Ricardo Reis Poema No tenhas nada nas mos

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Ricardo Reis Poema «Não tenhas nada nas mãos»

Ricardo Reis Poema «Não tenhas nada nas mãos»

Henry John Yeend King, 2 Raparigas recolhem flores (c. 1889).

Henry John Yeend King, 2 Raparigas recolhem flores (c. 1889).

3 Não tenhas nada nas mãos Que horas que te não tornem Nem uma

3 Não tenhas nada nas mãos Que horas que te não tornem Nem uma memória na alma, Da estatura da sombra Que quando te puserem Que serás quando fores Nas mãos o óbolo último, Na noite e ao fim da estrada? Ao abrirem-te as mãos Colhe as flores mas larga-as, Nada te cairá. Das mãos mal as olhaste. Que trono te querem dar Senta-te ao sol. Abdica Que Átropos to não tire? E sê rei de ti próprio. Que louros que não fanem Nos arbítrios de Minos?

4 I. Símbolos da morte — «sombra» Óbolo Moeda colocada sob a língua do

4 I. Símbolos da morte — «sombra» Óbolo Moeda colocada sob a língua do cadáver para que o morto pudesse pagar a viagem Átropos Uma das moiras; conhecida por ser inflexível, era responsável por cortar o fio da vida aos mortais, determinando o momento da sua morte Minos Era o juiz dos mortos no submundo (reino de Hades ou inferno) Divindades, símbolos e conceitos da cultura clássica Base da formação de Ricardo Reis John Melhuish Strudwick, Cortando o fio da vida (1885).

5 II. Solução para evitar o sofrimento causado pela morte Abdicar, não fazer esforços

5 II. Solução para evitar o sofrimento causado pela morte Abdicar, não fazer esforços «não ter nada das mãos» Não tendo nada nas mãos, nada perderemos no momento da morte «Ao abrirem-te as mãos / Nada te cairá. » Devemos renunciar ao que nos prende à vida Poder, bens Trono Louros Símbolos Glória, honrarias

6 III. Sermos reis de nós próprios Finalidade da filosofia de vida proposta no

6 III. Sermos reis de nós próprios Finalidade da filosofia de vida proposta no poema Controlar as condições em que existimos. Como? «[…] quando te puserem / Nas mãos o óbolo último» — Aceitando a morte como algo natural «Não tenhas nada nas mãos / Nem uma memória na alma, » — Renunciando às paixões e aos sentimentos intensos, que deixam memórias «na alma» «Que louros que não fanem / Nos arbítrios de Minos? » — «Largando» a glória mundana e renunciando à ambição