Modernismo Brasileiro Modernismo movimento cultural No pas da

Modernismo Brasileiro Modernismo, movimento cultural No país da Tropicália, tudo acaba em carnaval Profa. Karla Faria

Índice l Pré-Modernismo l Exposição Malfatti l Semana de Arte Moderna l Modernismo (características gerais) l Modernismo (1ª Fase) l Modernismo (2ª Fase) l Geração de 45

Pré-Modernismo l l l l l 1900 -1922; Não é considerado como movimento literário e sim escola literária; Tradição vs Inovação; Oficialismo nas artes plásticas, principalmente no Rio de Janeiro (ENBA); Preocupação com fatos sociais. Denuncia da realidade brasileira. O grande tema deste momento é o “Brasil não oficial”, do sertão nordestino, dos caboclos e dos subúrbios. Tipos humanos marginalizados. É a “descoberta do Brasil”. Caráter inovador de algumas obras, representando a ruptura (ainda que pouco significativa) com o Academismo, com o passado.

Inovação e Tradição nas artes plásticas l Tradição vs Inovação: A pincelada acadêmica Temática: um caipira é retratado na pintura. Caipira picando fumo, Almeida Junior

Augusto dos Anjos Versos Íntimos Augusto dos Anjos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!

Anita Malfatti Nasceu em 1889, em São Paulo. Logo pequena teve contato com a arte, pois, sua mãe era professora de pintura. Incentivada pela família foi, em 1910, para a Alemanha, onde frequentou, por três anos, a Academia Real de Berlim. Estudou gravura, desenho e pintura, além de conhecer os principais mestres do expressionismo alemão. De volta ao Brasil, em 1914, realizou sua primeira exposição individual. Foi a seguir para Nova York estudar na Independent School of Art, experiência marcante em sua obra. Teve contato com artistas e intelectuais. Anita iniciou uma obra de tendência claramente expressionista, longe dos padrões acadêmicos vigentes até então no Brasil. Sua exposição em 1917, em São Paulo, recebeu crítica ferrenha de Monteiro Lobato. Anita é considerada precursora do modernismo nas artes plásticas brasileiras. As obras A Boba e Torso fazem parte dos trabalhos expostos em 1917, considerados o climax de sua produção. Com bolsa do governo de São Paulo foi para Paris, em 1923, onde conviveu com Brecheret, Di Cavalcanti, além de pintores europeus. Ao retornar, em 1928, organizou várias mostras de arte e deu aulas de pintura. Em 1937 integrou-se à Família Artística Paulista. Foi diretora do Sindicato de Artistas Plásticos. Depois da Segunda Guerra, seu trabalho tornou-se mais espontâneo do que intelectual, com uma carga maior de fantasia. Participou das I e VII Bienais de São Paulo. Morreu em 1964, em São Paulo.

Exposição Malfatti "Parece absurdo, mas aqueles quadros foram a revelação. E ilhados na enchente de escândalo que tomara a cidade, nós, três ou quatro, delirávamos de êxtase diante de quadros que se chamavam O Homem Amarelo, Estudante Russa e Mulher de Cabelos Verdes". Mário de Andrade, 1942 Retornando dos Estados Unidos, em agosto de 1916, onde estudara com Homer Boss (1882 -1956), Anita tem em São Paulo uma fria reação ao seu trabalho, marcadamente expressionista. Mantendo-se assim isolada do meio artístico, só vem a expor suas obras um ano mais tarde, encorajada pelo jornalista Arnaldo Simões Pinto e pelo pintor Di Cavalcanti (1897 -1976). Assim, usando uma sala térrea cedida pelo conde Lara, na Rua Líbero Badaró no 111, Anita inaugura sua mostra com 53 obras. A exposição torna-se um acontecimento de grande interesse de público e crítica. Entretanto, em 20 de dezembro, Monteiro Lobato (1882 -1948) publica o artigo "A propósito da Exposição Malfatti" ("Paranóia ou Mistificação? “ http: //www. pitoresco. com/brasil/anita/lobato. htm ) , no qual tece violenta crítica ao seu trabalho, revelando-se verdadeiro porta-voz do pensamento acadêmico em voga. Mesmo deixando incontestáveis marcas no trabalho da artista, a crítica de Lobato teve o mérito de gerar uma polêmica entre os intelectuais e artistas solidários a Anita e os defensores da arte vigente, colocando em pauta pela primeira vez o conflito entre a arte moderna e a arte acadêmica. Segundo Paulo Mendes de Almeida, a mostra "teve o condão de suscitar o problema, agitar os meios artísticos e intelectuais, arregimentar adeptos e adversários alcançando e apaixonando até mesmo a opinião pública em geral", determinando "uma tomada de consciência nacional de um problema que até então não fora sequer equacionado entre nós". www. itaucultural. org. br

ENEM Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas A -buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais. B -defenderam a liberdade limitada de uso da cor, ate enta o utilizada de forma irrestrita, afetando a criac a o arti stica nacional. C representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa. D mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada a tradição acadêmica. E buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

“ Nós não sabíamos o queríamos, mas sabíamos o que não queríamos”. (Mário de Andrade)

Fevereiro de 1922 / São Paulo Intelectualidade artística- Mentor: Mário de Andrade Tarsila não estava presente. “Os sapos”, de Manuel Bandeira. Vila Lobos Vaias/ Oswald de Andrade

Semana de Arte Moderna Pauliceia Desvairada GRES Estácio de Sá - 1992 Lá vem o trem do caipira Prum dia novo encontrar Pela terra, corta o mar Eu vi (ai meu Deus eu vi) Na passarela a girar O arco-íris clarear Músicos, atores, escultores O céu da minha fantasia Pintores, poetas e compositores No brilho da Estácio a desfilar Expoentes de um grande país A brisa espalha no ar Mostraram ao mundo o perfil do brasileiro Um buquê de poesia Malandro, bonito, sagaz e maneiro Na Paulicéia desvairada lá vou eu Que canta e dança, pinta e borda e é feliz Fazer poemas, e cantar minha E assim transformaram os conceitos emoção sociais Quero a arte pro meu povo E resgataram pra nossa cultura Ser feliz de novo A beleza do folclore E flutuar nas asas da ilusão E a riqueza do barroco nacional Me dê, me dá, me dê Onde você for eu vou com você Modernismo movimento cultural No país da Tropicália Tudo acaba em carnaval. . .

A Semana de Arte Moderna é considerada como um divisor de águas para a cultura brasileira porque: a) propôs a continuação da tradição e o apego à literatura clássica, mas, ao mesmo tempo, deixou-se influenciar pelos movimentos de vanguarda que eclodiam na Europa no início do século XX. b) antecipou as renovações artísticas que só se consolidariam a partir da década de 1950 com o Concretismo, corrente literária liderada pelos poetas Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Auguso de Campos. c) foi considerada como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural de nosso país em favor de um espírito novo e moderno que contrariasse a arte tradicional de teor conservador que predominava no Brasil desde o século XIX. d) uniu técnicas literárias de maneira inédita na literatura, mesclando as influências oriundas vanguardas europeias com o Naturalismo e o Simbolismo, estéticas em voga no século XIX. Essa simbiose temática proporcionou a criação de uma nova linguagem, que em muito lembrava aquela empregada no período Barroco de nossa literatura.

Somados os esforços desde a Exposição de Anita Malfatti em 1917, os defensores da arte moderna decidem tornar públicas suas idéias. A sugestão parte de Di Cavalcanti, e Graça Aranha é quem faz a ligação entre ele os futuros patrocinadores do evento - ilustres membros da economia e da política local, tendo Paulo Prado à frente. Assim, no ano do centenário da Independência, inauguram-se no Teatro Municipal as atividades da Semana de Arte Moderna, também conhecida por Semana de 22, com uma conferência de Graça Aranha, recebidas tanto com aplausos quanto com vaias. O evento tem em sua programação conferências e leituras de poemas, recitais de música, além da mostra de artes plásticas. Pretendendo agitar o marasmo da cultura nacional, a Semana propunha uma arte que não fosse mera reprodução da natureza, mas resultado de uma liberdade de pesquisa estética, deixando entrever uma tomada de consciência da realidade nacional. Entretanto, como coloca Roberto Pontual, "como toda pontade-lança, a Semana de Arte Moderna pagava o preço do pioneirismo: era mais vontade do que concretização, mais ebulição de idéias do que aplicação de ideologia". De fato, foi apenas no decorrer da década de 20 que os modernistas, assimilando concretamente as inovações da arte moderna européia, realizaram uma obra mais consistente. Caberia ainda ao próprio Mário de Andrade - verdadeiro líder e principal teórico do movimento - sintetizar a herança de 1922: A estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada em expressar a realidade brasileira. A atualização intelectual com as vanguardas europeias. O direito permanente de pesquisa e criação estética. ROMPIMENTO DEFINITIVO COM O PASSADISMO! NÃO HÁ COMO VOLTAR!

Brecheret. Cristo de trancinhas. Anita Malfatti. O homem amarelo. “Um só coração” – Semana de Arte Moderna https: //www. youtube. com/watch? v=zc 2 AHqe 9 zrw Globo News- Semana de Arte Moderna https: //www. youtube. com/watch? v=t. JKYZd. GU 4 r. A Desfile Estácio 1992 https: //www. youtube. com/watch? v=o 85 TWFd. HDtc Di Cavalcanti. Pierrete.

Modernismo

Modernismo- 1ª Fase Características O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento com todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade: "(. . . ) se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é, o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos e idéias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor. (. . . ) Ao mesmo tempo que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa de fontes quinhentistas, a procura de uma "língua brasileira" (a língua falada pelo povo nas ruas), as paródias - numa tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras - e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. É o tempo do Manifesto da Poesia Pau-Brasil e do Manifesto Antropófago, ambos nacionalistas na linha comandada por Oswald de Andrade, e do Manifesto do Verde. Amarelismo ou da Escola da Anta, que já traz as sementes do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.

Modernismo- Características Gerais l l l 1ª geração (1922 -1930)- Choque/ Impacto: Experimentalismo estético; Liberdade criadora; Cotidiano na poesia; Linguagem coloquial; Busca do nacional nas artes (nacionalismo crítico e nacionalismo ufanista); l Rompimento com o passado. l 2ª geração (1931 -1945)- Construção: ¡ Engajamento político e denúncia social; ¡ Momento de construção; ¡ Caráter documental; Alguns teóricos literários consideram ainda uma 3ª geração: 1941 a 1945, chamada de reflexão.

Poesia Modernista LIBERDADE DE EXPRESSÃO A importância maior das vanguardas residiu no triunfo de uma concepção inteiramente libertária da criação artística. O pintor, o escritor ou o músico não precisam se guiar por outras leis que não as de sua própria interioridade e de seu próprio arbítrio. Picasso não pintará mais o real e sim a sua interpretação do real. A liberdade só poderá ser cerceada por regimes autoritários que proibirem a circulação dos objetos artísticos. Em resumo, todas as normas foram abolidas. Poética, de Manuel Bandeira, é um manifesto dessa nova postura, com seu célebre verso final: Não quero mais saber de lirismo que não é libertação.

O trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras. . . As primaveras do sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal. . . Intermitentemente. . . Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo. . . Cantabona! Dlorom. . . Sou um tupi tangendo um alaúde! ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org. ) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal”, que, evocando o carnaval, remete à brasilidade. b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas. c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9). d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

Pronominais Oswald de Andrade Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro De Pau-brasil (1925)

Poética – Manuel Bandeira Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor. Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as [sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Poética Manuel Bandeira Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que [quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos [secretário do amante [exemplar com cem modelos de [cartas e as diferentes [maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare — Não quero mais saber do lirismo [que não é libertação.

Exercícios sobre “Poética

1 - Comprove com partes do texto as propostas que são postas em prática no próprio poema. 2 -Reconheça os movimentos literários que são criticados e que se critica dele. 3 - Resuma a concepção de lirismo na poesia moderna defendida pelo enunciador, explicando por que ela está associada ao lirismo dos bêbados, loucos e palhaços. 4 - (Enem-MEC) “Poética, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento l modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora crítica e propostas que l representam o pensamento estático predominante na época. l Com base no poema, podemos afirmar corretamente que o poeta: l a) critica o lirismo louco do movimento modernista. l b) critica todo e qualquer lirismo na Literatura. l c) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico. l d) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico. l e) propõe a criação de um novo lirismo.

( ) Nesse texto Manuel Bandeira se opõe à perfeição formal do Parnasianismo, ao purismo que freia a liberdade criadora do artista e o afasta de sua inspiração, para preocupar- se com aspectos alheios ao poema. ( ) O poema é expressamente uma reivindicação de uma linguagem preciosa, elegante e rara para a arte literária. ( ) Em relação ao Modernismo Brasileiro, pode-se afirmar que, passados o entusiasmo e o dinamismo, de que dão mostras os versos de Manuel Bandeira, a nossa literatura se acomodou a um lirismo comedido, metrificado, de rimas raras. ( ) Nestes versos “Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo” (v. 5, v. 6), Manuel Bandeira se opõe ao purismo parnasiano, que não admitia o uso de estrangeirismos e de vulgarismos. ( ) Os versos “Quero antes o lirismo dos loucos / O lirismo dos bêbados / o lirismo difícil e pungente dos bêbados / O lirismo dos clowns de Shakespeare / Não quero mais saber do lirismo que não é libertação” (v. 21 - v. 25) apresentam relações com as propostas do Surrealismo, pois exaltam o lirismo nascido do inconsciente.

Textos Modernistas Pero Vaz de Caminha Oswald de Andrade A DESCOBERTA Seguimos nosso caminho por este mar de longo Até a oitava da Páscoa Topamos aves E houvemos vista de terra OS SELVAGENS Mostraram-lhes uma galinha Quase haviam medo dela E não queriam pôr a mão E depois a tomaram como espantados PRIMEIRO CHÁ Depois de dançarem Diogo Dias Fez o salto real AS MENINAS DA GARE Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha De Pau-brasil (1925) Canto de regresso à pátria Oswald de Andrade Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo

Textos Modernistas PROCURA DA POESIA. Carlos Drummond de Andrade Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, Há calma e frescura na superfície intata. Hei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma sete provocam. Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sobre a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram da noite as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio difícil e se transformam em desprezo

Manifestos e Revistas l Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922 -1923) l Recebe este nome, pois klaxon era o termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é conseqüência das agitações em torno da SAM. Inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo. “— Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado, caminha para diante, sempre. ” l Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924 -1925) l Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correio da Manhã. Em 1925, é publicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil de Oswald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil. “— A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela sob o azul cabralino, são fatos estéticos. ” “— A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos. ”

Manifestos e Revistas l A Revista (1925 -1926) l Responsável pela divulgação dos ideais modernistas em MG. Teve apenas três números e contava com Drummond como um de seus redatores. l Verde-Amarelismo – Escola da Anta (1926 -1929) l É uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil. Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo. Criticavam o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo de Plínio Salgado (década de 30). Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto “Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”. l Manifesto Regionalista de 1926 l 1925 e 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife) busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de promover conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram uma revista. Vale ressaltar que o regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral - na 2ª fase modernista.

“O homem que come” Contraste de cabeça X corpo Cores vibrantes Primitivismo “SÓ A ANTROPOFAGIA nos une, Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. / Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. / De todos os tratados de paz. / Tupi or not tupi, that is the question. ” (Manifesto Antropofágico)

Manifestos e Revistas l Manifesto Antropofágico (1928 -1929) l Contou com duas fases (dentições): a primeira com 10 números (1928 e 1929) direção Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp; a segunda foi publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário de São Paulo (1929) e seu “açougueiro” (secretário) era Geraldo Ferraz. É uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil e resposta ao grupo Verde-amarelismo. A origem do nome movimento esta na tela “Abaporu” de Tarsila do Amaral. l 1ª fase - inicia-se com o polêmico manifesto de Oswald e conta com Alcântara Machado, Mário de Andrade (2º número publicou um capítulo de Macunaíma), Carlos Drummod (3º número publicou a poesia “No meio do caminho”); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida. l 2ª fase - mais definida ideologicamente, com ruptura de Oswald e Mário de Andrade. Estão nessa segunda fase Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão (Pagu). Os alvos das críticas (mordidas) são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Plínio Salgado. l “SÓ A ANTROPOFAGIA nos une, Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. / Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. / De todos os tratados de paz. / Tupi or not tupi, that is the question. ” (Manifesto Antropófago) l “A nossa independência ainda não fo proclamada. Frase típica de D. João VI: — Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte. ” (Revista de Antropofagia, nº 1)

l Considero Mário de Andrade o maior nome do Modernismo Brasileiro. Considero Macunaíma a maior obra do Modernismo Brasileiro. Eu gostaria de ter escrito. Oswald de Andrade.

Macunaíma l Como o próprio Mário declarou, ele teve muitas intenções ao escrever Macunaíma, tratando de diversos problemas brasileiros: a falta de definição de um caráter nacional, a cultura submissa e dividida do Brasil, o descaso para com as nossas tradições, a importação de modelos socioculturais e econômicos, a discriminação linguística etc. Mas a principal preocupação de Mário de Andrade foi buscar uma identidade cultural brasileira. l Para Mário de Andrade, a modernização brasileira, isto é, a conquista de uma identidade cultural só seria possível se tomássemos consciência de nossas tradições

l A obra tem um aspecto nacionalista, mas aponta também para os “defeitos” do país. Consegue seguir a tendência literária mundial, mas imprime um tom nacional e originário. Com isso, “Macunaíma” torna-se a melhor representação das propostas do Movimento da Antropofagia (1928), iniciado por Oswald de Andrade, que buscava equiparar a cultura brasileira às outras culturas de prestígio. l A descentralização da cultura é um dos objetivos do Modernismo e pode ser percebida na obra de Andrade. O autor cumpre com tal corrente ao tratar do nacionalismo em torno do verde-amarelismo, buscando os motivos indígenas, folclóricos, nativos e americanos, contra a inspiração nos temas europeus. Macunaíma também apresenta a “descentralização da cultura” na língua, ilustrando "o vocabulário regional de todos os pontos do Brasil" com suas frases feitas e provérbios de propriedade coletiva. Um dos principais valores do livro é exatamente essa mistura linguística.

Segunda Fase do Modernismo- Poesia l Estende-se de 1930 a 1945, sendo um período rico na produção poética e também na prosa. O universo temático se amplia e os artistas passam a preocupar-se mais com o destino dos homens, o estar-no-mundo. l “A segunda fase colheu os resultados da precedente, substituindo o caráter destruidor pela intenção construtiva, “pela recomposição de valores e configuração da nova ordem estética”. --Cassiano Ricardo Durante algum certo tempo, a poesia das gerações de 22 e 30 conviveram. Não se trata, portanto, de uma sucessão brusca. A maioria dos poetas de 30 absorveria parte da experiência de 22: liberdade temática, gosto da expressão atualizada ou inventiva, verso livre, anti-academicismo.

l A poesia prossegue a tarefa de purificação de meios e formas iniciada antes, ampliando a temática na direção da inquietação filosófica e religiosa, com Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, ao tempo em que a prosa alargava a sua área de interesse para incluir preocupações novas de ordem política, social e econômica, humana e espiritual. À piada sucedeu a gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Uma geração grave, preocupada com o destino do homem e com as dores do mundo, pelos quais se considerava responsável, deu à época uma atividade excepcional. l A geração de 30 não precisou ser combativa como a de 22. Eles já encontraram uma linguagem poética modernista estruturada. Passaram então a aprimorá-la e extrair dela novas variações, numa maior estabilidade. l O Modernismo já estava dinamicamente incorporado às praticas literárias brasileiras, sendo assim os modernistas de 30 estão mais voltados ao drama do mundo e ao desconcerto do capitalismo

Características da 2ª fase l Repensar a historia nacional com humor e ironia - " Em outubro de 1930 / Nós fizemos — que animação! — / Um pic-nic com carabinas. " (Festa Familiar - Murilo Mendes) l Verso livre e poesia sintética - " Stop. / A vida parou / ou foi o automóvel? " (Cota Zero, Carlos Drummond de Andrade) l Nova postura temática - questionar mais a realidade e a si mesmo enquanto indivíduo l Tentativa de interpretar o estar-no-mundo e seu papel de poeta. l Literatura mais construtiva e mais politizada. l Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (Cecília, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius) l Aprofundamento das relações do eu com o mundo l Consciência da fragilidade do eu - "Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo" (Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo) l Perspectiva única para enfrentar os tempos difíceis é a união, as soluções coletivas - " O presente é tão grande, ano nos afastemos, / Ano nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. " (Carlos Drummond de Andrade - Mãos dadas)

Drummond (1902 -1987) l Sintonia com o grupo de modernistas de SP. l Irreverência (No meio do caminho). l Fase Gauche (isolamento, reflexão existencial) l Cronista

Análise- Quadrilha- Drummond l João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. l ============ l 1 - Livres do academicismo parnasiano, os poetas da geração de 30 incorporaram em suas produções conquistas formais por que tinham se empenhado os primeiros modernistas e sentiram-se á vontade para retomar algumas posturas antes rejeitadas. Dos procedimentos formais da poesia de 22 relacionados a seguir, quais deles também podem ser observados em “Quadrilha”? l Verso livre ilogismo linguagem simples l Falta de pontuação simultaneidade de imagens humor

2 - O poema “Quadrilha” aborda um tema caro à tradição poética: o amor e o relacionamento amoroso. A originalidade do poema está na forma como o tema é tratado. a) Com que tipo de visão o poeta aborda este tema no poema: com uma visão irônica, crítica ou trágica? b) De acordo com o poema, o que é o amor ou o relacionamento amoroso? c) Essa visão de amor pode ser considerada moderna? Explique.

l 3 -O poema é intitulado “Quadrilha”. l a) Considerando o modo como se dança a quadrilha em festas juninas, principalmente a disposição e o movimento dos pares, estabeleça relações entre o poema e a quadrilha das festas juninas.

l b) Observe os dois enunciados a seguir e compare a função sintática dos termos que compõe os enunciados. João (Suj) amava VTD João amava (Suj) VTD Teresa OD que (Teresa) amava Raimundo SUJ VTD OD que (Teresa) amava SUJ VTD João OD O primeiro enunciado é constituído pelas duas primeiras orações do primeiro período do poema, e o segundo, equivalente a uma situação em que existisse correspondência amorosa entre os amantes. Por que a observação de quem é o sujeito e quem é objeto em “João amava Teresa que amava Raimundo” confirma a resposta A.

l 4 - O poema é leve e bem-humurado. Apesar disso também é reflexivo? Justifique sua resposta. l 5 - Com base na leitura e na análise, que mudanças identifica na poesia de 30, em relação à poesia de 22?

Poema de sete faces Drummond Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. De Alguma poesia (1930) O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode,

Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar. . . as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. De Alguma poesia (1930) Infância Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras lia a história de Robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais. No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim: - Psiu. . . Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito. E dava um suspiro. . . que fundo! Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Os ombros suportam o mundo (1940) l Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teu ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.

Segunda fase do Modernismo- Prosa l Segunda fase Modernista no Brasil (1930 -1945) - Prosa l Romances caracterizados pela denúncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira, atingindo elevado grau de tensão nas relações do eu com o mundo. Uma das principais características do romance brasileiro é o encontro do escritor com seu povo. Há uma busca do homem brasileiro nas diversas regiões, por isso o regionalismo ganha importância, com destaque às relações do personagem com o meio natural e social. l Os escritores nordestinos merecem destaque especial, por sua denúncia da realidade da região pouco conhecida nos grandes centros. O 1° romance nordestino foi A Bagaceira de José Américo de Almeida. Esses romances retratam o surgimento da realidade capitalista, a exploração das pessoas, movimentos migratórios, miséria, fome, seca etc.

Autores da 2ª fase do Modernismo l Graciliano Ramos: l Considerado o melhor romancista moderno da literatura brasileira. Levou ao limite o clima de tensão presente nas relações entre o homem e o meio natural, o homem e o meio social. Mostrou que essas tensões são capazes de moldar personalidades e transformar comportamentos, até mesmo gerar violência. l Luta pela sobrevivência é o ponto de ligação entre seus personagens, onde a lei maior é a lei da selva. A morte é uma constante em suas obras como final trágico e irreversível (suicídios em Caetés e São Bernardo, assassinato em Angústia e as mortes do papagaio e da cadela Baleia em Vidas Secas).

Autores da 2ª fase do Modernismo l Jorge Amado: l Na vasta ficção de Jorge Amado convivem lirismo, sensualismo, misticismo, folclore, idealismo, engajamento político, exotismo. Este painel, sem dúvida, bastante rico, aliado a uma linguagem coloquial, fluida, espontânea, aparentemente sem elaboração, tem sido responsável pela grande aceitação popular de sua obra. Além disso, seus heróis são marginais, pescadores, marinheiros, prostitutas e operários; todos personagens de origem popular. Suas obras estão ambientadas no quadro rural e urbano da Bahia e seu aspecto documental a torna autenticamente regionalista. l Podemos dividir assim a sua produção: l Ciclo do Cacau: Cacau, Suor, Terras do Sem Fim, São Jorge de Ilhéus problemas coletivos, “realismo socialista”. l Romances líricos, com um fundo de problemática social: Jubiabá, Mar Morto, Capitães de Areia. l Romances de costumes provincianos, geralmente sentimentais e eróticos: Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos.

Autores da 2ª fase do Modernismo l Érico Veríssimo: l Escritor de grandes dimensões, em sua produção se incluem romances, crônicas, literatura infantil. Os romances que compõem a trilogia O Tempo e o Vento (O Continente, O Retrato, O Arquipélago) traçam um painel histórico de várias gerações: desde a época colonial sucedem-se as lutas entre portugueses e espanhóis, farrapos e imperiais, maragatos e picapaus (nomes dos partidos em guerra política). Duas famílias, os Terra Cambará e os Amaral, são durante dois séculos o fio narrativo que unifica a história. Érico Veríssimo compõe uma verdadeira saga romanesca, com todas as suas características: guerras intermináveis, aventuras, amores, traições, gerações que se sucedem, criando um painel histórico da comunidade rio-grandense e do próprio Brasil. A obra é uma aglutinação de novelas, onde ressaltam as figuras épicas de Ana Terra e do Capitão Rodrigo Cambará. O estilo de Érico Veríssimo é coloquial, poético, intimista. Sua técnica de construção é o contraponto: onde várias histórias se desenvolvem paralelamente, a ação concentrada e o dinamismo. Em suas últimas obras, como O Prisioneiro, O Senhor Embaixador e Incidente em Antares, desenvolveu a ficção política, ambientada nos dias atuais.
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