manifesta como a exclusão do indivíduo e de grupos, conduzindo os excluídos à aceitação de sua condição e ao conformismo, levando-os até à submissão total. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

Estratégias de violência moral são o patrulhamento ideológico, muito comum nos ambientes gremiais, o bullying ( ≈ agressão verbal ou física, assédio, intimidação, coação, manipulação) e, de uma forma mais sutil, o humor. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

É muito grave e faz parte da história da humanidade a VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL (=grupos organizados de indivíduos que exercem violência sob a cobertura “oficial” e “legal”) dirigida a eliminar grupos de indivíduos, como associações gremiais, grupos comportamentais, étnicos, raciais e religiosos e até comunidades e nações, através de DESDE a submissão a condições insuportáveis de vida ATÉ o genocídio no sentido amplo. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

O GENOCÍDIO NO SENTIDO AMPLO vai desde a prevenção de nascimentos (esterilização ardilosa ou explícita) em um determinado grupo de indivíduos e o seqüestro sistemático de crianças do grupo étnico, até o assassinato e extermínio em massa de grupos de indivíduos e mesmo de comunidades e nações. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

VONTADE+CRIATIVIDADE +CONHECIMENTO constituem nosso FAZER + SABER. A não violência e a paz estão, portanto, a nosso alcance, e dependem de nosso COMPORTAMENTO ( ≈ fazer) e nosso CONHECIMENTO ( ≈ saber). Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

A responsabilidade de todos é exercer o AUTOCONTROLE para que os conflitos (que são frequentes e normais) não se transformem em CONFRONTO e VIOLÊNCIA. Autocontrole aprende-se e é resultado do exercício de vontade. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

Vamos tentar entender o que é COMPORTAMENTO e o que é CONHECIMENTO. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

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Cada indivíduo é um AGENTE nesse processo, modificando a realidade pela sua ação. A realidade modificada manda novas informações e, portanto, o indivíduo parte para outras ações. É O CICLO DA VIDA. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

O CICLO DA VIDA Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

QUESTÕES MAIORES • Como se dá a informação? Pelos sentidos, o que inclui memória de experiências e memória genética. • Como se dá o processamento? Mecanismos neuro-fisiológicos. • Quais os resultados da ação? FAZER e SABER. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

FAZER ≈ COMPORTAMENTO e SABER ≈ CONHECIMENTO são AÇÕES exercidas por todo ser vivo. As ações são resposta a informações recebidas da REALIDADE ampla. As informações incluem a memória genética e a memória de experiências anteriores e são processadas pelo sistema neuro-fisiológico. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

FAZER ( ≈ COMPORTAMENTO) e SABER ( ≈ CONHECIMENTO) são ações não dicotômicas: QUEM SABE FAZ, QUEM FAZ ESTÁ SABENDO. AS AÇÕES TEM VÁRIAS DIMENSÕES: Instintiva, intuitiva, emocional, Instintiva espiritual, racional. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

A AÇÃO NAS ESPÉCIES ANIMAIS Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

A AÇÃO NA ESPÉCIE HUMANA Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

VONTADE: é o resultado da ANÁLISE de • experiências anteriores [memória] e de representações do real [MODELOS], que vêm do PASSADO. • de estímulos e informações do real PRESENTE • de objetivos específicos, que visam ações e consequências no FUTURO. TRANSCENDÊNCIA encadeia PASSADO⋟PRESENTE⋞FUTURO. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

As coisas são muito mais complicadas, pois vários indivíduos, de espécies distintas, são parte de uma MESMA REALIDADE, mas cada um recebe INFORMAÇÕES DIFERENTES e PROCESSA DIFERENTEMENTE essas informações recebidas. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

EMBORA A REALIDADE SEJA A MESMA, OS AGENTES SÃO DIFERENTES, E EXERCEM AÇÕES DIFERENTES. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

AÇÕES SÃO DIFERENTES, MUITAS VEZES CONFLITANTES O ESSENCIAL É EVITAR QUE AÇÕES CONFLITANTES GEREM CONFRONTO E VIOLÊNCIA. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009 36

Os indivíduos são diferentes, portanto as informações recebidas são diferentes e são processadas diferentemente, de acordo com interesses, necessidades e vontades próprias de cada indivíduo. Em consequência as ações são, geralmente, diferentes e, muitas vezes, conflitantes. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

É NECESSÁRIO EVITAR ESSA SITUAÇ O Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

COMO ELIMINAR A VIOLÊNCIA? Violência que causa danos físicos (que mata): “Uma sociedade sem-matar (NONKILLING)… é caracterizada por nãomatar seres humanos e sem ameaças de matar; nenhuma arma feita para matar humanos e nenhuma justificação para usá-las. ” Glenn D. Paige, 2002 Violência que causa danos morais (que anula o indivíduo e retira sua dignidade): ÉTICA. Mas que ÉTICA? Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

Assimilar ou ignorar, aceitar ou negar, são atitudes conflitantes. Tentar inculcar (impor) a uma cultura os valores da outra cultura é frustrante e negativo, pois leva ao confronto. Mas alguns valores, constituindo uma ÉTICA PRIMORDIAL, devem permanecer em qualquer cultura, pois sem esses valores não pode haver VIDA e a civilização corre o risco de extinção. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009

A ÉTICA PRIMORDIAL consiste nos valores • RESPEITO PELO OUTRO COM TODAS AS DIFERENÇAS INEVITÁVEIS, POIS INDIVÍDUO E OUTRO SÃO DIFERENTES; • SOLIDARIEDADE COM O OUTRO; • COOPERAÇÃO COM O OUTRO. Esse conjunto de valores é transcultural, devendo ser aceito por toda a humanidade. Ubiratan D'Ambrosio ubi@usp. br Sertãozinho 2009