Repartiremos a terra a beleza o amor tudo
Repartiremos a terra, a beleza, o amor, tudo isso tem sabor de pão, forma de pão, germinação de farinha, todo nasceu para ser partilhado, para ser dado, para se multiplicar. ODE AO PÃO. (Pablo Neruda). João 6, 41 -51 19º domingo –B 9 agosto 2009
Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desce do céu» . E diziam: –Não é Ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’? Começavam a ter força alguns dos movimentos gnósticos. O evangelista quer deixar firmemente assente a humanidade de Jesus frente a estes grupos que não a admitiam. É mais fácil e cómodo crer num Deus longínquo, de outro mundo, que em alguém encarnado na humanidade que nos questiona e nos compromete. Que os nossos olhos sejam capazes de descobrir no carpinteiro, filho de José e Maria, o único “pão” que pode alimentar o nosso espírito. Que a fé que professamos não nos impeça de conhecer Jesus.
Jesus respondeu-lhes: –Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Temos facilidade em murmurar? Jesus continua a recomendar-nos: “Não murmureis”. É a fé que nos anima, que dá sentido à nossa vida cristã. A fé não consiste em conhecer conceitos ou verdades abstractas, mas em conhecer Jesus, tratar de ser e actuar como Ele. Não é questão de ideias, mas de relação pessoal.
Em verdade vos digo: quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Nesta auto-apresentação, Jesus manifesta-Se como a resposta às esperanças e necessidades do ser humano. Seguir Jesus é ter "vida eterna“, desde já. Dessa vida Jesus é o pão, O que a alimenta e a fortalece. A expresão “vida eterna” não significa só uma vida de duração ilimitada. Trata-se de uma vida vivida em profundidade e qualidade nova. Uma vida plena, que vai mais além de nós mesmos. Uma vida a qual nenhum mau acontecimento pode truncar. Nem a morte.
No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu para que não morra quem dele comer. Jesus acrescentou: –Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Creio que Jesus é vida. Creio que a humanidade de Jesus me leva a ter presente a fome e a sede das pessoas que as sofrem e a repartir o “pão do céu”: alimento, alegria, utopia, solidariedade, paz, vida. . .
Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo. O convite a comer não se refere aqui ao acto físico de levar um alimento à boca para o mastigar e digerir. Jesus vai mais além e pede aos que O escutam que se nutram interiormente d’Ele, que assimilem a sua palavra e a sua pessoa. Para poder ser, como Ele, alimento e vida para o mundo.
Eu sou o Pão de cada uma das vossas estações. Eu sou o pão das vossas primaveras, a realidade dos vossos sonhos; eu sou o pão dos vossos verões, o caminho da vossa humanidade; eu sou o pão dos vossos outonos, a vida de cada hora que passa; eu sou o pão dos vossos invernos, a ressurreição da vossa terra; eu faço de cada estação da vossa vida uma imensa mesa partilhada, uma Páscoa de liberdade, um caminho de eternidade.
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