Naturalismo Interfone Ele chegou Deixei subir Enquanto ele
Naturalismo
Interfone. Ele chegou! Deixei subir. Enquanto ele pega o elevador, checo os últimos detalhes: cabelos escovados, pele cheirosa, boca pronta para o que der e vier. No quarto, a cama à espera, a luz bem leve. Para completar o clima, coloco um CD (se ele for chato, toco baladinhas, techno, para agitar um pouco; se for legal, prefiro Jota Quest, Emerson Nogueira, uma coisa mais romântica). Visto uma saia bem curta e provocante, com um top que valoriza meus seios. Tudo fácil de tirar. Ou de ser tirado. Calço sandálias bem altas. Não que me importe de ser baixinha. Faz parte do meu charme. Toca a campainha. Atendo. Ele entra. Me beija no rosto e se apresenta, já que é sua primeira vez comigo. Mesmo sem precisar, faço o mesmo. Pego ele pela mão e o levo até o sofá. Em clima de namoro, a conversa começa e logo ruma para a putaria. • Surfistinha, Bruna. O doce veneno do escorpião.
Naturalismo & Realismo. . . O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças e diferenças entre si. O Realismo retrata o homem interagindo com seu meio social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de forças “naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento patológico do homem, de suas taras sexuais, de seu lado animalesco.
• Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. • A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, esses acreditavam ser a seleção natural que impulsionava a transformação das espécies. • Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõe a personalidade humana.
• • NATURALISMO: CONCEITOS Condicionamento social e hereditário do comportamento. Aprofundamento de alguns traços realistas. Cientificismo baseado nas idéias deterministas de Taine, na teoria evolucionista de Darwin e no positivismo defendido por Comte. Preferência por ambientação da narrativa em tipos populares, do submundo social. Linearidade narrativa, com predominância do foco narrativo em 3 a. pessoa do discurso. Crítica às instituições: clero, casamento, sexualidade, sociedade exploradora da força do trabalho operário, preconceito racial. Didatismo.
Zoomorfização das personagens. Os vizinhos de Luís assomaram à janela atraídos pelo grosseiro canto dos africanos; o cortiço inteiro agitou-se; as lavadeiras abandonaram as tinas e os coradouros e vieram ruidosamente ao portão da estalagem, com os braços nus, saias arrepolhadas no quadril, mostrando pernas sem meias e grossos pés metidos em tamancos. . . O homem da venda acudiu em camisa de meia, o peito muito cabeludo aparecendo. . . Todos falavam ao mesmo tempo. (O homem – Aluísio de Azevedo)
• Especialmente, a mulher é apresentada como presa fácil dos instintos e das necessidades fisiológicas. • O amor passa a ser tratado como instinto, sujeito às contradições humanas, às necessidades fisiológicas e ao jogo de interesses sociais e econômicos. • Os tipos femininos criados pelo Realismo e Naturalismo dão sinais de fragilidade, inconstância, debilidade de caráter.
Era Magdá. Estranho abalo punha-lhe nos sentidos aquela escandalosa exibição de cama em pleno ar livre. Vendo-a, como a viu, publicamente armada e feita, afigurava-se-lhe ter defronte dos olhos um altar que se trazia de longe, para acruenta e religiosa cerimônia do desfloramento de uma virgem. Havia alguma coisa de pagão e bárbaro em tudo aquilo; alguma coisa que a levava de rastros, puxada pelos cabelos, para a vermelha sensualidade dos seus delírios. . .
No meio daquela áspera gente do trabalho, gente de honestidade feroz, a figura da tal D. Helena destacava-se mais do que uma nódoa de lama no meio de uma camisa de algodão lavado. Mal acabou de jantar, foi para casa vomitar as tripas, que estômagos daqueles já não resistem à forte comida dos que se levantam antes do sol e trabalham doze horas por dia. (O homem – Aluísio de Azevedo)
Materialidade Naturalista: O Cortiço • "Desistindo de montar um enredo em função de pessoas, Aluísio atinou com a fórmula que se ajustava ao seu talento: ateve-se à seqüência de descrições muito precisas, onde cenas coletivas e tipos psicologicamente primários fazem, no conjunto, do cortiço a personagem mais convincente do nosso romance naturalista. " ( Alfredo Bosi). • Todas as existências se entrelaçam e repercutem umas nas outras. O Cortiço é o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de seu proprietário, cresce, se desenvolve e se transforma com João Romão.
Crítica ao Capitalismo Selvagem • O tema é a ambição e a exploração do homem pelo próprio homem. De um lado João Romão que aspira à riqueza e Miranda, já rico, que aspira à nobreza. Do outro, a gentalha", caracterizada como um conjunto de animais, movidos pelo instinto e pela fome. • "E naquela terra encharcada o fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a fervilhar, a crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro e multiplicar-se como larvas no esterco. " • "As corridas até a vende reproduziam-se num verminar de formigueiro assanhado. "
• "Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. " A redução das criaturas ao nível animal (zoomorfização) é característica do Naturalismo e revela a influência das teorias da Biologia do Século XIX (darwinismo)
Determinismo (raça, meio, momento). • ". . depois de correr meia légua, puxando uma carga superior às suas forças, caiu morto na rua, ao lado de carroça, estrompado como uma besta”. • “Leandra. . . a ‘Machona’, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo”. • "Rita Baiana. . . uma cadela no cio".
A força do sexo O sexo é, em O Cortiço, força mais degradante que a ambição e a cobiça. A supervalorização do sexo, típica do determinismo biológico, e do naturalismo, conduz Aluísio a buscar quase todas as formas de patologia sexual, desde o "acanalhamento" das relações matrimoniais, adultério, prostituição, lesbianismo, etc. Observe esta, descrição de Rita Baiana, e do fascínio que exercia sobre o português Jerônimo:
• "Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui. ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras, era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso, era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; e/a era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, e muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras, embambecidas pela saudade de terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro da sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbam em tomo da Rita Baiana o espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. "
A situação da mulher As mulheres são reduzidas a três condições: primeira, de objeto, usadas e aviltadas pelo homem: Bertoloza e Piedade; segunda, de objeto e sujeito, simultaneamente: Rita Baiana; terceira, de sujeito, são as que se independem do homem, prostituindo-se: Leonie e Pombinha.
Personificação do cortiço • “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas”. • “Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia”.
Outras Análises • Podemos corroborar essas afirmações com um trecho da história que relata um “encontro sexual” de Miranda e Estela (ambos eram casados, mas como Estela o havia traído eles não mais mantinham relações íntimas, só que Miranda não se separava dela por causa do dinheiro), [. . . ] estorceu-se toda, rangendo os dentes, grunhindo, debaixo daquele seu inimigo odiado [. . . ]. Podemos notar as ações humanas comparadas às de animais.
Algumas vezes o tema em destaque não é o ato sexual em si, , mas também a sensualidade que é trabalhada principalmente na figura da Rita Baiana [. . . ] Rita Baiana essa noite estava de veia para a coisa; estava inspirada! Divina! Nunca dançara com tanta graça e tamanha lubricidade. [. . . ] cada verso que vinha de sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio [. . . ].
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