Razes do Brasil Srgio Buarque de Holanda Notas
Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda
Notas Biográficas • • • • Sérgio Buarque de Holanda – nasce em São Paulo em 1902 - 1982. Estuda no colégio São Bento e é aluno do historiador Afonso Taunay; 1921 – Muda-se para o Rio de Janeiro e se forma em Direito - 1925; Atua como Escritor e Jornalista, se envolve no movimento modernista (Ex: Semana de Arte Moderna de 1922 – Mário de Andrade e Oswald de Andrade); 1929 – 1930 (1)– Viaja para Alemanha como correspondente do Jornal (Assis Chateaubriand) acompanhando os anos finais da República de Weimar e o início da ascensão do Nazismo; 1936 Professor assistente – Universidade do Distrito Federal (UFRJ); 1936 – Publica Raízes do Brasil; 1941 – visiting scholar EUA; 1946 – Muda-se para São Paulo e assume a direção do Museu Paulista; 1953 – 1955 – Assume a cadeira de Estudos Brasileiros na Universidade de Roma; 1956 – Assume a cátedra de História do Brasil na USP – escreve em 1958 – Visão do Paraíso (concurso da Cátedra); 1962 – Dirige o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) 1969 – Aposenta-se na USP – em protesto ao AI-5 (1968);
Raízes do Brasil • • • É uma síntese interpretativa da trajetória histórica brasileira; Compartilha com Gilberto Freyre a importância da colonização ibérica no surgimento do país, o fato de “constituirmos o único esforço bem-sucedido, em larga escala, de transplantação da cultura européia para uma zona de clima tropica e subtropical”. Somos um país fruto da colonização ibérica, porém diferente de Freyre que ressalta os aspectos positivos e inéditos da experiência histórica brasileira (buscando a identidade única, essencial, mestiça, do Brasil), em S. B. H. trata-se, diferentemente, de entender quais são as tensões constitutivas da formação da nação brasileira, no caso mais específico R. B. compreender o peso da herança ibérica (rural, patriarcal e personalíssima) e como isto bloqueia as possibilidades de transformação, modernização e democratização da sociedade brasileira; É uma obra sobre os dilemas da Modernização Brasileira – um ensaio / reflexão sobre possibilidades e dificuldades de se estabelecer a democracia no Brasil; Influência do pensamento Alemão – historiadores Von Ranke – Sociólogos Max Weber (a noção de Tipo Ideal), neste sentido, se destaca a contribuição da noção do “Homem Cordial” e o impacto disto na política e constituição do Estado no Brasil; A interpretação que o Brasil passa por uma Revolução – pensando o caráter deste revolução, as rupturas com as ordens antigas e as possibilidades nela inscritas.
Bresser-Pereira
O caráter ibérico (Europa / África) do Português
• Para analisar o caráter da colonização tropical ibérica – S. B. H. cria dois tipos-ideais: • O Aventureiro: o objetivo final é mais importante dos que os meios; seu ideal é colher os frutos sem plantar a árvore; ignora fronteiras, não respeita regras, audacioso, criativo, não busca estabilidade, segurança, o trabalhador lhe parece estúpido e mesquinho. • O Trabalhador: enfatiza a dificuldade e o planejamento para enfrentar os obstáculos, metódico, econômico, racional.
• No capítulo 04 “O semeador e o Ladrilhador”, S. B. H. irá diferenciar duas formas de colonização: o modelo português e o modelo espanhol; • A construção de cidades é vista como uma forma eficaz de expandir a dominação colonial; • Porém, enquanto as cidades são construídas para criar o espaço público, a ordem política e a burocracia (tal como no modelo planejado – ladrilhador – dos espanhóis); no modelo português prevalece a forma desorganizada, anárquica, aventureira do crescimento das cidades e sobretudo o modelo agrário patriarcal do campo faz com que o rural continue subjugando as cidades.
Precisamos romper com as raízes ibéricas
O “homem cordial” • Robert Wegner
personalismo Bresser-Pereira
• A partir do capítulo 06 Novos Tempos, S. B. H. inicia um reflexão sobre as transformações em curso na sociedade brasileira da época, após ter caracterizado nosso passado e nossas heranças políticas, sociais e culturais, neste momento em diante, importa avaliar o impacto delas no presente e no futuro e quais são os destinos possíveis que elas inscrevem.
Revolução Lenta • Não está referida a um momento específico (se desenrola há mais de três quartos de século) – é marcada por pontos culminantes (1808 – 1822 – 1850. . . ) e tem na abolição da escravidão o início do declínio da herança ibérica – rural – agrarismo / patriarcal; • Em oposição, desenvolve-se um Brasil urbano, apoiado na cultura do café (“planta democrática”), que recepciona ideais Liberais (cidadania, burocracia, imparcialidade - americanismo) capaz de romper com a lógica do personalismo e da gestão tradicional na política nacional.
Nossa Revolução
Caio Prado Júnior – Formação do Brasil Contemporâneo - 1942
• Caio Prado Jr. – São Paulo, 1907 - 1990, formado em Direito e Geografia (economista, historiador, sociólogo – sobretudo no que toca ao marxismo no Brasil). Família aristocrática (família paulista de cafeicultores), liga-se ao movimento operário – intelectual militante ligado ao PCB – ANL (Aliança Nacional Libertadora); • Prisão em 1935 (ao longo de outras) – exílio na França – 1937 – desenvolveu militância e participação intelectual durante períodos chave da história brasileira – 1930 – 1970 sendo perseguido, preso e exilado em diferentes momentos; • Obras - Formação do Brasil contemporâneo (1942) e A Revolução Brasileira (1966); • Um pensador “marxista original” e um dos primeiros a desenvolver uma interpretação histórica do Brasil a partir do materialismo histórico;
O Sentido da Colonização • • • Para Caio Prado Jr. o sentido pode ser visto como a orientação, o fio condutor que move a evolução histórica e caracteriza, no todo(não se apega aos detalhes) o conjunto da obra da formação do País; O primeiro elemento é considerar que a expansão marítima portuguesa não é um fato isolado – empresa comercial (capitalismo mercantilista) – a colonização significava aproveitamento máximo das riquezas naturais – isto significava um empreendimento de colonização de exploração -> diferente das colônias de povoamento na América do Norte; Exploração agrária – unidades produtoras em larga escala – para cada proprietário / muitos trabalhadores subordinados (trabalhadores subordinados, escravos, sem propriedade, predomínio do trabalho servil); A colonização dos trópicos, inscrita num contexto mais amplo do capitalismo mercantilista europeu, se destinava a explorar recursos naturais, produção agrícola em larga escala e com mão-de-obra servil e subordinada em proveito do território europeu, para alimentar o mercado externo e remetendo os lucros para as metrópoles; Considerações -> “O Brasil nasce capitalista” – mas precisamos compreender qual a dinâmica e o sentido do capitalismo que se desenvolveu no país
Peso da Colonização
Formação Social no Brasil • • • O papel central da escravidão na organização social e política do Brasil – no interior do sentido da colonização e na presença dela ao longo do desenvolvimento e da modernização do Brasil contemporâneo; A escravidão forma duas grandes categorias sociais: Dirigentes da colonização (homens brancos); Massa trabalhadora (negros escravizados, trabalho servil, subalterno); Conforme a sociedade se moderniza (abolição), ainda assim o arranjo colonial não se dissolve por completo; Há uma grande dificuldade de assimilar a população “livre” (escravos libertos, indígenas) – ficam de fora do arranjo econômico local – mão-de-obra ociosa, discriminados como “vadios”; Baixa diversificação de papéis sociais e econômicos (profissionais); A questão cultural (contribuição de indígenas e negros) é relativizada (comparada com a abordagem freyriana) a partir da importância do papel do sentido da colonização – de que modo a imposição do modo de produção e do trabalho escravo limitavam as outras contribuições; De forma semelhante, o patriarcalismo também poderia ser interpretado em vista do controle total econômico e político que concentrava a vida social no patriarca e na casa grande. Abre a possibilidade de pensarmos a formação das classes sociais no Brasil e as formas de transformações políticas possíveis – elementos de modernização e permanências do histórico colonial.
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