Msica Brasileira II CMU 323 Mdulo IX O
Música Brasileira II CMU 323 Módulo IX O nacionalismo modernista e a Semana de Arte de 1922
Uma revolução contra o romantismo do séc. XIX • A semana de arte moderna é uma revolução contra os princípios da estética romântica, é uma atitude contra o passadismo. – “A Semana de 22, marco principal do movimento modernista sincretiza as diversas tendências da vanguarda européia do tempo, concentrou seu empenho na luta modernizante e universalizante contra o chamado “passadismo” da linguagem artística. Teria sido uma revolução especificamente estética. Entretanto, Mário de Andrade, em julho de 1921, já admitia que a “música brasileira existia exclusivamente na canção popular” e que a música erudita ainda não absorvera esses recomendáveis traços marcantes do caráter nacional. Essa constitui uma alusão de alguém já preocupado com os problemas de caracterização nacional”(Contier, 1995). • A semana de arte moderna estava exclusivamente preocupada com a atualização da linguagem artística e não com o estabelecimento de uma arte nacional. – A luta contra o passadismo romântico viria pela experimentalismo, via vanguarda francesa. O desprezo pelas formas representativas da arte romântica encontrava no cubismo e no expressionismo ferramentas de batalha. A polêmica era o campo escolhido para a realização da demolição dos mitos românticos como José de Alencar, Carlos Gomes, Coelho Neto, entre outros. • A arte nacional foi uma preocupação posterior, ela chegou no “Manifesto Pau Brasil” – Até 1924, o projeto estético é a tônica dos modernistas. Os futuristas paulistanos, termo cunhado como oposição ao passadismo e não como identificação à vanguarda italiana, buscaram desde um primeiro momento as publicações em jornais e periódicos como palco de confronto. A Revista Klaxon, que começou a circular em março de 1922, justamente tinha como linha o projeto de renovação estética.
A “Semana de Arte Moderna” • O início do movimento – Durante os anos de 1920 e 1921, "o grupinho de intelectuais paulistas" reúne-se para discutir, no ateliê da pintora Anita Malfatti, nos bares da cidade, na redação do jornal Correio Paulistano ou no apartamento de Oswald de Andrade. Suas idéias são publicadas em artigos na imprensa, provocando e envolvendo a área cultural da época. • Concebem-se como futuristas, porém, e apesar de discutirem as idéias de Marinetti, posicionam-se distante do movimento italiano coevo. – Para os intelectuais e o público da época, o futurismo é tudo aquilo que parece diferente ou inusitado, assim considerado pelos críticos conservadores, em 1920 e 1921. Passa a ser futurista tudo o que se afasta dos padrões convencionais vigentes. » São futuristas – segundo a visão conservadora – Brecheret, Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e John Graz, nas artes plásticas, assim como o são Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, entre outros escritores. » Mário fica incomodado com a alcunha: ”Não sou futurista (de Marinetti). Disse e repito-o. Tenho pontos de contato com o futurismo. Oswald de Andrade, chamando-me de futurista, errou. A culpa é minha. Sabia da existência do artigo e deixei que saísse”. – O “Manifesto Trianon” • O ano de 1921 inicia-se com o discurso de Oswald de Andrade a Menotti del Picchia no Trianon, São Paulo, prenunciando o clima da Semana de Arte. Termina com o artigo "A Moderna Orientação Estética", de Cândido Motta Filho, publicado no Correio Paulistano, em 17 de outubro.
O Manifesto Trianon "A arte, sendo manifestação da Vida, não pode furtar-se às leis da vida. As filosofias variam; as ciências variam; a moralidade varia; o costume varia; o Universo vive em constante transformação; os seres variam, os minérios endurecidos variam. Por que a arte há de ser mumificada, há de estancar-se diante da muralha chinesa? Hoje, os heróis da estética estão vendo a realização de seu sonho. A Arte será, como sempre foi, o espelho de uma época. Modificar-se-á com os caprichos incompreensíveis da vida; mas, em todas as suas manifestações, terá liberdade, imensa liberdade. Imitar o clássico, copiar o passado, cingirse e estritamente, a ele, é matar a arte. Ela é a inspiração e não imitação; arte é sentimento livre e não servilismo. Como impor à ultra-sensibilidade moderna o passado calmo, diverso, para nós, quase que incompreensível? A Arte tem algo de Proteu. E encarar a Arte é encarar Proteu. Absurdo!"
A “Semana” • A divulgação – Em janeiro e fevereiro de 1922, os jornais paulistanos e cariocas começam a divulgar o evento modernista organizado em torno de uma exposição de arte e três festivais: o primeiro da Pintura e da Escultura, o segundo da Literatura e da Poesia e o terceiro, Festival da Música, a ser realizado entre os dias 13 e 18 de fevereiro daquele ano. • No dia 29 de janeiro de 1922, o jornal Correio Paulistano anuncia a "Semana de Arte", que acontece entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo: "Diversos intelectuais de São Paulo e do Rio, devido à iniciativa do escritor Graça Aranha, resolveram organizar uma semana de arte moderna dando ao nosso público a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, pintura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual". – A presença de Graça Aranha, autor de Canaã, na Semana de Arte Moderna, dada como "iniciativa", é importante devido ao seu prestígio nos meios intelectuais da época. » Os modernistas resgatam as idéias da filosofia da Integração de Graça Aranha, discutidas no livro Estética da Vida. Em suma, Graça Aranha defendia que o objetivo do homem deveria ser a integração com o cosmo e isso só poderia ser realizado pelo sentimento transformado em arte: “a arte tem a função de nos fazer participar do movimento do todo infinito pela transformação da nossa existência em existência estética”. Essa integração com o cosmo deveria partir da integração com a natureza – “integração com o cosmo via integração com a terra”. Assim, compreender o regionalismo seria a única forma de integrar-se com o todo, ou seja, o universal no nacionalismo. – A Comissão Patrocinadora da Semana é formada por Paulo Prado, Alfredo Pujol, Oscar Rodrigues Alves, Numa de Oliveira, Alberto Penteado, René Thiollier, Antônio Prado Júnior, José Carlos Macedo Soares, Martinho Prado, Armando Penteado e Edgar Conceição. – Relação de artistas: • • • – Música - Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Paulina D'Ambrosio, Ernani Braga, Alfredo Gomes, Frutuoso Vianna e Lucília Villa. Lobos. Literatura - Mário de Andrade, Ronald de Carvalho, Alvaro Moreyra, Elysio de Carvalho, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Renato Almeida, Luiz Aranha, Ribeiro Couto, Deabreu, Agenor Barbosa, Rodrigues de Almeida, Afonso Schmidt, Sérgio Milliet, Guilherme de Almeida, Plínio Salgado. Escultura - Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso, Haarberg. Pintura - Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Zina Aita, Martins Ribeiro, Oswaldo Goeldi, Regina Graz, John Graz, Castello e outros. Arquitetura - A. Moya e Georg Przyrembel A Semana, com seus três festivais ocorridos nas noites de 13 e 17 e na tarde de 15 de fevereiro, é realizada no Teatro Municipal, alugado por 847 mil-réis pelo "empresário" do evento, o escritor René Thiollier, a quem Paulo Prado solicita a colaboração. • Pouco ou quase nada é divulgado pelos jornais na época sobre a exposição de artes plásticas. As publicações registram apenas poucos comentários sobre as obras, por Sérgio Milliet, Graça Aranha, Menotti del Picchia, Mário de Andrade, e as defesas de Oswald de Andrade aos artistas presentes em geral. • Às noites, o público lotou o saguão do Teatro. "Não havia quem não se deixasse tomar de pavor e êxtase, ao defrontar com os horrores épicos da senhorinha Anita Malfatti. E não a poupavam!", relata René Thiollier. Mas Anita não é a única criticada.
Os modernistas resgatam as idéias da filosofia da Integração de Graça Aranha, discutidas no livro Estética da Vida. Em suma, Graça Aranha defendia que o objetivo do homem deveria ser a integração com o cosmo e isso só poderia ser realizado pelo sentimento transformado em arte: “a arte tem a função de nos fazer participar do movimento do todo infinito pela transformação da nossa existência em existência estética”. Essa integração com o cosmo deveria partir da integração com a natureza – “integração com o cosmo via integração com a terra”. Assim, compreender o regionalismo seria a única forma de integrar-se com o todo, ou seja, o universal no nacionalismo.
Comissão organizadora Da esquerda para direita e de cima para baixo: o jornalista italiano Francesco Pettinati, René Thiollier, Manuel Bandeira, Afonso Shimidt, Paulo Prado, Graça Aranha, Manoel Vilaboin, Goffredo da Silva Telles, Couto de Barros, Mário de Andrade, Cândido Mota Filho. Sentados: Rubens Borba de Morais, Luiz Aranha, Tácito de Almeida, Oswald de Andrade.
A música na Semana de 22 • Semana de arte moderna representa um marco e está de acordo com as tendências modernista ou seja a “tradição da ruptura (oposição entre o velho e o novo) – • O centro da discussão era a reestruturação da linguagem. Os modernistas tem como ponto de referência no campo da música a poética de Stravinsky e o Grupo dos Seis (Francis Poulenc, Darius Milhaud, Arthur Honegger, George Auric, Germaine Talleferre, Louis Durey). – – Declararam Debussy ultrapassado • Apesar dessa posição a música de Debussy esteve presente nas execuções de Guiomar Novaes e pela influência na obra de Villa-Lobos Reclamaram a sensação forte e violenta da construção da natureza • Relação dessa violência com a vida moderna – Na música de Villa podemos encontrar manifestações explícitas desse fenômeno: O canto de pássaros brasileiros aparece em Bachianas nº 4 e nº 7. Em O Trenzinho Caipira, Villa-Lobos reproduz a sonoridade de uma maria-fumaça, e em Choros nº 8 busca imitar o som de pessoas numa rua. Apesar da grande intensidade dos debates focados em outras artes, a música era a que mais atraía o público. O foco não era as inovações, mas a busca pelo virtuosismo. – • • Foram muito concorridos os concertos de Guimar Novaes e Ernani Braga A programação contou com obras de Satie e Poulenc, principalmente Villa-Lobos mostrou um repertório composto entre 1914 e 1921 – – O Quarteto simbólico foi a principal obra apresentada em primeira audição. Não apresentou nenhuma renovação estética radical • • Villa-Lobos trazia uma harmonia não funcional, a escalística hexatonal, politonalidade. A regra era a desestabilização das relações tonais. O impulso debussyniano foi importante, pois ele foi o nexo do nacionalismo romântico com o do século XX – – – Uso dos modos Stravinsky ampliou e seduziu os compositores às inovações contidas na música folclórica Bartok também incide nesse ponto • A influência de Bartok é decisiva pois ela direciona a utilização melódica não dentro dos padrões neoclassicista, mas na compreensão das particularidades globais do material musical.
Revista Klaxon • Primeira publicação periódica do modernismo brasileiro. – – Teve nove números, sendo o primeiro de novembro de 1922 e o último em 1923. A palavra Klaxon era um anglicanismo, significava Buzina. • – – – A revista Klaxon inovou em vários sentidos: Sua organização era muito diferente da dos jornais e revistas da época, pois não tinha diretor, redator-chefe, secretário etc. Ela era uma espécie de órgão coletivo, onde todos participam das diversas fases da sua produção; O seu projeto gráfico era inovador; • – A buzina que anuncia o novo: "É uma buzina literária, fonfonando, nas avenidas ruidosas da Arte Nova, o advento da falange galharda dos vanguardistas“ Menotti del Picchia. Conteúdo bem diversificado. Nela eram publicados artigos e poemas de autores nacionais como Manuel Bandeira e Sérgio Milliet e também de autores franceses, italianos e espanhóis, todos em suas línguas originais. Manifesto do primeiro editorial • Klaxon sabe que a vida existe. E, aconselhado por Pascal, visa o presente. Klaxon não se preocupará de ser novo, mas de ser atual. Essa é a grande lei da novidade. (. . . ) Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado, caminha para adiante, sempre. (. . . ) Klaxon não é exclusivista. Apesar disso jamais publicará inéditos maus de bons escritores já mortos. Klaxon não é futurista. Klaxon é Klaxista. (. . . ) Klaxon cogita principalmente de arte. Mas quer representar a época de 1920 em diante. Por isso é polimorfo, onipresente, inquieto, cômico, irritante, contraditório, invejado, insultado, feliz. "
O modernismo de 22 e sua repercussão • Em um primeiro instante, o modernismo desconheceu os esforços do Romantismo na luta por desenvolver uma literatura nacional. • Após a Semana, com o lançamento da Revista Klaxon, em 15 de maio de 1922, a qual sobrevive até janeiro de 1923, começa o período de reflexão, esclarecimento e construção. • A princípio ela se declara internacionalista “o que não impede que, pela integridade da pátria. . . seus membos brasileiros morram”. Era um indício da direção que iria tomar futuramente, o movimento modernista. • Jardim de Moraes (1978) considera 1924 o marco para a elaboração da literatura e projeto de cultura nacional. Considera, no entanto, que existiam pautas do nacionalismo nos escritos de Graça Aranha. – categorias da intuição e da integração; a primeira, permitindo a apreensão da alma brasileira em seus traços psicológicos mais profundos; o que resulta na substituição de uma abordagem teórica e analítica da nação por uma abordagem intuitiva. – Régis - Essas são as características do manifesto Pau-Brasil, depois desenvolvido no da Antropofagia, de 1926, ambos de Oswald de Andrade. Quanto à integração, ela é categoria que atinge em maior grau a postura de Plínio Salgado e o manifesto Verde Amarelo, de onde a expressão “Integralismo” para denominar o movimento político por ele posteriormente liderado. » Intelectualismo do século XIX x o intuitivismo de Bérgson – “Para conhecer a vida na sua mobilidade perpétua ele utiliza a intuição e o instinto. O que nos interessa aqui não é o resultado, dificilmente apreciável - O artista moderno quer uma emoção, uma sensação, uma percepção direta, ‘um dado imediato’ (. . . ) A Inteligência. . . deforma a sensação, a intuição nunca. Hoje só há uma escola: a personalidade”. Régis cita Rubens Borba. • Apesar desse fluxo do intuitivismo, Jardim de Moraes identifica no modernismo posterior à Semana, um outro fluxo Romero-Mário, de natureza teórico-analítica, “científica”, que se propunha estudar sistematicamente o Brasil, que vai alimentar “a constituição de uma sociologia, uma antropologia e uma ciência do folclore brasileiro” e que tem um marco na música, com o Ensaio de Música Brasileira, de Mário de Andrade, de 1928 • Esse caminho será fundamental para a obra de Francsico Mingnone e Camargo Guarnieri. • A estruturação erudita da música folclórica.
O projeto modernista de Mário de Andrade • Num primeiro instante da Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade - sob influência das vanguardas européias do início do século - critica o academicismo em favor de uma inovação estética e de linguagem em todas as artes. • Já a partir dos Manifestos Pau-Brasil (1924) e Antropofágico (1928), redigidos por Oswald de Andrade, ele passa a se preocupar com a incorporação de elementos populares na música erudita brasileira. • Mário de Andrade é o braço ideológico ou braço normativo do movimento da música nacional moderna • Produção de escritos sobre música vão de 1928 até 1945 • Sua formação musical é dada principalmente por professores italianos • Em 1927, empreende viagem ao Nordeste onde faz coleta de material folclórico • Percebe o problema da língua. • Esse tópico sempre será presente nas preocupações nacionais de Mário de Andrade. Promove um encontro para discutir a canção em língua portuguesa.
O projeto modernista de Mário de Andrade • • O folclore torna-se o ponto de apoio para as primeiras incursões estéticas. Em 1928, escreve o Ensaio sobre a música brasileira. Primeiro manifesto musical modernista. • • Estéticas normativas nacionalização das composições brasileiras, “procedimento pedagógico” distinto. No plano de Mário de Andrade, os elementos musicais nacionais aparecem antes da consciência nacionalizante. Fator estilístico x fator nacionalista coletivo resulta a composição. “a obra (sem qualquer elemento da música popular ou folclórica) não só não é brasileira, como é antinacional e socialmente o autor dela deixa de nos interessar. Digo mais: por valiosa que a obra seja, devemos repudiá-la, como fez a Rússia com Strawinsky e com Kandinsky. O critério histórico atual da Música Brasileira é o da sua manifestação musical que, sendo feita por brasileiro ou indivíduo naturalizado, reflete as características musicais da raça. Onde estão elas? na música popular” rejeita o conceito de “nacionalismo”: “Eu sou simplesmente nacional. Nacionalismo é uma teoria política, mesmo em arte. Perigosa para a sociedade, precária como inteligência” Jorge Coli divide o pensamento musical de Mário de Andrade em três fases: • • apelo a nacionalização da música brasileira conscientização da crise técnico-artística – • O Banquete – um compositor consciente (Janjão), uma socialite desenraizada (Sarah Light), um político fascita e ignorante (Feliz de Cima), uma cantora virtuosa (Siomara Ponga) e um jovem estudante de direito (Pastor Fido) se reúnem para um banquete onde as questões musicais serão o prato principal » M A discute o problema da relação entre artista e a produção popular; arte social; técnicas do “acabado e inacabado”, onde discute a dissonância; individualismo do criador; função política da arte; luta contra o academismo; e discute principalmente o problema da formação musical no todo: escolas, crítica, público, política cultural. » Uma das principais discusões está em torno do problema técnico da composição nacional. MA aborda o problema da utilização do ritmo e sua fixação na sincopa. Esse problema se estende até a freqüência da música brasileira nos programas de concertos. Com ironia diz que os compositores nacionais são Haydn, Mozart e Beethoven. apelo à consciência política dos compositores brasileiros (Introdução a Schostakovich) – – Sublinha as palavras de Shostakovich: que deve-se aprender com o povo e aproveitar tudo quanto este cria, e compor dentro do contexto histórico em que se vive Mário de Andrade acreditava que a principal criação artística brasileira justamente seria a sua música popular. Solução através da melodia para que a musica tenha um caráter político-ideológico e funcionalidade popular. Busca do Ethos musical na consciência social do artista.
Villa-Lobos e o nacionalismo pós 1924 • A viagem para Europa – Em 1923, Villa parte para a Europa. É o início de uma série de viagens, principalmente para Paris. • É apresentado para o editor Max-Eschig e Arthur Rubinstein promove inúmeros concertos para promover sua música. – Trava intensa amizade com Edgar Varèse. • O Canto Orfeônico – Apresentou um plano de educação musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. • A aprovação do seu projeto levou-o a mudar-se definitivamente para o Brasil. • Em 1931, reunindo representações de todas as classes sociais paulistas, organizou uma Concentração Orfeônica chamada "Exortação Cívica ", com a participação de cerca de 12 mil vozes. • Após dois anos de trabalho em São Paulo, Villa-Lobos foi convidado oficialmente pelo Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro - Anísio Teixeira - para organizar e dirigir a Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA), que introduzia o ensino da Música e o Canto Coral nas escolas. – Como conseqüência do seu trabalho educativo, viajou de Zeppelin, em 1936, para a Europa, representando o Brasil no Congresso de Educação Musical em Praga. • Com o apoio do então Presidente da República, Getúlio Vargas, organizou Concentrações Orfeônicas grandiosas que chegaram a reunir, sob sua regência, até 40 mil escolares • Em 1942, criou o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, cujo objetivo era formar candidatos ao magistério orfeônico nas escolas primárias e secundárias, estudar e elaborar diretrizes para o ensino do Canto Orfeônico no Brasil, promover trabalhos de musicologia brasileira, realizar gravações de discos, etc.
Década de 1930: a maturidade nacionalista • O contato direto com a música européia, a partir de meados anos 20, modificou inúmeros conceitos de linguagem da música de Villa: – Exploração timbrística levada aos extremos (assim como Stravinsky, escreve passagens em regiões extremas dos instrumentos; uso de ruídos, talvez influenciado por Varèse - Blocos sonoros); predominância da textura rítmica; dissonância como efeito. • Dessa época podemos destacar como símbolo da mudança poética de Villa o ciclo de Choros (onde já despontava a “brasilidade”); Rudepoema; Noneto; as Cirandas – Liberdade formal • Tendência à escrita episódica. – Mário de Andrade observa uma emancipação do som para a incorporação de outros elementos, como o ruído – o que ele chama de “quase música”. • Porém, ao contrário de Varèse, onde o ruído é incorporado construtivamente, em Villa ele é uma expressão do natural. – – Por outro lado, a valorização da textura contrapontística. • A música de Villa, assim como a de Hindemith, fundamenta-se, muitas vezes, em processos contrapontísticos. – • Alinhamento à tendência de incorporar novos materiais sonoros. » Os clusters do Choros nº 13 (1929) Bachianas Brasileiras; Choros (p. ex. 7 e 10) Incorporação decidida de uma sonoridade de caráter nacional – Esses fluxos de nacionalismo transparecem principalmente a partir da década de 1930, apesar que os Choros já anunciavam com propriedades indiscutíveis o compromisso com a sonoridade nativa. • O ciclo Bachianas Brasileiras (escritas entre 1930 e 1945) é o principal representante dessa fase.
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