MDICO ESSE REMDIO IGNORADO ABRAM EKSTERMAN Centro de
MÉDICO: ESSE REMÉDIO IGNORADO ABRAM EKSTERMAN Centro de Medicina Psicossomática Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia, RJ
Perguntas aos “Cavaleiros” do Conselho Federal de Medicina
Perguntas ingênuas: Ainda existem médicos? Eles me metem medo. Como é que se reconhece um? Eu só conheço os do caderninho. Eles ainda se importam com a gente? Eles só prestam atenção aos exames. Dá para viver como médico? Sei não. . . Tem roupa igual a gente. Eles entendem do sofrimento da gente? Parece que eles só querem um tal de diagnóstico Por que eles não escutam mais a gente? Eu falo, falo. . . e eles só fazem hm, hm. Eles sabem que nós precisamos deles?
Eu imaginava que. . . os médicos fossem como cavaleiros, que nos curavam e protegiam dos sofrimentos, combatendo as doenças e aliviando nossas dores. Isso ainda existe?
Eu imaginava que. . . o médico fosse como Deus. Era Deus no céu e o médico na Terra. Ele me protegia, me dava esperança. Onde ele foi, se era o único capaz de me fazer suportar a dor de viver!
Eu imaginava que. . . todos os hospitais deveriam ser como esse aí. Mas tem os que são para ricos e outros para pobres. Nos que são para pobres, falta tudo, menos o sofrimento e a morte.
Eu imaginei que o doutor me explicasse. . . explicasse . . . o que eu tenho, mas ele disse que eu não tenho nada. Por que então eu continuo com dor. . .
Michael Balint e a Relação Médico-Paciente O fármaco mais usado na prática médica e o menos conhecido é o próprio médico; é urgente e fundamental estudarmos as propriedades e a farmacologia desse remédio. Michael Balint (Mihaly Maurice Bergman)1896 -1970
Danilo Perestrello (1916 -1989) e a Medicina da Pessoa Relação transpessoal “A doença, portanto, não é algo que vem de fora e se superpõe ao homem, é sim um modo peculiar de a pessoa se expressar em circunstâncias adversas. É, pois, como suas várias outras manifestações um modo de existir, ou melhor, de coexistir, já que, propriamente, o homem não existe, coexiste. E como o ser humano não é um sistema fechado, todo o seu ser se comunica com o ambiente, com o mundo, e mesmo quando aparentemente não existe comunicação, isto já é uma forma de comunicação, com o silêncio, às vezes, é mais eloqüente do que a palavra. ”
Médico – histórico terapêutico Uso continuado e irregular há cerca de 2500 anos, desde os tempos hipocráticos
Médico: conceito Ø No período clássico: Asclepíade (seguidor de Asclepius, deus da Medicina) Ø No período profissional: Pessoa licenciada para tratar doentes. Ø No período moderno: Profissional universitário licenciado para exercer a função de aliviar o sofrimento, diagnosticar, prevenir e curar doenças.
Médico: forma farmacêutica e apresentações Ø Sistema biológico em interação terapêutica Ø Sistema revestido na forma de pessoa do sexo masculino ou feminino. Ø Geralmente embalado para dose única e fornecido na forma de genérico. Ø Algumas unidades de saúde (mais raras) fornecem em doses fracionadas e em embalagens individuais para uso pessoal.
Médico: composição ideal Vocação 22% Identificações 1 o% Humanismo 18% Conh. Biológicos 30% Conh. Psicossociais 15% Cultura geral 5%
Médico: mecanismo de ação Ø Atua no espaço de segurança Ø Reconstitui a experiência diádica Ø Fornece elementos cognitivos indispensáveis à produção de confiança terapêutica Ø Abre espaço de elaboração psíquica dentro do diálogo clínico produzindo ação psicoterápica Ø Amplia a consciência e com isso as funções do Ego.
Médico: farmacocinética Ø Absorção lenta, necessitando manter o mesmo produto durante semanas para se obter os primeiros resultados Ø Exige diagnóstico prévio da pessoa do doente Ø Exige privacidade no atendimento Ø Metabolismo complexo e eliminação cuidadosa, frequentemente causa dependência e exige cautela na interrupção
Médico: indicações Ø Estados de estresse (biológico, social e psicológico) Ø Distúrbios funcionais Ø Quadros regressivos e crises de hospitalização Ø Qualquer situação configurada como médica, mesmo estados comatosos
Médico: contra-indicações Não foram constatadas
Médico: precauções e advertências A procedência deve ser examinada cuidadosamente. Má fabricação e falsificações são comuns Deve ser evitada a substituição por produtos químicos, embora possa ser utilizada a interação A ocorrência de transferências psicológicas pode exigir interconsulta médico-psicológica
Médico: informações aos pacientes (1) Ø O médico, além de ser o principal agente do ato de cuidar e curar doenças, ele próprio é remédio. Talvez o mais universal e poderoso de todos os remédios, principalmente para aqueles estados de mal-estar que não estão classificados como doenças e que constituem pelo menos um terço de todos os sofrimentos. Ø Nem todos os que são médicos são também remédios. Para ser remédio o médico precisa ser cuidadosamente preparado e nem sempre isso consegue ser feito.
Médico: informações aos pacientes (2) Ø A ação farmacológica do remédio médico se dá através da relação médico-paciente. Nessa relação, médico e paciente criam uma intimidade emocional e de conhecimentos pessoais que vai muito além daquilo que chamamos intimidade, até com parentes. Respeito ao paciente e aos seus sentimentos são fundamentais. A integridade física e emocional do paciente, bem como seu bem estar, devem constituir prioridade absoluta. Na relação médicopaciente, o médico jamais deve perder sua posição de terapeuta e jamais se aproveitar do paciente para satisfazer interesses pessoais de qualquer natureza. E sempre preservar o segredo médico e seu compromisso com o Juramento Hipocrático.
Médico: informações aos pacientes (3) Ø A relação médico-paciente é um instrumento técnico de atendimento. Ele não é espontâneo e necessita aprendizagem complexa e treinamento. Sem relação médico-paciente o médico só raramente consegue ter propriedades de remédio. Há muito charlatanismo praticado em nome de relação médicopaciente e é muito importante evitar essas falsificações, pois são lesivas quando mal utilizadas. Ø A construção da relação médico-paciente é realizada em parceria com o paciente, mas o paciente não precisa preocuparse em saber colaborar. O médico deve saber conduzir o paciente para ser seu parceiro. Ø O médico deve também saber conduzir o paciente para especialistas da área psicossocial, quando perceber que não está qualificado para uma boa condução do caso, e em seguida realizar uma adequada parceria com esse especialista.
Médico: interações medicamentosas Ø Como medicamento, médico não substitui qualquer específico contra patologias, ou aquele que alivie sintomas, ou neurotrópicos que neutralizem ou impeçam estímulos indesejáveis, embora consiga aumentar o limiar da dor e diminuir a ansiedade, assim como sintomas depressivos. Ø Médico é sinérgico com qualquer produto farmacêutico desde que esse produto não seja administrado como seu substituto. Ø Interações com outros médicos e profissionais de saúde são desejáveis desde que não competitivas.
Médico: reações adversas Ø Podem ocorrer as seguintes reações adversas, principalmente quando o medicamento tiver procedência inadequada, ou duvidosa. ü dependência e cronificação da queixa, mesmo havendo cura da patologia ü regressões psicológicas e emergência de vínculos transferenciais ü rompimento do vínculo terapêutico ü abandono do tratamento ü representações legais e processos
Médico: posologia e administração Ø A posologia é determinada pelo diagnóstico da pessoa do doente, podendo se utilizar como técnica de avaliação a “história da pessoa”. Ø A administração deve visar a parceria e cooperação; jamais a coação. Ø Outros médicos ou profissionais de saúde comprometidos devem tentar estabelecer um adequado nivel de cooperação. Ø Familiares devem ser esclarecidos, eventualmente cooptados, principalmente em se tratando de crianças, idosos ou gestantes.
Médico: procedência e fabricantes Ø Os fabricantes desse medicamento são as escolas médicas Ø Para a adequada composição do produto, médico deve conter currículos e treinamento próprios visando o conhecimento do ser humano em suas várias etapas de desenvolvimento, assim como suas inserções na cultura. Ø É indispensável, nessa composição, treinamento psicodinâmico para responder com adequação às tensões psicodinâmicas da relação médico-paciente, das equipes de saúde, e das instituições que abrigam as responsabilidades assistenciais.
Médico: considerações e recomendações finais Ø Considerando que pelo menos metade dos pacientes que buscam atendimento médico são queixosos funcionais e sofrem por conta de conflitos emocionais e estresse social; Ø Considerando que a prática corrente é esgotar os exames complementares laboratoriais para se provar que o paciente “não tem nada”; Ø Considerando que o médico não está preparado para pesquisar o diagnóstico específico de transtorno psicossocial e com isso é levado a se servir do diagnóstico diferencial, custoso, e desnecessário se soubesse destacar a verdade do diagnóstico pela simples e correta anamnese; Ø Podemos concluir o enorme benefício econômico e social que a utilização do “remédio” médico poderia produzir, em recursos e em tempo assistencial, além de garantir uma efetiva melhora da qualidade do tratamento. Ø E , sem dúvida, os recursos poupados poderiam ser investidos em remuneração digna aos profissionais de saúde, além de equipar os hospitais para realizar com eficiência seus objetivos de atendimento.
MÉDICO: ESSE REMÉDIO IGNORADO o d a g i r ob Centro de Medicina Psicossomática Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia, RJ ABRAM EKSTERMAN eksterman@gmail. com
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