OLAVO BILAC OLAVO BILAC Quero um beijo sem
OLAVO BILAC
OLAVO BILAC
Quero um beijo sem fim, Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo! Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo, Beija-me assim! O ouvido fecha ao rumor Do mundo, e beija-me, querida! Vive só para mim, só para a minha vida, Só para o meu amor! Cliq ue
Fora, repouse em paz Dormindo em calmo sono a calma natureza, Ou se debata, das tormentas presa, Beija inda mais! E, enquanto o brando calor Sinto em meu peito de teu seio, Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio, Com o mesmo ardente amor!
De arrebol a arrebol, Vão-se os dias sem conto! E as noites, como os dias, Sem conto vão-se, cálidas ou frias! Rutile o sol Esplêndido e abrasador! No alto as estrelas coruscantes, Tauxiando os largos céus, brilhem como diamantes! Brilhe aqui dentro o amor!
Suceda a treva à luz! Vele a noite de crepe a curva do horizonte; Em véus de opala a madrugada aponte Nos céus azuis, E Vênus, como uma flor, Brilhe, a sorrir, do ocaso à porta, Brilhe à porta do oriente! A treva e a luz - que importa? Só nos importa o amor!
Raive o sol no Verão! Venha o Outono! Do Inverno os frígidos vapores Toldem o céu! Das aves e das flores Venha a estação! Que nos importa o esplendor Da primavera, e o firmamento Limpo, e o sol cintilante, e a neve, e a chuva, e o vento? Beijemo-nos amor!
Beijemo-nos! Que o mar Nossos beijos ouvindo, em pasmo a voz levante! E cante o sol! A ave desperte e cante! Cante o luar Cheio de um novo fulgor! Cante a amplidão! Cante a floresta! E a natureza toda, em delirante festa, Cante, cante este amor!
Rasgue-se, à noite, o véu Das neblinas, e o vento inquira o monte e o vale: "Quem canta assim? " E uma áurea estrela fale Do alto do céu Ao mar, presa de pavor: "Que agitação estranha é aquela? " E o mar adoce a voz, e à curiosa estrela Responda que é o amor!
E a ave, ao sol da manhã, Também, a asa vibrando, à estrela que palpita. . . Responda, ao vê-la desmaiada e aflita: "Que beijo, irmã! Pudesses ver com que ardor Eles se beijam loucamente!" E inveje-nos a estrela. . . E apague o olhar dormente, Morta, morta de amor!. . . Beijo eterno!
Diz tua boca: "Vem!" Inda mais! Diz a minha, a soluçar. . . Exclama Todo o meu corpo que o teu corpo chama. "Morde também!" Ai! Morde! Que doce é a dor Que me entra as carnes, e as tortura! Beija mais! Morde mais! Que eu morra de ventura, Morto por teu amor!
Quero um beijo sem fim, Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo. Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo! Beija-me assim! O ouvido fecha ao rumor Do mundo, e beija-me, querida! Vive só para mim, só para a minha vida, Só para o meu amor!
Texto: www. vidaempoesia. com. br/olavobilac. htm Imagens: Getty Images (editadas) e de arquivo Música: “All the Way”, Van Heusen e Sammy Cahn Formatação: Soni@ Sirimarco sirimarco. sm@uol. com. br
OLAVO BRAZ MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC f UM DOS ÁPICES DA POESIA NACIONAL e “Olavo Bilac foi a figura culminante de uma das fases mais ricas da poesia nacional, a parnasiana. [. . . ] O Parnasianismo e Bilac continuam a viver na admiração de apreciável parcela do povo brasileiro, como comprovam as sucessivas reedições de seus livros. Muitos de seus versos se tornaram proverbiais, citados até por pessoas que jamais os leram e só os conhecem de oitiva, de citações. ” (R. Magalhães Júnior, O Autor e sua Obra)
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