QUE FAMLIA PARA O MUNDO DE HOJE A

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QUE FAMÍLIA PARA O MUNDO DE HOJE? A família, Igreja doméstica

QUE FAMÍLIA PARA O MUNDO DE HOJE? A família, Igreja doméstica

Comecemos por olhar para a família

Comecemos por olhar para a família

Não é exagerado afirmar que a história da humanidade tem sido – é e

Não é exagerado afirmar que a história da humanidade tem sido – é e será – a história da família, dos diversos modelos que, histórica e culturalmente, têm sido utilizados para configurar e dar vida à espaciotemporalidade familiar. Na longa história da humanidade, esta, para o bem e para o mal, tem sido a pedra angular sobre a qual se tem erigido a prática relacional que é característica, identificativa e tipificante da condição humana.

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O ser humano como ser acolhido e reconhecido. n n n A construção do ser humano mediante a palavra. A constituição espacio-temporal do ser humano. A experiência da inevitabilidade do simbólico.

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O ser humano como ser acolhido e reconhecido. n Nascemos humanos. . . q . . . Mas humanizamo-nos n n n q Para realizar a tarefa de humanização necessitamos certo tipo de transmissões. . . que nos permitam adquirir a «competência gramatical e linguística» específica do ser humano. . que permitam ao recém nascido ir adquirindo uma fisionomia tipicamente humana. A qualidade do humano está directamente relacionada com a qualidade do acolhimento e reconhecimento.

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O ser humano como ser acolhido e reconhecido. q As estruturas de acolhimento e reconhecimento. n n q q q Permitem a constituição humana e cultural do homem/mulher biológico e natural. Permitem ao ser humano ir desenvolvendo a habilidade de se construir como pessoa. A Codescendência (Família). A Coresidência (Sociedade). A Cotranscendência (Religião).

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A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Família Comunidade. q q Membros que partilham algo em comum. Algo em comum que não é arbitrário, ou conjuntural. n n n Esse algo é a vida vivida em comum. Esse algo é o nós (relação eu-tu, porque relação tu-tu). Esse algo é também uma ‘moral de afectos’.

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A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Memória. q O ser humano é sempre um herdeiro. n n n Uma adequada recepção, contextualização e assimilação da herança (da tradição) torna-se decisiva para a existência, para a ‘saúde’ do ser humano. A memória permitir situar cada indivíduo numa história concreta, fora da qual o presente é pouco consistente e o futuro improvável. A memória narrada permite a coimplicação efectiva e experiencial com os que nos precederam e com os que nos seguirão.

A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Comunicação familiar. Pouco a pouco a

A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Comunicação familiar. Pouco a pouco a criança guiada pelas transmissões narrativas das «teodiceias maternais» e das «teodiceias paternais» , vai tornando-se capaz de construir, na variedade dos espaços e dos tempos, o seu mundo: progressivamente vai aprendendo a habitá-lo simpaticamente, num processo jamais acabado de ‘empalavramento’ da realidade.

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A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Espaço Familiar. q q O espaço humano, como espaço habitado (vivido, significado, simbolizado e não só ocupado), constitui um aspecto fundamental do viver humano. Daí a importância da casa da família como exercício do habitar. O espaço familiar como ‘centro do mundo’ (dele partimos a ele voltamos). A partir dele organizamos o ‘cosmos’. E neste lugar há espaço para exercitar o habitar do Mistério de Deus (que me habita e que eu habito)?

A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Tempo Familiar. q Exercício do ‘tempo

A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Tempo Familiar. q Exercício do ‘tempo total’ n n Passado, presente futuro. Tempo humanizador (não demasiado rápido, não demasiado lento não reduzido ao ‘cronos’). Tempo ‘ordinário’, tempo festivo. Tempo para mim, tempo para o outro (Outro), tempo para nós.

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A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Linguagem q É no seio da família que o ser humano n n deixa de ser um infante (aquele que não fala). Aprende as diversas linguagens que lhe permitem: q q q ‘Empalavrar’ a realidade, a existência e a si mesmo. Passar do ‘caos’ ao ‘cosmos’. Habitar o tempo e o espaço. Lidar com a contingência que o caracteriza (ser finito capaz do infinito, sedento de absoluto e de vida). Humanizar-se.

A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Linguagem Simbólica. q q O profundo

A Família Estrutura de Acolhimento e Reconhecimento n Linguagem Simbólica. q q O profundo do real (do real da história, do nosso próprio real) não se esgota no biológico, ou no que é simplesmente visto ou tocado. Para dizer (‘empalavrar’) a profundidade da condição humana torna-se necessária uma linguagem capaz. n n Aqui surge o campo do simbólico. Através de realidades penúltimas ousamos ‘dizer’ (‘empalavrar’) a realidade última que constantemente intuímos no nosso viver e para a qual nos sentimos atraídos O símbolo é a linguagem que respeita a dignidade humana e a dignidade divina. Ele une sem destruir a identidade. Ele relaciona sem provocar fusão. Ele co-implica sem confundir os campos

Olhemos agora para S. Paulo

Olhemos agora para S. Paulo

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Um Itinerário n n n Galileia Tarso Jerusalém (+/- 20 anos) Damasco (+/- 3 anos) Jerusálem (Breve passagem para falar com Pedro) Antioquia q q n n Jerusalém (Assembleia com os ‘notáveis’) Éfeso q n n Com Barnabé – Antioquia da Psídia, Icónio, Listra, Derbe Com Timóteo – Galácia, Filipos, Tessalónica, Corinto (Colossos (não directamente Paulo) Troade, Macedónia Jerusalém (Entrega da colecta) Roma

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Um exercício de ‘empalavramento’ n n n n Galileia (Circuncidado ao oitavo dia, raça de Israel, Tribo de Benjamim Filp 3, 4 -5) Tarso (Judeu, frequenta a academia, estuda retórica) Jerusalém (Fariseu, Aluno de Gamaliel I, estuda a Lei Damasco (Encontro com o Ressuscitado) Jerusalém (Breve passagem para falar com Pedro – Procura da Memória) Antioquia (Comunidades mistas – Lei e Messias Jerusalém (Paulo defende a sua visão) Éfeso q q “Paulo apóstolo não da parte dos homens nem por intermédio de um homem, mas por Jesus Cristo e Deus Pai que o ressuscitou de entre os mortos” (Gal 1, 1) “Não sou, porventura livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus nosso senhor? Não sois minha obra no Senhor? ” (ICor 9, 1)

Um exercício de ‘empalavramento’ n A experiência de encontro com o Ressuscitado q q

Um exercício de ‘empalavramento’ n A experiência de encontro com o Ressuscitado q q q Marca um ‘antes’ e um ‘depois’ O seu viver e fazer brota agora desse encontro Constitui para Paulo a concretização e o envio para a missão n n q “Quando porém, aquele que me separou desde o seio materno e me chamou por sua graça, houve por bem revelar em mim o seu filho, para que eu evangelizasse entre os gentios” (Gal 1, 15 -16) É uma experiência e um encontro continuamente renovada(o) e aprofundada(o) Paulo percebe o amor que Cristo revelou como constituinte de uma nova etapa. Agora é necessário algo maior do que a simples cooperação e colaboração. O anúncio do Evangelho só pode ser verdadeiramente consistente tendo como base uma existência partilhada em comunidade

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n Olhemos agora para as Comunidades Paulinas n Um exercício de empalavramento e de habitar.

Dimensão pública e privada n n As assembleias que criou não eram, no início,

Dimensão pública e privada n n As assembleias que criou não eram, no início, verdadeiras famílias. Mas queriam sê-lo Queriam ser como a casa, um âmbito doméstico E tinham também características que lhe davam uma dimensão similar à do espaço público.

Alguns critérios n Casa ‘rica’ grega n Casa ‘rica’ romana n n Espaços partilhados

Alguns critérios n Casa ‘rica’ grega n Casa ‘rica’ romana n n Espaços partilhados por várias casas n A visibilidade (presença de alguém considerado estranho) n O controle (grau de liberdade) n As fronteiras (divisões que separam os espaços e as pessoas n As funções (que representam um âmbito mais político ou um âmbito mais doméstico) n O Género (funções mais realizadas por homens, outras mais por mulheres) Casa pequena

Comunidades Paulinas n n Na escala social os cristãos do I Séc não ultrapassariam

Comunidades Paulinas n n Na escala social os cristãos do I Séc não ultrapassariam a classe média alta. As suas casas não podiam albergar a totalidade das pessoas pertencentes à comunidade de uma cidade. A comunidade está dividida em sub-grupos/casas (o anúncio do Evangelho é feito primeiramente aí) Depois tinha de haver laços fortes e regulares para que toda a Assembleia se mantivesse unida

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Visibilidade q q q n I Cor 14,

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Visibilidade q q q n I Cor 14, 23 -24; I Cor 14, 16 I Cor 2, 10; I Cor 4, 5 As assembleias de toda a Igreja teriam um carácter mais público, as da casa um carácter mais privado Controle q q q I Cor 5, 1 -5 Paulo estende o controle e a dimensão da ‘ecclesia’ ao âmbito do privado A ‘eccclesia’ e o crente adquirem uma dimensão pública n n I Cor 3, 16 -17 (A Assembleia no seu conjunto é santuário de Deus) ICor 6, 19 (Cada crente é santuário de Deus)

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Fronteiras q I Cor 11, 20 -22 n

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Fronteiras q I Cor 11, 20 -22 n q Os mais ricos continuam a impor diferenças simbólicas que criam obstáculos ao modelo de relação familiar querido por Paulo I Cor 1, 10 n Paulo defende que a Assembleia deve reflectir os novos valores da casa (fraternidade) só assim se pode fazer o anúncio do evangelho à cidade.

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Funções q q q I Cor 14, 4;

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Funções q q q I Cor 14, 4; I Cor 12, 12 -27 Ef 4, 12. 16 Com a linguagem do corpo Paulo aproxima-se da linguagem familiar. A assembleias no espaço público não devem perder de vista as características da ecclesia/família.

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Género q q I Cor 11, 2 -16

Critérios aplicados às Comunidades Paulinas n Género q q I Cor 11, 2 -16 Paulo possibilita que as mulheres tenham uma função pública na ‘ecclesia’, o que vem também possibilitar que no âmbito doméstico possam assumir funções que eram exclusivamente dos varões.

Da casa à cidade n n n Vemos como as Comunidades Paulinas se reúnem

Da casa à cidade n n n Vemos como as Comunidades Paulinas se reúnem em grandes assembleias (toda a ‘ecclesia’ de uma cidade) e em pequenas assembleias (a ‘ecclesia’ doméstica) Paulo possibilitou e procurou a interacção de ambas A assembleia doméstica deveria parecer-se mais à da comunidade A assembleia de toda a comunidade deveria adquirir traços domésticos. A casa (‘ecclesia’ doméstica) joga um papel essencial neste caminho, pois permite que o Evangelho tome corpo e se comunique progressivamente ao âmbito público (para o transformar)

A carta aos Efésios n n Saudação 1, 1 -2 Secção teológica 1, 3

A carta aos Efésios n n Saudação 1, 1 -2 Secção teológica 1, 3 – 3, 21 q Plano divino da salvação 1, 3 -14 q Oração para compreender o Mistério de Cristo 1, 15 -23 q Gentios e judeus um só em Cristo 2, 1 -22 q Paulo ministro do Mistério de Cristo 3, 1 -13 q Súplica de Paulo 3, 14 -21 Secção exortativa 4, 1– 6, 20 q Unidade e crescimento no Corpo de Cristo 4, 1 -16 q A vida nova em Cristo 4, 17 -5, 20 q As novas relações domésticas 5, 21 -6, 9 q O Combate espiritual 6, 10 -20 Notícias pessoais e saudação final 6, 21 -24

A modo de conclusão n n A experiência de encontro com o Ressuscitado é

A modo de conclusão n n A experiência de encontro com o Ressuscitado é o segredo deste itinerário. Paulo aprofunda essa experiência no contexto da comunidade q n Paulo edifica as suas comunidades (assembleias de cidade e domésticas) dando-lhes uma inconfundível dimensão pública q n Paulo descobre que a experiência cristã exige a comunidade. A partir da ‘ecclesia doméstica’Paulo encontrou a melhor maneira para que o Evangelho transforma-se a cidade. Hoje as nossas famílias como ‘Igrejas Domésticas’ têm de realizar este mesmo itinerário para habitar e empalavrar a cidade