ORIGENS DA SOCIOLOGIA Flavio Thales Ribeiro Francisco Email
ORIGENS DA SOCIOLOGIA Flavio Thales Ribeiro Francisco E-mail: flavio. thales@ufabc. edu. br
Mudanças econômicas ■ O século XIX presenciou uma das mais intensas, rápidas e profundas transformações sociais que a história já presenciou: a revolução industrial. ■ O surgimento das máquinas alterava completamente as formas de interação humana, aumentando a produtividade e instaurando novas classes sociais: a burguesia e o proletariado. ■ Junto com as mudanças econômicas vinham a migração, a urbanização, a proletarização, novas formas de pobreza e uma série de outros fenômenos sociais radicalmente novos.
Mudanças políticas ■ A queda da monarquia e a progressiva instauração do sufrágio eleitoral democrático, os direitos do homem e as noções de liberdade, fraternidade e igualdade foram um tremendo terremoto nas tradições políticas da Europa. ■ A revolução francesa trazia novos ideais políticos e inaugurava novas formas de organização do poder. Trata-se, portanto, de um acontecimento de ordem política.
O iluminismo ■ Junto com a revolução francesa consagrava-se também uma nova forma de pensar e entender filosoficamente o mundo: o iluminismo. O iluminismo foi, antes de tudo, um movimento intelectual que tinha como objetivo entender e organizar o mundo a partir da razão. Para filósofos como Voltaire, Rousseau, Diderot, D’Alembert e outros, a razão era a luz que sepultaria as trevas, representadas sobretudo pela monarquia e pela religião. ■ Na verdade, esta transformação cultural já vinha ocorrendo há muito tempo, especialmente a partir do renascimento (século XV). Embora o renascimento tenha sido mais forte no campo das artes, ele tinha como intenção geral colocar o homem ( antropocentrismo ) no lugar de Deus (teocentrismo). O iluminismo tratou de acrescentar ao renascimento o potencial da razão humana, que levaria o homem a sua plena maturidade, como diria o famoso filósofo Immanuel Kant. O renascimento e o iluminismo, portanto, são acontecimentos de ordem cultural.
Reflexões para um tempo dinâmico ■ É importante ressaltar que este clima de mudanças e incertezas, contrastava profundamente com a ordem cultural da idade média. ■ No período medieval, com o predomínio das concepções cristãs, o tempo e a sociedade eram vistos como algo fixo e imutável, reflexo, de alguma forma, da vontade do Deus criador. ■ A sociedade, como tal, não era uma questão percebida pelas pessoas e não tinha muito destaque no pensamento.
Limitações da filosofia política ■ Além disso, até o século XIX, entre os poucos pensadores preocupados com questões sociais, a sociedade só era analisada com o auxílio da filosofia política. ■ Além de limitar seu campo de análise ao fenômeno do poder (Estado), a filosofia é uma forma de saber especulativo, que não dispõe dos elementos essenciais do método científico: a observação e a experimentação. ■ Finalmente, no século XVII, Francis Bacon começa a elaborar os fundamentos do método científico, caracterizado pela observação sistemática da realidade, elaboração de hipóteses, experimentação e, finalmente, pelas generalizações ou formulação de leis.
Método científico ■ Foi somente com o surgimento do método científico, que os homens do século XIX tiveram um instrumento radicalmente novo para entender a sociedade, e enfrentar os dilemas que o mundo moderno trazia. ■ O que se desejava, portanto, era aplicar o método científico (observação, experimentação, etc. ) ao estudo dos fenômenos que ocorriam na sociedade. A ciência da sociedade tinha pela frente três questões essenciais para a compreensão das transformações sociais que apontamos anteriormente: ■ Quais as causas das transformações sociais? ■ Quais as características da sociedade moderna? ■ O que fazer diante das transformações sociais?
Uma ciência da vida social humana ■ A Sociologia é o estudo da vida social humana, grupos e sociedades. É uma tarefa fascinante e constrangedora, na medida em que o tema de estudo é o nosso próprio comportamento enquanto seres sociais. ■ A esfera de ação do estudo sociológico é extremamente abrangente, podendo ir da análise de encontros casuais entre indivíduos que se cruzam na rua até à investigação de processos sociais globais.
Os rituais do cotidianos não estão isolados O ritual associado ao ato de tomar café é frequentemente muito mais importante do que o consumo de café propriamente dito. Duas pessoas que combinam encontrar-se para tomar café estarão provavelmente mais interessadas em estarem juntas e conversarem do que em beber, de facto, café. Em segundo lugar, o café é uma droga, pois contém cafeína, que exerce no cérebro um efeito estimulante. Os viciados em café não são vistos pela maioria das pessoas no Ocidente como consumidores de droga. O café, tal como o álcool, é uma droga socialmente aceitável, enquanto a marijuana, por exemplo, não o é. No entanto, há sociedades que permitem o consumo de marijuana e mesmo de cocaína, mas desaprovam tanto o café como o álcool.
Desnaturalizar nossas perspectivas A maior parte de nós vê o mundo em termos das características das nossas próprias vidas, com as quais estamos familiarizados. A Sociologia mostra que é necessário adoptar uma perspectiva mais abrangente do modo como somos e das razões pelas quais agimos. Ensina-nos que o que consideramos natural, inevitável, bom ou verdadeiro pode não o ser, e que o que tomamos como «dado» nas nossas vidas é forte* mente influenciado por forças históricas e sociais.
O pessoal é social ■ O desemprego, para dar outro exemplo, pode ser uma tragédia pessoal para quem foi despedido de um emprego e não consegue arranjar outro. ■ Contudo, é uma questão que vai além do desespero privado, quando dez milhões de pessoas de uma sociedade estão nessa mesma situação: é uma questão pública que expressa grandes tendências sociais.
Socializando o indivíduo ■ Comecemos observando que é difícil pensarmos sociologicamente justamente por estarmos por demais apegados a esse modo de pensar que coloca o indivíduo no centro do mundo. ■ Responda rápido: ■ Você considera que sua vida é unicamente de sua conta? ■ Que você pode escolher o que vai fazer dela? Você acredita que seus sentimentos “mais seus” são ■ únicos? Crê que pode dizer não a uma série de coisas que tentam lhe impor? ■ Você acha mesmo que seu esforço pessoal pode lhe garantir uma vida melhor? ■ Por fim, diria que o modo como você se veste não é determinado pela sociedade em que você vive, mas que é escolha sua?
A sociedade está em nós ■ 1) Algum empresário escolheria não usar dinheiro ou usar tecnologias antigas em seus negócios? ■ 2) Alguém sairia à rua do modo como veio ao mundo? ■ 3) Todos acordam um dia sem muita vontade de ir trabalhar, mas essa ideia só dura o tempo de se lembrar que nesse dia vence aquela “continha”. . . Você considera isso natural?
Instinto x Construção social ■ Mas podemos citar outros exemplos para mostrar como não agimos somente “pela nossa cabeça”. ■ O caso das relações familiares: pode parecer à primeira vista que elas são fundadas na natureza humana, ou no instinto, porém se olharmos a história veremos que nem sempre ciúme sexual ou amor materno e paterno existiram, mesmo para as sociedades europeias ocidentais; do mesmo modo os modelos de família para tantas sociedades e culturas distintas da nossa são extremamente variados. ■ Os costumes matrimoniais, os modelos sexuais, as regras que definem o parentesco, o tipo de relações intrafamiliares e a própria noção de família variam no tempo e no espaço porque são coisas criadas pela sociedade em questão.
Relações são influenciadas socialmente ■ Mesmo em nossas sociedades, se tomarmos o caso das camadas médias urbanas, segundo estudo de Gilberto Velho (1989), que caracterizam o amor e as relações conjugais por meio de um forte discurso psicológico onde estão presentes “ideias-valor” como: ■ “autenticidade”, “amor”, “escolha recíproca de parceiros”, “descoberta de si mesmo”, “afinidade entre pessoas”, “química sexual” etc. , mesmo para esse segmento mais intelectualizado e de visão individualista, é relativamente fácil perceber o quanto as relações e opções referentes a casamento estão condicionadas por um universo social maior, como as famílias dois cônjuges – o “fazer gosto” para os pais, que ainda existe em muitos casos.
Margem para individualidade ■ Nas sociedades mais complexas, como as nossas, existe uma margem de escolha perante as normas sociais, a possibilidade de construção de um projeto de vida pessoal, a oportunidade de experimentarmos diversos papéis e alcançarmos outras posições na estrutura social. ■ Do mesmo modo, há sempre a possibilidade de reconstruirmos a sociedade em outras bases, de alterarmos suas normas e rompermos os laços de dominação existentes. Mas o que não há é a possibilidade de um indivíduo viver “suspenso no vazio”, como se nenhuma ligação houvesse entre ele e o mundo que o cerca.
Estrutura e indivíduo ■ Embora todos sejamos influenciados pelo contexto social em que nos inserimos, nenhum de nós tem o seu comportamento determinado unicamente por esses contextos. Nós possuímos, e criamos, a nossa própria individualidade. ■ É tarefa da Sociologia investigar as relações entre o que a sociedade faz de nós e o que nós fazemos de nós próprios. O que nós fazemos tanto estrutura - dá forma a - o mundo social que nos rodeia como, simultaneamente, é estruturado por esse mesmo mundo social.
Estrutura Social ■ O conceito de estrutura social é um conceito importante para a Sociologia. Refere-se ao facto de os contextos sociais das nossas vidas não consistirem apenas em acontecimentos e ações ordenados aleatoriamente; eles estão estruturados, ou padronizados, de diferentes maneiras. ■ Há regularidades no modo como nos comportamos ou nas relações que temos com outras pessoas.
Estrutura social e transformação ■ Mas a estrutura social não é como uma estrutura física, como um edifício, que existe de forma independente das ações humanas. ■ As sociedades humanas nunca deixam de estar em processo de estruturação. Elas são reconstruídas a todo o momento pelos vários «blocos» que as compõem - seres humanos como nós.
Origens da Sociologia: da religião para a sociedade Nós, os seres humanos, sempre sentimos curiosidade pelas razões do nosso próprio comportamento, mas durante milhares de anos as tentativas de nos entendermos dependeram de formas de pensar transmitidas de geração em geração. Estas ideias eram expressas frequentemente em termos religiosos, ou em mitos bem conhecidos, superstições ou crenças tradicionais. O estudo objetivo e sistemático da sociedade e do comportamento humano é uma coisa relativamente recente, cujos inícios remontam aos finais do século XVIII.
Auguste Comte ■ Augusto Comte nasceu no dia 19 de janeiro de 1791, em Montpellier, de família católica e monarquista. ■ Em 1816 é admitido na École Polytechnique de Paris e, em 1817, torna-se secretário de Saint Simon, com o qual rompe em 1824. ■ Em 1832 é nomeado assistente de análise e de mecânica na École Polytechnique, onde mais tarde também se tornaria professor.
Auguste Comte Ninguém pode, por si só, como é óbvio, fundar sozinho todo um novo campo de estudos, e foram muitos aqueles que contribuíram para os começos do pensamento sociológico. Contudo, é frequentemente atribuído um lugar de destaque ao autor francês Auguste Comte (1798 -1857), nem que seja porque foi ele quem de facto inventou o termo «Sociologia» . Originalmente, Comte usou a expressão «física social» , mas alguns dos seus rivais intelectuais da altura também a usavam. Comte queria distinguir o seu ponto de vista da visão dos seus rivais, de modo que criou o termo «Sociologia» para descrever a disciplina que pretendia estabelecer.
A Sociologia de Comte procurou criar uma ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do mundo social, à imagem das ciências naturais que explicavam como funcionava o mundo físico. Embora reconhecesse que cada disciplina científica tem o seu próprio objeto de análise, Comte acreditava que todas partilham uma lógica comum e um método científico, o que visa revelar leis universais. Tal como a descoberta das leis do mundo natural nos permite controlar e prever os acontecimentos à nossa volta, também desvendar as leis que governam a sociedade humana nos pode ajudar a configurar o nosso destino e a melhorar o bemestar da humanidade.
A Sociologia de Comte via a Sociologia como uma ciência positiva. Acreditava que a disciplina devia aplicar ao estudo da sociedade os mesmos métodos científicos e rigorosos que a Física ou a Química usam para estudar o mundo físico. O positivismo defende que a ciência deve preocupar-se apenas com factos observáveis que ressaltam diretamente da experiência. Com base em cuidadosas observações sensoriais, podemos inferir as leis que explicam a relação existente entre os fenómenos observados. Compreendendo o relacionamento causal entre acontecimentos, os cientistas podem então prever o modo como futuros acontecimentos poderão ocorrer. A abordagem positivista da Sociologia acredita na produção de conhecimento acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação, da comparação e da experimentação.
Influência de Saint Simon sobre Comte ■ Para Saint Simon, a sociedade moderna modificou o mundo feudal, baseado na aliança entre o poder espiritual (igreja) e o poder temporal (militar). ■ A reorganização da sociedade moderna exigia a união entre a ciência positiva (novo poder espiritual) e os empresários (novo poder temporal) para o pleno desenvolvimento e equilíbrio do mundo industrial nascente. ■ Assim, o mundo dos conflitos militares da sociedade medieval seria substituído pela união pacífica de todos na sociedade industrial.
Comte e as leis de estágios A lei dos três estágios de Comte postula que as tentativas humanas para compreender o mundo passaram pelos estádios teológico, metafísico e positivo. No estágio teológico, as ideias religiosas e a crença que a sociedade era uma expressão da vontade de Deus eram o guia do pensamento. No estágio metafísico, que se afirmou pela época do Renascimento, a sociedade começou a ser vista em termos naturais, e não sobrenaturais. O estágio positivo, desencadeado pelas descobertas e feitos de Copérnico, Galileu e Newton, encorajou a aplicação de técnicas científicas ao mundo social. Comte, ao adoptar esta última perspectiva, considerava a Sociologia como a última das ciências a desenvolver-se
A ciência “mais desenvolvida” ■ Como você pode perceber, a sociologia seria a última das ciências, aquela que completaria o quadro geral do conhecimento positivo. A sociologia é entendida por Comte de modo amplo, incluindo-se nela a filosofia, a história, a moral e até a psicologia. ■ Como a sociologia representa uma continuidade quase natural em relação aos outros tipos de ciência (física, química, biologia, etc. ), Comte achava que ela teria que proceder da mesma forma que estas ciências, ou seja, sua função seria estabelecer um sistema completo de leis que explicassem o comportamento dos homens na sociedade. ■ Para Comte, as ciências possuíam a mesma forma de proceder e, cabia a sociologia, ciência que estava nascendo, adotar o método das ciências mais maduras e mais desenvolvidas. Para realizar esta tarefa, Comte afirmava que a sociologia dividia-se em dois campos essenciais: a estática e a dinâmica.
Leis da sociologia de Comte ■ 1. A sociedade é regida por leis naturais, isto é, leis invariáveis, independentes da vontade e da ação humanas; na vida social reina uma harmonia natural; ■ 2. A sociedade pode, portanto, ser epistemologicamente assimilada pela natureza (o que classificaremos como naturalismo positivista) e ser estudada pelos mesmos métodos e processos empregados pelas ciências da natureza. ■ 3. As ciências da sociedade, assim como as da natureza, devem limitar-se á observação e a explicação causal dos fenômenos, de forma objetiva, neutra, livre de julgamentos de valor ou ideologias, descartando previamente todas as
Entre as suas principais obras, podemos citar: ■ · 1824 – Sistema de Política Positiva ■ · 1830 – Curso de Filosofia Positiva Obras ■ · 1851 – Sistema de Política Positiva ■ · 1852 - Catecismo positivista: sumária exposição da religião universal ■ · 1856 - Síntese subjetiva ou sistema universal de concepções próprias ao estado normal da humanidade.
Herbert Spencer ■ Spencer, nos Primeiros Princípios (que introduzem o Tratado do qual os Princípios de Sociologia são uma parte), procurou explicar mecanicamente o Universo, concebido como um conjunto de relações dinâmicas, como um organismo vivo, no seio do qual se verifica uma crescente diferenciação e especialização (dos organismos e das sociedades). ■ O seu evolucionismo defende que, por diferenciação e por agregação (integração), as sociedades evoluem de formas simples para formas complexas. Tem, assim, uma concepção da história humana progredindo de uma homogeneidade incoerente para estados cada vez mais complexos em termos de heterogeneidade e diferenciação das funções e estruturas que compõem o 'organismo' social, e em termos de individualismo. ■ A classificação de Spencer, ao contrário da abordagem evolutiva de Comte, representa uma lógica baseada na abstração (maior ou menor grau de abstração), classificando as ciências em três grupos: as ciências abstratas que estudam a forma dos fenómenos (Lógica e Matemática); as ciências concretoabstratas que estudam os próprios fenómenos seus elementos (Mecânica, Física e Química) e as ciências concretas que estudam os próprios fenómenos na sua totalidade (Astronomia, Geologia, Biologia, Psicologia e Sociologia).
Escola Sociológica de Chicago nos EUA ■ A escola de Chicago, liderada pelo acadêmico Robert Park procurou dar uma resposta ao processo de construção de comunidades imigrantes nas grandes cidades dos Estados Unidos, proporcionada pela industrialização do país nas ultimas décadas do século XIX. ■ As obras que dão início à Escola de Chicago são The City: Suggestion for the Investigation of Human Behavior in the City Environment de Robert Park, lançada em 1915, e a consistente monografia de Znaniecki e Thomas, Polish peasant in Europe and America.
Funcionalismo O funcionalismo defende que a sociedade é um sistema complexo cujas partes se conjugam para garantir estabilidade e solidariedade. Segundo esta perspectiva, a Sociologia, enquanto disciplina, deve investigar o relacionamento das partes da sociedade entre si e para com a sociedade enquanto um todo. Podemos analisar as crenças religiosas e costumes de uma sociedade, por exemplo, ilustrando a forma como se relacionam com outras instituições, pois as diferentes partes de uma sociedade estão intimamente relacionadas entre si.
Funcionalismo e analogia orgânica ■ Estudar a função de uma instituição ou prática social é analisar a contribuição dessa instituição ou prática para a continuidade da sociedade. Os funcionalistas, incluindo Comte ou Durkiheim, usaram muitas vezes uma analogia orgânica para comparar a atividade da sociedade com a de um organismo vivo. ■ Defendem que, à imagem dos vários componentes do corpo humano, as partes da sociedade conjulgam-se em benefício da sociedade enquanto um todo. Para estudar um órgão humano como o coração é necessário demonstrar a forma como se relaciona com outras partes do corpo.
Crítica ao funcionalismo Uma crítica feita recorrentemente ao funcionalismo é a de que este realça excessivamente o papel de fatores que conduzem à coesão social, em detrimento de fatores que produzem conflito e divisão. A ênfase na estabilidade e na ordem significa que as divisões ou as desigualdades - com base em fatores como a classe social, a raça ou o género - são minimizadas. O funcionalismo confere também uma ênfase menor ao papel da ação social criativa na sociedade.
Perspectiva dos conflitos ■ Tal como os funcionalistas, os sociólogos que adoptaram as teorias de conflito sublinham a importância das estruturas na sociedade. Defendem também um «modelo» abrangente para explicar a forma como a sociedade funciona. Os teóricos do conflito rejeitam, no entanto, a ênfase que os funcionalistas dão ao consenso. Pelo contrário, preferem sublinhar a importância das divisões na sociedade. ■ Ao fazê-lo, centram a análise em questões de poder, na desigualdade e na luta. Tendem a ver a sociedade como algo que é composto por diferentes grupos que lutam pelos seus próprios interesses. A existência desta diferença de interesses significa que o potencial para o conflito está sempre presente e que determinados grupos irão tirar mais benefício do que outros.
Prevalência dos interesses de grupos De acordo com Dahrendorf, o conflito surge principalmente do facto de os indivíduos e grupos terem diferentes interesses. Marx concebia as diferenças de interesses sobretudo em função das classes, mas Dahrendorf relaciona-as de uma forma mais vasta com a autoridade e o poder. Em todas as sociedades há uma separação de interesses entre aqueles que detêm autoridade e aqueles que estão em grande medida excluídos dela, uma separação entre governantes e governados, portanto.
A ação social e a interação Se o funcionalismo e a perspectiva do conflito colocam a tônica nas estruturas que sustentam a sociedade e influenciam o comportamento humano, as teorias da ação social dão uma atenção muito maior ao papel desempenhado pela ação e pela interação dos membros da sociedade na formação dessas estruturas. Aqui, o papel da Sociologia é visto como sendo mais o da procura do significado da ação e da interação social, do que o da explicação das forças externas aos indivíduos que os compelem a agir da forma que agem.
Interacionismo simbólico ■ O interacionismo simbólico dirige a nossa atenção para os detalhes da interação interpessoal, e para a forma como esses detalhes são usados para conferir sentido ao que os outros dizem e fazem. ■ Os sociólogos influenciados por esta corrente teórica centram muitas vezes a sua atenção na interação face -a-face e nos contextos da vida quotidiana, realçando a importância do papel dessas interações na criação da sociedade e das suas instituições.
Classe, gênero e raça ■ No Brasil temos algumas hierarquias que combinam com a classe, raça o gênero a que estão intimamente ligadas ao processo de formação de nossas diferenças sociais.
- Slides: 42