Poemethos Adroaldo Bauer Porto Alegre novembro de 2010
Poemethos Adroaldo Bauer Porto Alegre – novembro de 2010
acordei em sonhos as lágrimas secaram nos lençóis não recordo de tê-las enxugado então dormira sonhando em sorrir e acordei pensando ainda em ti e percebi que mais te amava ao te ouvir a dizer-me de nós, de nossos ais, mais que merecia era teu amor íntegro dedicado eu não havia apenas sonhado somente adormecera cansado e acordara no sonho embalado
lugar qualquer desimporta não importa qualquer lugar amar é coisa do meu passado dum Morri contigo não vou mais a qualquer lugar parado num tempo sem amar um passado meu ultrapassado o que vem é o que deva vir disso não entendo, nunca entendi o que vier verei se estiver vivo se não vier a ver, morri contigo
Amor sem fim saudade assim denuncia amor sem fim
Sim, tudo passa ou passará problema, o pequeno detalhe é que, enquanto isso passa a vida também acontece no encalhe
Restam gotas de sonho ainda Inda restam gotas dos meus sonhos nesse cálice emborcado sobre a mesa esse mesmo que quase quebrei ao partir esse que era tilintar e riso guardara em si Inda restam tantas lembranças de ti da vida que vivemos em gozo, boas todas dos momentos que amamos dos instantes que alcançamos o nirvana sim, o nada pleno é alcançável em prazer sim, ainda restam gotas sonhadas, vê! de uma vida em harmonia feliz pensada sim sobraram no peito e no cálice entornado mais que cicatrizes de arranhões profundos restaram também o perfume de teus sumos
nudez eu, que sempre andara nu, hoje me visto de poemas, dores e saudades.
Nada Há só um resto de luas de prata servidas à mesa do mar azul Um sol sem hora pra se pôr As réstias de um grande amor lembrança tênue de fugaz aroma daquela dantes mais vistosa flor é uma cena trágica, um horror a vida abaixo do equador sem pecado sonhada, desnorteada sem cruzeiros ou luzeiros, o sul uma sombra de luz pouca, apagada uma vida separada de tudo. Nada.
Da morada de rua A vida, tão cara, A prodigiosa máquina do ser e do prazer na beira largada *** feliz retrato dos desinfelizes à luz das relações sociais que se produz.
Nem deuses, nem documentos Voei à volta do mundo, É sem cantos, concreto é redondo tem encantos Sonho quando ereto ando Acordado é que voo Nada mais nunca me pergunte Pois falo o que não te respeita Eu só digo de amor e mais paixão Não sei sorrir falsidade no nada Mesmo não estando a teu lado Inda penso em ti toda hora Quando como, quando sangro, quando sou É certo que não me entendes Nem eu sei mais como te mostrar Além da luz das estrelas das variadas e mesmas cores do mar Dos fulgentes raios de lua Nas águas em que te banhas nua São tantas e poucas as coisas da vida Só não tenho medo de amar. . . Sou tão fraco quanto os fortes Tenho força na imaginação Não jogo com alheios sacrifícios ainda corro na contra-mão da sorte de vampiros jurados de maldição. . . Sou vento que apaga velas Sou brilho na imensa escuridão Já caí além dos abismos, todo ano E sei de ventanias, como é o Minuano Não tenho qualquer resposta outra Sou tão grande quanta a menor pessoa é Se venho da terra, como fogo, bebo água Respiro ainda só no ar Quis uma vez tê-la todo dia Sem querer saber de bom ou ruim Hoje sei que você está em mim O meu ofício de escrever é o do pescador O meu nome tem também a letra A Como tem a letra A o amor e o luar enfim E mais não sendo, sou sem meios, dos confins
Poesia e paixão a poesia não naufraga, mesmo sob a torrente, nem encalha ou encroa ela verte emoção e vagas tantas que reverbera paixão.
Nervos de aço é pouco mais que nada amei uma tua foto nova [e lembrei de Quintana: senhora te amo tanto, que até por seu marido tenho um certo quebranto] ela cheira à flor e esperança ficas da cor da chegança se a música toca, se dança e se tudo vai como vai, fico eu com meus ais.
Não perguntas porque amo mas canto sempre meus amores não importa quem escute mas que sinta eu o que haja e que a vida nos dê flores
nada basta sem amor Sem amor nada justifica ser humano sem nada mais Só nossos versos não nos deixam, quando se vão a razão e a paixão.
Por que tanto falar de amor? Sem novidade nas coisas da vida Invento histórias versão colorida Deposito meu coração na tua mão Sabes que pesa o meu amor então Pouco vale, isso é inteira verdade Não há modo diverso de dizer-te Nem mesmo sei como ainda falo Há muito indago por que não calo Tanta história pra contar em cor Deveria deixar de falar de amor
Após a tormenta Se danço contigo, pego na tua mão Meu corpo encontra o teu coração O perfume recende mágoa passada - mói, corrói, dói, atordoa. E não revivo assim, é do que morro Minh’alma se perde em volutas Além da própria conhecida razão Come com os pássaros no chão São certezas de não futuro Dum presente sem espelho Dos escuros céus da tormenta Um céu sem sol, nem lua As estrelas nuas em prisão de gelo Um tão melancólico destino Aproxima do opaco desatino O reverso refletido no frio da lâmina Dum mundo perverso, abatido! A queimada crestando o solo, a chama Lugar algum fora d’alma intacto há Os elementos em constante fluidez O látego punindo minha rasa estupidez As marcas ruinosas no coração Os reveses da liquidez em versos O corpo caído, vôo cego no vazio Falso passo de valsa no cadafalso Imprevisto lampejo, fim de desejos Saudades e lembranças assombradas Varadas por coriscos, tenebrosas Lampejos da vida, tudo em risco Atravessada por felicidade em vagas Encadeadas como ondas à beira-mar Sem tempo pra dor do desamor De se poder também gostar De estar sobre a cama sem medo Num arremedo de brinquedo À margem do sonho me quedo Metade amor, metade desmantelo Fugindo atormentado, adivinho Após a borrasca, dor e borra de vinho
Renitente em suores afogada as pupilas marejadas pulsa a alma avivada *** Hoje amadureci de vez Tornei-me todo cético A fantasia se desfez
Persiste a flama Se tão alto e forte o amor Resta dele a dor pungente Sublimado da flor o aroma Bruxuleia d’alma a chama Um que de vazio reclama Acontece que exclama Sendo vão e belo desvario Não deslembra de que ama
Amor inteiro amor sei nada mais de mim se te afastas triste assim das lembranças de eu te amar, do mar, de areias, encantos posso chorar desencantos sem mais me quereres, esse meu inteiro amor resiste, embora a dor
Epifania Na liturgia latina é poesia Insculpe-se-a até no ferro Torna todo acerto um erro Funda ferida no coração Breve, sim, como foi feliz Eterna como é saudade Profunda e rija, então É dor uma metade Outra metade amor Nem se a pense vazia
Só ficou a saudade Hoje não tem mais amor na dança Nem qualquer canção no ar se lança Não há mais porque chorar É dia de frevo, mais um dia pra sambar O povo brincando na rua Na praça todos a cantar Não mais me lembro A dor que restou do amor Secou aquela roseira Despetalou a nossa flor Era verdade, sim, era verdade Mas parece que não era, tanto dói essa saudade O tempo não volta, no quebra-mar do véu da noiva Dos dias de sol, das noites de luar Um jambolão, um arlequim, um Pierot, Todos eles dizem assim Tudo, tudo se acabou, O grande amor chegou ao fim Estrelas–guia, cometas a passar Temperar cravo e canela, esse bolo de fubá Não sei fazer uma canção qualquer pra ela Vejo apenas da janela, nosso bloco desfilar A fila andou e apesar da quarta feira Na rua da Praia, sem rio, nem mar Crianças, moços, velhos e senhoras Não vi por horas o meu o amor passar Pra baixo e pra cima, em busca de rima Blocos, cordões e corsos, dedos a tamborialar Esqueço tudo, fecho a janela pras troças Sambando assim, essa gente tão disposta Apesar de Colombina ter ficado com Arlequim, Ai, ai, de mim Ai , ai de mim Apesar de Colombina, ter ficado com Arlequim
Rosas cor de rosa Eu sei o que são rosas Sei o que são rosas da cor rosa E mais ainda despetaladas E mesmo uma rosa em flor arrancada São bonitas as rosas de cor rosa As venero nas roseiras, expressão do amor As aprecio quando chegam a mim, como for E também sei que as amam se as dou Em mudas, em vasos, em arranjos, em buquês Sei e sabeis pra que são as rosas de cor rosa Tem seus porquês a par de serem lindas flores Prenúncio de incensados e requeridos amores
Sim, solidão a sós no mesmo quarto um eco da própria voz antes houvesse gritos Talvez até sussurros Além de mudez e muros
Por amor maior à vida Os olhares teus achados Ao vento semicerrados Arauto de tempestades Vendo céus estrelados De historietas nebulosas Das rochas à beira-mar Batidas também pela chuva Águas da mesma família Amigas dos risos meninos De doces de morango gregos D’água na boca e bons beijos Pós apertados abraços Nevada achocolatada Fantasias em cavalhadas Alagados distantes nichos Não vistos por quaisquer bichos O silêncio todo do mundo Ao riso infantil submisso Escrito à tardinha chuvosa Roteiro pra sair em livro Duma história pra cinema Sobre manhãs de preguiça Animados desenhos e pipoca És tu a caminhar na praia O êxtase dum sonho bom Sonhado ao sol na rede estival Dantes avistadas as folhas outonais Ao som bom daquela música Colorindo os ares de ver o mundo Do mergulho em si saindo
Nem fogaréu, nem escarcéu Chuva especial essa tua a alma se banha nua. Em água de mangueira, só pra aliviar a fogueira.
O amor tira do ódio o espaço todo sei porque amo e não odeio e nem receio que não me amem amo porque sei ser melhor pessoa aquela que pra amar está na vida, mesmo à toa amo sem saber amar mas aprendo sem rodeios a ternura que há é por demais delicioso ser também correspondido recordo até presuroso
Não posso me queixar Vivo a sentir estou Sequer penso duvidar Com 40º, nem brisa há. A senhora dos navegantes Conversa com iemanjá ondas calmas no mar aqui, nós a deus dará
Ah, mais nada importa se há um dragão ou não a cada uma nova porta. Ah, sim, vale a paixão
faz mal desamar muito mal demais inda ocupa tempo e lugar de amar
E se for felicidade eu não sei dizer quanto sinto mas sei como estou sentindo e é muito o que sinto muito é mais sinto tanto muito é pouco muito é tão pouco sinto que sinto inda mais um tímido roçar dos lábios teus a carícia macia das tuas mãos quiçá outros sinais
marcante momento feliz intenso denso belo singelo empolgante emocionante terno fraterno suave saudável amorável gentil ainda que tenha exagerado de mim inda que seja eu quase sempre assim. amei
Tudo o que eu queria Era poder fazer Contigo um dia Uma noite acontecer Tudo o que eu queria Era poder dançar Contigo a noite inteira Uma noite de luar Tudo o que eu queria Era poder andar De mãos dadas contigo N'aurora à beira mar Tudo o que eu queria Era poder fazer Contigo abraçado O amor acontecer Tudo o que eu queria Não vais acreditar Era dizer pra ti Te amo e vou te amar
Segue a cantar o desamor A trama esgarçada, desenganada Cobra da cobra que a pele perca Perdas intensas, danosas tão Que a primavera é verão Cheia cá, desbarranca lá, Mortos demais, semimortos há Mortais todos em sendo A vida segue perfume de flor Ensina a quem geme de dor Leve o pandeiro a terreiro outro Segue a cantar o desamor
Tu De algum modo sempre iluminas o que vai sendo a existência, a essência, a luz. Assim, a vida se traduz. [amor perfeito e mais nada!] instante do riso ao pranto a lágrima da saudade a tristeza é só metade da felicidade desencanto Tão próximo e esvaziado a saudade acalentada de andar de mão dada de acordar descansado Tão perto e imperfeito Desajeitado, enjeitada metade perdida pela eternidade retumbante eco de nada feito
A exata cor do amor no invisível momento do desejado feito exato entre ato e hiato a vontade feita luz tornou-se cor, brilho tingiu-se azul infinito
Hiato de emoção pura Também tenho pleno acordo entre o pensado e o fato há hiato, muita vez escuridão, outras, pura emoção.
O amor apenas sonhado Uns sonhos teus invadidos Tempestuoso amor a dominava Demais amavas, surpresa Espicaçada por mim em ti, pra ti Misteriosos, mágicos e infinitos ais Recomeços e descaminhos tais Eras mais ainda minha amada De sonhos outros esquecida Tais as pedras à beira da estrada Eu entre lágrimas e o nada Além da lembrança Da medida exata do enlace Dos nossos corpos suados, Esgotados, ainda ardentes Mesmo os desejos saciados lenta, carinhosamente as mãos, acarinhando as almas nuas As auras iridescentes mesmo a olhos blindados Parecidas à ilusão retornada Envolvente nos dominava Fios finos de luzes de sol e lua Da manhã à noite contínua A incongruência instalada Aprisionado na escura demência Acordava assim, em mesmos lugares A sofrer antigos amores
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