Maria Luiza Bonini Era uma vez uma menina
Maria Luiza Bonini
Era uma vez. . . uma menina que sonhava. . . Como num conto de fadas seria surpreendida pelo príncipe dos seus sonhos, que a levaria ao tão esperado lugar de ser feliz. Em sua ingenuidade de criança, para ela ser feliz era um lugar, e não um estado de espírito. Maria Luiza Bonini
Cidinha tinha apenas nove anos de idade e, portanto, seus sonhos eram recheados de uma fantástica riqueza, como se não houvera sofrido nenhuma decepção. Estava, apenas, debutando na vida. Em sua festa de debutante não haveria vestido de gala, nem valsa para dançar e, muito menos, um pai presente para acompanhá-la na tradicional valsa. Maria Luiza Bonini
Em sua festa havia um homem sim. Mas era um homem rude, travestido de príncipe, alimentando seus sonhos, lhe dizendo do caminho a seguir para ser feliz. Cidinha, em sua ingenuidade, imaginava seu mundo e o que poderia conquistar, deixando de viver as atrocidades que a vida havia lhe oferecido até então. . . Maria Luiza Bonini
É chegada a grande noite. Nossa menina, radiante de felicidade, se prepara a sua grande festa. Iria debutar precocemente. Porém, lhe havia sido conferido esse direito pelo seu inquestionável e soberano "príncipe salvador". Maria Luiza Bonini
Lava e passa o seu melhor vestido, um pouco roto pelo intenso uso. Presente generoso da patroa de sua mãe, embora de segunda mão. E o sapato? Qual deveria usar? A escolha não foi difícil, pois os únicos que lhe serviam era um par de sandálias havaianas. Maria Luiza Bonini
Os longos cabelos, naturalmente lindos, negros e lisos, lavados, simplesmente conferiam à sua nata beleza um ligeiro toque exótico. Ao se ver refletida no espelho sente-se linda. . . E, como uma Cinderela, embarca na sua aventura sobre seus humildes chinelos de borracha. Maria Luiza Bonini
Anda muito, pois havia uma grande distância em sua caminhada até o local do grande evento. Enfim, chega ao seu destino, o ”lugar de ser feliz", num bairro nobre de uma cidade maravilhosa. Que deslumbrante! A noite. . . o mar. . . o reflexo da lua. . . quanta gente bonita! Diante do local combinado, lá estava o seu príncipe à sua espera. Maria Luiza Bonini
Cidinha é levada até um luxuoso hotel, onde encontra um homem que lhe fala palavras estranhas. “O que será que ele quer dizer? Eu não entendo!!”, pensa silenciosamente. . . Passa a entender quando, por não entender, começa a ser agredida. As agressões são físicas, morais. . . imorais! Maria Luiza Bonini
Nossa menina se apavora e pensa: “Será que o príncipe não gostou do meu vestido? Acho que não gostou de mim. . . ” Em um dos golpes é fatalmente atingida. . . ela pára de pensar. . . pára de sonhar. . . passa a ser simplesmente um número. Maria Luiza Bonini
Vergonhoso número dentre as crianças covarde- e impunemente vitimadas pela abominável e monstruosa exploração sexual infantil. Cidinha cala. . . e nós covardemente calamos. . . Maria Luiza Bonini
O " príncipe" refaz tranquilamente as suas malas e retorna ao seu país. Afinal, estava somente passando alguns dias de férias em uma cidade maravilhosa. . . Então, era uma vez. . . uma menina que sonhava dançar uma valsa. . . no lugar de ser feliz. . . Maria Luiza Bonini
CRÉDITOS Autora : Maria Luiza Bonini Imagens : Internet Formatado por: Angelica Lepper airlepper@hotmail. com Música: The Merry Widow Waltz Andre Rieu Maria Luiza Bonini
- Slides: 13