Romantismo Prosa A busca da identidade nacional foi
Romantismo Prosa
A busca da identidade nacional foi uma das preocupações mais marcantes no Romantismo brasileiro. Por ter acontecido no período pósindependência, o movimento trabalhou para estabelecer aquilo que é próprio à nação brasileira. (. . . ) A prosa no Romantismo brasileiro exalta o pitoresco de nossas paisagens, a riqueza e diversidade delas, pondo em relevo o tipo humano nativo, o índio. A classificação da poesia romântica em três gerações não é válida para a prosa. Esta é compreendida em quatro categorias: a prosa social -urbana, ambientada nas cidades; a prosa histórica, cujo tempo é necessariamente pretérito ao vivido pelo autor; a prosa indianista e a prosa regionalista, que se desenvolveu
em decorrência da necessidade de valorizar todos os espaços do Brasil, e não somente o espaço urbano ou selvagem dos romances indianistas, imprimindo um sentido nacional à nossa literatura. O gosto pelo romance no Brasil começou a ser fomentado a partir de 1830, quando se iniciou a publicação dos primeiros folhetins – encartes especiais que continham fragmentos de romances publicados em jornais ou revistas, a maioria dos quais consistindo em traduções de grandes nomes da literatura europeia. Os folhetins traziam histórias em capítulos de tal modo que suscitavam o interesse do leitor, eram sinônimos de entretenimento e lazer para estudantes, profissionais liberais e, sobretudo, para a mulher – o grande público
leitor da época. O romance passou a ser um dos gêneros mais consumidos tanto na Europa como no Brasil: era a forma que a burguesia encontrava para ter seus valores retratados por meio de intensas histórias de amor e aventura. (Literatura sem segredos, volume 4, Clenir Bellezi de Oliveira, Escala Educacional, São Paulo, 2007 – 1ª edição)
Formação de um reduzido público leitor nos centros urbanos
Democratização da Literatura
Criação da Imprensa (circulação de jornais, revistas, livros)
Folhetim (divertimento da família burguesa, a “válvula de escape” de uma vida monótona, prosaica)
Texto I Como e porque sou romancista Minha mãe e minha tia se ocupavam com trabalhos de costuras, e as amigas para não ficarem ociosas as ajudavam. Dados os primeiros momentos à conversação, passava-se à leitura e era eu chamado ao lugar de honra. Muitas vezes, confesso, essa honra me arrancava bem a contragosto de um sono começado ou de um folguedo querido; já naquela idade a reputação é um fardo e bem pesado.
Lia-se até a hora do chá, e tópicos havia tão interessantes que eu era obrigado à repetição. Compensavam esse excesso, as pausas para dar lugar às expansões do auditório, o qual desfazia-se em recriminações contra algum mau personagem, ou acompanhava de seus votos e simpatias o herói perseguido. Uma noite, daquelas em que eu estava mais possuído do livro, lia com expressão uma das páginas mais comoventes da nossa biblioteca. As senhoras, de cabeça baixa, levavam o lenço ao rosto, e poucos momentos depois não puderam conter os soluços que rompiam-lhes o seio.
Com a voz afogada pela comoção e a vista empanada pelas lágrimas, eu também cerrando ao peito o livro aberto, disparei em pranto e respondia com palavras de consolo às lamentações de minha mãe e suas amigas. Nesse instante assomava à porta um parente nosso, o Revd. º Padre Carlos Peixoto de Alencar, já assustado com o choro que ouvira ao entrar – Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, ainda mais perturbou-se: - Que aconteceu? Alguma desgraça? Perguntou arrebatadamente.
As senhoras, escondendo o rosto no lenço para ocultar do Padre Carlos o pranto e evitar seus remoques, não proferiram palavra. Tomei eu a mim responder: - Foi o pai de Amanda que morreu! Disse, mostrandolhe o livro aberto. Compreendeu o Padre Carlos e soltou uma gargalhada, como ele as sabia dar, verdadeira gargalhada homérica, que mais parecia uma salva de sinos a repicarem do que riso humano. E após esta, outra e outra, que era ele inesgotável, quando ria de abundância de coração, com o gênio prazenteiro de que a natureza o dotara.
Foi essa leitura contínua e repetida de novelas e romances que primeiro imprimiu em meu espírito a tendência para essa forma literária [o romance] que é entre todas a de minha predileção? Não me animo a resolver esta questão psicológica, mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões. José de Alencar Como e porque sou romancista. Campinas: Pontes, 1990.
Romance Indianista ü Costumes e tradições do índio brasileiro e o contato com o colonizador ü Caráter nacionalista ü Principal representante – José de Alencar: O guarani (1857), Iracema(1865) e Ubirajara (1874)
Romance Regionalista ü Compreender e valorizar a variedade cultural das regiões brasileiras ü Espelha a realidade (idealizada) ü Inocência – Visconde de Taunay: história de amor impossível entre o quase “doutor” Cirino e a enfermeira Inocência, prometida ao vaqueiro Manecão Doca ü Bernardo Guimarães
Língua Portuguesa, 2º ano A literatura romântica Procura caracterizar as grandes regiões do país, retratando sua paisagem local, seus costumes, suas estruturas sociais e sua linguagem. Pertencem a esse grupo as obras: O sertanejo (norte), O gaúcho (sul), Til e O tronco do ipê (centro). Manuel Antônio de Almeida: Ficou famoso por seu único romance, Memórias de um sargento de milícias (1854 -1855).
Romance Urbano ü Tipo de romance mais lido no século XIX – costumes e dia a dia do público leitor ü (Rio de Janeiro) ü Conflitos sentimentais ü Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida; Lucíola e Senhora, José de Alencar
O romance urbano retratava a vida social da época. A pequena burguesia é apresentada sem aprofundamento psicológico, visto que a sociedade brasileira, ainda pouco urbanizada, não propicia análises de suas relações sociais pouco variadas. Cenas de saraus, bailes, passeios ao campo, etc. , alternam-se complicações de caráter social e moral, como casamentos, namoros, bisbilhotices etc. São romances urbanos: A Moreninha, O Moço Loiro, de Joaquim Manuel de Macedo; Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela, Cinco Minutos e A Viuvinha, de José de Alencar.
Romance Histórico ü Relato de fatos do passado - reconstrução dos costumes, da fala e das instituições ü As Minas de Prata, A guerra dos Mascates - José de Alencar
Há uma volta ao passado histórico, medieval (ou indígena, no caso do romance brasileiro, uma vez que aqui não houve Idade Média) e revela o gosto pelo suspense e a ênfase na vingança punitiva. Apesar da influência estrangeira, pouco a pouco o romancista volta-se para a reconstituição do clima nacional; procura ser fiel aos hábitos, instituições e modus vivendi.
Resumindo: Principais Características ü Narrativas de temática amorosa; ü Sentimentalismo; ü Religiosidade; ü Final preferencialmente feliz; ü Casamento – redenção ou ascensão social; ü Heróis e heroínas idealizados; ü Personagens planos; ü Narrativas lineares; ü Linguagem simples; ü Observação dos costumes.
Principal autor José de Alencar
ü Valorização de temas essencialmente nacionalistas, como o índio e a natureza; ü Sentimentalismo: lirismo extremo; ü Crítico sutil da sociedade da época; ü Expressão, na literatura, do retrato da cultura brasileira, utilizando o índio como nosso herói nacional; ü Caracterização minuciosa das heroínas românticas (idealização): Aurélia, Diva, Cecília, Iracema, Lucíola etc.
Texto II Iracema(fragmento) “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. . O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. . Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. . .
O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. . Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. .
(. . . ) Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem -lhe o corpo. ”
Samba Enredo 2017 - A Virgem Dos Lábios de Mel – Iracema G. R. E. S. Beija-Flor de Nilópolis (RJ) A Jandaia cantou no alto da palmeira O nome de Iracema Lábios de mel, riso mais doce que o jati Linda demais, cunhã-porã itereí Vou cantar Juremê, Juremê Vou contar Juremá, Juremá Uma história de amor, meu amor É o carnaval da Beija-Flor Araquém bateu no chão
A aldeia toda estremeceu O ódio de Irapuã Quando a virgem de Tupã se encantou com o europeu Nessa casa de caboclo hoje é dia de Ajucá Duas tribos em conflito De um romance tão bonito começou meu Ceará Pega no amerê, areté, anamá
Bem no coração dessa nossa terra A menina moça, e o homem de guerra Ele sente a flecha, ela acerta o alvo Índia na floresta, branco apaixonado Vem pra minha aldeia, Beija-Flor Tabajara, pitiguara, bate forte o tambor Um chamado de guerra, minha tribo chegou Reclamando a pureza da pele vermelha Bate o coração de Moacir O milagre da vida, me faz um mameluco na Sapucaí Ó linda Iracema morreu de saudade Mulher brasileira de tanta coragem
Um raio de sol a luz do meu dia Iluminada nessa minha fantasia A Jandaia cantou no alto da palmeira O nome de Iracema Lábios de mel, riso mais doce que o jati Linda demais, cunhã-porã itereí Vou cantar Juremê, Juremê Vou contar Juremá, Juremá Uma história de amor, meu amor É o carnaval da Beija-Flor
Texto III. Senhora (fragmento) . AURÉLIA As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram justamente contra a riqueza que lhe servia de trono, e sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas, receberia como rainha desdenhosa, a vassalagem que lhe rendiam. . Por isso mesmo considerava ela o ouro um vil metal que rebaixava os homens; e no íntimo sentia-se profundamente humilhada pensando que para toda essa gente que a cercava, ela, a sua pessoa, não merecia uma só das bajulações que tributavam a cada um de seus mil contos de réis. .
(. . . ) Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o mesmo estalão. Assim costumava ela indicar o merecimento relativo de cada um dos pretendentes, dando-lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adores pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial. . .
Uma noite, no Cassino, a Lísia Soares, que fazia-se íntima com ela, e desejava ardentemente vê-la casada, dirigiu-lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz elegante que chegara recentemente da Europa: . - É um moço muito distinto - respondeu Aurélia sorrindo; vale bem como noivo cem contos de réis; mas eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço, Lísia; não me contento com esse. . Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à conta de gracinhas de moça espirituosa; porém a maior parte das senhoras,
sobretudo aquelas que tinham filhas moças, não cansavam de criticar esses modos desenvoltos, impróprios de meninas bem educadas. Os adores de Aurélia sabiam, pois ela não fazia mistério, do preço de sua cotação no rol da moça; e longe de se agastarem com a franqueza, divertiam-se com o jogo que muitas vezes resultava do ágio de suas ações naquela empresa nupcial.
Texto IV . Memórias de um Sargento de Milícias (fragmento) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitona.
O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda.
Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)
Permanência da escola literária
Momento musical
Aquarela Brasileira Monobloco
Texto V Aquarela Brasileira Vejam esta maravilha de cenário É um episódio relicário Em que o artista Num sonho genial Escolheu para este carnaval E o asfalto como passarela Será aquela O Brasil em forma de aquarela Passeando pelas cercanias do Amazonas Conheci vastos seringais E no Pará, na ilha de Marajó E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais Deparei com lindos coqueirais Estava no Ceará Terra de Irapuã, de Iracema, e Tupã Fiquei radiante de alegria Quando cheguei à Bahia de Castro Alves e do acarajé Das noites de magia Do Candomblé E pude atravessar As matas do Ipu Assisti em Pernambuco A festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque Na arte, na beleza e arquitetura Feitiços de garoa pela serra São Paulo engrandece a nossa terra Do Leste por todo Centro-Oeste Tudo é belo, e tem lindo matiz E o Rio O Rio de sambas e batucadas De malandros e mulatas De requebros febris Brasil, essas nossas verdes matas Cachoeiras e cascatas De colorido sutil E este lindo céu azul de anil Emoldura em aquarela o meu Brasil Lá, lá, lá Silas de Oliveira
Acústico MTV Cássia Eller Luz dos Olhos
Texto VI Luz dos Olhos Ponho os meus olhos em você Se você está Dona dos meus olhos é você Avião no ar Um dia pra esses olhos sem te ver É como chão no mar Liga o rádio à pilha, a Tv Só pra você escutar A nova música que eu fiz agora Lá fora a rua vazia chora. . .
Pois meus olhos vidram ao te ver São dois fãs, um par Pus nos olhos vidros pra poder Melhor te enxergar Luz dos olhos para anoitecer É só você se afastar Pinta os lábios para escrever A sua boca é minha. . .
Que a nossa música eu fiz agora Lá fora a lua irradia a glória E eu te chamo, eu te peço: Vem! Diga que você me quer Porque eu te quero também! Passo as tardes pensando Faço as pazes tentando Te telefonar
Cartazes te procurando Aeronaves seguem pousando Sem você desembarcar Pra eu te dar a mão nessa hora Levar as malas pro fusca lá fora. . E eu vou guiando Eu te espero, vem. . . Diga que você me quer Porque eu te quero também E eu te amo! E eu berro: Vem! Grita que você me quer Que eu vou gritar também! Hei!. . .
(E eu gosto dela E ela gosta de mim Eu penso nela Será que isso não vai ter fim? ) Nando Reis
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