PROLAS PSICOSSOMTICAS IMPACTE DA GRUPANLISE NA RELAO MDICODOENTE

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PÉROLAS PSICOSSOMÁTICAS: IMPACTE DA GRUPANÁLISE NA RELAÇÃO MÉDICO-DOENTE Isabel da Franca UBI

PÉROLAS PSICOSSOMÁTICAS: IMPACTE DA GRUPANÁLISE NA RELAÇÃO MÉDICO-DOENTE Isabel da Franca UBI

PÉROLAS PSICOSSOMÁTICAS: IMPACTE DA GRUPANÁLISE NA RELAÇÃO MÉDICO-DOENTE Ø INTRODUÇÃO: percursos, motivações, conjecturas pessoais

PÉROLAS PSICOSSOMÁTICAS: IMPACTE DA GRUPANÁLISE NA RELAÇÃO MÉDICO-DOENTE Ø INTRODUÇÃO: percursos, motivações, conjecturas pessoais → novas perspectivas… Ø EXEMPLOS CLÍNICOS: o doente, a doença, a pessoa e a sua história. Ø CONSIDERAÇÕES FINAIS: a) hipóteses explicat. ; b) “descoberta” da empatia: o seu impacte na relação médico-doente e nas aulas de medicina.

O DOENTE, A DOENÇA, A PESSOA E A SUA HISTÓRIA Ø Um dos aspectos

O DOENTE, A DOENÇA, A PESSOA E A SUA HISTÓRIA Ø Um dos aspectos mais tocantes no reconhecimento da psicossomática é o que ela traz de novo à relação médico-doente. Ø Mudanças nos últimos anos: Grupanálise e Curso de Formação em GA (SPG) ↓ Dar conta da importância da “pessoa” que o doente é e das suas histórias

1ª LIÇÃO: NADA ACONTECE POR ACASO Nas nossas vidas Nos nossos desempenhos Não há

1ª LIÇÃO: NADA ACONTECE POR ACASO Nas nossas vidas Nos nossos desempenhos Não há acasos nem coincidências

2ª LIÇÃO: O QUE SUBJAZ AO HAVER DOENÇA É O HAVER DOENTE Até para

2ª LIÇÃO: O QUE SUBJAZ AO HAVER DOENÇA É O HAVER DOENTE Até para os fervorosos da “Evidence-Based. Medicine” a clínica “prova” que nem sempre conseguimos obter provas. Outras “razões” estarão a interferir na função orgânica…!?

A FUNÇÃO FAZ O ÓRGÃO Fisiologia Emerg. ª da doença

A FUNÇÃO FAZ O ÓRGÃO Fisiologia Emerg. ª da doença

Psico – – Neuro –

Psico – – Neuro –

– Endócrino – Imunologia. . .

– Endócrino – Imunologia. . .

“Um fenómeno humano que é explicado apenas de uma maneira, não é explicado de

“Um fenómeno humano que é explicado apenas de uma maneira, não é explicado de todo. “ (Devereux) Reflexões de clínicos notáveis acerca do homem, enquanto o observavam na sua relação com a doença e tentavam novos métodos terapêuticos

HIPÓCRATES E A MEDICINA COMO “ARTE” (TECHNE, “UM SABER”) (AP Mesquita 1999, Rev. FML)

HIPÓCRATES E A MEDICINA COMO “ARTE” (TECHNE, “UM SABER”) (AP Mesquita 1999, Rev. FML) Ø A doença: uma perturbação do curso da “natureza” (do homem). Ø “Natureza”: estado de “Saúde” do indivíduo. Ø “A natureza do doente é o seu próprio médico” (Epidemias VI. 5. 1. ) Ø Função da Medicina: restituir-”lhe” (ao homem enquanto doente) esse curso natural, i. e. , o seu “correcto modo de vida”.

“Pois aí onde há amor pelo homem (filanthopie) está o amor pela arte (filotechnie)”

“Pois aí onde há amor pelo homem (filanthopie) está o amor pela arte (filotechnie)” (Preceitos VI) (AP Mesquita 1999, Rev. FML) “Fazer o que o homem é”: Ø Reconhecer no doente a integridade do homem. Ø Colaborar na sua realização como homem.

Mais do que conhecer “sobre” o homem, a medicina procura o próprio homem (AP

Mais do que conhecer “sobre” o homem, a medicina procura o próprio homem (AP Mesquita 1999, Rev. FML) “(…) a própria natureza é (…) uma história e a história que ela narra não é a da doença, (…) mas a do próprio homem; o que está em causa (…) não é pois a doença, mas pura e simplesmente o homem. ”

William Osler (1849 -1919) “[…] It is more important to know what sort of

William Osler (1849 -1919) “[…] It is more important to know what sort of a patient has a disease than what sort of disease the patient has. ” (O que subjaz ao “haver doença” é o “haver doente”)

DRAMA E TRANSCENDÊNCIA DA MEDICINA “(…) lidar como ciência com aquilo de que não

DRAMA E TRANSCENDÊNCIA DA MEDICINA “(…) lidar como ciência com aquilo de que não há ciência, a saber, com o indivíduo enquanto tal. ” (AP Mesquita 1999, “A Vitória sobre Trasímaco: Hipócrates e a Medicina Grega”, Rev. FML, 4 (III Série), pp. 35 -47)

“[…] these are the facts. If we cannot entirely explain them now, they will,

“[…] these are the facts. If we cannot entirely explain them now, they will, nevertheless, not go away. ” Irving Cooper (pioneiro neurocir. func. ) (1922 -1986) : “É missão do médico fazer o bem. É missão do cientista explicar os factos. [. . . ] Se os factos não se adequam às suas concepções presentes, então teremos de repensar as concepções, porque os factos não mudarão [. . . ]”

Jean Martin Charcot (1825 -1893) "Disease is very old and nothing about it has

Jean Martin Charcot (1825 -1893) "Disease is very old and nothing about it has changed. It is we who change as we learn to recognize what was formerly imperceptible. ”

Mudança de paradigmas: “IF WE WANT MORE EVIDENCE-BASED-PRACTICE, WE NEED MORE PRACTICE-BASED EVIDENCE” Lawrence

Mudança de paradigmas: “IF WE WANT MORE EVIDENCE-BASED-PRACTICE, WE NEED MORE PRACTICE-BASED EVIDENCE” Lawrence Green Conferência/Debate 16/01/2009, INSA

Mudança de paradigmas: “(…) a obesidade, a sida, a tuberculose, o cancro e a

Mudança de paradigmas: “(…) a obesidade, a sida, a tuberculose, o cancro e a depressão, são cinco quadros que (…) ilustram bem a interacção entre os genes e o ambiente (…)”

“O relacional e o biológico: dois aspectos (…) de uma mesma realidade. ” (Sami-Ali

“O relacional e o biológico: dois aspectos (…) de uma mesma realidade. ” (Sami-Ali et al. 1992, “Sonho e Psicossomática”) CSI DA PATOLOGIA DERMATOLÓGICA “Ser, Parecer, Aparecer e (des)aparecer” “Réunion de la Societé Francophone de Dermatologie Psychosomatique: être, parâitre, apparâitre” (M. Samsoën 2005, Nouv. Dermatol. , 24: 631 -632)

4 CASOS CLÍNICOS DE ALOPÉCIA AREATA AA ou “pelada(s)” Mulheres > homens Crianças, adolescentes,

4 CASOS CLÍNICOS DE ALOPÉCIA AREATA AA ou “pelada(s)” Mulheres > homens Crianças, adolescentes, jovens adultos (+++) Indivíduos saudáveis Sem alterações da pele Hereditária… Auto-imune… Stresse emocional… …? ?

1º CASO Ø Mário, 26 A, caucasiano, solteiro, reside há 3 anos com a

1º CASO Ø Mário, 26 A, caucasiano, solteiro, reside há 3 anos com a namorada, sem filhos. Ø Saudável; 2 peladas desde há um mês. Ø Pai vivo; mãe falecida com uma “queda” (o Mário tinha 18 A); 1 irmã 3 anos mais nova. Ø A mãe: doente psiquiátrica “muito medicada”, “muito confusa”. “Por isso caiu do 5º andar onde morava”.

1º CASO Ø Família emigrada na Austrália quando a mãe adoeceu (o Mário tinha

1º CASO Ø Família emigrada na Austrália quando a mãe adoeceu (o Mário tinha 8 A). Ø O Mário ficou entregue a si próprio, cuidando também da irmã (com 5 A): “Dava-lhe o pequeno-almoço. ” “Ajudava-a a vestir-se. ” “Levava-a e trazia-a da Escola. ” “Orientava os estudos, olhava pela casa…”

1º CASO Ø Actualmente: dificuldade no raciocínio (ficava “bloqueado”), menos rendimento no trabalho, navegava

1º CASO Ø Actualmente: dificuldade no raciocínio (ficava “bloqueado”), menos rendimento no trabalho, navegava aos fins-de-semana na internet. Ø Tinha um “Grande Projecto”: Constituir Família! (“Casar-me e ter filhos”)

2º CASO Ø Paula, 43 A, afro-europeia, angolana, mãe solteira (1 filho adolescente jovem).

2º CASO Ø Paula, 43 A, afro-europeia, angolana, mãe solteira (1 filho adolescente jovem). Ø Queixas de queda acentuada de cabelo. Ø Saudável. AA 3 A antes (“em pânico” com medo de voltar a ter peladas). Ø E. O. : s/ alterações (cabelo ou couro cabeludo. Ø A. P. : É a mais nova de 5 irmãos e quando nasceu a mãe já era viúva há um tempo.

2º CASO Ø O pai era um homem rico e influente na terra, com

2º CASO Ø O pai era um homem rico e influente na terra, com uma família oficial. Ø Sempre ouviu contar à mãe que o pai nunca apoiou o seu nascimento. Ø Reconheceu a paternidade quando a Paula era adolescente. Ø Sempre apoiou economicamente a sua educação.

2º CASO Ø IVG 3 A antes (altura do episódio de AA). Ø O

2º CASO Ø IVG 3 A antes (altura do episódio de AA). Ø O companheiro com quem estava há mais de 7 anos ameaçou abandoná-la se não fizesse IVG. Ø Após a IVG a relação terminou. Ø Hoje, “o caso Esmeralda tira-me do sério!” “Sinto uma raiva contra o pai biológico quer a filha depois de a ter rejeitado!” Ø Seria por isso que o cabelo lhe caía tanto?

3º CASO Ø Bernardo, 34 A, caucasiano, casado, com uma filha de 3 A,

3º CASO Ø Bernardo, 34 A, caucasiano, casado, com uma filha de 3 A, vigilante num armazém. Ø Peladas recentes na barba e couro cabeludo. Ø A. P. : Abandonado pela mãe quando tinha 1 A. Ø O pai voltou a casar-se; tem 1 irmão 14 meses mais novo. Ø Chama “a minha mãe” à madrasta e “essa mulher” à mãe biológica.

3º CASO Ø Procurou a mãe biológica quando fez 18 A (“foi difícil encontrá-la”).

3º CASO Ø Procurou a mãe biológica quando fez 18 A (“foi difícil encontrá-la”). Ø Descobriu que tinha “vários” irmãos (filhos de diferentes pais). Ø A mãe soube “sempre” do paradeiro do filho (Escolas frequentadas, onde fez o s. Militar…). Ø “Mas então porque é que ela nunca me procurou!? ? ? ”

3º CASO Ø Nos últimos anos vive outro drama: foi feito o diagnostico de

3º CASO Ø Nos últimos anos vive outro drama: foi feito o diagnostico de epilepsia de causa desconhecida à mulher. Ø As crises não estavam controladas. Ø Vigiava em permanência a mulher, sobretudo quando ela cuidava “da menina”. Ø Desabafa: “Sinto-me nervoso, raivoso, só me apetece bater-me!”

4º CASO Ø A Nazaré vai à consulta 4 D antes de fazer 14

4º CASO Ø A Nazaré vai à consulta 4 D antes de fazer 14 A. Ø Uma pelada muito recente na nuca. Ø A mãe atribui-a a uma grande ansiedade porque “a Nazaré ainda é muito menina em comparação com as amigas – não é menstruada, não tem maminhas, só cresce em altura – e está ansiosa por se tornar uma mulherzinha”

4º CASO Ø 2ª Filha do casal. Nasce 2 A depois da morte do

4º CASO Ø 2ª Filha do casal. Nasce 2 A depois da morte do 1º filho (aos 15 A, “foi apanhado por um comboio quando caiu à linha”). Ø A mãe comove-se quando relata a tragédia e a Nazaré salta-lhe para o colo, abraça-a e cobre-a de beijos. Ø A mãe diz que nunca lhe fala deste assunto “para ela não sentir”.

4º CASO “Eu já disse à minha mãe que não quero nenhuma festa quando

4º CASO “Eu já disse à minha mãe que não quero nenhuma festa quando eu fizer 15 anos. ” “Quero passar dos 14 para os 16 e quando eu fizer 15 já lhe pedi para pôr 16 velas no meu bolo. ”

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Sami-Ali (2004): “A Teoria Relacional”. In: Sami-Ali et al. , “Manual de

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Sami-Ali (2004): “A Teoria Relacional”. In: Sami-Ali et al. , “Manual de Terapias Psicossomáticas”. Porto Alegre, Artmed Editora S. A. : 15 -24 Como explicar a emergência destas manifestações? ØA patologia orgânica associa-se a um “impasse” que pode emergir de conflitos emocionais e da incapacidade em elaborar mentalmente o sofrimento.

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Sami-Ali (2004): “A Teoria Relacional”. In: Sami-Ali et al. , “Manual de

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Sami-Ali (2004): “A Teoria Relacional”. In: Sami-Ali et al. , “Manual de Terapias Psicossomáticas”. Porto Alegre, Artmed Editora S. A. : 15 -24 ØA doença seria 1 resposta possível à situação que “convém (…) descobrir no 2º plano do quadro clínico”.

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Ø Nos 3 primeiros casos, as vivências actuais ou os seus projectos

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Ø Nos 3 primeiros casos, as vivências actuais ou os seus projectos a curto prazo, levaram ao encontro doloroso com o passado: Ø Quer sob a forma de grande apreensão, como no caso do Mário quando pensou constituir família. Enquanto criança não cuidaram dele, e muito cedo tornou-se um cuidador hiper-responsabilizado pela irmã.

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Ø Quer sob a forma de uma zanga desmedida (revolta, raiva), como

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Ø Quer sob a forma de uma zanga desmedida (revolta, raiva), como nos casos da Paula e do Bernardo, 2 crianças rejeitadas: Ø A Paula, que, ao contrário da mãe, inviabiliza o nascimento de um filho, cumprindo a sentença do pai sobre ela pp. Ø O Bernardo que vive através da doença da mulher a ameaça de um 2º abandono, súbito e sem explicação, como a mãe lhe fizera.

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Ø Caso da Nazaré: a antecipação assustadora de uma data fatídica, vivenciada

HIPÓTESES EXPLICATIVAS Ø Caso da Nazaré: a antecipação assustadora de uma data fatídica, vivenciada pela aproximação dos 15 anos. Ø O facto deste ter sido sempre um tema tabu para os pais, cujo sofrimento ela sentia intensamente, nunca lhe permitiu exorcizar as suas fantasias acerca do mesmo, nem descarregar a ansiedade causada por estas.

ABORDAGEM ØO Bernardo e a Nazaré tiveram uma evolução favorável, com alta da consulta:

ABORDAGEM ØO Bernardo e a Nazaré tiveram uma evolução favorável, com alta da consulta: ØTerapêuticas farmacológicas? ØAtitude empática? ØOs 3 doentes adultos e a mãe da Nazaré ficaram muito curiosos com as hipóteses sugeridas…

ABORDAGEM ØA curiosidade acerca de si próprios e das suas histórias foi um bom

ABORDAGEM ØA curiosidade acerca de si próprios e das suas histórias foi um bom ponto de partida para compreenderem a premência em procurar ajuda especializada, sob risco de virem a recidivar com esta ou qualquer outra patologia.

Empatia versus simpatia ØConsequências: 1) No relacionamento mais espontâneo com as pessoas doentes. As

Empatia versus simpatia ØConsequências: 1) No relacionamento mais espontâneo com as pessoas doentes. As suas emoções e formas de sentir passaram a ser igualmente importantes para o seu conhecimento (compreensão) e o das suas afecções. 2) Nos seminários de dermatologia, onde estes e outros exemplos são comentados…

O que há de novo nas aulas de dermatologia da Covilhã? “Foi agradável ouvir

O que há de novo nas aulas de dermatologia da Covilhã? “Foi agradável ouvir (…) falar no doente como um todo e não apenas … … como um retalho de pele, um pulmão doente, ou uma mente distorcida. ”

Muito obrigada!

Muito obrigada!