O debate clssico sobre a questo agrria Abramovay
O debate clássico sobre a questão agrária (Abramovay e Wanderlei) e Ator e estrutura no desenvolvimento rural (Norman Long e Van der Ploeg). ECO-5024 Agricultura, Sociedade e Natureza Gabriela Mendonça Piracicaba, 2017
Artigos Em busca da modernidade social: uma homenagem a Alexander V. Chayanov – WANDERLEY O admirável mundo novo de Alexander Chayanov - RICARDO ABRAMOVAY; Heterogeneidade, ator e estrutura: para a reconstituição do conceito de estrutura – NORMAN LONG, JAN DOUWE VAN DER PLOEG Extra: A unidade de produção familiar e os enfoques teóricos clássicos - Patrício A. Silva Carneiro - CAMPO-TERRITÓRIO: revista de geografia agrária, v. 4, n. 8, p. 52 -66, ago. 2009.
Alexandre Chayanov - campesinato russo Proposta de compreensão dos processos inseridos no modo de produção familiar, O trabalhador é o próprio proprietário dos meios de produção, não produz mais valia capitalista mas considera o grau de satisfação das necessidades da família, Segundo o autor, pode-se compreender que a economia camponesa não era um modo de produção propriamente dito, mas sim uma forma de organizar a produção, ocorrendo, portanto, no interior do modo de produção.
Em busca da modernidade social: uma homenagem a Alexander V. Chayanov Propões dividir as reflexões em três níveis: 1. A formulação de uma teoria explicativa do modo de funcionamento das unidades familiares de produção na agricultura, 2. O esforço de compreender o campesinato, em seu contexto mais global da sociedade capitalista moderna, 3. O confronto com o projeto de coletivização estalinista e a formulação de um projeto alternativo.
“Chayanov considerava que, para o caso da Rússia, esta diferenciação demográfica era mais significativa do que a diferenciação social, entendida esta como o processo de decomposição do campesinato. ” (pg. 139)
Em decorrência a circulação geral da economia mundial: Relação entre a complexidade do meio histórico e a morfologia interna.
Autocoletivização Processo inseriria definitivamente a agricultura familiar como agente econômico estratégico em uma nova sociedade, a partir de “corpos cooperativos”, Construir as novas formas a agricultura a partir das bases evolutivas da unidade de produção familiar,
Tendência da Mercantilização da produção, especialização das atividades e modernização do processo produtivo.
Wanderley formula duas hipóteses complementares
“A agricultura moderna tem duas características: 1. sua integração, sob formas diversas, aos mecanismos de mercado e aos processos de reprodução do capital e 2. a “abertura” do mundo rural ao modo de vida moderno. ” (pg 149). Problema da complexidade Como se redefinem a relação tradicional trabalho e consumo, a natureza indivisível da remuneração família e a possibilidade de efetuar avaliações subjetivas e de definir o grau de “auto exploração” de sua própria força de trabalho
Complexidade - Hipóteses a) “As unidades de produção familiar são afetadas atualmente, tanto pelo processo de decomposição, quanto pelo de sua diferenciação interna, demográfica, b) A unidade de produção é familiar, porém a família atualmente é diferente daquela estrutura que a caracterizada tradicionalmente, c) A família se orienta em função do balanço entre trabalho e consumo, cujos parâmetros modernos são, evidentemente, diferentes dos tradicionais [. . . ] d) Os fatores externos, socialmente dados, introduzem uma rigidez no interior da própria organização da produção, que resultam na imposição de comportamentos sociais e econômicos á família, e) Internamente, o rendimento familiar permanece indivisível, pois é impossível separar, do resultado obtido com a produção, parcelas autônomas e particulares que corresponderiam ao salário, ao lucro e à renda da terra. ”
Considerações Importância de conhecer a realidade vivida pelos agricultores, Os nexos teóricos capazes de explicar as especificidades do mundo, O comprometimento político com as transformações que fossem socialmente justificadas.
O admirável mundo novo de Alexander Chayanov Referência na economia do desenvolvimento, “[. . . ] ele se inscreve numa vasta galeria de utopistas russos cuja desconfiança com relação às cidades é imensa. O campo, nesse sentido, é o lugar da preservação das tradições, da família, das raízes nacionais, da força comunitária espontânea – em cujo poder transformador acredita a maioria dos revolucionários russos [. . . ]“ (pg. 3) “[. . . ] não era o teórico do isolamento camponês. Ao contrário, o último capítulo de sua obra maior preconiza o cooperativismo e a integração vertical, citando explicitamente o exemplo da Dinamarca como forma mais eficiente de construção do socialismo na agricultura. Chayanov já antevia o desastre que ocorreria caso predominassem as teses que sustentavam a integração horizontal, ou seja, a formação de grandes unidades coletivas. ” (pg. 4)
Heterogeneidade, ator e estrutura: para a reconstituição do conceito e estrutura – Norman Long e Jan Douwe van der Ploeg Dialogo sobre os atores e estrutura, Modelo de estrutura existentes: teoria da modernização: “[. . . ] concebe o desenvolvimento em termos de um movimento progressivo em direção a formas tecnológica e institucionalmente mais complexas e integradas da ‘sociedade moderna’[. . . ]” (ligado ao mercado de commodites) teoria neomarxista “[. . . ] os padrões de desenvolvimento podem ser melhor explicados dentro de um modelo genérico de desenvolvimento capitalista em escala mundial. ” (pg 22)
Um paradigma orientado aos atores “Somente capturando a experiência de alguma coisa, em sua plenitude, seremos aptos a dizer algo de significativo sobre como um dado sistema econômico influencia aquelas que o constituem e o mantêm ou suplantam. [. . . ]” (Scott, 1985, p. 42 Apud pg 24), A abordagem orientada aos autores parte do interesse em explicar respostas distintas para situações similares, pressupondo que os padrões diferenciais emergem dos próprios atores, Nessa perspectiva os atores sociais são vistos como participantes ativos que processam informações e utilizam estratégias nas suas relações com os diversos atores com quem se relacionam. (pg 24)
Dois tipos de Atores sociais “[. . . ] o primeiro é culturalmente endógeno, por ser baseado nos tipos de representações característicos da cultura na qual o ator particular está enraizado; e o segundo surge das categorias e orientações teóricas dos próprios pesquisadores. ” (pg. 27) Construção social dos autores – noção de agência e nesta perspectiva: “[. . . ] No campo do desenvolvimento rural, isso significa analisar como as concepções diferencias de poder, influencia, conhecimento e eficácia podem modelar as respostas e estratégias dos diferentes atores [. . . ]” (pg. 27)
Valorizar a forma como os agricultores moldam os padrões de desenvolvimento agrário e buscar neutralizar as intervenções de grupos ou agencias externas. “O desenvolvimento agrário é um processo multifacetado, complexo e contraditório que confronta o pesquisador com diversas questões complicadas, sendo uma delas como relacionar a heterogeneidade com o problema da agregação e como lidar com as relações micro-macro [. . . ]” (pg. 29) “[. . . ] a articulação da unidade agrícola com o ambiente político-econômico não poder ser compreendida dentro de uma estruturação metodológico-individualista, que conceitua os agricultores como tomadores de decisão independentes, nem num enquadramento estruturalista, que dá prioridade à forma como as forças externas molda a prática agrícola” pg 31
O mapa segue um fluxo que não considera a “luta das classificações” como proposto por Bourdier. “[. . . ] os agricultores estão preocupados com questões relacionadas com as interpelações, ajustes e conflitos que surgem entre seus projetos e os projetos de estado. [. . . ]” (pg 32)
Os padrões empíricos na agricultura não podem ser reduzidos a um núcleo estruturalmente determinado: “[. . . ] a heterogeneidade na agricultura implica não só a adoção ou aplicação de modelos agrícolas propostos pelo estado e por outras agências intervenientes, mas também uma ampla gama de modificações, transformações, reações e alternativas ativamente geradas [. . . ]” (pg. 34) Prática agrícola e relações sociais existem simultaneamente. Tipificações sociais por Berger e Luckmann (1967, p 48) “Em suma, a existência de estios de agricultura de uma grande variedade em um contexto comum aponta para a necessidade de reconhecer ‘realidades múltiplas’ em que estão imersas e simultaneamente reproduzem e transformam suas próprias ‘estruturas’ especificas, cada um sendo o resultado da ligação ativa ou o distanciamento entre diferentes projetos e práticas” (pg 36)
“Gostaríamos de enfatizar que a discussão anterior não pretende sugerir que os mercados, as instituições do estado, a tecnologia, a ecologia e outras ditas externalidades sejam irrelevantes para a análise da prática agrícola e para a heterogeneidade nela implícita. O ponto que pretendemos salientar é apenas que tais fatores não são relevantes como ‘determinantes’ ou causas. [. . . ] ” (pg. 38) “[. . . ] O problema central para análise é entender os processos através dos quais as intervenções externas entram na vida dos indivíduos e grupos afetados, assim se tornando parte dos recursos e restrições das estratégias sociais que esses grupos e indivíduos desenvolvem. [. . . ]” (pg. 39)
“[. . . ] a conclusão crucial é que aquilo que à primeira vista parecia ser uma característica estável e estrutural, baseada em um circuito especifico de mercadorias, estava de fato dependente de projetos agrícolas altamente específicos e de sua interação. Portanto, os produtos dos atores não são, como se supunha, simplesmente enraizados em cenários estruturais definidos por circuitos de mercadorias etc. Pelo contrário, é através da forma como se interligam que eles criam, reproduzem e transformam ‘estruturas’ particulares. ” (pg. 42) “[. . . ] O encontro entre diferentes corpos de conhecimento envolve uma transformação ou tradução do conhecimento existente e a fusão de horizontes (ou seja, a criação conjunta de conhecimento). Esse encontro também envolve a interpenetração dos mundos cotidianos e projetos de agricultores, extensionistas, planejadores, políticos e cientistas [. . . ]” (pg. 44)
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