SALOM MRIO DE SCARNEIRO Lisboa 3 de novembro
SALOMÉ MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO Lisboa, 3 de novembro de 1913
Insônia roxa. A luz a virgular-se em medo, Luz morta do luar, mais Alma do que lua. . . Ela dança, ela range. A carne, álcool de rua, Alastra-se pra mim num espasmo de segredo. . . g Clique
Tudo é capricho ao seu redor, em sombras fátuas. . . O aroma endoideceu, upou-se em cor, quebrou. . . Tenho frio. . . Alabastro!. . . A minh’Alma parou. . . E o seu corpo resvala a projectar estátuas. . . g
Ela chama-me em Íris. Nimba-se a perder-me, Golfa-me os seios nus, ecoa-se em quebranto. . . Timbres, elmos, punhais. . . A doida quer morrer-me: Mordoura-se a chorar – há sexos no seu pranto. . . Ergo-me em som, oscilo, e parto, e vou arder-me Na boca imperial que humanizou um Santo. . .
Texto: de “Poemas”, ed. de Teresa Sobral Cunha (ed. Companhia das Letras) www. escritas. org http: //wikipedia. org Imagens: Getty Images e arquivo pessoal Música: "Salomé", por Andrè Rieu Formatação: Soni@ Sirimarco
"Sá-Carneiro não teve biografia: teve só gênio. O que disse foi o que viveu. " Fernando Pessoa
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO Sá-Carneiro foi poeta, contista e ficcionista português, grande expoente do modernismo em Portugal. Sua poesia é impregnada de uma humanidade autêntica, triste e trágica. Insatisfeito e inconformista, profetizou, acertadamente, que no futuro seria feito jus à sua obra, no que não falhou. Teve forte amizade com Fernando Pessoa a quem dirigiu linda carta de despedida antes de por fim à própria vida — talvez, por motivos sentimentais e financeiros. Algumas obras: “A Confissão de Lúcio”, “Dispersão”, “Céu em Fogo”, ‘Princípio” e muitas outras. Nascido em Lisboa, em 1890, morreu com 25 anos.
Este PPS encontra-se hospedado no site: www. sabercultural. com. br Sonia Mari@
- Slides: 10