Modernismo 2 fase 1930 1945 Poesia Contexto Histrico

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Modernismo 2ª fase (1930 – 1945) Poesia

Modernismo 2ª fase (1930 – 1945) Poesia

Contexto Histórico . O período que abrange toda a década de 30 e a

Contexto Histórico . O período que abrange toda a década de 30 e a primeira metade dos anos 40 do século XX caracterizase por mudanças profundas no cenário nacional, decorrentes de transformações políticas internas e de fatores externos. Entre eles, são importantes: a queda da bolsa de Nova Iorque (1929), que fez cair assustadoramente o preço do café, nosso principal produto de exportação, levando fazendeiros à bancarrota –

era a ruína econômica de uma boa parte da elite; a ascensão de Getúlio

era a ruína econômica de uma boa parte da elite; a ascensão de Getúlio Vargas; a Revolução Constitucionalista de 1932; a aprovação da Lei de Segurança Nacional, que garantia ao governo a repressão de quaisquer atividades consideradas subversivas; a implantação do Estado Novo; a censura aos meios de comunicação imposta pelo DIP; o início da Segunda Guerra Mundial. Devemos lembrar ainda do Fascismo de Benito Mussolini na Itália (1922/1943) e a invasão de Hitler à Polônia, dando início à II Guerra Mundial.

Maturidade e alargamento Na poesia da Geração de 30, houve a consolidação das liberdades

Maturidade e alargamento Na poesia da Geração de 30, houve a consolidação das liberdades formais, conquistadas pela geração anterior, que, somada ao descompromisso em protagonizar uma revolução estética permitiram tanto o cultivo dos versos brancos e livres como o das formas tradicionais. Grandes e inesquecíveis talentos surgiram no cenário brasileiro desse período. Quanto aos temas, observa-se uma grande preocupação social decorrente da tensão política que envolvia o mundo e que eclodiu na II Grande Guerra. O medo, a incerteza, a perplexidade, a sensação de abismo tomou conta da produção de 30, bem como uma tendência à espiritualidade.

 Se de um lado se configura uma inquietação de caráter universalizante, de outro,

Se de um lado se configura uma inquietação de caráter universalizante, de outro, surge uma poesia intimista. A coexistência dessa com aquela só não é antitética, em virtude de esse intimismo acabar por resvalar também no universal, fato facilmente compreensível dado o momento histórico: a angústia e os dilemas individuais refletem o contexto histórico mundial. Nesse momento, a poesia religiosa é notavelmente cultivada, em especial pelos articuladores da revista Festa, de caráter espiritualista católico e neosimbolista. Aliás, nessa fase, frequentemente os recursos simbolistas são mesclados às técnicas propostas pela Geração de 22.

Em síntese Nas décadas de 1930 e 40, a poesia brasileira vivia um de

Em síntese Nas décadas de 1930 e 40, a poesia brasileira vivia um de seus melhores momentos. Tratava-se de um período de maturidade e alargamento das conquistas modernistas da primeira geração. Maturidade porque já não havia necessidade de escandalizar os meios culturais acadêmicos. Sem radicalismos e excessos, os poetas sentem-se à vontade tanto para escrever um poema com versos quanto para fazer um soneto, sem que isso significasse voltar ao Parnasianismo.

A poesia da segunda geração modernista foi, essencialmente, uma poesia de questionamento: da existência

A poesia da segunda geração modernista foi, essencialmente, uma poesia de questionamento: da existência humana, do sentimento de “estar-nomundo”, das inquietações social, religiosa, filosófica, amorosa. Carlos Drummond de Andrade é o poeta que melhor representa o espírito dessa geração, e sua produção poética encontra-se num dos pontos mais altos da nossa literatura.

Principais poetas

Principais poetas

Murilo Mendes

Murilo Mendes

Olhar irreverente dos primeiros modernistas; Recuperação de textos do Quinhentismo; Tendência religiosa como consolo

Olhar irreverente dos primeiros modernistas; Recuperação de textos do Quinhentismo; Tendência religiosa como consolo para a existência humana; Influências surrealistas.

Texto I Canção do exílio Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos

Texto I Canção do exílio Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações.

A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em

A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!

Texto II Pré-história Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu

Texto II Pré-história Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu as asas Cansada de tanto som, Equilibrou-se no azul, De tonta não mais olhou Para mim, para ninguém: Cai no álbum de retratos.

Jorge de Lima

Jorge de Lima

ü Multiplicidade de temas (o negro, a sociedade, Deus, a infância, . . .

ü Multiplicidade de temas (o negro, a sociedade, Deus, a infância, . . . ), semelhante a Murilo Mendes; ü Tom coloquial e afetividade.

Texto III Mulher proletária - única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos) tu

Texto III Mulher proletária - única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos) tu na tua superprodução de máquina humana forneces anjos para o Senhor Jesus, forneces braços para o senhor burguês. Mulher proletária, 0 operário, teu proprietário há de ver, há de ver: a tua produção, a tua superprodução, ao contrário das máquinas burguesas salvar o teu proprietário.

Vinícius de Moraes

Vinícius de Moraes

Poeta social, sensual, transcendente; Tematizou o amor e a mulher; Influências simbolistas; Uso do

Poeta social, sensual, transcendente; Tematizou o amor e a mulher; Influências simbolistas; Uso do soneto, da rima e da metrificação; Religiosidade e angústia associada à oscilação entre matéria e espírito; Poesia do cotidiano e dos relacionamentos amorosos;

Texto IV Soneto de separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e

Texto IV Soneto de separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez

De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Vinícius de Moraes

UFRJ 2008 - Texto V Como se comportar no cinema (A arte de namorar)

UFRJ 2008 - Texto V Como se comportar no cinema (A arte de namorar) Poucas atividades humanas são mais agradáveis que o ato de namorar, e é sobre a arte de praticá-lo dentro dos cinemas queremos fazer esta crônica. Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior de recintos cobertos, mormente quando se dispõe da vantagem de ambiente escuro propício. A tendência geral do homem é abusar das facilidades que lhe são dadas, e nada mais errado; pois a verdade é que namorando em público, além dos limites, perturba ele aos seus circunstantes, podendo atrair sobre si a curiosidade, a inveja e mesmo a ira daqueles que vão ao cinema sozinhos e pagam pelo direito de assistir ao filme em paz de espírito.

 Ora, o namoro é sabidamente uma atividade que se executa melhor a coberto

Ora, o namoro é sabidamente uma atividade que se executa melhor a coberto da curiosidade alheia. Se todos os frequentadores dos cinemas fossem casais de namorados, o problema não existiria, nem esta crônica, pois a discrição de todos com relação a todos estaria na proporção direta da entrega de cada um ao seu namoro específico. [. . . ] De modo que, uma das coisas que os namorados não deveriam fazer é se enlaçar por sobre o ombro e juntar as cabeças. Isso atrapalha demais o campo visual dos que estão à retaguarda. [. . . ] Cochichar, então, é uma grande falta de educação entre namorados no cinema. Nada perturba mais que o cochicho constante e, embora eu saiba que isso é pedir muito dos namorados, é necessário que se contenham nesse ponto, porque afinal de contas aquilo não é casa deles.

 Um homem pode fazer milhões de coisas – massagem no braço da namorada,

Um homem pode fazer milhões de coisas – massagem no braço da namorada, cosquinha no seu joelho, festinha no rostinho delazinha; enfim, a grande maioria do trabalho de “mudanças” em automóveis não hidramáticos – sem se fazer notar e, consequentemente, perturbar aos outros a fruição do filme na tela. Porque uma coisa é certa: entre o namoro na tela – e pode ser até Clark Gable versus Ava Gardner – e o namoro no cinema, este é que é o real e positivo, o perturbador, o autêntico.

Questão 01 O texto de Vinicius de Moraes, sobre a “arte de namorar” no

Questão 01 O texto de Vinicius de Moraes, sobre a “arte de namorar” no cinema, levanta uma hipótese que anularia a existência da crônica. Transcreva exclusivamente a oração subordinada adverbial que traduz a referida hipótese. Questão 02 O sufixo (z)inho, empregado repetidamente na passagem “festinha no rostinho delazinha”, é de enorme vitalidade na língua. Comprove essa vitalidade, no plano morfológico, a partir do uso do diminutivo nos vocábulos da referida passagem.

GABARITO

GABARITO

 GABARITO UFRJ 2008 Questão 01 A oração que traduz a referida hipótese é

GABARITO UFRJ 2008 Questão 01 A oração que traduz a referida hipótese é a seguinte: “Se todos os frequentadores dos cinemas fossem casais de namorados”. Questão 02 A vitalidade do sufixo (z)inho no plano morfológico fica comprovada por sua aplicação não só a bases nominais (substantivos e adjetivos), como em festa e em rosto, mas também a outras bases menos usuais, como, por exemplo, a pronomes, como em (d)ela.

Questão 03 “Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior de recintos cobertos, mormente

Questão 03 “Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior de recintos cobertos, mormente quando se dispõe da vantagem de ambiente escuro propício. ” Substitua o vocábulo em destaque – pouco usual na língua falada – por outro que preserve o sentido do termo e a estrutura da frase.

GABARITO Questão 03 O vocábulo “mormente” pode ser substituído por principalmente, sobretudo, maiormente.

GABARITO Questão 03 O vocábulo “mormente” pode ser substituído por principalmente, sobretudo, maiormente.

Texto VI Desde sempre Na minha frente, no cinema escuro e silencioso Eu vejo

Texto VI Desde sempre Na minha frente, no cinema escuro e silencioso Eu vejo as imagens musicalmente rítmicas Narrando a beleza suave de um drama de amor. Atrás de mim, no cinema escuro e silencioso Ouço vozes surdas, viciadas Vivendo a miséria de uma comédia de carne. Cada beijo longo e casto do drama Corresponde a cada beijo ruidoso e sensual da comédia Minha alma recolhe a carícia de um E a minha carne a brutalidade do outro. Eu me angustio.

Desespera-me não me perder da comédia ridícula e falsa Para me integrar definitivamente no

Desespera-me não me perder da comédia ridícula e falsa Para me integrar definitivamente no drama. Sinto a minha carne curiosa prendendo-me às palavras implorantes Que ambos se trocam na agitação do sexo Tento fugir para a imagem pura e melodiosa Mas ouço terrivelmente tudo Sem poder tapar os ouvidos. Num impulso fujo, vou para longe do casal impudico Para somente poder ver a imagem. Mas é tarde. Olho o drama sem mais penetrar-lhe a beleza Minha imaginação cria o fim da comédia que é sempre o mesmo fim E me penetra a alma uma tristeza infinita Como se para mim tudo tivesse morrido.

Questão 04 Autores e obras de um determinado período podem apresentar – nos níveis

Questão 04 Autores e obras de um determinado período podem apresentar – nos níveis da forma ou do conteúdo – padrões estéticos e ideológicos caracterizadores de um outro momento histórico. Partindo de tal afirmação, podese dizer que o texto VI, embora escrito por um poeta do século XX, apresenta um conflito tipicamente barroco. Descreva esse conflito com base em elementos extraídos do texto.

GABARITO Questão 04 No espaço físico da sala de cinema, o eu-lírico mostra-se dividido

GABARITO Questão 04 No espaço físico da sala de cinema, o eu-lírico mostra-se dividido entre “a beleza suave de um drama de amor”, que repercute em sua alma, e “a miséria de uma comédia de carne”, que apela para seus desejos carnais: “minha alma recolhe a carícia de um / e a minha carne a brutalidade do outro”. Desse modo, o poema apresenta um conflito tipicamente barroco: carne/corpo versus espírito/alma, construído em diversas passagens do texto.

Texto VII O Dia de meu pai Faz hoje nove anos que Clodoaldo Pereira

Texto VII O Dia de meu pai Faz hoje nove anos que Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, homem pobre mas de ilustre estirpe, desincompatibilizou-se com este mundo. Teve ele, entre outras prebendas(*) encontradas no seu modesto, mas lírico caminho, a de ser meu pai. E como, ao seu tempo, não havia essa engenhosa promoção de imprensa chamada de “O Dia do Papai”, eu quero, em ocasião, trazer nesta crônica o humilde presente que nunca lhe dei quando menino; não só porque, então, a data não existia, como porque o pouco numerário que eu conseguia, quando em calças curtas, era furtado às suas algibeiras; furtos cuidadosamente planejados e executados cedo de manhã, antes que ele se levantasse para o trabalho, e que não iam além de uma moeda daquelas grandes de 400 réis.

 Eu tirava um prazer extraordinário dessas incursões ao seu quarto quente de sono,

Eu tirava um prazer extraordinário dessas incursões ao seu quarto quente de sono, e operava em seus bolsos de olho grudado nele, ouvindo-lhe o doce ronco que era para mim o máximo. Quem nunca teve um pai que ronca não sabe o que é ter pai. Se Clodoaldo Pereira da Silva e eu trocamos dez palavras durante a sua vida foi muito. Bom dia, como vai, até a volta — às vezes nem isso. Há pessoas com quem as palavras são desnecessárias. Nos entendíamos e amávamos mudamente meu pai e eu. Talvez pelo fato de sua figura emocionar-me tanto, evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas emocionais, pois estou certo de que, se começássemos a falar, cairíamos os dois em pranto, tão grandes eram em nós os motivos para chorar (. . . ) Vinícius de Moraes (*) Prebenda: tarefa pesada, grande trabalho.

Questão 13 Nesse fragmento em que Vinícius de Moraes relembra a figura paterna, várias

Questão 13 Nesse fragmento em que Vinícius de Moraes relembra a figura paterna, várias vezes aparecem palavras em sentido figurado, conotativo. Assinale a alternativa em que o sentido é literal. a) “. . . desincompatibilizou-se com este mundo. ” b) “. . . operava em seus bolsos de olho grudado nele. . . ” c) “Teve ele, entre outras prebendas encontradas no seu modesto, mas lírico caminho, a de ser meu pai. ” d) “Nos entendíamos e amávamos mudamente meu pai e eu. ” e) “. . . evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas emocionais. . . ”

GABARITO: D

GABARITO: D

Questão 14 Metáfora é uma figura de linguagem que consiste numa comparação abreviada (comparação:

Questão 14 Metáfora é uma figura de linguagem que consiste numa comparação abreviada (comparação: este mundo é como um palco; metáforas: este mundo é um palco; ele desempenhou bem o seu papel no palco da existência). Assinale o trecho do texto em que há metáfora. a)“E como, ao seu tempo, não havia essa engenhosa promoção de imprensa chamada de ‘O Dia do Papai’. . . ” b) “. . . furtos cuidadosamente planejados e executados cedo de manhã. . . ” c) “Eu tirava um prazer extraordinário dessas incursões ao seu quarto. . . ” d) “Nos entendíamos e amávamos mudamente meu pai e eu. ” e) “. . . evitei sempre pisar com ele o terreno das coisas emocionais. . . ”

GABARITO: E

GABARITO: E

Texto VIII UERJ 2008 Uma mulher chamada guitarra Um dia, casualmente, eu disse a

Texto VIII UERJ 2008 Uma mulher chamada guitarra Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era “a música em forma de mulher”. A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam um mot d’esprit 1. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos. O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina – viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo –, o único que representa a

 mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves,

mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância 2; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo. (. . . ) Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d’amore 3, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas. . . Até na maneira de

 ser tocado – contra o peito – lembra a mulher que se aninha

ser tocado – contra o peito – lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua. Ponha-se num céu alto uma Lua tranquila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals 4. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus tremolos 5, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranquila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.

Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984. Vinicius de MORAES

Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984. Vinicius de MORAES Vocabulário: 1 mot d’esprit – dito espirituoso 2 jactância – arrogância, orgulho, vaidade 3 viola d’amore – viola de amor, antigo instrumento musical 4 Casals – Pablo Casals, famoso violoncelista do século passado 5 tremolos – repetições rápidas de uma ou duas notas musicais

Questão 01 O título do texto de Vinicius de Moraes estabelece, indiretamente, uma relação

Questão 01 O título do texto de Vinicius de Moraes estabelece, indiretamente, uma relação de identidade entre dois elementos. Tal relação se torna possível pela aplicação do seguinte mecanismo: (A) criação de valor ilógico para uma palavra (B) vinculação de elemento inanimado a uma pessoa (C) atribuição de característica inusitada a um objeto (D) transformação de sentido denotativo em metafórico Questão 02 Algumas estratégias argumentativas são empregadas para persuadir o leitor de que a opinião do enunciador é, na verdade, um fato. A estratégia de persuasão presente nesse texto não inclui o uso de:

(A) imagem poética (B) pergunta retórica (C) interlocução direta (D) argumento de autoridade Questão

(A) imagem poética (B) pergunta retórica (C) interlocução direta (D) argumento de autoridade Questão 03 O violão é não só a música (. . . ) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina (. . . ), o único que representa a mulher ideal: (l. 7 -12) Para defender o ponto de vista acima apresentado, o enunciador organiza o segundo parágrafo com base em um processo de:

(A) definição (B) associação (C) exemplificação (D) contextualização Questão 04 A metáfora-base do texto

(A) definição (B) associação (C) exemplificação (D) contextualização Questão 04 A metáfora-base do texto se realiza, em plenitude, no terceiro parágrafo. O caráter conferido por esse parágrafo ao texto pode ser qualificado como: (A) emotivo (B) sensual (C) figurativo (D) contemplativo

GABARITO Questão 01 C Questão 02 D Questão 03 B Questão 04 B

GABARITO Questão 01 C Questão 02 D Questão 03 B Questão 04 B

Texto IX Soneto de Fidelidade De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e

Texto IX Soneto de Fidelidade De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu seu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem

E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

Escritora intuitiva; Inclinação neo-simbolista; Espiritualidade e musicalidade; Poesia reflexiva e filosófica, tematizando a transitoriedade

Escritora intuitiva; Inclinação neo-simbolista; Espiritualidade e musicalidade; Poesia reflexiva e filosófica, tematizando a transitoriedade da vida e a fugacidade do tempo e das coisas; Reflexões sobre questões de natureza política e social; Imagens da natureza e do infinito; Revisitação da Inconfidência Mineira.

Texto X Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida esta

Texto X Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida esta completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento.

Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, não sei. Não sei

Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada. Cecília Meireles

Texto XI Romance XXIV ou da Bandeira da Inconfidência (. . . ) Atrás

Texto XI Romance XXIV ou da Bandeira da Inconfidência (. . . ) Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, brilham fardas e casacas, junto com batinas pretas. E há finas mãos pensativas, entre galões, sedas, rendas, e há grossas mãos vigorosas, de unhas fortes, duras veias, e há mãos de púlpito e altares, de Evangelhos, cruzes, bênçãos. (. . . )

Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, uns sugerem, uns recusam, uns

Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, uns sugerem, uns recusam, uns ouvem, uns aconselham. Se a derrama for lançada, há levante, com certeza. (. . . ) Coisas da Maçonaria, do Paganismo ou da Igreja? A Santíssima Trindade? Um gênio a quebrar algemas? Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, entre sigilo e espionagem, acontece a Inconfidência.

(. . . ) LIBERDADE, AINDA QUE TARDE, ouve-se em redor da mesa. E

(. . . ) LIBERDADE, AINDA QUE TARDE, ouve-se em redor da mesa. E a bandeira já está viva, e sobe, na noite imensa. E os seus tristes inventores já são réus — pois se atreveram a falar em Liberdade (que ninguém sabe o que seja). Liberdade, essa palavra Que o sonho humano alimenta Que não há ninguém que explique E ninguém que não entenda.

Texto XII Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste,

Texto XII Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra.

 Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: -

Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? "

Carlos Drummond de Andrade “Vai, Carlos! Ser gauche na vida”.

Carlos Drummond de Andrade “Vai, Carlos! Ser gauche na vida”.

“A poesia é incomunicável. Fique torto no seu canto”.

“A poesia é incomunicável. Fique torto no seu canto”.

Interiorano de Minas Gerais; Linguagem carregada de lucidez e ironia; Poeta do “estar-no-mundo” e

Interiorano de Minas Gerais; Linguagem carregada de lucidez e ironia; Poeta do “estar-no-mundo” e do “gauchismo”; Cultivou poesia social, metalinguística, memorialista, filosófica, . . . ; Sua poesia pode ser assim dividida: 1ª fase: Poemas mais apegados às influências da Geração de 22: versos brancos e livres, prosaísmo, coloquialismo, humor, predomínio do “eu”. Família e cidade natal com saudosismo; Questionamento do sentido da vocação literária e da função social do poeta; Desencontro entre o ser e o mundo (gauchismo);

2ª fase: Poemas com predomínio de temas sociais, como o Estado Novo e a

2ª fase: Poemas com predomínio de temas sociais, como o Estado Novo e a Segunda Guerra Mundial; linguagem um pouco mais clássica. 3ª fase: Poemas com temas sociais e individuais; reúne versos rimados e metrificados, com outros em versos brancos e livres; questionamento do sentido da vida e das coisas, antíteses, paradoxos e contradições. 4ª fase: Poemas cujos temas sintetizam as fases anteriores; ocorra a retomada do humorismo da primeira fase; experimentos formais que incluem o Concretismo.

 Existe ainda uma quinta, desenvolvida a partir da década de 1970. Nas últimas

Existe ainda uma quinta, desenvolvida a partir da década de 1970. Nas últimas obras, Drummond cultivou a memória, os amigos, o amor a Lígia Fernandes, e seguiu com o questionamento da vida, dos homens e de si mesmo, mas também apresentou uma novidade: um livro de poemas eróticos: O Amor Natural.

Texto XIII Poema de Sete Faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem

Texto XIII Poema de Sete Faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna,

O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus, se

Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus, se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente

Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo. Carlos Drummond de Andrade

Texto XIV José E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo

Texto XIV José E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, Você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, Você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?

Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já

Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?

E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum,

E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer

Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?

Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse, a valsa vienense, se você

Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse, a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse. . Mas você não morre, você é duro, José!

Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem

Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja do galope, você marcha, José! José, para onde?

Piadas Nerd E agora, José? O teclado quebrou, o antivírus expirou, a internet caiu,

Piadas Nerd E agora, José? O teclado quebrou, o antivírus expirou, a internet caiu, o windows travou. E agora, José? #DIAda. POESIA (Via @RGuilardi)

Texto XV Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava

Texto XV Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.

Texto XVI Os Ombros Suportam o Mundo Chega um tempo em que não se

Texto XVI Os Ombros Suportam o Mundo Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos.

 Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teu ombros suportam o

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teu ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.

Texto XVII Cota zero Stop. A vida parou Ou foi o automóvel?

Texto XVII Cota zero Stop. A vida parou Ou foi o automóvel?

Texto XVIII Hipótese E se Deus é canhoto e criou com a mão esquerda?

Texto XVIII Hipótese E se Deus é canhoto e criou com a mão esquerda? Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.

Texto XIX Mãos dadas Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não

Texto XIX Mãos dadas Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

Texto XX Lembranças do mundo antigo Clara passeava no jardim com as crianças. O

Texto XX Lembranças do mundo antigo Clara passeava no jardim com as crianças. O céu era verde sobre o gramado, a água era dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados, o guarda-civil sorria, passavam bicicletas, a menina pisou a relva para pegar um pássaro, o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara. As crianças olhavam para o céu: não era proibido. A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo. Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos. Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas, esperava cartas que custavam a chegar, nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!! Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!

UFF 2000 Texto I Rio de Janeiro Fios nervos riscos faíscas. As cores nascem

UFF 2000 Texto I Rio de Janeiro Fios nervos riscos faíscas. As cores nascem e morrem Com impudor violento Onde meu vermelho ? Virou cinza. Passou a boa ! Peço a palavra ! Meus amigos todos estão satisfeitos Com a vida dos outros. Fútil nas sorveterias. Pedante nas livrarias. . . Nas praias nu nu nu. Tu tu tu no meu coração.

Mas tantos assassinatos, meu Deus. E tantos adultérios também. E tantos tantíssimos contos-do-vigário. .

Mas tantos assassinatos, meu Deus. E tantos adultérios também. E tantos tantíssimos contos-do-vigário. . . (Este povo quer me passar a perna. ) Meu coração vai molemente dentro do táxi. ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p. 11. Questão 01 Responda, com uma frase completa, a cada uma das perguntas abaixo: a) Qual o sentido, dentro do contexto, da expressão sublinhada nos versos “Meus amigos todos estão satisfeitos / Com a vida dos outros. ” (v. 6 e 7)?

b) A que estilo de época pertence o texto I ? Justifique sua resposta.

b) A que estilo de época pertence o texto I ? Justifique sua resposta. GABARITO a) O eu lírico refere-se a uma situação em que seus amigos encontram-se satisfeitos com a vida, mas não com a deles, como seria de se esperar. Ao dizer que estão “satisfeitos com a vida dos outros” , insinua que: 1) seus amigos vivem falando dos outros; 2) seus amigos comparam suas vidas com as dos outros, o que pode implicar tanto que não estejam satisfeitos com as suas próprias vidas, quanto que invejam as vidas alheias. b) Modernismo, porque trata de um tema ligado à vida cotidiana, usando uma linguagem informal em estrofes assimétricas, sem preocupação com uma metrificação rígida.

UERJ 2008 – 2º exame de qualificação Texto II Coração numeroso Foi no Rio.

UERJ 2008 – 2º exame de qualificação Texto II Coração numeroso Foi no Rio. Eu passava na Avenida quase meia-noite. Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas inumeráveis. Havia a promessa do mar e bondes tilintavam, abafando o calor que soprava no vento e o vento vinha de Minas. Meus paralíticos sonhos desgosto de viver

(a vida para mim é vontade de morrer) faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente na

(a vida para mim é vontade de morrer) faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente na Galeria Cruzeiro quente e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento mineiro, nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com isso. Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas autos abertos correndo caminho do mar voluptuosidade errante do calor mil presentes da vida aos homens indiferentes, que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram. O mar batia em meu peito, já não batia no cais.

A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu a cidade meu amor.

A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu a cidade meu amor. Carlos Drummond de Andrade moriconi, Italo (org. ). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Questão 06 O título Coração numeroso expressa o vínculo final do eu lírico tanto com o Rio de Janeiro quanto com Minas Gerais.

 Em relação a esses lugares, o título revela a seguinteatitude do eu lírico:

Em relação a esses lugares, o título revela a seguinteatitude do eu lírico: (A) temer os dois (B) valorizar a ambos (C) preferir um ao outro (D) abandonar um pelo outro Questão 07 O poema de Drummond pode ser dividido em duas partes em que se manifestam sentimentos de exclusão e de identificação em relação ao Rio de Janeiro. O verso que demarca a mudança de sentimento do eu lírico é:

(A) “Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas” (v. 15) (B) “O mar

(A) “Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas” (v. 15) (B) “O mar batia em meu peito, já não batia no cais. ” (v. 20) (C) “A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu” (v. 21) (D) “meu amor. ” (v. 24) Questão 08 Minas Gerais é um espaço privilegiado de lembrança no poema. A relação de pertencimento que o eu lírico estabelece com tal espaço está sintetizada em:

(A) “e bondes tilintavam, ” (v. 5) (B) “faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente” (v.

(A) “e bondes tilintavam, ” (v. 5) (B) “faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente” (v. 11) (C) “voluptuosidade errante do calor” (v. 17) (D) “mil presentes da vida aos homens indiferentes, ” (v. 18) Questão 09 O discurso poético se caracteriza pelo uso de recursos que abrem ao leitor a possibilidade de múltiplas interpretações. A dupla possibilidade de leitura de uma mesma palavra é o recurso que provoca essa multiplicidade em: (A) “Eu passava na Avenida quase meia-noite. ” (v. 2) (B) “Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelasinumeráveis. ” (v. 3) (C) “Meus paralíticos sonhos desgosto de viver” (v. 9) (D) “na Galeria Cruzeiro quente” (v. 12)

GABARITO Questão 06 B Questão 07 A Questão 08 B Questão 09 C

GABARITO Questão 06 B Questão 07 A Questão 08 B Questão 09 C

Manoel de Barros “Não gosto de palavra acostumada”

Manoel de Barros “Não gosto de palavra acostumada”

 Manoel de Barros (1917) nasceu em Cuiabá e publicou sua primeira obra, “Pecado”,

Manoel de Barros (1917) nasceu em Cuiabá e publicou sua primeira obra, “Pecado”, em 1937. Fazendeiro, homem culto, o poeta vive isolado no Pantanal, mas perfeitamente informado da grande poesia feita no Brasil e no exterior. Embora ligado cronologicamente à geração de 30, o autor trilha um percurso pessoal. Como toda grande poesia, a de Barros trata do destino d homem, do medo da morte, da sombra da infância se projetando no adulto, da busca da felicidade e consequente contencioso de frustrações e da face oculta de um Deus (creia-se ou não nele) que nos perseguem vida afora.

Texto XXI VI Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas

Texto XXI VI Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas. Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito. Eu pensava que fosse um sujeito escaleno. - Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse. Ele fez um limpamento em meus receios. O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas. . .

 E se riu. Você não é de bugre? - ele continuou. Que sim,

E se riu. Você não é de bugre? - ele continuou. Que sim, eu respondi. Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros. Há que apenas saber errar bem o seu idioma. Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.

Texto XXII No descomeço era o verbo. Só depois é que veio o delírio

Texto XXII No descomeço era o verbo. Só depois é que veio o delírio do verbo. O delírio do verbo estava no começo, lá, onde a criança diz: eu escuto a cor dos passarinhos. A criança não sabe que o verbo escutar não Funciona para cor, mas para som. Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira. E pois. Em poesia que é voz de poeta, que é a voz De fazer nascimentos O verbo tem que pegar delírio. Questão 01 Estabeleça uma relação entre o poema e a seguinte frase, também de autoria de Manoel de Barros: "Não gosto de palavra acostumada".

GABARITO

GABARITO

Ao afirmar que “não gosta de palavra acostumada”, entende-se que tal palavra é aquela

Ao afirmar que “não gosta de palavra acostumada”, entende-se que tal palavra é aquela acostumada à denotação, ao sentido do dicionário; para se fazer poesia, a conotação, ou seja, a linguagem figurada se faz necessária (“o verbo tem que pegar delírio”).

Texto XXIII O Provedor Andar à toa é coisa de ave. Meu avô andava

Texto XXIII O Provedor Andar à toa é coisa de ave. Meu avô andava à toa. Não prestava pra quase nunca. Mas sabia o nome dos ventos E todos os assobios para chamar passarinhos. Certas pombas tomavam ele por telhado e passavam as tardes frequentando o seu ombro. Falava coisas pouco sisudas que fora escolhido para ser uma árvore. Lírios o meditavam. Meu avô era tomado por leso porque de manhã dava bom-dia aos sapos, ao sol, às águas. Só tinha receio de amanhecer normal. Penso que ele era provedor de poesia como as aves e os lírios do campo.

Simulado Novo Enem Inep Texto I O apanhador de desperdícios Uso a palavra para

Simulado Novo Enem Inep Texto I O apanhador de desperdícios Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um

Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática.

Só uso a palavra para compor meus silêncios. BARROS, Manoel de. O apanhador de

Só uso a palavra para compor meus silêncios. BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73 -74. Questão 02 É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da

a) linguagem denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade.

a) linguagem denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade. b) rebuscada de neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno. c) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes. d) simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu-lírico poeta. e) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informação digital.

Questão 03 Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de

Questão 03 Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: a) ambas têm o mesmo valor na sua poesia. b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida. c) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológicos. d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da informática. e) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade.

GABARITO Questão 02 D Questão 03 B

GABARITO Questão 02 D Questão 03 B

Mário Quintana

Mário Quintana

 Mario Quintana foi um importante escritor, jornalista e poeta gaúcho. Nasceu na cidade

Mario Quintana foi um importante escritor, jornalista e poeta gaúcho. Nasceu na cidade de Alegrete (Rio Grande do Sul) no dia 30 de julho de 1906. Trabalhou também como tradutor de importantes obras literárias. Com um tom irônico, escreveu sobre as coisas simples da vida, porém buscando sempre a perfeição técnica. Sua infância foi marcada pela dor e solidão, pois perdeu a mãe com apenas três anos de idade e o pai não chegou a conhecer (morreu antes de seu Viveu na cidade natal até os 13 anos de idade. Em 1919, mudouse para a cidade de Porto Alegre, onde foi estudar no Colégio Militar. Foi nesta instituição de ensino que começou a escrever seus primeiros textos literários. Já na fase adulta, Mario Quintana foi trabalhar na Editora Globo. Começou a atuar na tradução de obras literárias. Durante sua vida traduziu mais de cem obras da literatura mundial.

 Entre as mais importantes, traduziu “Em busca do tempo perdido” de Marcel Proust

Entre as mais importantes, traduziu “Em busca do tempo perdido” de Marcel Proust e “Mrs. Dalloway” de Virgínia Woolf. . Com 34 anos de idade lançou-se no mundo da poesia. Em 1940, publicou seu primeiro livro com temática infantil: “A rua dos cataventos”. Volta a publicar um novo livro somente em 1946 com a obra “Canções”. Dois anos mais tarde lança “Sapato Florido”. Porém, somente em 1966 sua obra ganha reconhecimento nacional. Neste ano, Mario Quintana ganha o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira dos Escritores, pela obra “Antologia Poética”. Neste mesmo ano foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras. Ainda em vida recebeu outra homenagem em Porto Alegre. No centro velho da capital gaúcha é montado, no prédio do antigo Hotel Majestic, um centro cultural com o nome de Casa de Cultura Mário Quintana. Faleceu na capital gaúcha no dia 5 de maio de 1994, deixando um herança de grande valor em obras literárias.

Simulado Novo Enem Texto I Elegia Há coisas que a gente não sabe nunca

Simulado Novo Enem Texto I Elegia Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com elas. . . Uma velhinha sozinha numa gare. Um sapato preto perdido do seu par: símbolo da mais absoluta viuvez. As recordações das solteironas. Essas gravatas de um mau gosto tocante que nos dão as velhas tias. As velhas tias. Um novo parente que se descobre. A palavra "quincúncio". Esses pensamentos que nos chegam de súbito nas ocasiões mais impróprias. Um cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente pela madrugada na cidade deserta. Este poema, este pobre poema sem fim. . .

Vocabulário Elegia - s. f. (a) Composição poética ou música consagrada ao luto e

Vocabulário Elegia - s. f. (a) Composição poética ou música consagrada ao luto e a tristeza. Gare - do francês, estação de estrada-de-ferro. Questão 01 O eu-lírico estrutura seu poema através, principalmente, da (do): a) Dialética b) Silogismo c) Exemplificação d) Gradação e) Sofisma

Questão 02 Observando-se o título do poema, podemos relacioná -lo, diretamente, pelo campo semântico

Questão 02 Observando-se o título do poema, podemos relacioná -lo, diretamente, pelo campo semântico e pelo contexto às palavras (retiradas do poema): a) “triste” / “nunca” b) “viuvez” / “pobre” c) “velhas” / “pensamentos” d) “poema” / “anônimo” e) “pobre” / “mau”

Questão 03 Muitas poesias modernistas são repletas de coloquialismo e de traços de afetividade.

Questão 03 Muitas poesias modernistas são repletas de coloquialismo e de traços de afetividade. Há exemplo de coloquialismo e traços de afetividade em todos os versos abaixo, exceto: a) Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer com elas. . . b) As recordações das solteironas. c) Este poema, este pobre poema d) Uma velhinha sozinha numa gare. e) A palavra "quincúncio".

GABARITO

GABARITO

Gabarito comentado Questão 01 (Intelecção) – C A estrutura do poema dá-se pela exemplificação:

Gabarito comentado Questão 01 (Intelecção) – C A estrutura do poema dá-se pela exemplificação: do verso 2 ao verso 14 o eu-lírico vai definindo, através de exemplos, as coisas com as quais a gente nunca sabe o que fazer. Questão 02 (Intelecção) – B O significado de elegia é do mesmo campo semântico de “viuvez”, “pobre” (luto, tristeza). Vale lembrar ainda que, em relação ao contexto, a palavra “pobre” pertence a esse campo de significado. Questão 03 (Níveis de linguagem) - E Nas demais alternativas, há exemplos de coloquialismo (“solteironas”, “gente” e a estruturação da alternativa a, repleta de repetição de negação) e afetividade (“velhinha”, “pobre”).

UFRJ 99 Texto V O circo o menino a vida A moça do arame

UFRJ 99 Texto V O circo o menino a vida A moça do arame Equilibrando a sombrinha Era de uma beleza instantânea e fulgurante! A moça do arame ia deslizando e despindo-se. Lentamente. Só para judiar. E eu com os olhos cada vez mais arregalados Até parecerem dois pires: Meu tio dizia: “bobo!” Não sabes Que elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo? (Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem biquínis. . . ) Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens

 Segredava-me Sempre: “Quem sabe? ” Eu tinha oito anos e sabia esperar. Agora

Segredava-me Sempre: “Quem sabe? ” Eu tinha oito anos e sabia esperar. Agora não sei esperar mais nada Desta nem da outra vida. No entanto O menino (que não sei como insiste em não morrer em mim) ainda e sempre apesar de tudo apesar de todas as desesperanças, o menino às vezes segreda-me baixinho “Titio, quem sabe? . . . ” Ah, meu Deus, essas crianças!

Questão 08 Releia os versos 9 a 17. A expressão “Naqueles voluptuosos tempos” (verso

Questão 08 Releia os versos 9 a 17. A expressão “Naqueles voluptuosos tempos” (verso 13) marca uma posição do eu-lírico em relação ao passado. Considerando essa posição do eu-lírico em relação ao passado, explique o emprego dos parênteses no verso 13. Questão 09 “Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens segredava-me sempre: “Quem sabe? . . . ” ( versos 14 a 17 ) “o menino às vezes

segreda-me baixinho “Titio, quem sabe? . . . ” ( versos 27 a 30

segreda-me baixinho “Titio, quem sabe? . . . ” ( versos 27 a 30 ) Observando o emprego dos tempos verbais nos vocábulos sublinhados acima, explique o que é a infância na concepção do poema.

GABARITO Questão 08 O emprego dos parênteses revela que, no verso 13, o eu-lírico

GABARITO Questão 08 O emprego dos parênteses revela que, no verso 13, o eu-lírico faz um comentário (ou dá uma explicação) sobre o passado, do qual se distancia. Questão 09 A partir do emprego dos tempos verbais, verificase que, na concepção do poema, a infância é um estado permanente no eu-lírico.

UERJ 2004 LP/LB Texto III Função Me deixaram sozinho no meio do circo Ou

UERJ 2004 LP/LB Texto III Função Me deixaram sozinho no meio do circo Ou era apenas um pátio uma janela uma rua uma esquina Pequenino mundo sem rumo Até que descobri que todos os meus gestos Pendiam cada um das estrelas por longos fios invisíveis E havia súbitas e lindas aparições como aquela das longas tranças E todas imitavam tão bem a vida Que por um momento se chegava a esquecer a sua cruel inocência de bonecas E eu dizia depois coisas tão lindas E tristes Que não sabia como tinham ido parar na minha boca

E o mais triste não era que aquilo fosse apenas um jogo cambiante de

E o mais triste não era que aquilo fosse apenas um jogo cambiante de reflexos Porque afinal um belo pião dançante Ou zunindo imóvel Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada que o arremessou E eu danço tu danças nós dançamos Sempre dentro de um círculo implacável de luz Sem saber quem nos olha atenta ou distraidamente do escuro. . . (QUINTANA, Mário. Antologia poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966. )

Questão 06 No poema de Mário Quintana, a vida é uma encenação num palco

Questão 06 No poema de Mário Quintana, a vida é uma encenação num palco ou picadeiro, e o homem um joguete submetido aos caprichos da sorte. Esta ideia é expressa metaforicamente pelo seguinte trecho: (A) “todos os meus gestos / Pendiam (. . . ) das estrelas por longos fios invisíveis” (v. 4 - 5) (B) “por um momento se chegava a esquecer a sua cruel inocência de bonecas” (v. 8) (C) “Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada que o arremessou” (v. 15) (D) “E eu danço tu danças nós dançamos” (v. 16)

Questão 07 Dentre os traços formais presentes neste poema, aquele que não caracteriza a

Questão 07 Dentre os traços formais presentes neste poema, aquele que não caracteriza a estética do Modernismo brasileiro é: (A) emprego de adjetivação dupla (B) ausência de sinais de pontuação (C) uso de versos desprovidos de rima (D) aproveitamento da sintaxe coloquial Questão 08 Do início ao verso 12, o poema apresenta exclusivamente formas verbais no tempo passado. No verso 15, porém, o poeta introduz o tempo presente. O valor estilístico desta modificação do tempo do verbo é: (A) retratar o movimento rotativo do pião (B) fazer uma reflexão de validade permanente (C) produzir um contraste irônico entre o circo e a vida (D) registrar um fato ocorrido no momento da narração

Questão 09 Nos segmentos a seguir foram introduzidas pequenas alterações, que aparecem sublinhadas. A

Questão 09 Nos segmentos a seguir foram introduzidas pequenas alterações, que aparecem sublinhadas. A alternativa em que a alteração modifica o sentido do trecho original é: (A) “meus gestos / imitavam as estrelas” (v. 4 - 5) (B) “as quais não sabia como tinham ido parar na minha boca” (v. 11) (C) “apenas um jogo mutante de reflexos” (v. 12) (D) “Porque na verdade um belo pião dançante” (v. 13)

Questão 10 Alguns vocábulos do texto aparecem abaixo seguidos de uma análise gramatical. Esta

Questão 10 Alguns vocábulos do texto aparecem abaixo seguidos de uma análise gramatical. Esta análise está incorreta na seguinte alternativa: (A) “havia” (v. 6) – está na terceira pessoa do singular, por se tratar de verbo impessoal (B) “Que” (v. 8) – é conjunção consecutiva, por introduzir o efeito do fato expresso no verso 7 (C) “fosse” (v. 12) – é forma do pretérito imperfeito do subjuntivo, por exprimir hipótese (D) “atenta” (v. 18) – está no feminino, por constituir um exemplo de silepse de gênero

GABARITO Questão 06 A Questão 07 A Questão 08 B Questão 09 A Questão

GABARITO Questão 06 A Questão 07 A Questão 08 B Questão 09 A Questão 10 D

UERJ 2007 Instrumental Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas Porque são

UERJ 2007 Instrumental Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las Assim, lentamente, como essas anêmonas do fundo do mar. . . Fechá-las, de repente, Os dedos como pétalas carnívoras! Só apanho, porém, com elas, esse alimento impalpável do tempo, Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento Como tecem as teias as aranhas.

A que mundo Pertenço? No mundo há pedras, baobás 1 , panteras, Águas cantarolantes,

A que mundo Pertenço? No mundo há pedras, baobás 1 , panteras, Águas cantarolantes, o ventando E no alto as nuvens improvisando sem cessar. Mas nada, disso tudo, diz: “existo”. Porque apenas existem. . . Enquanto isto, O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses E, cheios de esperança e medo, Oficiamos rituais, inventamos Palavras mágicas,

Fazemos Poemas, pobres poemas Que o vento Mistura, confunde e dispersa no ar. .

Fazemos Poemas, pobres poemas Que o vento Mistura, confunde e dispersa no ar. . . Nem na estrela do céu nem na estrela do mar Foi este o fim da Criação! Mas, então, Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos? Quem faz – em mim – esta interrogação? (QUINTANA, Mário. Apontamentos de história sobrenatural. Porto Alegre: Globo, 1984. ) Vocabulário 1 baobá – árvore comum em regiões secas, rica em reservas de água.

Questão 06 No poema de Mário Quintana, a sensação de deslocamento no mundo vivenciada

Questão 06 No poema de Mário Quintana, a sensação de deslocamento no mundo vivenciada pelo eu lírico origina -se da falta de explicação para a existência. Essa problemática emerge a partir de uma inquietação relacionada aos seguintes temas: (A) religião e violência (B) arte e engajamento (C) imaginação e mudança (D) temporalidade e finitude Questão 07 As figuras de linguagem são recursos comumente utilizados no texto poético como meio de afastar-se do significado literal das palavras. A caracterização da figura de linguagem sublinhada está adequadamente indicada em:

(A) “Os dedos como pétalas carnívoras!” (v. 5) – ironia (B) “Como tecem as

(A) “Os dedos como pétalas carnívoras!” (v. 5) – ironia (B) “Como tecem as teias as aranhas. ” (v. 8) – metáfora (C) “No mundo há pedras, baobás, panteras, ” (v. 11) – metonímia (D) “Águas cantarolantes, o ventando” (v. 12) – hipérbole Questão 08 Além de funcionar como elemento de ligação entre termos de mesmo valor, o conectivo e foi utilizado no texto, algumas vezes, para exprimir o efeito de aceleração contínua. Esse conectivo foi empregado para produzir tal efeito em: (A) “Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento” (v. 7) (B) “E no alto as nuvens improvisando sem cessar. ” (v. 13) (C) “E, cheios de esperança e medo, ” (v. 18) (D) “Mistura, confunde e dispersa no ar. . . ” (v. 24)

Questão 09 A metalinguagem pode ser percebida quando, em uma mensagem, a linguagem passa

Questão 09 A metalinguagem pode ser percebida quando, em uma mensagem, a linguagem passa a ser o próprio objeto do discurso. A metalinguagem não está presente na seguinte alternativa: (A) “A que mundo / Pertenço? ” (v. 9 - 10) (B) “Fazemos / Poemas, pobres poemas” (v. 21 - 22) (C) “Foi este o fim da Criação!” (v. 26) (D) “Quem faz – em mim – esta interrogação? ” (v. 29)

GABARITO Questão 06 D Questão 07 C Questão 08 A Questão 09 A

GABARITO Questão 06 D Questão 07 C Questão 08 A Questão 09 A

UERJ 2011 Instrumental Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde

UERJ 2011 Instrumental Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti. . . MÁRIO QUINTANA Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.

Questão 01 “E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes

Questão 01 “E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti. . . ” (v. 10 -12) De acordo com esses versos, um dos efeitos da compreensão da leitura é : (A) alimentar o leitor com novas perspectivas e opções (B) revelar ao leitor suas próprias sensações e pensamentos (C) transformar o leitor em uma pessoa melhor e mais consciente (D) deixar o leitor maravilhado com a beleza e o encantamento do poema

Questão 02 O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura

Questão 02 O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é denominada de: (A) elipse (B) metáfora (C) metonímia (D) Personificação Questão 03 “Eles não têm pouso nem porto” (v. 6 -7) Os versos acima podem ser lidos como uma pressuposição do autor sobre o texto literário.

 Essa pressuposição está ligada ao fato de que a obra literária, como texto

Essa pressuposição está ligada ao fato de que a obra literária, como texto público, apresenta o seguinte traço: (A) é aberta a várias leituras (B) provoca desejo de transformação (C) integra experiências de contestação (D) expressa sentimentos contraditórios

GABARITO Questão 01 B Questão 02 B Questão 03 A

GABARITO Questão 01 B Questão 02 B Questão 03 A

UNIRIO 2007 Texto II Auto-retrato No retrato que me faço — traço a traço

UNIRIO 2007 Texto II Auto-retrato No retrato que me faço — traço a traço — às vezes me pinto nuvem, às vezes me pinto árvore. . . às vezes me pinto coisas de que nem há mais lembrança. . . ou coisas que não existem mas que um dia existirão. . . e, desta lida, em que busco — pouco a pouco —

minha eterna semelhança, no final, que restará? Um desenho de criança. . . Corrigido

minha eterna semelhança, no final, que restará? Um desenho de criança. . . Corrigido por um louco! Mário Quintana Questão 06 Além da ênfase indicada pelo recurso gráfico dos travessões, os versos “— traço a traço —” e “— pouco a pouco —”,

indicam ser o eu-lírico dotado de muita a) reverência. b) timidez. c) perseverança. d)

indicam ser o eu-lírico dotado de muita a) reverência. b) timidez. c) perseverança. d) tristeza. e) infantilidade. Questão 07 Nos versos “ de que nem há mais lembrança ou coisas que não existem mas que um dia existirão. . . ”, a progressão textual indica ocorrência de

a) causa e consequência. b) ordenação espacial. c) sequência temporal. d) enumeração de detalhes.

a) causa e consequência. b) ordenação espacial. c) sequência temporal. d) enumeração de detalhes. e) relação de retificação. Questão 08 No caderno Prosa e Verso do jornal O Globo, de 29 de julho deste ano, em reportagem comemorativa ao centenário de Mário Quintana, lê-se que o poeta “Dizia que não tivera infância, mas o espírito de guri traquinas e silencioso perdurou ao longo dos seus 87 anos. ”. No poema Auto-retrato, essa temática ocorre, consolidada principalmente no verso “ Um desenho de criança” (v. 13 ).

 O último verso do poema “ Corrigido por um louco!” (v. 14) em

O último verso do poema “ Corrigido por um louco!” (v. 14) em relação a todo o poema indica a) repressão. b) descuido. c) empenho. d) método. e) ingenuidade. Questão 09 A leitura de vários poemas de Mário Quintana permite observar um olhar lírico que aproxima elementos da natureza a etapas da vida, como ocorre na primeira estrofe do texto II. O conjunto de versos que ratifica essa leitura é

a) “ Os arroios são rios guris. . . Vão pulando e cantando dentre

a) “ Os arroios são rios guris. . . Vão pulando e cantando dentre as pedras. . . ” ( os arroios) b) “ Não sei que paisagem doidivanas Mistura os tons. . . aceita. . . desacerta. . . ” ( A Rua dos Cataventos) c) “ Vou andando feliz pelas ruas sem nome. . . Que vento bom sopra do Mar Oceano!” ( Obsessão do Mar Oceano) d) “ O grilo procura No escuro O mais puro diamante pedido” ( Poema) e) “ O meu amor, Maria É como um fio telegráfico da estrada Onde vêm pousar as andorinhas. “ ( Poeminha sentimental)

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