Princpios de Economia Obra mxima de Marshall Publicado
Princípios de Economia Obra máxima de Marshall. Publicado em 1890 ela ganhou oito edições completamente revisadas pelo autor. A oitava edição de 1920 é considerada a edição definitiva com as mais importantes alterações. Da quinta à oitava edição não se fez alterações estruturais. Há também uma nona edição póstuma.
Trata-se da obra mais influente de sua era e que foi, por muitos anos, a bíblia dos economistas britânicos, introduzindo muitos conceitos hoje familiar a estudantes de graduação. Para gerações de estudantes, professores e economistas profissionais, os Princípios foram a suma econômica e o compêndio básico no ensino da matéria. O livro teve sucesso imediato e ajudou a restabelecer na opinião pública o prestígio e a credibilidade da Economia Política.
Voltado principalmente aos homens de negócio, políticos e profissionais liberais, ele não se descuidava da preocupação didática de servir de livro texto a estudantes especializados. É uma tentativa de síntese dos postulados da Economia clássica e da doutrina marginalista num todo coerente. Os Princípios tornaram-se livro de consulta obrigatória para profissionais e compêndio básico no ensino de Economia. A obra foi escrita em nove anos com base nas aulas, e reescrita ao longo de trinta anos.
Méritos dos Princípios Na forma: destacam-se elegância estilística, metáforas literárias bem empregadas e emprego de magnífico aparato matemático e diagramas com prudência e destreza, expressando conceitos complexos de modo inovador e enxuto. Há claramente uma preocupação didática com introduções, remissões e notas explicativas. A leitura do livro não é árida, ele não tem a aparência dos modernos manuais introdutórios de Economia
No conteúdo: Análise microeconômica de uma economia de mercado. Articula em novas bases conceituais o antigo paradigma clássico de uma economia com crescimento gradual e tendência natural ao equilíbrio. Marshall busca complementar e generalizar pelo uso da matemática as teorias de D. Ricardo e J. S. Mill. O problema geral da distribuição econômica dos recursos é resolvido pela ideia de que a renda dos fatores produtivos é a contrapartida de suas contribuições marginais.
A teoria do valor-trabalho é complementada pela introdução da análise de curto prazo, na qual os determinantes do lado da demanda prevalecem sobre os custos de produção. Outra peculiaridade da contribuição de Marshall é a introdução do método de análise parcial onde ele assume a famosa condição “tudo o mais constante” (ceteris paribus).
Sob a roupagem da literatura a armadura da matemática (Edgeworth) A análise do valor, da distribuição e dos mercados é feita de modo essencialmente verbal. Marshall remete todos os gráficos e demonstrações matemáticas a notas de rodapé. Mesmo os raciocínios verbais têm subjacente a eles uma sólida estrutura matemática.
Principais contribuições à teoria econômica Metodologia: análise do equilíbrio parcial estático A ideia é começar analisando um mercado em particular sob o suposto de que variáveis afetadas pela ação de outros mercados não se alteram. Depois, pelo método de composição, vai-se acrescentando mais elementos à análise com o fito de elucidar problemas maiores
“A função da análise e da dedução em Economia não é forjar longas cadeias de raciocínio, mas forjar seguramente muitas pequenas cadeias e simples elos de ligação”.
Método ceteris paribus Não faz mais do que empregar o procedimento rotineiro de análise dos homens práticos.
“As forças a serem encaradas [na análise econômica] são tão numerosas que o melhor é tomar poucas de cada vez e elaborar um certo número de soluções parciais como auxiliares de nosso estudo principal. Começamos assim por isolar as relações primárias de oferta, procura e preço em relação a uma mercadoria particular. Reduzimos as outras forças à inércia com a frase ‘todos os outros fatores sendo iguais’: não supomos que sejam inertes, mas por enquanto ignoramos sua atividade. Esse expediente científico é bem mais velho do que a ciência: é o método pelo qual, conscientemente ou não, homens sensatos
Reformulação da teoria clássica do valor com o uso do marginalismo e das noções de curto e longo prazo. Uso do fator tempo: reconcilia a teoria do valor trabalho com a ideia de utilidade marginal como determinante do valor pela mediação do fator tempo. No curto prazo, a oferta é inelástica e a demanda determina os preços; no longo prazo a oferta é horizontal e é ela que determina os preços.
Os Princípios representam uma contribuição importante também pela articulação de conceitos já propostos por outros autores agora dentro de uma roupagem analítica mais completa Elasticidade da procura. Noção de margem e substituição que explica como o equilíbrio é estabelecido na teoria do consumidor e da produção. Excedente do consumidor: nos Princípios o conceito é ostensivamente usado para mostrar que por meio de técnica de discriminação de mercados pode-se alcançar uma vantagem maior que a concorrência irrestrita. Análise da economia do estacionário.
Há outras inovações conceituais absolutamente originais: Firma representativa Quase-renda Doutrina do lucro normal Análise do monopólio Rendimento crescente e economias externas
Quase renda P Quase-renda Custo marginal p c Custo variável médio a b Custo variável total Q O q
Noção de valor normal versus valor corrente “Estes últimos são aqueles em que os acidentes do momento exercem uma influência preponderante, ao passo que valores normais são os que seriam afinal atingidos se as condições econômicas que se têm em vista tivessem tempo de produzir, sem perturbações, os seus efeitos completos. Mas não há nenhum abismo intransponível entre uns e outros: eles projetam as suas sombras uns nos outros, por gradações contínuas”
Considerações éticas As considerações éticas condicionam o raciocínio econômico e as propostas de implementação prática de reformas sociais. Preocupação social básica: há necessidade de existirem pobres para que haja ricos? A Economia é importante não apenas porque tal ciência oferece caminho racional para otimizar o sustento da humanidade, mas também porque ao combater a pobreza elimina as fontes de degeneração do caráter individual associadas ao estado de privação.
Natura Non Facit Saltum “Alguns dos melhores trabalhos da presente geração têm, de fato, parecido, à primeira vista, antagônicos aos de passados autores; no entanto, à medida que, com o tempo, vão se colocando em suas devidas proporções e suas arestas mais ásperas vão sendo desbastadas, pode se ver que não envolvem nenhuma solução de continuidade no desenvolvimento da ciência. As novas doutrinas têm completado as antigas, as têm estendido, desenvolvido e, algumas vezes mesmo, corrigido, e frequentemente lhes têm dado outro aspecto, insistindo de modo diferente sobre os diversos pontos; porém muito raramente as têm subvertido. ”
Crítica à ideia de Homo economicus É insuficiente por não levar em conta o papel da ética na análise econômica
Estrutura dos Princípios 1 o livro: exame preliminar com definições do objeto da economia científica e discussão de pontos conceituais como o significado de lei econômica 2 o livro: exposição das noções fundamentais neste campo, tais como riqueza, produção, consumo, trabalho, bens de primeira necessidade, renda e capital 3 o livro: tema das necessidades e satisfações individuais no consumo. Aparece aí o cerne da teoria do consumidor onde se discute utilidade, elasticidade da demanda, alocação dos bens no consumo e intertemporalmente, e ainda: excedente do consumidor e preço de demanda
4 o livro: aspectos da teoria da produção e temas sobre trabalho e organização industrial 5 o livro: apresenta a teoria do valor de Marshall
Livro primeiro, capítulo 1 Definição da economia científica: estuda a humanidade nas atividades correntes da vida. Examina a ação no que diz respeito à obtenção de bens materiais. Por que combater a pobreza? Estudar as causas da pobreza é estudar as causas da degradação de uma parte da humanidade. A pobreza, além de afetar diretamente a possibilidade de continuar existindo, exerce impacto também nas condições mentais e morais dos homens.
É necessário existirem pobres? “Nos dispomos seriamente a investigar se é necessário haver as ditas ‘classes baixas’, isto é, se é preciso haver um grande número de pessoas condenadas desde o berço ao rude trabalho a fim de prover os requisitos de uma vida refinada e culta para os outros, enquanto elas próprias são impedidas por sua pobreza e labuta de ter qualquer quota ou participação nessa vida. ”
A resposta não depende só da Economia, mas também da Moral e da Política. . . “A solução depende em grande parte de fatos e inferências que estão na província da Economia, e isto é o que dá aos estudos econômicos seu principal e mais alto interesse. ” Na compreensão deste problema, embora se tenha verificado algum progresso no século XIX, assevera Marshall que a Economia está quase na infância.
Características fundamentais da moderna vida industrial Independência, deliberação, projeção do futuro, concorrência, cooperação e ética. A existência de concorrência é vital para o bom funcionamento da economia, mas a cooperação é ainda mais importante. Mesmo a concorrência pura envolve uma postura ética, embora não se possa negar a existência de fraudes e abusos negócios do dia a dia. Embora um ideal superior, a cooperação entre os homens nunca seria plena, dadas as imperfeições da natureza humana.
“Se a concorrência é posta em contraste com a enérgica cooperação de trabalho não egoísta para o bem público, então as melhores formas de concorrência são relativamente perniciosas, e suas formas mais grosseiras e baixas são abomináveis. Em um mundo no qual todos os homens fossem perfeitamente virtuosos, a competição não teria lugar, mas o mesmo aconteceria com a propriedade particular e qualquer forma de direito privado. Os homens pensariam só nos seus deveres, e nenhum desejaria ter uma quota maior de conforto e luxo do que os seus vizinhos. Os produtores mais fortes facilmente suportariam o fardo mais pesado e admitiriam que os seus vizinhos mais fracos, embora produzindo menos, elevassem o seu consumo. Felizes nesta maneira de pensar, eles trabalhariam para o bem geral com toda a energia e espírito inventivo, e a iniciativa arrebatada que tivessem, e o gênero humano seria vitorioso na luta contra a natureza em todas as ocasiões. Tal a Idade de Ouro que poetas e sonhadores podem visionar. Mas, numa conduta responsável da vida, é pior do que a loucura ignorar as imperfeições ainda imanentes da natureza humana”
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