Martha Silveira O TRABALHADOR INVISVEL A Invisibilidade Social
Martha Silveira O TRABALHADOR INVISÍVEL
A Invisibilidade Social é um assunto relativamente novo e se relaciona à forma como são vistos os trabalhadores de profissões desprovidas de reconhecimento social. q Assim, os trabalhadores executam tarefas imprescindíveis à sociedade moderna, mas são assumidas como de categoria inferior pelos mais variados motivos, geralmente não são nem percebidos como seres humanos, e não recebem justa remuneração. q O TRABALHADOR INVISÍVEL • Cristiane Regina Jorge Celeguim • Heloísa Maria Kiehl Noronha Interação - Revista Científica da Faculdade das Américas
INVISÍVEL Em consequência. . . o que não é reconhecido não é visto. O TRABALHADOR INVISÍVEL
Os trabalhadores são invisíveis por quem os considera como destituídos de inteligência, por fazerem um trabalho repetitivo e por não considerarem A importância econômica do trabalho destas pessoas O TRABALHADOR INVISÍVEL
Fernando Braga da Costa: “Tudo partiu de uma matéria (Psicologia Social II) da faculdade na qual os alunos do segundo ano de psicologia precisavam se engajar numa tarefa proletária exercida por pessoas de classes pobres. Eu escolhi trabalhar com gari, pois é a profissão mais rejeitada pelas pessoas em geral. Quando as pessoas, mesmo no senso comum, se referem à profissão de gari ou de lixeiro, é sempre como a profissão mais desqualificada que existe. Então, eu vesti o uniforme todo vermelho, boné e camisa e comecei a participar do grupo que varria o campus da USP” O TRABALHADOR INVISÍVEL • Cristiane Regina Jorge Celeguim • Heloísa Maria Kiehl Noronha Interação - Revista Científica da Faculdade das Américas
Fernando Braga da Costa: Os Garis perceberam que ele era uma pessoa diferenciada. . O protegiam (vassoura nova, não enxada, não ir na caçamba. . . ) q Só foi mais aceito depois de um “Ritual de passagem” tomou água em latinha de refrigerante do lixo que foi cortada. . . passaram a conversar com ele q Vestido de Gari não foi percebido e nem cumprimentados por colegas q O TRABALHADOR INVISÍVEL
A banalização na forma de perceber estes trabalhadores, leva-os a perderem a identidade a partir de mecanismos criados para despersonificá-los. q O mesmo estigma da Invisibilidade Social: faxineiras, seguranças, frentistas, garçons, cobradores de ônibus, cortadores de cana e outras de caráter operacional. q A valorização social está condicionada ao sucesso e à posição dentro do contexto social. Caso contrário, quem é ou está desprovido das prerrogativas sociais estabelecidas pela sociedade de consumo vigente torna-se mera sombra social. q O TRABALHADOR INVISÍVEL Para Marcus Eugênio Professor da Universidade Federal de Sergipe
Comentando a pesquisa de Mestrado de Fernando Braga Costa, traz: q Na divisão social do trabalho, ou seja, enxerga -se somente a função e não a pessoa. q Não se reconhece nenhum valor no uniforme, e ainda menos no seu usuário – seja ele um gari, um lixeiro, uma faxineira, um segurança, um cobrador de ônibus, uma operadora de caixa de supermercado; ou uma auxiliar de enfermagem, um frentista de posto de combustíveis. A pessoa que usa este uniforme não é vista como participante da sociedade de consumo. q Uniforme representa uma função utilitária. q Mas tem funções que não usam uniforme e seus ocupantes são desvalorizados. q Costa então rumou para o conceito de “Invisibilidade Social” O TRABALHADOR INVISÍVEL Para Marcus Eugênio Professor da Universidade Federal de Sergipe
Nem sempre o uso do uniforme é sinônimo de baixa auto-estima e insatisfação no trabalho: q Gill (2008), alto executivo na renomada J. W. Thompson, agência de publicidade norte americana, trabalhava em sua divisão em Nova Iorque. q Sofre repentinamente uma reviravolta em sua vida ao ser dispensado de seu emprego, por atingir idade limite. Sua vida pessoal desmorona. q O autor retrata então um contato inesperado em uma das cafeterias da cadeia Starbucks, no Harlem, quando conhece uma gerente de loja da rede, a qual lhe oferece trabalho como Barista e Serviços Gerais. q O TRABALHADOR INVISÍVEL • Cristiane Regina Jorge Celeguim • Heloísa Maria Kiehl Noronha Interação - Revista Científica da Faculdade das Américas
Sentiu a satisfação que jamais havia conhecido em sua alta posição sócioeconômica. q Descobre assim que a felicidade não é necessariamente usar um par de sapatos italianos, um terno de risca de giz, uma pasta de couro de crocodilo; q Pois um uniforme verde-escuro, com o logotipo da Starbucks bordado na camisa, pode trazer a mesma alegria de vida profissional e pessoal, ou até maior, que na posição glamorosa que ocupava anteriormente. q • Cristiane Regina Jorge Celeguim • Heloísa Maria Kiehl Noronha Interação - Revista Científica da Faculdade das Américas O TRABALHADOR INVISÍVEL
O mundo moderno vai continuar dependendo do trabalho de garis, lixeiros, faxineiras, auxiliares de enfermagem, seguranças, e outros tantos trabalhadores anônimos e sem expressão de cunho social. q A experiência descrita pelos autores, levam a crer que deve ser encorajado o respeito às opções profissionais menos complexas, e da mesma forma deve ser execrado o preconceito contra trabalhos manuais – especializados ou não. q O TRABALHADOR INVISÍVEL
O TRABALHADOR INVISÍVEL REFERÊNCIA CELEGUIM, Cristiane Regina Jorge; ROESLER, Heloísa Maria Kiehl Noronha. In INTERAÇÃO. Revista Científica da Faculdade das Américas. Ano III – número 1 – 1º semestre de 2009. São Paulo. Disponível em <http: //www. fam 2011. com. br/site/revista/pdf/ed 4/art 6. pdf > Acesso em 25. 01. 2012 COSTA, Fernando Braga da, Homens Invisíveis: Relatos de uma humilhação social. São Paulo: Globo, 2004. GILL, Michael Gates, Como a Starbucks Salvou Minha Vida. Tradução de Fabiano Morais. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. Marcus Eugênio. Disponível <www. observatóriodaimprensa. com. br >Acesso em 25. 01. 2012 Beltramin , Luiz. In Jornal da Cidade de Bauru. Disponível em: <http: //www. inclusive. org. br/? p=19386 Acesso >29. 01. 2012
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