NOSSA SENHORA DAS DORES 15 de setembro Organizador
NOSSA SENHORA DAS DORES 15 de setembro Organizador: Fr. José M. Milanez, osm
HISTÓRIA DO CULTO À NOSSA SENHORA DAS DORES Seguem alguns dados sobre a história do culto e da festa litúrgica de Nossa Senhora das Dores na Igreja e na Ordem dos Servos de Maria; e sobre a devoção a Nossa Senhora das Dores ou da Piedade no Brasil.
As informações a seguir foram tiradas principalmente das seguintes obras: - SILVANO M. MAGGIANI, B. V. Maria das Dores, em Dicionário de Mariologia, dirigido por Stefano De Fiores e Salvatore M. Meo, Paulus, São Paulo 1995, p. 422 -432. - JOSÉ M. MILANEZ, Nossa Senhora das Dores, São José dos Campos 2004. - HUBERT M. MOONS, Carta do Prior Geral “Com Maria ao pé da Cruz”, Roma, 1992.
O primeiro documento que fala da festa litúrgica de Nossa Senhora das Dores é um Decreto do Concílio Provincial de Colônia, Alemanha, de 1423, que introduz na região essa festa como reparação dos ultrajes dos seguidores de João Huss contra as imagens do Crucificado e da Virgem Maria ao pé da Cruz.
Diz o decreto: «Ordenamos e definimos que, de agora em diante, a comemoração da angústia e da dor da bem-aventurada Virgem Maria seja celebrada todo ano, na sexta-feira depois do terceiro domingo da Páscoa» . A festa evoca a cena do Calvário, quando Jesus, na cruz, faz a “entrega” (commendatio) da mãe aos cuidados de João: “Filho, eis a tua Mãe” (Jo 19, 27).
Em 1482, o papa Sisto IV inseriu no Missal Romano a missa de “Nossa Senhora da Piedade”, que também evocava a presença de Maria ao pé da cruz. Isso fez com que a festa se difundisse com várias denominações e em datas diferentes.
Chamava-se “Transfixão do Coração de Maria”, “Compaixão de Maria”, “Lamentação de Maria”, “Pranto de Maria”, “Sete Dores de Maria”. Passa-se da cena ao pé da cruz para as outras dores de Maria (“Sete Dores”). A festa era celebrada antes ou depois da Páscoa.
Os Servos de Maria muito se empenharam na expansão do culto à Nossa Senhora das Dores. Dois episódios ocorridos no início da Ordem mostram que os Servos de Maria, desde as origens, veneraram Santa Maria também a partir das dores que Ela sofreu como Mãe de Jesus, embora o culto de Nossa Senhora das Dores não estivesse ainda estruturado na liturgia da igreja.
1º episódio – A “Legenda de São Filipe” narra que, certo dia, São Filipe Benício e frei Vítor encontraram pelo caminho dois frades da Ordem dos Pregadores, os quais ficaram surpresos ao ver aqueles frades com um hábito desconhecido e, curiosos, perguntaram de onde vinham e a que Ordem pertencia o hábito preto que vestiam.
Filipe respondeulhes: “Chamamnos Servos da Virgem Gloriosa, de cuja viuvez trazemos o hábito» (LF 8).
O “hábito da viuvez” de que fala São Filipe é entendido pela tradição como “sinal da dor que Maria sofreu na Paixão do Filho”. É entendido também como sinal de luto (daí a cor preta) e memória da solidão em que Ela se encontrou depois da morte e sepultamento do Filho (daí a Soledade de Maria).
2º episódio - O documento mais antigo da história da Ordem, a Legenda de Origine, relata: “A Virgem Maria revelou a São Pedro Mártir que os Sete Fundadores, ela os reservara para seu particular serviço e que lhes obtivera do Filho a graça de iniciar uma Ordem dedicada ao seu nome”. E revelou-lhe
também que “o hábito que usavam deveriam usá-lo sempre como sinal das humilhações e da dor que ela havia suportado na paixão do Filho”.
A Virgem Santa entrega aos Sete o hábito preto da Ordem, sinal da dor que Ela suportou na Paixão do Filho.
Apesar desses dois textos, nos seus primeiros séculos de história, os Servos de Maria veneraram a Virgem Gloriosa no seu mistério global, em perfeita sintonia com o sentido universal da Igreja da época. Ela brilhava aos olhos dos seus Servos como a Mãe de Jesus, intacta na sua virgindade.
Elevada, sim, à glória celeste, mas sempre presente, com sua solícita misericórdia, às necessidades dos seus filhos, peregrinos neste mundo”.
As primeiras Constituições da Ordem, do tempo de São Filipe, reservam todo o 1º capítulo aos “Atos de devoção em honra da B. Virgem Maria”. Prescreviam duas missas semanais, a Ave Maria no início das Horas Canônicas, a Salve Rainha no final de cada hora canônica e da refeição, e a Vigília de Nossa Senhora todas as noites.
E o artigo 6º das atuais Constituições OSM confirmam essa tradição e prescreve que «os Servos de Maria, desde as origens, dedicaram-se à Mãe de Deus, a Bendita do Altíssimo. Honraram Santa Maria como sua Senhora, com atos de particular veneração, dedicando-lhe suas igrejas, solenizando suas festas e celebrando sua memória aos sábados e ao término de cada dia» .
Nossas Constituições atuais destacam tmbém a predileção da Ordem pela devoção à Nossa Senhora das Dores. - Pedem para celebrar a “memória de Nossa Senhora das Dores que, tendo participado da missão do servo sofredor de Javé, foi associada à sua glória” (art. 27/a). - Pedem que “o frade tenha em grande estima a tradição de rezar diariamente a Coroa de N. Sra. das Dores” (art. 31/d).
- E afirmam que “a figura de Maria ao pé da Cruz é nossa imagem-guia. O Filho do homem continua crucificado nos seus irmãos e nós, Servos de sua Mãe, queremos estar ao lado dela aos pés das infinitas cruzes da humanidade” (art. 299).
As festas marianas mais celebradas nos primeiros séculos da história da Ordem eram a Purificação (2 de fevereiro), a Anunciação (25 de março) e a Natividade (8 de setembro). Existem vários documentos da Idade Média que registram doações das comunas italianas feitas às igrejas dos Servos de Maria por ocasião dessas festas.
Assim, nos primórdios da Ordem, a devoção mariana não destacava nenhum aspecto específico da vida de Maria como característica própria da Ordem, mas abrangia todo o seu mistério. Todavia, a partir do século XVII, as coisas começam a mudar. Em 1668 a Congregação dos Ritos autorizou a Ordem a celebrar a missa votiva das Sete Dores de Maria e a editar o formulário da missa para uso interno.
Em 1670 a Congregação dos Ritos estendia a toda sexta-feira não impedida a faculdade de celebrar o ofício das Sete Dores de Nossa Senhora, “como uma devoção propriamente e principalmente pertencente à dita Ordem”. Em 1689 os capítulos das províncias italianas aprovaram que a celebração das Sete Dores no terceiro domingo de setembro fosse declarada festa principal e solene, própria da Ordem.
Numa “Regra para noviços” da Ordem, vigente no século XVII nos conventos da Áustria, Boêmia, Alemanha e Hungria, afirma-se explicitamente que a finalidade específica da Ordem é “a meditação da Paixão de Cristo e das Dores que a Virgem sofreu na Paixão do seu Filho e em outros momentos da vida de Cristo”.
Finalmente, em 9 de agosto de 1692, nossa Senhora das Dores foi proclamada titular e padroeira principal da Ordem. O papa Inocêncio XII, ratificando decreto anterior da Congregação dos Ritos, concedia aos frades e irmãs da Ordem a faculdade de celebrar a festa da Sete Dores de Nossa Senhora no terceiro domingo de setembro, com ofício e missa próprios.
Coube a Pio VII, em 1814, estender a toda a Igreja latina a festa das Sete Dores de Nossa Senhora no terceiro domingo de setembro, ordenando que se utilizassem os mesmos formulários do ofício divino e da missa já em uso na Ordem dos Servos de Maria.
Com a reforma litúrgica de Pio X em 1911, que visava a dar maior destaque ao Domingo como Dia do Senhor, a festa de N. Sra. das Dores foi fixada para o dia 15 de setembro. Por fim, o Calendário Romano promulgado em 1960, suprimiu a comemoração da sexta-feira da Paixão e manteve só a festa de setembro, sob o título de “Nossa Senhora das Dores”.
Todavia, a memória da Virgem Maria ao Pé da Cruz, celebrada na sexta-feira da quinta semana da quaresma, permaneceu no calendário dos Servos de Maria aprovado pela Sé Apostólica depois da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.
No século XVIII, várias congregações femininas filiaram-se à Ordem, atraídas pela devoção a N. Sra. das Dores. Vejam algumas: - Irmãs da Mãe Dolorosa Servas de Maria (Índia) - Servas de Maria Reparadoras - Servas de Maria de Galeazza - Servas de Maria do Brasil - Servas de Maria Dolorosa de Chioggia - Servas de Maria Dolorosa de Florença - Irmãs Mínimas de N. Sra. das Dores - Misioneras de María Dolorosa - Servas de Maria Dolorosa de Nápoles - Servas de Maria Dolorosa de Nocera
Foi nesse período que se difundiram os exercícios de piedade em honra de N. Sra. das Dores: a Coroa e a Via Matris. Do século XVII até o Concílio Vaticano II, de tal forma priorizou-se na Ordem a devoção à Nossa Senhora das Dores, que ela chegou a ser considerada como característica principal da Ordem.
COROA DE N. SRA. DAS DORES Pelo aporte que os Servos de Maria deram à sua composição e pelo amor com que a divulgaram na Igreja, a Coroa de N. Sra. das Dores pode ser considerada como uma prática própria da Ordem.
Não se sabe bem como começou. É provável que sua origem coincida com o crescimento do culto a Nossa Senhora das Dores. Era um exercício de piedade que expressava uma espiritualidade mariana bastante difundida na Ordem entre o fim do século XVI e o início do século XVII. Destinava-se principalmente aos leigos das “Confrarias do Hábito” para alimentar sua devoção.
Existem dois formulários da Coroa. O tradicional recorda as seguintes dores: 1ª dor: Profecia de Simeão: “Uma espada traspassará a tua alma” 2ª dor: Fuga para o Egito 3ª dor: Perda de Jesus no Templo 4ª dor: Encontro com Jesus no caminho do Calvário. 5ª dor: Maria ao pé da Cruz de Jesus 6ª dor: Maria recebe nos braços o cadáver de Jesus. 7ª dor: Sepultamento de Jesus
A 2ª fórmula é fruto da reflexão pós-conciliar e celebra a categoria bíblica da rejeição. 1ª dor: Jesus nasce numa gruta: não havia lugar para a mãe na hospedaria. 2ª dor: Jesus é sinal de contradição. 3ª dor: Jesus é perseguido por Herodes. 4ª dor: Jesus é desprezado pelos concidadãos. 5ª dor: Jesus é preso pelos sumos sacerdotes e abandonado pelos discípulos. 6ª dor: Jesus, o Justo, morre na cruz. 7ª dor: Jesus é perseguido nos seus discípulos.
Tradicionalmente, a Coroa é rezada assim: - Anuncia-se a dor - Rezam-se o Pai-Nosso e sete Ave-Marias - No final, reza-se a Salve Rainha - Depois, três Ave-Marias para obter o arrependimento e perdão dos pecados. - Conclui-se com a jaculatória: Nossa Senhora das Dores, Rogai por nós!
VIA MATRIS Na “Via Sacra”, seguimos os quadros que representam a condenação, a flagelação e o caminho percorrido por Jesus para o Calvário, onde foi crucificado, morreu e foi sepultado. Na “Via Matris”, seguimos os quadros que representam as dores de Maria, desde a profecia do justo Simeão até a crucifixão, morte e sepultamento do Filho. Foi o caminho que ela percorreu ao lado de Jesus, cooperando com ele na obra da redenção humana.
O maior propagador dessa devoção foi frei Tiago M. Keane (1901 -1975), servita norte-americano que, em 1937, iniciou em Chicago a celebração da Via Matris toda sexta-feira. A devoção expandiu-se em 45 Estados do país e em 20 países do mundo. Ele escreveu o livreto “Novena em honra de Nossa Mãe Dolorosa”, que alcançou a tiragem de 6 milhões de exemplares e 17 edições, e foi traduzido para 22 idiomas, inclusive para o português.
QUADROS DA VIA MATRIS COM AS DORES DE MARIA
Nossa Senhora das Dores no Brasil
O culto a Nossa Senhora das Dores chegou ao Brasil no século XVIII, inicialmente em Vila Rica de Ouro Preto/MG.
Frei Alécio Azevedo descobriu em Ouro Preto a existência de uma Irmandade de Nossa Senhora das Dores também chamada Ordem Terceira dos Servitas. Formada por famílias portuguesas vindas de Braga, reunia-se já em 1763 na sede da Igreja da Imaculada de Antônio Dias. Fundada com o nome de Irmandade de Nossa Senhora das Dores, foi aprovada em 1974, pelo então prior geral da nossa Ordem, frei Sóstenes Fassini.
CAPELA DE N. SRA. DAS DORES OURO PRETO - MG
Em 1775, a irmandade obteve permissão para construir uma capela dedicada à Nossa Senhora das Dores. A obra teve início em 1783. A capela atual, construída em 1835, tem sua estrutura toda em pedra, é bastante ampla e muito visitada. Tem cemitério próprio com cerca de 350 túmulos bem cuidados.
No altar-mor está a imagem de roca de Nossa Sra. das Dores, trazida de Braga em 1775. Sentada num trono, ao pé da cruz, traz nas mãos os cravos que prendiam Jesus na Cruz. Há outras duas imagens laterais, de Santa Juliana e São Filipe Benício.
Essa Irmandade, desde 1770 até os dias de hoje, celebra com pompa em Ouro Preto, o Setenário das Dores, segundo tradição da Irmandade Dolorosa de Braga, começando na sexta-feira antes do carnaval até a sexta-feira da semana da Paixão. Fiéis de todos os cantos da cidade se reúnem na igreja para rezar e refletir sobre as Dores de Maria.
No livro “Ouro Preto”, Brito Machado assim descreve o evento: “Quando o sino da igreja anunciava o início do Setenário, não havia vestido preto que não estivesse preparado, as correntes, medalhas e adornos de ouro já estavam à mão e os ternos pretos convenientemente escovados e prontos para a cerimônia, na qual o povo exibia seus melhores trajes”.
IGREJAS “HISTÓRICAS” DEDICADAS A N. SRA. DAS DORES Além da Capela de Ouro Preto, no Brasil há outras igrejas historicamente famosas dedicadas à Nossa Senhora das Dores. Veremos algumas a seguir.
IGREJA DE N. SENHORA DAS DORES DE PORTO ALEGRE Com suas majestosas torres, sita à Rua dos Andradas, centro da capital gaúcha, é a igreja mais antiga da cidade ainda existente.
A construção começou em 1807 e, em 1813, estava concluída a capela-mor, onde foi posta a imagem de Nossa Senhora das Dores. Seu culto já existia desde 1779: um grupo de devotos mandava rezar missa especial em sua honra toda sexta-feira. Este núcleo deu origem à Irmandade de Nossa Senhora das Dores, fundada em 1801 e erigida em Ordem Terceira, subordinada aos padres Servitas em 1819, hoje extinta.
Sobre a construção dessa igreja diz uma lenda que um escravo de nome Josimo foi acusado por seu patrão de roubar tijolos e, sem direito à defesa, foi condenado à morte. No dia da execução ele rogou uma praga contra o patrão de que ele jamais veria as duas torres construídas. O fato é que a construção da Igreja demorou mais de 100 anos e só em 1901 foi concluída.
CAPELA N. SRA. DAS DORES PARATY - RJ
Construída em 1800 e quase totalmente reformada em 1901, foi a igreja da moda no tempo do Império, frequentada pela aristocracia e elite branca de Paraty, vetada aos negros. A irmandade de Nossa Senhora das Dores, hoje extinta, foi criada no mesmo ano e só admitia mulheres. O altar da igreja é dedicado à Nossa Senhora das Dores, cuja imagem encontra-se hoje no Museu de Arte Sacra.
NOSSA SENHORA DA PIEDADE BARBACENA-MG Projetada por um arquiteto português, sua construção foi iniciada em 1743 e foi inaugurada em 27 de novembro de 1748.
No mesmo ano de 1748 chega de Portugal a preciosa imagem de Nossa Senhora da Piedade que ocupa o trono do altar-mor e que a todos encanta pela beleza e expressão de dor.
IGREJA N. SENHORA DA PIEDADE SERRA DA PIEDADE – CAETÉ/MG
Em 1779, em Caeté, região metropolitana de Belo Horizonte, numa montanha a quase 1800 metros de altitude, foi construída uma capela dedicada a Nossa Senhora Piedade. Por isso a serra local passou a chamar-se Serra da Piedade. A partir de então, Nossa Senhora da Piedade passou a ser considerada como protetora geral de todos os mineiros.
É por isso que o Estado de Minas Gerais tem Nossa Senhora da Piedade como padroeira, proclamada em 1958 pelo papa João XXIII. As cerimônias oficiais de consagração do Estado à sua padroeira realizaram-se em 31 de julho de 1960 na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, com a presença do governador do Estado e de outras autoridades civis, militares e religiosas.
IGREJA N. SENHORA DAS DORES JUAZEIRO - CEARÁ
Construída em 1875 pelo Padre Cícero Romão Batista, a Basílica Menor de N. Sra. das Dores, Padroeira de Juazeiro do Norte, é conhecida pelos romeiros como a Igreja Matriz de N. Sra. das Dores. É um dos locais mais visitados no município. A imagem da padroeira da cidade, foi trazida da Europa pelo Padre Cícero. Ao redor da Igreja está a Praça dos romeiros, onde os fieis se aglomeram durante o período de romaria.
IGREJA DE N. SRA. DAS DORES Cidade Nossa Senhora das Dores/SE
O lugar nasceu com o nome Enforcados, porque ali índios eram presos e sacrificados. O nome foi mudado para Nossa Senhora das Dores por um missionário de nome e em data desconhecidos. Isso teria ocorrido no início do século XIX, baseado numa carta do juiz de Paz, assinada como povoação de Nossa Senhora das Dores. Em 1858, a povoação foi elevada a distrito e, em 1920, passou à categoria de cidade.
DORES - PIEDADE - SOLEDADE A experiência dolorosa de Maria é venerada sob três títulos. É N. Sra. das Dores, pela série de dores que sofreu na infância de Jesus e na sua paixão, morte e sepultamento. É N. Sra. da Piedade quando recebe nos braços o cadáver do filho, retirado da cruz. É N. Sra. da Soledade, quando o deposita no sepulcro.
O povo brasileiro sempre teve grande devoção à Nossa Senhora das Dores. Hoje existem no Brasil cerca de 120 paróquias dedicadas a ela, sem contar capelas, escolas, colégios e outras instituições que a têm como titular. Como vimos, existe até uma cidade, em Sergipe, chamada Nossa Senhora das Dores, que é sede de município: dista 72 quilômetros da capital Aracaju e tem mais de 30 mil habitantes.
Algumas arquidioceses e dioceses brasileiras a têm como padroeira principal, sob o título de Nossa Senhora das Dores ou da Piedade. Assim Caruaru (PE), Teresina (PI), Cajazeiras (PB), Coroatá (MA), Limeira (SP) e Tubarão (SC). É titular das catedrais de Caruaru (PE), Cajazeiras (PB), Guaxupé e Januária (MG), Limeira (SP), Teresina (PI) e Tubarão (SC). É padroeira dos municípios de Caruaru, Cajazeiras, Teresina e Tubarão.
Foram os frades Servos de Maria que, mormente a partir do século XVII, mais cultivaram e propagaram o culto às Dores de Maria. Chegaram ao Brasil em 1920 e logo procuraram divulgar essa devoção. Construíram e dedicaram-lhe igrejas e capelas, entronizaram nelas as estações da Via Matris, fundaram confrarias de Nossa Senhora das Dores e incentivavam o povo a rezar a Coroa das Sete Dores.
No Brasil, as duas igrejas mais importantes da Ordem e as únicas que são de sua propriedade estão no Rio de Janeiro e em São Paulo e têm como titular Nossa Senhora das Dores. A do Rio foi construída nos anos trinta e a atual de SP nos anos cinquenta do século passado. Ambas que eram santuários acabaram se tornando sedes paroquiais.
IGREJA NOSSA SENHORA DAS DORES RIO COMPRIDO RIO DE JANEIRO
IPIRANGA - SÃO PAULO
Além dessas igrejas, a Ordem tem no Brasil mais duas sedes dedicadas a Nossa Senhora das Dores: o convento de São José dos Campos/SP; e o Seminário de Turvo, Santa Catarina. Mesmo nas outras igrejas mantidas pelos frades servitas, embora não sendo titular, a imagem de Nossa Senhora das Dores sempre ocupa um lugar de destaque.
A devoção a N. Sra. das Dores não deve limitar-se a algumas práticas de piedade, mas deve levar-nos a ver a dor humana não como um castigo, mas como um meio de purificação, e deve moldar nossa conduta segundo modelo que Maria nos traçou ao pé da cruz do Filho. Onde houver cruz, aí estará o cristão com sua solidariedade e compaixão, para confortar, curar feridas e levar esperança de dias melhores.
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