MTODOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS APLICADOS S IFES Profa

MÉTODOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS APLICADOS ÀS IFES Profa. Uyguaciara V. C. Branco Prof. Paulo H. Nakamura

TEMA Metodologia Conhecimento científico e critérios de cientificidade Método científico �Métodos de Abordagem �Métodos de Procedimentos Pesquisa Científica Definições, características e classificação das pesquisas Etapas da pesquisa Enfoques quantitativo e qualitativo Definições, semelhanças e diferenças Característica

Metodologia vem do grego “meta” = ao largo; “odos” = caminho; “logos” = discurso, estudo A Metodologia examina, descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta e o processamento de informações, visando ao encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de investigação

O termo ciência provém do verbo em latim Scire, que significa aprender, conhecer. Lakatos e Marconi (2007, p. 80): Ciência é “uma sistematização de conhecimentos” e “um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. ” Demo (2000, p. 22) - conhecimento científico: a) não é senso comum; b) não é sabedoria ou bom-senso; c) não é ideologia e não deve servir para justificar posição política; d) não é paradigma específico mas aponta para uma disputa dinâmica entre paradigmas – é processo histórico.

CRITÉRIOS DE CIENTIFICIDADE Dúvida metódica, ponto de vista dialético. No contexto da unidade de contrários, o caminho que vai é o mesmo que volta; criticar e ser criticado são, essencialmente, o mesmo procedimento metodológico. Nesse sentido, o conhecimento científico não produz certezas, mas fragilidades mais controladas. (DEMO, 2000, p. 25). Somente é científico o que for discutível. Para que o discurso possa ser reconhecido como científico, precisa ser lógico, sistemático, coerente, sobretudo, bem argumentado, distanciando-se de outros conhecimentos, como senso comum, sabedoria, ideologia.

Critérios: a) Objeto de estudo: bem definido e de natureza empírica – delimitação e descrição do que se pretende estudar por meio de métodos empíricos; b) Objetivação – conhecer a realidade sem contaminação de valores, opiniões ou preconceitos; c) Discutibilidade – conhecimento não imune à crítica e autocrítica; d) Observação controlada dos fenômenos; e) Originalidade;

f) Coerência – texto bem tecido “[. . . ] as peças encaixam-se bem, sem desafinação, os capítulos fluem elegantemente, as conclusões jorram sem dificuldade, quase que como necessárias, inevitáveis, inequívocas; em sua face positiva, coerência representa critério importante, tanto pelo exercício de lógica formal, como pela habilidade demonstrada de uso sistemático de conceitos e teorias” (DEMO, 2000, p. 27) g) Sistematicidade – esforço de dar conta do tema amplamente; h) Consistência – base sólida – argumentação forte; i) Linguagem precisa: sentido exato das palavras, restringindo ao máximo o uso de adjetivos; j) Autoridade por mérito – reconhecimento

K) Relevância social – relação prática nas teorias e crítica teórica nas práticas; l) Ética – a quem serve a ciência? “a fantástica potencialidade emancipatória do conhecimento até hoje tem servido a minorias, sem falar que é usada muitas vezes para imbecilizar, torturar, manipular” (DEMO, 2000, p. 43). m) Intersubjetividade - opinião dominante da comunidade científica de determinada época e lugar (èpistéme - Foucault).

O conhecimento científico é: 1. Acumulativo – acumulação seletiva; 2. Útil para a melhoria da vida humana ou animal; 3. Analítico – busca compreensão da situação ou fenômeno através de seus componentes; 4. Comunicável – divulgação; 5. Preditivo – permite antecipar o futuro; 6. Verificável – verossimilhança – identificável através do método para atingir os resultados;

Métodos: conjunto de procedimento para alcançar o conhecimento I. Gerais ou de abordagem (bases lógicas ou teóricas da investigação): a) Dedutivo: relacionado ao racionalismo; parte do geral ao particular ; de teorias ou leis gerais para se chegar a conclusões específicas – Descartes, Spinoza e Leibniz. b) Indutivo: relacionado ao empirismo; generalização do particular para o geral (hipóteses -> lei), por meio da observação e experimentação repetidas – Bacon, Hobbes, Locke, Hume e Mill;

c) Hipotético-dedutivo: relacionado ao neopositivismo; inicia-se com uma lacuna ou problema, passa pela formulação de hipóteses e de inferências (dedução das consequências) que testam a predição da ocorrência do fenômeno (falseamento), para corroboração = Karl Popper (método de eliminação de erros)

d) Dialético: relacionado ao materialismo histórico; busca interpretar a realidade a partir da contradição inerente aos fenômenos, considerados em seu contexto social, cultural, histórico, político, econômico, etc. - surge com Platão, atinge o auge com Hegel e é reformulado com Marx: Características: ação recíproca (tudo está em constante mudança; o fim de um processo é sempre o começo de outro); contradição (duas faces), relação e conexão. Privilegia mudanças qualitativas. Exige temporalidade maior para análise do contexto e das contradições (pontos de ruptura).

Fenomenológico: relacionado à fenomenologia; limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia; teoria orientada para o objeto, visando esclarecêlo ou compreendê-lo – Edmund Husserl. Aponta para uma descrição, crítica reflexiva identificando significados e interpretação. Ver: Maria Lúcia A. Sadala - UNESP (A fenomenologia como método para investigar a experiência vivida) – Disponível em: <http: //www. sepq. org. br/IIsipeq /anais/pdf/gt 1/12. pdf>.

II. Métodos de procedimentos - etapas da investigação, métodos específicos para garantir a objetividade e a precisão no estudo, orientando a obtenção, processamento e validação dos dados: a) Método histórico: foco em acontecimentos ou instituições do passado para verificar sua influência na sociedade atual; b) Método experimental: submeter os objetos de estudo à influência de variáveis, controladas e observar os resultados que a variável produz no objeto (mais usado pelas ciências experimentais); c) Método observacional: observação de algo que acontece ou já aconteceu;

d) Comparativo: estudo para ressaltar diferenças ou semelhanças entre fenômenos ou acontecimentos; e) Método estatístico: descrição quantitativa da realidade; estudo probabilístico – probabilidade de acerto e margem de erro; utilizado em estudos experimentais e em observação. f) Método clínico: apoiado em casos individuais (clínicos) e envolvendo experiências subjetivas. g) Método monográfico: estudo de caso (indivíduos, instituições, grupos, comunidades, etc.

Pesquisa científica: Definição: realização de um estudo planejado, caracterizado pelo método de abordagem; Finalidade: descobrir respostas; resolver problemas; solucionar dúvidas, com a utilização de procedimentos científicos; Baseada em uma teoria que é seu ponto de partida; Depende: do tempo disponível, do espaço onde o estudo será realizado; dos materiais necessários e dos recursos disponíveis (humanos e financeiros).

Princípios éticos: a) honestidade intelectual: não a apropriação indevida de obras intelectuais de terceiros; b) autoria e respeito aos direitos autorais, sendo fiel às fontes bibliográficas utilizadas no estudo (plágio - reprodução integral de um texto, sem a autorização do autor); c) respeito às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sendo suas regras recomendadas a todo pesquisador, para ter seu trabalho reconhecido como original; d) aprovação por um Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos e utilização de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Características da pesquisa científica: a) discute ideias e fatos relevantes a partir de um marco teórico bem fundamentado; b) o assunto tratado é reconhecível e claro, tanto para o autor quanto para os leitores; c) tem alguma utilidade, seja para a ciência, seja para a comunidade; d) demonstra o domínio do assunto escolhido e a capacidade de sistematização, recriação e crítica do material coletado; e) diz algo que ainda não foi dito; f) indica com clareza os procedimentos utilizados, as hipóteses de pesquisa; g) fornece elementos que permitam verificar, aceitar ou contestar as conclusões a que chegou; h) documenta com rigor os dados fornecidos, de modo a permitir a clara identificação das fontes utilizadas; i) a comunicação dos dados é organizada de modo lógico; j) sua redação é gramaticalmente correta, agradável, clara e precisa.

Quanto aos objetivos: Pesquisa exploratória: pesquisa em fase preliminar; pesquisas bibliográficas e estudos de caso; técnica – levantamento bibliográfico e entrevistas. Pesquisa descritiva: descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis; técnicas – questionários e observação sistemática; Pesquisa explicativa: explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da interpretação dos fenômenos observados; uso do método experimental ou observacional.

Quanto aos procedimentos técnicos: Pesquisa bibliográfica: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet. ; uso de fichas documentais; Pesquisa documental: materiais que não receberam ainda um tratamento analítico (fonte primária: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc) e aqueles que já foram analisados (fonte secundária: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc. ); Pesquisa experimental: seleção de variáveis, controle e observação dos efeitos das variáveis; Levantamento (survey) ou pesquisa operacional: levantamento de opiniões com análise quantitativa (predominante); censo ou amostral; Pesquisa de campo: observação, coleta de dados e registro de fenômenos tal como ocorrem espontaneamente;

Quanto aos procedimentos técnicos (cont. ): Estudo de caso: estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento; triangulação de dados, de pesquisadores, de teorias e metodológica; Pesquisa ex-post-facto: analisa situações que se desenvolveram naturalmente após algum acontecimento; Pesquisa-ação: concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo; participação cooperativa - acompanhamento das decisões, das ações e de toda atividade intencional dos atores da situação; Pesquisa participante: interação entre pesquisadores e membros da situação investigada - decisão política do pesquisador de correr o risco de identificação ideológica comunidade; ação e conhecimento – teoria e prática.

Do ponto de vista da abordagem do problema: Enfoque quantitativo: considera que tudo pode ser quantificável; tradução em números, classificação e análise. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas. Enfoque qualitativo: vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade; interpretação de fenômenos e atribuição de significados; a análise estatísticas não é o centro do processo de análise; dados descritivos; Esses enfoques estão interligados e se complementam!!!!! Sintetizando. . .

Diferenças fundamentais: A realidade: a) Objetiva – enfoque quantitativo b) Subjetiva – enfoque qualitativo c) Intersubjetiva – enfoque misto – implica combinar métodos quantitativos e qualitativos no mesmo estudo.

Enfoques

Diferenças fundamentais e características: Enfoque quantitativo: busca objetividade; descreve, explica e prediz os fenômenos (causalidade); objetiva provar teorias; lógica dedutiva (geral para o particular); os resultados são apresentados em forma de tabelas, diagramas e modelos estatísticos; Enfoque qualitativo: admite a subjetividade; descreve, compreende e interpreta os fenômenos, através das percepções e significados produzidos pelas experiências dos participantes; lógica indutiva (do particular para o geral); os resultados são apresentados através de narrativas, fragmentos de textos, vídeos, áudios, fotografias e mapas, diagramas e modelos conceituais.

Etapas da pesquisa: Formulação e planejamento: decisão (escolhas), construção do plano de pesquisa; Revisão da literatura – estado da arte – revisão teórica, empírica ou histórica; Justificativa: atualidade do tema, ineditismo, interesse, relevância e pertinência; Problema de pesquisa: questão para ser respondida expressa em forma de pergunta ou de uma afirmação, no caso de questão norteadora; Hipóteses: afirmação ou resposta possível ao problema proposto; Determinação dos objetivos – geral e específicos; Coleta de dados – população amostra; Técnicas de pesquisa e instrumentos de coleta; Tabulação e apresentação dos dados; Análise (quantitativa e qualitativa) e interpretação dos dados; Conclusão ou considerações finais; Redação e apresentação do trabalho científico.

Bibliografia consultada e sintetizada: PRODANOV, Cleber Cristiano. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. , Novo Hamburgo: Feevale, 2013, 275 p. [ebook]. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 7. ed. - 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2011.