Martha Medeiros Amor clandestino um dia voc vai
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Martha Medeiros
Amor clandestino: um dia você vai ter um. Você solteiro e o outro casado, ou você casado e o outro solteiro, ou ambos casados. Não é um amor como os outros. Amor clandestino é amor bandido, fora dos padrões. Requer encontros secretos, sussurros ao telefone, algumas datas impossíveis de serem compartilhadas e muita saudade.
Ou seja: é nitroglicerina pura! Nenhum desgaste do cotidiano, nada de sogra, cunhada, e, melhor ainda, nada de filhos! É só os dois e aquelas horas contadinhas no relógio, impedindo que o casal perca tempo com qualquer outra coisa que não seja prazer.
No entanto as pessoas sofrem por causa destes amores. Se é tudo uma festa, porque a bronca? O amor clandestino, pra começar, é superestimado. Ele tem a cara dos contos de fada, dos filmes que passam no cinema, das cenas de novela. Vivenciamos uma idealização:
o par perfeito que vive entre quatro paredes e que ignora o que acontece do lado da porta da rua pra fora. Já que se vêem pouco, as palavras de amor transbordam, e como ao menos um dos dois é comprometido, o jogo da sedução é ininterrupto.
O sexo é a estrela da casa. Por causa dele a relação nasceu e se mantém. Não é um amor como os outros, e isto é tão bom que acaba se tornando um problema. Terminar uma relação assim é acordar de um sonho. E persistir numa relação assim é um pesadelo. O amor precisa ser ventilado, sair pra rua, respirar ar puro.
O amor precisa de duas pessoas em igualdade de condições. Acreditar que basta uma cabana é ilusão. O amor precisa ser testemunhado. Amores clandestinos são tentadores para as pessoas vaidosas, que precisam certificar-se do seu poder de fogo, , que necessitam conquistar e serem conquistadas.
Quem não tem esta vaidade? Umas sufocam, outras topam a parada. Uns saem da relação revitalizados, outros atolam. É muito difícil medir o verdadeiro amor diante de uma relação tão cheia de significados, com tantas armadilhas no caminho, com todo o ilusianismo que a sustenta.
O que parece amor pode ser apenas uma fantasia levada às últimas conseqüências. E o que parece apenas uma fantasia levada às últimas conseqüências pode ser mesmo amor. Faltam parâmetros para medir este amor intramuros. É o céu e o inferno de quem se atreve.
Texto: Martha Medeiros Formatação: Vera Lúcia de Siqueira Facilitador: http: //www. powermensagens. com Reiniciar Sair
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